Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Rachel fechou o notebook. Estava prestes a enlouquecer.
Duas semanas que Quinn estava ausente e cada noite que passava na mansão sozinha sentia que estava mais próxima de cometer uma besteira e ela mesma ir a New York. Provavelmente teria feito isso se a estreia do musical não fosse daqui a cinco dias e tudo estava caótico.
Era normal estarem tensos antes da estreia. No entanto seria a primeira vez que apresentariam sob o nome de Quinn Fabray e mesmo quem não fazia parte da alta sociedade entendia o quanto era importante. Com todos os ingressos vendidos as crianças ficaram ainda mais ansiosas, afinal isso nunca tinha acontecido antes. Rachel tinha que reconhecer que ter o nome de Quinn envolvido trazia visibilidade.
Mas o que Rachel realmente queria era Quinn ali.
Mesmo que conversassem com frequência pelo telefone Rachel sentia a tensão na voz da esposa. O estrago não foi simples como fez parecer antes de partir. Nada foi noticiado, quando questionada, Quinn só dizia que estava terminando a segurança de sistema com Archie. Rachel até tinha um contato na Lux, Santana, mas não queria dar o braço a torcer e ir atrás da prima.
Não quando a prima era uma mentirosa que não contou sobre Finn.
Sentia–se totalmente no escuro. E sozinha.
A solidão era ainda mais terrível do que não saber de nada.
Por isso passou a apreciar ainda a presença de Eros. Se não fosse o cachorro seria capaz de voltar para a casa do seus pais. Mas só de pensar em encarar Hiram...
—Ainda bem que tenho você, lindinho –Rachel ergueu o cachorro para cima e passou a distribuir beijos. –Ao contrario daquela sua mãe ingrata você não me deixa sozinha.
Eros concordou com alguns latidos e seu rabo começou a abanar. Rachel continuou a acaricia-lo até que sentiu um liquido quente em sua barriga.
—Eros! –Ela exclamou colocando o animal no chão. –Eu sempre esqueço que tenho que te colocar no chão quando se empolga.
Quinn não esquecia disso. Sempre sabia o momento exato de soltar Eros pra não ser “marcada”.
O coração de Rachel apertou ainda mais. Queria tanto Quinn ali!
—Sra. Fabray –Martha surgiu na sala, acompanhada de outra pessoa. –Visita pra senhora.
—Lauren, que surpresa! –Rachel sorriu de orelha a orelha. –Eu te abraçaria agora, mas Eros acabou de mijar em mim.
—Que isso, garoto? –Lauren se ajoelhou para acariciar o animal que foi recebe-la. –Não sabia que gostava de Golden Shower.
—Por que a surpresa? –Lauren ergueu a sobrancelha.
—Acho que sabe que Quinn não está –Rachel alertou.
—Mas eu vim pra ver você.
—Serio? –Aquilo deixou Rachel surpresa.
—Sim! Afinal não é minha amiga de bebida na madrugada?
—Claro que sou –Rachel já gostava da mulher, mas aquela frase a encantou. Lauren estava ali porque gostava dela –Estou feliz que tenha vindo.
—Está entediada sem ter a Quinn por perto?
—Muito! – choramingou Rachel. –Essa casa não tem vida sem ela. Sinto falta até das brigas.
—Disso eu duvido muito – Lauren riu.
—Não entendo porque ela não quis me levar.
—Quinn e Jesse St. James foram resolver –Lauren dedurou. Pelo que conhecia da amiga sabia que essa parte tinha sido deixada de fora. – Deve imaginar o quão feliz ela está com essa viagem.
—Meu Deus – Rachel não conseguiu esconder o espanto. –Quinn deve estar uma pilha de nervos.
–Fazia um bom tempo que ela não ia a NY –Lauren pontuou se jogando no sofá. –Nem me pediu pra ir também.
Lauren ficou incomodada por ser deixada pra trás. Não poderia ajudar Quinn, já que não entendia nada de sistema, mas serviria para apoio moral. A briga com Rachel, a invasão no sistema de informações. Quinn poderia precisar de alguém ajudando a se manter calma (isso significa sem sair batendo em Deus e o mundo).
