Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Oh, você está em minhas veias
E eu não consigo te tirar
—Eros, meu amor, reage –Rachel o acariciou com um pouco mais de força, mas não houve nenhum movimento.
Rachel entrou em um estado copioso de choro e depois de tanto insistir e perceber que algo estava errado pegou seu telefone.
O primeiro nome que pensou fora Quinn, no entanto Rachel não queria admitir sua incapacidade antes de averiguar o que estava acontecendo.
Talvez não fosse nada sério, ou talvez fosse... Estava nervosa e a última coisa que queria ouvir é a voz de Quinn decepcionada com ela. Lembrou–se do que Quinn pediu antes de partir a NY “Só cuide do Eros, tudo bem?” Quinn pediu apenas uma coisa pra ela. E ela falhou... Ela falhou!
Decidiu pôr fim ligar pra alguém que seria racional e a ajudaria sem criar mais pânico.
—Santana, Santana, é uma emergência –Rachel falou assim que a voz da prima soou no telefone.
—Meu Deus, o que aconteceu?—Santana ficou em alerta do outro lado da linha.
—É o Eros. Ele não quer levantar, está desacordado–Rachel olhou mais uma vez para o animal e choramingou ao ver seu estado –Ela me disse pra cuidar dele e eu falhei na única coisa que me pediu!
—Quem pediu? O cachorro?—Santana soou confusa, ainda estava bêbeda.
—Quinn! –Rachel sentou do lado do animal, colocou seus dedos perto de seu focinho e sentiu a respiração fraca. –Ele está respirando, Santana. Mas não quer acordar, eu não sei o que fazer e...
—Calma, papagaio—Santana respirou fundo –ligue pra Sugar. Peça que ela entre em contato com o veterinário de Eros e diz que é urgência. Quinn disse que um veterinário está de prontidão pra situações assim.
—Ela disse? –Rachel estranhou tal ordem, Quinn nunca mencionou tal preocupação.
—Quinn é paranoica, sempre deixa um médico a sua disposição. Neste caso um veterinário.
—Não imaginei que faria por Eros.
—Ele é filho de vocês, claro que faria—Santana falou como se fosse obvio.
E apesar de lembrar dos constantes xingos que Quinn dá ao animal também se lembra que ela nunca negligenciou nenhum cuidado, que cuidou que ele tivesse seu lazer enquanto estavam no baile de Antoine e que toda noite o deixava no seu quarto para que Eros não atrapalhasse o sono de Rachel. Rachel então percebeu que não é do feitio de Quinn dizer quando alguém lhe é importante, mas que ela se declara com as ações de cuidado constante.
Da sua forma Quinn Fabray de ser ela vem demonstrando o quanto Rachel lhe é importante. E Eros também.
—Tudo bem, ligarei pra Sugar. Obrigada –Rachel agradeceu desligando o telefone.
Odiava falar com Sugar Motta, entretanto naquele momento falaria até com Hiram Berry se significasse ajudar Eros.
(...)
—Quinn—Santana soou preocupada no telefone.
Quinn olhou pra fora. O bom de ter contatos era que conseguiu um jatinho particular logo depois que falou com Santana. Sam amava ostentar seus cinco jatinhos no Instagram, e não hesitou em emprestar um a Quinn quando a loira pediu.
A loira até poderia ter comprado um, mas não gostava de sair de Chicago. Gostava do conforto de seu lar e se precisasse ir as outras filiais sempre podia mandar um representante em seu lugar.
E agora que sua mulher tinha um trabalho na cidade, Quinn não via planejando sair tão cedo da cidade.
No final era sempre bom ter um contato com um membro do clube dos herdeiros. Eles deviam tantos favores que não hesitavam o chamado de Quinn.
—Já estou chegando em Chicago, Santana –Quinn identificou. –Vocês ainda estão no bar?
—Não. Todo mundo foi pra casa. Quinn...
—O que? –A hesitação no tom de Santana a deixou apreensiva. – O que foi, Santana?
