Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Onde você está agora?
Atlântida, no fundo do mar, no fundo do mar
Onde você está agora? Outro sonho
O monstro está correndo solto dentro de mim
Não demorou para que a paixão fosse reacendida entre as duas. Três dias depois da confusão com Eros, Quinn foi até o quarto de Rachel em uma noite. Pra conversar.
Mas ao vê-la abrir a porta, seus olhos, sua camisola vermelha... Quinn não se controlou e avançou na morena.
Era com que mesmo com tudo o desejo não tinha sumido. E o sexo foi tão carregado de saudade e intensidade que Quinn continuava animada logo depois de gozar.
A morena estava sentada no colo da loira e Quinn acariciava seu rosto com a ponta do nariz.
—Quinn –Chamou Rachel com os olhos fechados.
—Sim, eu concordo. Outro round –Quinn a encaixou perto de seu centro, os olhos brilhando de excitação.
—Calma –Rachel a afastou levemente. – Eu quero te falar algo antes.
—Pode falar, eu consigo te escutar enquanto te beijo –Quinn inspirou no pescoço de Rachel e depositou um beijo ali.
—Eu quero participar do seu plano pra descobrir quem feriu Eros.
—Rachel –Quinn fez careta.
—Não minta dizendo que não está investigando –Rachel insistiu sacudindo levemente a cabeça da esposa– O bolo sumiu assim que Santana foi embora. Com certeza ela enviou pra algum lugar ou pra alguém. Quero estar a par de tudo e quero te ajudar.
—Tudo bem –Quinn suspirou, derrotada. Presumia que Rachel não aceitaria ficar de fora e era justo que ela soubesse de tudo. – Isso não me deixa feliz. Acho que tem muito pra cuidar em vez de se preocupar com isso.
—Claro, porque você pode cuidar de uma multinacional e disso enquanto eu estou atarefada demais com um teatro infantil? –Rachel revirou os olhos.
—Hey, não desdenhe das crianças. Tina me contou que eles ensaiam seis horas seguidas!
Rachel segurou a risada. Era tão fofo quanto Quinn nunca desdenhava do Instituto. Era como se ela soubesse da importância que ele tem na vida das crianças tanto quanto Rachel sabia.
—Ai Quinn Fabray, o que eu faço com você?
Tenho algumas ideias –Quinn mordeu o ombro de Rachel e suas mãos apertaram seus quadris.
—Rachel sorriu abertamente. Aquela mulher nunca se cansava!
—Então vamos colocar em pratica –Rachel encaixou o centro perto do pênis de Quinn.
(...)
—Quem está vindo? –Rachel se arrumou na cadeira, para parecer apresentável a pessoa que Quinn iria lhe apresentar.
Após o pedido de Rachel de participar da investigação, Quinn marcou um encontro na mansão. As duas estavam na sala de jantar, aguardando o contato de Quinn.
Rachel sentia-se ansiosa e as vezes uma vozinha sussurrava que não deveria se meter nisso. Mas a ausência dos latidos de Eros lhe motivou a ficar. Ele estava se recuperando por culpa de alguém e ajudaria Quinn a fazer tal pessoa pagar.
—Uma espiã que eu tenho como funcionaria particular –Quinn explicou tomando seu vinho. Apesar de não parecer, estava tão tensa quanto Rachel. Não sabia como a esposa reagiria as informações que seriam expostas ali – Sue era da KGB, mas por alguma razão que nunca me disse acabou na América. Ela serviu a meu avó, depois meu pai e agora trabalha pra mim. É com ela que eu consigo sabotar os meus movimentos financeiros ou saber o que a concorrência vai lançar. Usei muito sua ajuda no começo da Lux quando tudo que eu queria era alavancar o nome da empresa.
Quinn não se orgulhava de contar isso. Foi uma trapaceira gananciosa para tirar o nome da família da lama. Antes não tinha razões pra sentir vergonha.
Agora ao lado de Rachel, alguém tão honesta, a consciência pesava um pouco.
—Sue? –Rachel estreitou os olhos. Lembrando no nome que viu no celular de Quinn. Por isso a importância.
Suspirou aliviada ao saber que não era uma dos afair que Quinn tinha antes.
—O que foi? –Quinn percebeu o alivio no rosto da esposa.
—Nada –Rachel ergueu os ombros inocentemente.
Quinn decidiu deixar aquela passar. Não podiam debater sobre o relacionamento delas agora.
—Esse é seu segredo sujo então? –Rachel viu que a loira estava incomodada.
—Não é o pior, mas é um deles.