Também tinha a questão de Camila. Sua... bem, Lauren ainda não sabia definir o que elas eram, estava fora para acompanhar um time de garotas em um campeonato regional. Isso enlouquecia Lauren. Estava tão acostumada com a presença de Camila que não conseguia imaginar procurando algo para ocupar o tempo sem que a envolvesse.
Então chegou sexta–feira e lembrou de uma certa pessoa que estava na situação dela.
E decidiu que mereciam uma noite de bebedeira.
—Bem, eu não vim aqui pra afogar as magoas em um pote de sorvete e assistir um filme de baixo orçamento da Netflix – Lauren se colocou de pé em um pulo. –Vá tomar um banho pra tirar esse cheiro de cachorro e se arrume pra sair.
—Pra onde vamos? –Rachel desconfiou de Lauren.
Ao que sabia Lauren era tão festeira quanto Quinn e a última coisa que Rachel queria era ir em um lugar de gente esnobe.
—Trate de confiar em mim por favor, Sra. Fabray –Lauren colocou as mãos na cintura. –Afinal quem te resgatou de uma estrada vazia?
—Tá bem –Rachel começou a sair da sala. –Mas vai ter que explicar a Eros o porquê a mamãe vai deixa–ló sozinho!
Lauren olhou para o cachorro, e o cachorro inclinou a cabeça.
—Sabe que ela precisa disso tanto –Lauren argumentou, como se Eros pudesse entender cada palavra. –Certamente quer um descanso de todos os musicais brega que ela te obriga a assistir.
—Hey! –gritou Rachel da escada, ouvindo cada palavra de Lauren.
Eros latiu, e deu alguns pulinhos.
—Viu, ele concorda comigo! –Lauren piscou para o animal. –Gosto de você, garotão.
Aquela noite as duas esqueceriam a saudade e deixariam a diversão tomar conta.
(...)
Lauren a levou em um bar no centro, aparentemente um bar para lésbicas.
Rachel sequer chegou perto daquele lugar antes, no entanto Lauren era bem conhecida pelas frequentadoras. Foram direto para a mesa favorita de Lauren, perto do palco, e uma garçonete ruiva serviu o Whisky favorito de Lauren sem sequer terem pedido.
Karofsky foi obrigado a acompanha-las, já que estava ordenado a não tirar os olhos de Rachel. A morena determinou que ele ficasse no bar, sem demonstrar que estava ali de “baba” como o chamou.
Lauren e Rachel passaram a desabafar sobre a vida. Até que chegou o tema sobre Santana e Lauren palpitou:
—Você devia bater em Santana –Lauren bebeu um gole do Whisky –E depois dar um abraço nela. Afinal de contas o que seria da vida dela se ela ousasse enfrentar seu papai?
—Você tem razão –Rachel imitou a amiga –Mas que droga todo mundo da minha vida mente pra mim! Isso é tão frustrante! Só falta Quinn estar mentido pra mim também!
Lauren praticamente secou o copo. Ela sabia que Quinn escondia algo de Rachel, e não concordava nenhum pouco com isso.
Mas não podia se meter. Não podia trair Quinn desse jeito.
—Chega de problemas e mais bebidas! –Lauren resolveu mudar o assunto enchendo o copo das duas.
—Mais bebidas! Mais bebidas! – Comemorou Rachel.
(...)
—Sra. Fabray – Karofsky atendeu na primeira chamada.
—Como estão as coisas, Karofsky? Rachel já está dormindo?—Quinn sempre ligava naquele horário, para ter o relatório do dia e saber se Rachel estava segura em sua cama.
—Não senhora –O homem engoliu seco. –Estamos em um bar, com a Srta. Jagueri.
—Por que minha esposa está em um bar bebendo com a minha melhor amiga?! –Quinn não ficou nenhum pouco feliz com a informação.
—Foi a senhora Jagueri que a levou.
—Lauren está por um triz de perder o emprego—Quinn vociferou.
—Peço para Rachel ir embora?
—Ela não vai escutar você. Vou chamar outra pessoa pra cuidar disso, não tire os olhos dela—Quinn desligou no mesmo instante.