—Rachel acabou de me ligar. Acho que aconteceu algo com seu cachorro.
—Eros? –O corpo de Quinn arrepiou–se. Seu coração estava apertado e o cachorro mijão veio a mente.
—Estou indo lá. Rachel parece bem abalada—Santana avisou.
—Chego o mais rápido possível –Quinn respondeu desligando logo em seguida.
Mandou um comando ao piloto, pra que fossem o mais rápido que pudessem. Algo aconteceu em sua casa.
E o lugar mais seguro que pensou que Rachel estaria passou a aterrorizar Quinn.
(...)
Rachel levou o animal para seu quarto e sentou ao seu lado. Observou obsessivamente sua respiração, percebendo que o quer que ele tenha ingerido Eros lutava para continuar vivo. Sugar continuava a atualiza–la por mensagens sobre a localização do veterinário.
A casa pôs–se em alerta. Todos os empregados foram chamados e estavam apostos, aguardando ordens da governanta. Exibiam semblantes tristes quando Santana chegou e perguntou sobre Rachel. Eles sentiam que tinham falhado com Rachel e se o cachorro morresse Quinn demitiria todos.
Santana chegou no quarto e viu Martha implorando pra que Rachel tomasse um pouco de chá.
—Eu não quero, Martha –Rachel balançou a cabeça. –Você precisa ir descansar, já passou da sua hora de trabalho.
—Sra. Rachel, não a deixarei sozinha –Martha acariciou o ombro dela. Quando avistou a presença de Santana, pediu para a mulher: –Por favor, faça ao menos tomar o chá. Ela se recusa a beber ou comer alguma coisa.
Rachel virou o rosto em direção a porta, com o olhar cheio de esperança. Esperava que fosse Quinn, mesmo que não tivesse a avisado. O brilho apagou ao ver que era Santana. A prima não sentiu–se ofendida pois sabia que Rachel estava ansiando por Quinn há duas semanas, e naquele momento, tudo se tornou mais urgente.
—Beba, Rach –Santana pediu sentando ao lado dela.
—Não consigo –Rachel deixou as lagrimas escorrerem. –Ele passou a velar meu sono, sabia? Fica aqui ao meu lado, se esforçando pra ficar quieto. No começo sentiu falta de Quinn. Mas acho que depois percebeu que eu sentia ainda mais e odiava ficar sozinha. Eros não me deixou sozinha um dia sequer nessas duas semanas. E quando eu o deixei...
—Calma –Santana pegou a mão dela. –O que aconteceu?
—Foi o bolo –Rachel balbuciou. –Quinn suspeitava que eu estivesse em perigo. Pensei que o que aconteceu com Antoine fosse uma coincidência, mas isso não pode ser...
—Acha que o bolo está envenenado? –Santana precisava entender a linha de raciocino de Rachel.
—Tem que estar! –Rachel insistiu. –Eros tem a vida de um rei aqui, todos cuidam dele muito bem. Quando cheguei tinha um bolo pra mim. Pensei que Quinn tivesse enviado e quando fui até a cozinha pra me servir encontrei Eros... E sua boca estava suja de bolo.
—O bolo ainda está lá embaixo?
—Sim, mas eu pedi a Martha que ninguém encostasse nele –Rachel olhou para a governanta procurando confirmação.
—Ninguém encostou, Sra, está no mesmo lugar que deixou.
—Ótimo, fique aqui que vou tentar descobrir mais coisas –Santana beijou o topo da cabeça de Rachel e saiu em disparada.
Rachel continuou com Eros, o observando a cada instante. Não sabia dizer quanto tempo passou até alguém se aproximar.
—Sra. Rachel –Martha tocou o ombro da mulher. –Precisamos saber o que fazer com o bolo. Ordenei que não mexessem, mas parece perigoso deixa–lo exposto...
Rachel suspirou. Ela era a dona da casa, ela precisava tomar as rédeas.
—Eu já volto, querido –Rachel deu um último carinho ao cachorro.