Passou por um momento em sua mente que Rachel poderia vender essas informações, ou trairia sua confiança. Certamente uma confissão dessa colocaria Quinn em uma péssima posição. Poderia ser processada por quem prejudicou ou até mesmo parar atrás das grades.
E ela sabia o risco. Então decidiu que Rachel era de confiança o suficiente para se abrir.
—Obrigada por confiar em mim –Rachel ficou tocada com a atitude da Fabray.
—Não me agradeça por isso –Quinn usou um tom mais leve Agora você é minha cumplice.
—Prefiro a palavra parceira.
—Ok, parceira. Espero que esteja pronta pra lidar com tanta bagunça. Isso pode ser feio.
—Vai ver, Fabray, que eu não sou a garotinha frágil que pensa -Rachel deu uma piscadela, soando confiante.
—Vamos ver –Quinn segurou sua mão por cima da mesa.
Estavam prestes a saber se Rachel sangue frio o suficiente para encarar Sue.
(...)
Quando a mulher chegou, Rachel ficou surpresa por ela aparentar ser mais nova do que pensava. Não tão nova... Sue estava na casa dos cinquenta, mas se trabalhou para o avó de Quinn significava que ela era um contato antigo da família Fabray. E que começou a servilos bem cedo.
—Quinn –Sue manejou com a cabeça, sentando na frente das duas– E esposa da Quinn.
—Meu nome é Rachel – impôs a morena. Não queria ser vista apenas como um enfeite ao lado da esposa.
—Estou surpresa que tenha a trazido, Quinn. –Sue estreitou os olhos para Quinn.
Nenhum Fabray jamais permitiu que sua esposa participasse de suas conversas com Sue.
—Ela vai participar das reuniões a partir de agora –Quinn entrelaçou sua mão com a de Rachel –Ela é uma Fabray.
Rachel apertou os dedos da esposa, aprovando-a. Mas seu rosto estava tão compenetrado quanto Quinn. Usava sua esposa como inspiração para manter a calma.
—Entendo –Sue molhou os olhos. –Então não há nada que devo esconder hoje?
—Não –Quinn engoliu seco. Era muito arriscado e não por falta de confiança em Rachel, e sim por medo do que a morena pudesse pensar. Se isso mudaria sua consideração por Quinn. –Pode nos dizer tudo.
—Tudo bem –A careta de Sue deixava claro que ela desaprovava a ideia. –mas não vou bajular se ela der uma de gazela assustada.
—Isso não vai acontecer –Rachel garantiu. –Não sou uma gazela.
Quinn ficou orgulhosa. Não, ela não era medrosa. Não teve medo de gritar para que cancelasse o casamento, nem de dizer tudo o que pensava de Quinn.
—Comece dizendo o que achou no bolo –Quinn mandou.
—Foi usado veneno. Um liquido que causa enjoos, dor de cabeças, mas não mata se não for ingerido diariamente.
—Então a intenção não era me matar –Rachel comentou.
—Mas de alguma forma te machucar –Sue respondeu. –É forte para um cachorro, por isso os sintomas foi mais intenso no seu pulguento. Espero que ele esteja bem.
Rachel se preparava para defender Eros quando sentiu um aperto em sua mão. Um sinal pra que ficasse quieta.
—Ele está –Quinn sabia que não adiantaria brigar com Sue por seu comentário maldoso. Era um ônus quando contratava o serviço da mulher.
Descobri que esse bolo é vendido em uma padaria há dez quilômetros daqui. Fui até eles e perguntei sobre quem realizou a compra –Sue explicou– foi um pedido de aplicativo. Solicitado que fosse deixado no banco da praça Buckingham Fountain.
—Esse é dos bons –Quinn praguejou.
—Mas a pessoa é de Chicago –Rachel reparou. As duas mulheres a encararam. –Ou então vem pra cá com frequência. Não dá pra saber o lugar certo para receber uma encomenda se não conhecer a praça. As arvores são iguais e até mesmo Camila fica perdida quando levamos as crianças lá.
—Faz todo sentido –os olhos de Sue brilharam. –Obrigada por sua cooperação, Sra. Fabray.
O peito de Rachel inflou de orgulho.
—Bem, seguindo a tese de Rachel a pessoa é de Chicago, o que elimina muitos do seus concorrentes –Sue explicou.
—Podem ter contratado alguém daqui pra fazer o serviço –Quinn sugeriu.
—Quinn, um profissional não perderia tempo com joguinhos –Sue explicou. –Apesar de não deixar pistas está claro que quem está por trás disso quer brincar com vocês. Saber que vocês estão se remoendo para descobri-lo é uma de suas motivações. Por isso expor Rachel ao perigo, mas não feri-la. Levar o colar, mas não vende-lo. Invadir o sistema da Lux pra te prejudicar e enviar um bolo que não mataria sua mulher, mas lhe traria algum dano.