(...)
Passou meia hora da ligação de Quinn, Lauren e Rachel continuavam alheia enquanto dançavam no centro do bar. Lauren cantava alto todas as músicas de rock enquanto Rachel cantarolava apenas as que conhecia e assistia a amiga se empolgar a cada música.
Nenhum momento ficaram de mãos vazias. E seus copos eram rapidamente esvaziados. Algumas mulheres as abordavam, mas Lauren fingia que Rachel era sua companheira tocando-a no rosto ou na cintura.
Karofsky achou um pouco imprudente da Sra. Fabray – de Rachel – estar em uma posição dessa. Afinal era uma pessoa pública e uma pessoa mal intencionada poderia flagra–lá com Lauren e espalhar um terrível boato.
No entanto pelo que observou da mulher era a primeira vez em semanas que Rachel parecia tão leve. Então o segurança apenas ficou na cadeira, assistindo a diversão das garotas.
Lauren praticamente berrava uma música de Bon Jovi quando avistou uma cabeleira loira passar pela porta e começar a caminhar até elas.
—Parece que temos companhia –Lauren cutucou as costelas de Rachel.
As duas mulheres foram até Cassandra, que trocava algumas palavras com Karofsky. A loira deu um sorriso radiante pra elas.
—Cassandra? O que faz aqui? –Rachel questionou com suspeita. Não deveria ser um simples acaso sua cunhada no bar desconhecido que Lauren a trouxe.
—Bem, uma certa abelha rainha me informou que duas súditas estão perdidas –Cassandra piscou para Rachel.
—Foi você, seu dedo duro! –Rachel apontou para o homem.
—E mandou você buscar a gente? –Lauren debochou –Quinn se esqueceu de como você era baladeira antes de casar com a irmã dela?
—Pode ser que tenha esquecido –Cassandra olhou para o bar e deu um suspiro. Rachel estava pronta para choramingar para que ficassem quando a cunhada completou: – Ainda bem porque eu também precisava de uma boa distração!
—Eba! –Lauren e Rachel comemoraram, arrastando Cassandra de volta a dança.
Karofsky soltou um suspiro alto.
Tinha certeza que a Sra. Quinn não previu isso.
(...)
—Agora Lauren, Rachel e Cassandra estão farreando?!—Quinn soou ainda mais irritada.
—Senhora, acho que sua cunhada não ajudou acalmar as coisas.
—Eu vou matar Cassandra! Eu vou matar as três!—Quinn soltou alguns palavrões. –Rachel é uma mulher respeitável. Não devia estar em qualquer toca de rato que Lauren frequenta! Cassandra é mãe de família! A vaca da Lauren só pode ter feito isso pra se vingar por não trazê–la.
—O que tenho que fazer? –O homem estava de mãos atadas. Estava pronto para matar e morrer por Rachel, mas não para arrasta–la até o carro caso Quinn ordenasse.
E certamente machucar Lauren e Cassandra no processo.
—Nada! A única pessoa capaz de fazer essas três irem embora é Satã em pessoa.
(...)
As três sentaram–se na mesa para descansar. Lauren estava quase rouca de tanto gritar e Cassandra se abanava com fervor.
Rachel nunca tinha se divertido tanto. Tinha tanta responsabilidade que as vezes esquecia que só tinha vinte quatro anos.
Apesar de amar Camila e Kurt os dois nunca foram de farrear. E Rachel não sabia que ela gostava de farrear até aquele dia.
—Eu estou amando passar um tempo com vocês! –Rachel soltou o que passou pela sua mente.
—Precisava disso, meninas –Cassandra sorriu de orelha a orelha. Segurou a mão de Rachel e falou: –E sobre o que Frannie fez eu realmente sinto muito, Rachel. Acredite, brigamos feio quando ela me contou.
Rachel engoliu seco. Ao menos Frannie admitia seus erros. Era assim que um casamento deveria ser.
Mas não era noite para se preocupar com isso.
—Está tudo bem, Cassandra –Rachel deu um sorriso carinho a mulher. –Não vamos deixar esse drama Fabray entre nós.