Seguiu a governanta pelas escadas, esforçando cada passo. Estava cansada e o efeito da bebida passou, dando lugar só a exaustão.
A porta principal rangeu ao ser aberta, e quando Rachel ergueu o olhar pra ver quem era seu corpo paralisou.
—Quinn –deixou escapar pelos seus lábios.
Quinn largou sua mala no chão e deu um olhar intenso para esposa.
Rachel não viu mais nada, não pensou mais nada, além de correr entre os degraus e chegar até Quinn. Quando seus corpos colidiram Quinn a segurou com força e apertou o corpo da mulher em seus braços.
—Estou aqui, querida –Quinn sussurrou beijando seu rosto.
—Me desculpa, me desculpa –Repetia Rachel afundando o rosto no ombro de Quinn. –Eu não deveria ter ido pra'quele bar. Se eu não fosse...
—Acalme–se –Quinn pediu afastando–se um pouco pra olha–la. –Não é culpa sua.
—Que bom que voltou. Como soube...
—Já estava em Chicago quando Santana me avisou. –Quinn ficou aliviada ao ver que apesar do rosto vermelho, Rachel estava bem. Era tudo que importava. Com o resto ela conseguia lidar –Estou aqui agora.
(...)
Quinn deu ordens como um general em operação. Pediu a Martha que preparasse um banho para Rachel e depois a encontra–se na cozinha, com todos os empregados. Mandou Santana isolar o bolo para que pudessem encontrar alguém de confiança para examinar, mas antes guardou um pedaço caso o veterinário quisesse examinar o que Eros pode ter comido. Não precisou apressar o veterinário pois assim que tocou no telefone o homem passou pela porta.
—Obrigada por ter vindo tão rápido –Quinn apertou a mão do Dr. Figgins com força.
—Ninguém deixa Quinn Fabray esperando –o homem parecia ansioso. Quinn Fabray era sua maior cliente e estava eufórico por atende–la, ou melhor, atender seu cachorro. –Pode me adiantar o que aconteceu?
Quinn contou a história de Rachel e o doutor escutou com atenção. Quando a mulher terminou ele disse:
—Preciso verificar o que ele ingeriu, mas no momento me esforçarei pra acalma–lo se estiver sentindo algum tipo de dor – explicou. – Se puder, mantenha sua esposa afastada. Esses exames tendem a ser longos e ela pode ficar nervosa.
—Farei o melhor que puder –Quinn não prometeu que conteria Rachel. Sabia que seria difícil até ela mesma se manter afastada. E apertando novamente a mão do veterinário fez questão de deixar claro: –Espero que faça o mesmo.
O homem engoliu seco e subiu a escada com pressa. Com Eros na mão de um profissional, logo iria ver como o cachorro estava. Sentia-se aflita e com medo, quase tão descontrolada quanto Rachel. Por isso que esforçava-se ao máximo para manter o controle e ser a rocha que Rachel precisava no momento. Quinn lidava com crises da melhor forma, por isso era tão inatingível aos olhos de todos.
Se reparassem bem veriam que suas mãos não deixaram de tremer desde o momento que passou pela porta.
Quinn foi até a cozinha, onde todos seus empregados a aguardavam de pé. Quinn contava com uma equipe de sete pessoas para cuidar de sua casa e eles a serviam desde que era uma criança na mansão dos pais. Eram de confiança. Mas Quinn pecava por excesso e não por descuido, pediria a Sue que verificasse o que cada um fez aquela noite. Não demitiria ninguém sem ter provas, mas deixaria claro o que aconteceria se alguém ali tivesse arriscado a segurança de sua esposa.
—Como esse bolo foi parar aqui, Martha? –Vociferou para a governanta.
—Sinto muito, Sra. Não tínhamos ordens para recusar entregas –a mulher tremia feito vara verde. Enrolava as mãos no avental em uma tentativa falha de esconder o temor. –Pensamos que fosse um presente da Sra.
—Quem o entregou, Fernando? –Quinn questionou ao mordomo.