—Tudo isso é para ferir Quinn? –Rachel questionou.
—É uma das opções –Quinn revirou os olhos. –Não que sabotar a Lux me deixe tão preocupada quanto a tentarem te ferir.
Quinn colocando Rachel acima da empresa? Era isso que ouviram?
Rachel e Sue achou melhor não comentar, não era o momento pra isso.
—Há grande probabilidade da invasão no sistema da Lux ter servido como distração –Sue apontou para Rachel Queriam te ter sozinha aqui. Vulnerável.
—Talvez não queriam que Quinn corresse o risco de ser envenenada –Rachel sussurrou. Antoine e o bolo foram pra ela, não pra Quinn. Podia não ser pela loira então.
—E ninguém a enfrentaria cara a cara enquanto está com seu cão de guarda –Sue disse.
—Eros não apresenta risco a ninguém –Rachel rebateu.
—Ela fala de Karofsky –Quinn explicou e viu quando Rachel arregalou os olhos, irritada pelo vocabulário de Sue –Calma, é só o modo dela de falar. Entendemos o que disse, Sue, e eu concordo com você.
—Isso está me parecendo com o caso da sua mãe –Sue ergueu a sobrancelha a Quinn –Tem certeza que nenhum da gangue sobreviveu?
—Sabe que não –o tom de Quinn chamou atenção da Rachel. Seu tom cortante, o tom de briga. Sentiu a mão de Quinn tremer levemente enquanto estava agarrada a sua meu pai certificou que todos tivessem o fim que merecem.
Era nítido a mudança repentina de Quinn e como ela não conseguia se conter quando a mãe era mencionada.
—Então pode estar querendo atingir outra pessoa –Sue desistiu de insistir no assunto. Olhou para Rachel – Sabe se seu pai tem algum inimigo?
—Não sei –Rachel sacudiu a cabeça levemente. Voltando a se concentrar em Sue pra não questionar Quinn o que estava acontecendo –Ele até reclama de um ou de outro, mas nada que o preocupasse o suficiente. Nada que ameaçasse nossa família.
—Deveriam perguntar a ele.
—E deixar ele saber que ela corre perigo? –Quinn olhou Sue, furiosa.
A relação com os Berrys já não estava bem depois do que fizeram com o instituto. Agora procurariam a família de Rachel pra dizer que ela estava em perigo? Que Quinn falhou em seu voto de protegê-la?
—O que é melhor: a segurança da sua esposa ou manter o ego intacto?
—Calma –Rachel pediu as duas –Nós precisamos de mais informações antes de falar com o meu pai. Acredite, a última coisa que eu quero é que Hiram saiba disso.
—Gostei dela –Sue deu um sorriso orgulhoso a Rachel. Estava tratando tudo com uma maturidade não esperada. Alguém que corria risco de vida provavelmente estaria em pânico Quinn tem uma lista de suspeitos. Gostaria de acrescentar algum, Rachel? Você tem alguma desavenças?
—Além de algumas mães bravas por querer mais destaque pro seu filho eu nunca briguei com ninguém –Rachel brincou, para fazer Quinn relaxar um pouco.
A loira ergueu um pouco o canto do lábio. Rachel ficou mais tranquila.
Sue empurrou uma folha a Rachel, com os nomes dos suspeitos de Quinn. No topo eram os suspeitos mais próximos e depois as companhias que rivalizavam com a Lux.
Rachel mordeu os lábios ao ler os nomes que Quinn colocou. Finn. Jesse.
—Pode me chamar de paranoica ou coisa pior, mas eu precisava considerá-los –Quinn leu o olhar de julgamento da esposa.
—Está tudo bem –Rachel conseguia entender a suspeita de Quinn. Ambos tinham motivos. Finn perdeu o pagamento de Hiram para vender suas informações e da última vez que se encontraram Rachel socou a cara dele.
Jesse e Quinn tinham uma história perturbada que a envolvia indiretamente. Apesar de achar que eles não fariam algo assim entendia porque precisavam ser listados.
—Tem certeza? –Quinn não queria parecer que os colocou apenas por ciúmes.
—Quinn, alguém feriu Eros. Esteve perto de me ferir. Não é mais um simples roubo de joia e é assim que eu vou encarar tudo partir de agora –Rachel garantiu.
Rachel deu mais uma olhada no papel e pensou se deveria acrescentar algum nome. Nenhum lhe veio à mente.
—Não, essa lista é a principal no momento –Rachel devolveu o papel a Sue – Vou conversar com a minha vó e ver se ela sabe de alguma coisa. Mas meu pai não deve ser envolvido.