—E bota drama nisso! –Lauren comentou entornando sua cerveja. –Vocês são santas por se casarem com essas doidas.
—Uau, eu deveria ter gravado isso e mandado pra sua querida chefe –Uma voz surgiu perto delas.
As três pularam da cadeira.
—Satã! –Lauren ficou pálida no mesmo instante.
—Duas mulheres casadas e uma arquiteta renomada. Onde está a vergonha de vocês? –Santana olhava o trio com desdém.
—Perdemos na primeira dose de tequila –Lauren deixou escapar.
—Cassandra, era pra você dar o exemplo –Santana encarou a loira.
—Eu queria... Mas está tão divertido –Cassandra ergueu os ombros, se desculpado.
Rachel levantou antes que Santana continuasse seu sermão. Pegou o pulso da prima e a levou para um canto mais afastado.
—Não pode interromper nossa noite –Rachel mandou com aspereza.
—Vocês vão pra casa, por bem ou por mal –Santana ergueu o queixo.
—Você me deve desculpas –pontuou Rachel igualmente determinada.
—Sim –Santana teve a decência de respirar fundo.
—Estou disposta a te perdoar se não obedecer Quinn e deixar a diversão rolar –Rachel ofereceu.
Sabia que era pouco comparado ao que Santana fez. Talvez fosse a bebida, ou o desespero de não querer voltar pra quela mansão vazia, mas estava disposta a barganhar para Santana não atrapalhar a noite.
—Rachel... –Santana ponderou por alguns instante.
—Se não aceitar, não terá meu perdão –Rachel se mostrou determinada.
Santana soltou os ombros. Sabia que a oferta era boa demais e que se Rachel estava determinada a ficar seria impossível fazê–la mudar de ideia. Elas eram determinadas como todos malditos Berrys.
—Tudo bem –Santana revirou os olhos. –Mas não pode contar a Brittany que estive aqui. Ela me mata se souber.
Rachel saltou nos braços da prima. A bebida realmente tinha deixado animada.
Juntas voltaram a mesa e a diversão continuou agora em quatro.
(...)
—E você cedeu a essa chantagem? —Quinn não podia acreditar que Santana tinha se juntado as outras e agora farreava naquele bar.
—Ela tinha um ponto, Q. Foi um acordo justo –Santana suspirou alto. Se deixar Rachel beber até cair a fariam voltar a serem como antes, Santana aceitava o preço de aguentar Quinn irritadinha.
—Me deixa falar com ela! –Quinn estava no ápice da fúria.
Santana foi até o palco. O karaokê tinha iniciado e Lauren, Rachel e Cassandra quase se batiam para ter a chance de cantar no microfone. Os outros frequentadores do bar, em maioria mulheres, só assistiam as três e curtiam o show que davam.
Santana odiava admitir que elas cantavam bem. E que Rachel estava muito divertida aquela noite. Torceu pra que Rachel não cedesse a pressão de encarar Quinn brava e quisesse ir embora.
Aproveitaria que Rachel saiu da disputa para enfim conseguir cantar uma música.
—Sua mulher –Santana passou o telefone para Rachel e subiu no palco.
A morena foi até um canto, para não atrapalhar as outras meninas com o que suspeitava ser uma Quinn muito brava.
—Olá esposaaaaaaaa –disse Rachel com o telefone na orelha.
—Rachel—O tom de Quinn era frio como ventos de inverno –já se divertiu muito, não acha?
—Não –Rachel negou com a cabeça –Seria muito mais divertido se você estivesse aqui. Eu quero muito beijar—Rachel assistiu quando Lauren quase tropeçou pra fora do palco enquanto cantava. Lauren estava uma gracinha com aquela jaqueta preta e calça verde militar –Se eu beijar Lauren você vai ficar muito brava?
—Vou –Um baque foi emitido ao fundo. Rachel tinha certeza que Quinn acabara de socar sua mesa –E agora vocês vão embora em carros separados.
—Consigo ver sua cara de brava daqui –Rachel sussurrou –Você fica tão sexy brava.
—E você fica safada quando está bêbada—Quinn suspirou frustrada –E eu nem quero pensar no bar de lésbicas que a Lauren deve ter te arrastado.