—Era uma empresa de entrega expressa, Sra. –O homem explicou. Pegou um papel de seu bolso e entregou a Quinn. –Aqui está o cartão deles.
Quinn encarou o papel e o guardou. Entregaria a Sue junto com o bolo.
—E ninguém estava cuidando de Eros? –A Fabray quis saber.
—Foi um momento de distração, Sra. –desculpou–se Ângela. A mais nova dos servos. –Eu estava brincando com ele momentos antes. Eros mijou em mim e eu só fui trocar o avental –As lagrimas escorriam em seu rosto. –Quando voltei a Sra. Fabray estava chorando.
Quinn apertou a ponta do nariz. Não podia punir a menina. Eros molhava todos que brincavam com ele e os empregados nunca o maltratam de nenhuma forma. Quinn via o terrível pesar em Ângela. E não queria tornar as coisas mais difíceis pra eles aquela noite.
—O que aconteceu hoje foi um descuido que espero não voltar a se repetir –Quinn ordenou. –A partir de hoje todo e qualquer entrega deve ser inspecionado por mim. Não darão nada a Rachel sem que eu vistorize antes. Está claro?
Cabeças assentiram.
—Ótimo, agora com exceção de Martha todos podem voltar ao descanso –Quinn deu um sorriso triste. –Fico feliz que tenham vindo tão rápido para não deixar Rachel sozinha.
Quinn saiu da cozinha para se encontrar com Santana em seu escritório. A advogada estava chegando as câmeras da casa pra captar mais informações. Depois levaria tudo a Sue como provas.
Antes que chegasse ao cômodo foi abordada por Karofsky. O homem tinha um semblante triste.
—Eu falhei, Sra. Fabray. Peço que me perdoe – Karofsky mal conseguia olhar pra Quinn.
—Não –Quinn tocou no braço dele –Você estava com ela. Tivemos sorte que Rachel saiu hoje ou então poderia ter acreditado que o bolo era presente meu e...
A boca de Quinn secou na mesma hora. Perto. Quem estava fazendo isso sabia que ela não estava em casa, assim poderia fingir que era um presente da loira. Era alguém que a acompanhava de perto. Isso embrulhou suas entranhas.
—Então confirmamos que Rachel está correndo perigo – Karofsky quis saber.
—Não há dúvidas quanto a isso. Peço que redobre a atenção nela –Quinn o segurou com força. –A vida de minha esposa está na suas mãos.
—Não a decepcionarei, Sra. Fabray –A voz grave não deixava margem de dúvidas.
O homem se retirou e Quinn foi até Santana.
A amiga estava debruçada na mesa, com os olhos atentos as imagens na tela do computador.
—Está um lixo –Quinn comentou sentando no sofá.
—Desculpa se sua esposa me fez farrear com ela a noite toda –Santana coçou os olhos –Eu ainda tive que pegar um Uber pra cá porque certa pessoa não me deixou ir embora de carro.
—Não vou correr o risco de perder minha advogada em um acidente de carro –Quinn deu um sorriso fraco.
—Já falei que você ficou bem mais legal depois que se casou? –Santana retribuiu o sorriso. –Eu sempre soube que se importava comigo, mas nunca te vi admitir que fica preocupada.
—Archie me disse o oposto –Quinn deixou o sorriso morrer. –Ele sequer me reconhece como amiga.
—Tinha que chama–lo pra nos ajudar? Ele é um babaca!
—Um gênio babaca –Corrigiu –E acredite, conheço cada ponto positivo e negativo do clube dos herdeiros. Se confio em algo é que nada invadira meus sistemas de novo.
—Teve pista de quem foi? –Santana pausou as gravações.
—Não –Quinn soltou a respiração, frustrada –Isso tem deixado Sue estressada. Nada sobre o colar, nada sobre quem invadiu o sistemas.
—É um inimigo a altura.
—Pois é, e o único com meios e razões pra fazer isso está surtando por ter que criar uma campanha em tempo recorde –Quinn passou a mão no rosto –Não sei no que confiar a essa altura.