—Relaxa, Quinnie, nunca colocaria um chifre em você. –Rachel usou o tom mais inocente que conseguia –Eu queria ser safada em cima de você agora.
—Porra. –Outro soco na mesa e dessa vez algo de vidro espatifou no chão –Gwen chame alguém para limpar isso por favor?
—Quem é Gwen? Quinn eu juro por Deus que se estiver me traindo com uma nove iorquina gostosa eu vou...
—Barbara é minha assistente. Praticamente a Sugar de NY.
—Eca. Já detesto uma Sugar, não quero conhecer outra.
—Quero te ver bêbada mais vezes.
—Eu quero te ver, Fabray. Te tocar, sentir você...
—Eu até iria curtir um sexo por telefone se você não estivesse em um bar lotado de mulher—Quinn provocou. –Agora, poderia por favor, me trazer um pouco de tranquilidade e voltar pra casa?
—Por que eu não posso sair com suas amigas? –Rachel já estava ficando aborrecida. Quinn a deixou sozinha por duas semanas e agora surtava quando ela queria fazer algo diferente de ficar na mansão sofrendo por sua ausência.
—Não me importo nenhum pouco, querida—Quinn suspirou. –O problema é meu ciúmes de pensar que você está tão maravilhosa nesse mar de mulheres e eu sequer posso ameaçar mata–las por telefone.
—Você até pode ameaçar, mas certamente vai perder o efeito amedrontador.
Ambas riram.
—Você está merecendo uns bons tapas, Sra. Fabray — o tom sedutor de Quinn fez Rachel sentir seu corpo esquentando.
—Contanto que esteja aqui pra me aplicar essa correção eu já fico feliz, Sra. Fabray –Rachel rebateu. Ousada e excitada. Realmente toda aquela bebida tinha mexido com sua inibição.
—Nós poderíamos ser mais assim quando estivermos juntas—Quinn comentou com uma ponta de tristeza.
—Eu gostaria disso, se você...
—Se eu?—Quinn pareceu ansiosa. Quando Rachel demorou um tempo pra responder, ela pressionou. –Me diga o que está na sua mente.
Tinha tanta coisa na mente de Rachel... A falta de Quinn, a irritação por estar tanto tempo fora e sequer chama–la para ir até New York. Quinn não conversava sobre o que aconteceu na empresa, sequer sabia que Jesse tinha ido... Estava no escuro, estava magoada...
Ainda sim aquele não era o momento para conversarem sobre isso.
—Eu vou embora daqui a pouco –Rachel respondeu, desconversando. –Não é bom que você fique tanto tempo acordada preocupada comigo.
—Rachel...
Rachel desligou. Talvez lembrar de seus sentimentos, misturado com a bebida, fez a mulher entrar em um momento sombrio. Era melhor desligar antes que deixasse escapar o que queria e o que não queria dizer a Quinn.
Não precisavam de uma briga quando sequer se acertaram das anteriores.
Ainda sim precisava extravasar seus sentimentos. Por isso voltou ao palco com determinação.
—Minha vez! –Rachel empurrou Santana com a bunda e tomou–lhe o microfone.
—Que droga, Berry, justo quando eu consegui arrancar o microfone de Lauren! –Santana preparou–se para brigar.
—Isso é um sinal pra você não cantar –Lauren pegou a amiga pelo braço e a praticamente empurrou para fora. Antes de sair, sorrateiramente pegou o celular da mão de Rachel (coisa que aprendera com Camila) e deslizou o dedo na tela para aceitar a ligação de Quinn –E é Fabray agora.
Santana abriu a boca para contestar, mas Lauren devolveu o celular da amiga e transmitiu sua intenção pelo olhar.
Quinn provavelmente estava escutando toda a agitação. E o nervosismo de Rachel deixava transparecer que a conversa não tinha sido encerrada muito bem.
—Arrasa, cunhadinha! – comemorou Cassandra na plateia.
Santana e Lauren sentaram uma do lado da outra. O aparelho celular no colo de Santana com a tela bloqueada, mas certamente com a ligação ainda em andamento.