—Não é a primeira vez que tentam te derrubar, Q –Santana acompanhou a trajetória de Quinn. Sabia que seu cargo trazia muitos riscos e que já houve inúmeras tentativas de sabotagens durante os anos.
—Mas antes não tinha Rachel! –Quinn se levantou em um rompante. –Eu não me importava com projetos roubados, ou ameaças contra minha vida antes. Mas agora ela, Eros... –Quinn segurou o choro. –Eles estão correndo riscos por mim.
—Quinn...–Santana pensava em algum argumento, no entanto não conseguia encontrar nenhum. Era fato que Quinn conquistou inimizades enquanto subia rápido demais e outros declinavam. Sendo uma mulher, e sendo uma Fabray, ou a endeusavam ou a odiavam.
Uma hora alguém se revoltaria e não dava pra saber quem. Principalmente agora que um ponto fraco estava exposto: Rachel.
–Se Eros morrer... –Quinn fechou os olhos. Não, não podia sequer encarar a possibilidade disso.
O cachorro era especial pra Rachel, mas era ainda mais pra Quinn. As noites antes dela e Rachel se entenderam era Eros quem fazia companhia a Quinn, mantendo–a acordada após um pesadelo ou dormindo ao seu lado nos raros momentos que ela conseguia dormir.
Tinha sido um parceiro pra ela. Não conseguiu nem mesmo vê–lo ferido.
Por que? Por que na sua vida tudo que se importava era tirado dela?
Quinn sentiu as mãos tremerem e a raiva que a cegava domina-la. Encontrou a estante de livros e desferiu o soco nela. Imaginava que estava batendo em quer que fosse o responsável por machucar Eros. Por tentar machucar Rachel.
—Quinn –A voz de Santana soou distante.
—Que porra está acontecendo com a minha vida?! –Quinn socou pela última vez até sentir uma leve tontura.
Santana rapidamente ajudou a amiga se sentar e ficou ao lado de Quinn, estudando a expressão da amiga.
—Q. Tem... dormido esses dias? –Santana viu as olheiras por baixo da maquiagem e o olhar apagado. Já viu Quinn socar um saco de areia por uma hora seguida e apenas soquinhos que deu pra extravasar não a deixaria tão cansada. –Só pergunto porque parece exausta. Talvez precise descansar.
—Como pode me sugerir descanso agora? –Quinn arregalou seus olhos verdes –Um bolo envenenado foi endereçado a minha mulher. Meu cachorro pode morrer! Meus projetos roubados!
—Acalme–se –Santana alisou suas costas.
—E eu sequer faço ideia quem está por trás disso! –Quinn apoiou o rosto nas mãos.
A mão direita já estava vermelha pelos socos.
—Isso não ajuda em nada –Santana pegou a mão machucada e sacudiu na frente de Quinn –Seus chiliques não ajudam em nada. Minha prima está lá em cima aos prantos com uma culpa que não é dela. Vá ficar com a sua mulher e depois conte o que está acontecendo.
—Contar o que? Que ela está correndo risco de vida por ter se casado comigo? –A voz quebrada de Quinn transbordava medo.
—Rachel está correndo risco de vida e precisa deixa-la ciente disso –Insistiu Santana –Ouça, ela não é feita de cristal. Nem vai fugir de você com medo. O que ela não vai suportar e sentir-se que falhou com você. Que falhou com Eros.
Quinn sabia que Santana estava certa. Que não dava pra enganar Rachel e fingir que tudo ficaria bem.
Alguém se movia nas sombras para machuca-las e tinha chegado perto de fazer isso.
Se Eros morresse, bem, teria então conseguido.
(...)
Quando o Doutor Figgins chamou Quinn pra lhe dar informações, a loira fez questão que Rachel estivesse presente.
Santana foi pra casa depois da conversa com Quinn. A amiga precisava descansar e tinha feito muito pelas duas. Quinn sabia que era muito sortuda por ter Lauren e Santana em sua vida. Que elas sempre a ajudariam em qualquer situação e muitas vezes eram mais presentes que sua família.
Quinn então foi para o quarto de Rachel, e sua esposa entrou logo em seguida. O doutor cumprimentou Rachel e lhe fez algumas perguntas. Quinn não prestou atenção pois só conseguia olhar pra Eros.
Estava respirando. Mas havia tubos em sua barriga e os olhos cansados mal se mantinham aberto. Quando conseguiu reconhecer Quinn o cachorro ainda conseguiu abanar a calda e, talvez estivesse louca, conseguiu enxergar um sorriso em sua boca.
Ele estava feliz em vê-la. Isso trouxe lagrimas aos olhos dela.
—Meu garotão –Quinn sentou ao seu lado. Com todo cuidado o acariciou. –Também senti sua falta.
Ele não conseguiu latir, ainda sim seus olhos brilhavam.
—Já te disse mil vezes que doces não são pra você. Devia ficar na sua dieta de ração. Espero que aprenda.
Seus olhos estremeceram um pouco, querendo dormir. Quinn sentiu o peito ainda mais pesado. Seu cachorro era tão alegre, tão brincalhão... Saber do roubo dos projetos não a deixou tão preocupada quando ver Eros daquele jeito.
—Nem pense em nos deixar, tá? –a voz dela saiu áspera pois sua garganta estava quase fechando. Se esforçou para engolir bile. –Essa casa ganhou luz quando você chegou. Eu e sua mãe te amamos –Quinn escutou Rachel chorar baixinho. –E eu prometo que quem fez isso vai sofrer muito. Por favor, resista.
—Quinn –Rachel chamou apertando seu ombro. –O veterinário quer nos informar o quadro dele.
—Tudo bem –Quinn deu um último beijo no animal e se colocou de pé. Passou o braço pela cintura de Rachel pra ampara-la caso recebessem alguma notícia ruim.
O doutor as olhava com pena. Ali estavam duas mulheres que amam seu cachorro, e ele sabia o quanto isso era raro em alguém da elite.
Geralmente cachorro era algo pra se ter e ostentar com sua raça cara.
Ele viu então Quinn Fabray chorar por um vira–lata. Fazia tempo que não se surpreendia tanto.
—Bem – começou o homem. –A boa notícia é que Eros não comeu o bolo em grande quantidade. Provavelmente deu uma mordida, não gostou e depois a reação em seu estomago o fez desmaiar. Foi quando Rachel o encontrou.
A morena assentiu.
—Ainda não sei o que tinha no bolo, e receio que terei que levar Eros para uma internação e uma possível cirurgia.
—Então ele não vai morrer? –Quinn questionou.
—Essa é a má noticia, não posso garantir que ele resista tanto a cirurgia quanto ao que ele ingeriu –Dr. Figgins olhou para o cachorro. –Agora ele está resistindo aos efeitos do possível veneno e honestamente ele tem muita força pra um cachorro tão pequeno. Farei o máximo para salva–lo, mas é cinquenta por cento de chance dele sobreviver.
Quinn e Rachel trocaram olhares apreensivos.
—Ele consegue –Quinn insistiu apertando a cintura da mulher. –Eu sei que ele consegue.
Rachel assentiu. Ela confiava em Eros. Confiava em Quinn.
—Ele vai se recuperar –Rachel refletiu um olhar determinado. –E vamos encontrar o responsável por isso.
Ao contrario da incerteza de Figgins, o olhar de Rachel dizia que ela tinha cem por cento de certeza disso.
(...)
—Seu cachorro?—Perguntou Archie do outro lado da linha.
Quinn sentou em sua varanda, deitava sobre uma espreguiçadeira enquanto ligava para Archie e avisar o porquê saiu às pressas de NY enquanto Rachel terminava de ajudar o veterinário com as coisas de Eros.
Estava tão cansada... Santana tinha toda razão. Tinha três dias que estava acordada direto. O remédio, como Frannie alertou, perdeu o efeito depois de uma semana. E estar em NY, longe de Rachel e com seus antigos traumas lhe causava pesadelos todos os dias que tentou dormir sem o efeito do remédio.