—Oi pessoal –Rachel falou antes de escolher a música –Eu tenho que dizer que sinto muito pela música que eu vou cantar agora. Ela é bem deprê –Seus olhos transmitiram desculpas –Mas é o que eu estou sentindo no momento e eu quero compartilhar com vocês.
—Arrasa, garota! –Cassandra concordou com entusiasmo.
Rachel informou o número ao assistente de palco e se preparou para apresentação.
Os primeiros acordes da música soaram e Rachel canalizou todo seus sentimentos quando começou a cantar:
(Vire–se)
De vez em quando, me sinto um pouco solitária
E você nunca aparece por aqui
(Vire–se)
De vez em quando, me sinto um pouco cansada
De ouvir o som das minhas lágrimas
Cada palavra saindo de seu coração. Observou que as pessoas a olhavam com total atenção. Até mesmo Santana parecia embalada por sua voz.
Continuou cantando. Aquela música definia com precisão cada sentimento que passava em seu coração naquele momento. Quis que Quinn estivesse ali para escuta-la, para talvez entende-la um pouco...
E eu preciso de você hoje à noite
E eu preciso de você mais do que nunca
E se você apenas me abraçar apertado
Nós estaremos aguentando para sempre
E nós estaremos apenas fazendo o certo
Porque nós nunca vamos estar errados
Juntos nós podemos levar isso ao fim da linha
Seu amor é como uma sombra sobre mim o tempo todo
(O tempo todo)
A voz ficou mais intensa devido a verdade do estrofe. As lagrimas embaçaram seus olhos.
Eu não sei o que fazer, e estou sempre no escuro
Estamos vivendo em um barril de pólvora e soltando faíscas
Eu realmente preciso de você hoje à noite
A eternidade vai começar essa noite
(A eternidade vai começar essa noite)
As lagrimas escorriam por sua bochecha. A garganta apertou um pouco. Mesmo assim terminou a canção:
Era uma vez, eu estava me apaixonando
Mas agora estou apenas desmoronando
Não há nada que eu possa fazer
Um eclipse total do coração
Era uma vez, havia luz na minha vida
Mas agora só existe amor na escuridão
Nada que eu possa dizer
Um eclipse total do coração
A plateia explodiu em palmas, todos se levantando para prestigiar a mulher que cantou com toda sua alma naquele palco.
Mas Lauren pegou o celular da mão de Santana e colocou no viva voz.
—Gostou do show? –perguntou a Quinn.
—Leva minha mulher pra casa, Lauren.—A voz dela estava rouca, até mesmo a respiração pareceu pesada.
—Quinn, você está chorando? – Santana mal conseguia acreditar. Mas a voz embargada de Quinn não deixava dúvidas do quanto a música tinha a afetado.
—Eu estou fazendo tudo errado—lamentou a Fabray. –Tudo errado.
—Não basta só reconhecer isso, Quinn, tem que estar disposta a mudar. Mesmo com seus vacilo ela ainda a quer, e isso é fodido pra caralho –Lauren soltou –Então tome vergonha nessa sua cara de vampira e seja melhor por essa mulher! Comece a acertar.
—A mulher acabou de cantar pra umas cinquenta pessoas que precisa de você essa noite –Santana complementou. –Acho que deve pegar um avião e vir pra cá o mais rápido possível.
—Farei isso—Quinn concordou fungando.
Lauren e Santana engoliram a risada só de imaginar Quinn emocionada.
—Obrigada, minhas amigas. Honestamente...
—Sim, sim, não sabia o que seria de você sem a gente –Santana desdenhou. –Agora chega de enrolação. Minha bateria está acabando e Brittany deve estar me xingando de todos os nomes existentes por ainda não ter voltado pra casa.
—Ela está com medo de você ter voltado pro seu trono no inferno—Quinn brincou. –Nos vemos em breve.
Quinn desligou. Santana e Lauren se entreolharam.
—Quinn reconhecendo a dor de outra pessoa... Que evolução –comentou Santana ainda chocada. Quinn não chorava nem mesmo com os tormentos no internato.
—Ela está mudando –Lauren apoiou a cabeça no ombro de Santana. –Ou melhor, ela está se tornando a Quinn que sempre soubemos que ela é.