Talvez conseguisse dormir agora que teria Rachel ao seu lado... Mas havia toda aquela briga entre elas, sequer conversaram direito.
Quinn não sabia como pedir a Rachel que esquecesse tudo só por uma noite.
—Eu não vou voltar a New York tão cedo –Quinn avisou ao homem. –Então deixo o resto dos sistemas em suas hábeis mãos.
—Tudo bem, eu dou conta—Archie parecia frustrado. –Mesmo que fosse melhor estar aqui pra cuidar dos assuntos da sua empresa.
—Preciso ficar aqui, em casa
Onde minha família precisa de mim, pensou Quinn.
—Está realmente colocando como prioridade um cachorro em vez da sua empresa?—Archie parecia chocado.
—Sim, estou –Quinn respondeu aborrecida. –E que se dane se isso não é o que eu faria antes ou se parece errado pra você. Eu contrato pessoas pra criarem as melhores campanhas e posso ganhar duas vezes mais que perdi. O que não consigo trazer de volta são aqueles com quem me importo então eu vou ficar aqui até que eles estejam seguros.
—Entendi, Quinn—Archie engoliu seco. –Te mando os detalhes quando finalizar.
—Obrigada, Archie –Quinn desligou logo em seguida.
Quinn largou o telefone no apoio da cadeira e apertou as têmporas. O desgraçado que estava fazendo tudo aquilo tinha conseguido deixa–la com dor de cabeça.
—Quinn –Rachel chamou atravessando a porta de vidro. Seu rosto ainda estava vermelho devido as lagrimas, mas os olhos já não exibiam aquela tristeza de antes.
Quinn encarou a esposa de cima abaixo. Os cabelos soltos, a camisola rosa que fazia um belo contraste com seu tom de pele, as pernas torneadas. Deus, ela sentia falta daquele corpo. De passar suas mãos por ele. De ouvir Rachel gemendo em seu ouvido.
—Devia estar descansando –Quinn desviou os olhos. Não podia curar sua frustração com Rachel.
Bem, até faria isso antes. Mas aquela era Rachel e tudo ainda estava turbulento.
—Eu quero ficar aqui –Para a surpresa de Quinn, Rachel foi até ela e sentou em seu colo.
Quinn se remexeu abaixo dela, gostando de tê-la tão próximo de si.
—Não sou uma boa companhia agora –Quinn deu um sorriso triste. Estava cansada e amarga, temia que seu lado Grinch desse as caras.
—Mas é minha esposa –Rachel tocou em seu rosto –E eu estive ansiosa pra te ver desde o dia que foi embora.
—Eu não fui embora –Quinn a prendeu em seus braços, olhando–a com toda sua atenção.
—Foi assim que eu me senti –Rachel passou a brincar com os botões da camisa de Quinn. Tinha vindo com tanta presa que nem conseguiu tirar a roupa de trabalho –Sei que tem dificuldades pra expressar o que sente. Mas minhas dificuldades são que eu não consigo esconder nada–Rachel voltou a olhar para os olhos verdes da esposa. –Apesar das ligações e de parecermos próximas de novo, eu sinto que estou construindo um castelo de areia e logo a mare vai leva–lo.
—Pode ser que eu tenha ficado mais do que precisava em New York porque eu precisava colocar minha cabeça no lugar –Quinn confessou. Poderia ter dito a Archie para se virar muito antes, e até Jesse tinha voltado a Chicago depois de cinco dias em NY (apesar de Quinn se esforçar para mantê-lo lá não encontrou nenhuma outra razão). Quinn ficou mais dias porque ainda digeria tudo que acontecia com sua vida. Com ela e Rachel. –Toda a nossa discussão, as coisas que dissemos... Estava aborrecida com você por acreditar tão fácil no que aquele babaca disse sobre mim, e estava com raiva de mim mesma por não ser confiável o bastante pra que o que os outros dissessem não importasse pra você.
—Tem razão em ficar aborrecida comigo – Rachel entendeu o que ela quis dizer. –Você não acha justo que eu duvide de você, quando faz tantas coisas que te provam digna de confiança.
—Mas só ações não basta, não é mesmo?
—Quinn, eu aceito que não vá se apaixonar por mim. Você me mostrou que podemos ter uma relação sem amor –Mesmo que sempre doesse admitir isso pra si mesma, pensou Rachel –Mas não suporto que não consiga se abrir pra mim, que não possa me deixar te ajudar... Você me ajudou com o instituto, e eu sou grata por isso. Mas eu quero uma parceira, não que só você possa fazer algo por mim.
—Não entende que já faz muito por mim? –Quinn beijou seu ombro e a apertou ainda mais em seus braços –Que só de estar aqui... É tudo que eu preciso?
Rachel tomou sua boca em um beijo furioso. Cheio de saudade, de intensidade. Quinn correspondeu com ferocidade e paixão. Sua mão emaranhou nos cabelos de Rachel e puxou seu lábio inferior com os dentes. Aquela boca deliciosa, aquela mulher.
—Senti tanto sua falta, Rachel Berry –Uma frase que nunca se imaginou dizendo em cinco anos de noivado, mas agora era a verdade que estava guardada.
Quinn passou a sentir o peso de uma pedra em seu coração. Que aquela vida em seus braços corria risco de vida porque ela fizera tanta merda, com tantas pessoas, que sabia que elas tinham motivos pra se vingar.
E Rachel, pobre Rachel... Ela só queria ter uma vida feliz cuidando do instituto.
Como uma egoísta de merda se casou com Rachel sem nem pensar o que significaria pra vida dela. Sem pensar que se importaria tanto se algo acontecesse com ela.
Ela nunca deveria ter carregado Rachel pra sua vida. Nunca deveria ter a exposto ao perigo de ser sua esposa...
—Quinn –Rachel pegou seu rosto com as duas mãos e a sacudiu. –Olhe pra mim.
Rachel a beijou sem nenhum aviso, forçando–se entre a boca de Quinn, capturando sua língua e enrolando na dela. Lentamente Quinn relaxou e envolveu Rachel em um abraço carinhoso.
Quando se separaram pra respirar, Quinn deleitou–se dos olhos castanhos.
—Seu coração estava acelerado –Rachel explicou acariciando o rosto da esposa –O susto... te fez pensar em outra coisa.
—Obrigada –Quinn disse emocionada.
—Quando quiser compartilhar seu medo comigo, estarei aqui –Rachel se arrumou para levantar. Observou a exaustão no olhar de Quinn e sabia que a loira nunca diria que precisava descansar –Até lá...
—Por favor, não me deixe –Quinn agarrou–se ao corpo dela como uma criança. Estava cansada e seu corpo implorava pra relaxar, mas toda a saudade que sentia de Rachel precisava ser suprida mais que qualquer outra coisa.
—Ficarei com você –Rachel deitou em seu peito e se aninhou ao corpo de Quinn. Permitiu–se ser um pouco egoísta e colocar a necessidade dela acima do descanso de Quinn. Era desse carinho que sentia falta. –O tempo que precisar.
Ficaram agarradas até que Rachel sentiu Quinn ressonar embaixo dela.
Estava tão em paz, tão relaxada. Mas seus braços estavam ao redor de Rachel com firmeza. Como uma mensagem de que ela só conseguia alcançar aquela paz se Rachel estivesse com ela.
O pior era que mesmo sem problemas pra dormir Rachel sentia-se exatamente igual a Quinn.
Autor(a): blacksweetheart
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Onde você está agora?Atlântida, no fundo do mar, no fundo do marOnde você está agora? Outro sonhoO monstro está correndo solto dentro de mim Não demorou para que a paixão fosse reacendida entre as duas. Três dias depois da confusão com Eros, Quinn foi até o quarto de Rachel em uma noite. Pra co ...
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