Santana concordou. Apenas elas e Frannie sabiam que debaixo de toda camada de gelo e raiva havia alguém que valia pena amar, alguém bom.
E ao que parece Rachel era a responsável por trazer esse lado de Quinn a tona.
Tanto Santana, como Lauren torceu pra que dessa vez Quinn soubesse lidar com isso.
E no que valesse das duas cuidariam pra que fosse uma história de amor... Não uma tragédia. Elas sabiam que Quinn nunca se recuperaria se sua história com Rachel acabasse tão ruim quanto Mercedes...
Se Rachel teria o poder para fazer Quinn se abrir, ela também teria o poder pra fazer Quinn se fechar pra sempre.
(...)
—Tchaaaau, até a próxima –Rachel acenou para o carro que levava o restante das amigas.
Karofsky decidiu que nenhuma ali estava apta a dirigir para casa, então com a autorização de Quinn foi alugado uma blazer para levar cada uma a seu endereço, e depois, cada uma voltaria para buscar seu carro no dia seguinte. Como Rachel foi acompanhada de Lauren era a única que não teria esse trabalho e isso rendeu uma boa discussão entre Santana e Lauren, pois nenhuma concordava com isso. Mas fora decreto de Quinn e as quatro envolvidas sabia que era uma leve punição por terem desobedecido a Fabray.
Assim que o carro deu partida para deixar as outras, o portão automático da mansão foi aberto e Rachel adentrou em sua casa, com Ka em seu pé.
—Elas são tão legais, não é? –Rachel sorriu pro homem.
—São sim, Sra. Fabray – concordou Karofsky a ajudando se manter de pé.
—Você vai ficar pro turno da noite? –a morena cambaleou enquanto subia a escadas.
—Vou.
Rachel bufou. Ainda não entendia a necessidade de um segurança, mas sabia que não adiantaria discutir.
A porta foi aberta por um funcionário e antes que Rachel pudesse entrar Karofsky passou–lhe a frente e analisou os cantos.
—Não corro risco na minha própria casa –Ralhou a Berry indo para a sala.
—Sua mulher me mata se souber que não revistei tudo – Karofsky respondeu acompanhando a mulher. –Espere aqui.
—Chatooooooo –Rachel jogou–se no sofá –Chatoooooo.
Rachel varreu os olhos pelo cômodo. Estranhou que Eros não foi cumprimenta-la assim que passou da porta. Talvez ele estivesse dormindo.
Rachel reparou que na mesa de centro estava um belo bolo de floresta negra, com um bilhete deixado ao lado.
—Hum, bolo? –Rachel foi até o centro já animada. – Será que Quinn está tentando me agradar com doces?
Pra melhor diretora do mundo. Era o que estava descrito no bilhete. Mas sem assinaturas. Rachel estranhou, já que Quinn sempre endereçava seus presentes. Mas talvez tenha apenas esquecido.
—Ownt, que fofo! –Rachel pegou o bolo e caminhou até a cozinha.
Quando depositou o bolo no balcão percebeu uma pequena bola de pelos caramelo deitado no piso da cozinha. Percebendo que era Eros, Rachel reconheceu o chocolate na boca do animal.
—Eros! Você comeu meu bolo! Olhe só sua boca, vem aqui!
Ao contrário do que fazia, Eros permaneceu deitado. E respirava com dificuldade...
—Eros? –Rachel chamou novamente, sentindo que algo estava errado.
Seu cachorro sempre foi brincalhão, hiperativo...
Eros tentou erguer–se para atender ao chamado de Rachel. Como se fosse seu primeiro instinto.
No entanto assim que se firmou voltou a cair.
E deu Rachel a certeza que ele não estava bem.
—Eros!
Autor(a): blacksweetheart
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Oh, você está em minhas veiasE eu não consigo te tirar —Eros, meu amor, reage –Rachel o acariciou com um pouco mais de força, mas não houve nenhum movimento. Rachel entrou em um estado copioso de choro e depois de tanto insistir e perceber que algo estava errado pegou seu telefone. O primeiro nome que pensou fo ...
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