—Quer colocar ele na lista? –Sue ergueu a sobrancelha a ela. – Parece que tem medo dele.
—Tenho medo do que ele é capaz de fazer pra me proteger –Ela temia que Hiram a tirasse de Quinn. Mesmo que não tivesse mais o instituto para usar contra ela Hiram tinha seus meios para coesão. E não podia garantir que ele não prejudicaria Quinn se julgasse que ela era o motivo do que está acontecendo.
—Ótimo. A manterei informadas –Sue se levantou e apertou a mão de Rachel.
Quinn acompanhou a mulher até a porta. Antes que saísse Sue virou-se para ela e disse:
—Conte a história de sua mãe a ela.
—Ainda não estou pronta pra isso –Quinn vociferou.
—Não espere que ela vá procurar –Sue apontou. –Isso pode assustá-la a ponto de sair correndo de você.
Quando Sue foi embora Quinn ficou um tempo parado na porta.
Temendo que a mulher estivesse certa.
(...)
—Parece que ficaremos um bom tempo juntos, Karofsky– Rachel comentou ao homem quando o mesmo foi até a sala conferir se estava tudo bem– Vai precisar aprender gostar de mim.
—Eu já gosto, Sra. Rachel – Karofsky sorriu com humor –Mesmo você me chamando de "Chato" quando esta bêbada.
—Chato –Rachel soou tão irritante quanto estava bêbada –Chatoooooo.
O homem gargalhou e ela também.
Quinn chegou na sala e flagrou a cena.
Todo mundo acusava Quinn de ter mudado depois do casamento, mas olhando com mais atenção percebeu que não era só ela que estava diferente.
Rachel tinha passado de alguém que implorava pra fugir de um contrato a encarar que um plano estava sendo feito pra ela; e ajudar a encontrar o culpado. A pessoa com quem Quinn se casou teria fugido pro colo do pai e dito tudo sem hesitar, pra que Hiram a protegesse e a colocasse debaixo de suas asas.
Mas a mulher que estava a sua frente não fez isso. Não queria envolve-lo. Teve a coragem de enfrentá-lo, pagou o preço de quase perder seu instituto e não voltaria a se diminuir para ter a ajuda dele.
Rachel evoluía para uma mulher que Quinn se viu ansiosa a acompanhar. Que queria crescer do lado.
Por isso estava na hora de compartilhar o segredo mais doloroso em seu coração. A fonte de toda sua dor.
—Karofsky , pode nos dar licença?
—Com licença, Sras. – o homem sorriu para as duas e se retirou.
—Bom ver que passou a gostar do Karofsky –Quinn comentou jogando-se no sofá e apoiando a cabeça na perna dela.
—Ciumes, Fabray? –Rachel acariciou seus cabelos.
—Devo ter? Quem sabe não queira alguém que não te coloque em tanto perigo –O tom triste de Quinn deixou Rachel em alerta.
—Quinn, isso poderia acontecer com qualquer um –Rachel acariciou seu rosto.
—Mas não acontece –Quinn se deslanchou e sentou no sofá. Acontece com os Fabrays.
—Como assim? –Rachel virou em sua direção e abraçou as pernas.
—Eu não... Eu...
—Quinn, respire –Rachel passou a alisar suas costas.
—Essa história é muito difícil de contar. Contei apenas pro meu pai e Frannie, pra polícia e pra você –Quinn fechou os olhos e concentrou-se em retornar a calma. Inspirou e liberou a respiração algumas vezes e sentindo-se mais calma falou: –Precisa saber.
Então começou:
—Judy Fabray, minha mãe, era uma jovem comissária de bordo quando conheceu meu pai. Ele se encantou com a beleza dela e ela não deu muita atenção pra ele no começo. O achava esnobe –Quinn sorriu de lado Depois de muita insistência dele acabou aceitando sair com ele e os dois começaram a namorar. Meu avô não aprovou no início, minha mãe era alguém fora da elite e não traria nenhuma atenção ao nome da família. Sabemos que isso é importante para algumas pessoas.
Pro meu pai é Rachel pensou em voz alta.
—Mas Russel estava apaixonado e não deu ouvidos a ninguém. Minha mãe não tinha ideia onde estava se metendo, por amor ao meu pai aceitou entrar nesse mundo e tentar se adaptar da melhor forma. –A loira deu um sorriso fraco Ela me contou que odiava os bailes, os jantares tediosos, no entanto amava estar ao lado do meu pai. Logo Frannie nasceu e eles ficaram ainda mais felizes. A questão era que Frannie não era um menino e meu avô insistia na história do “herdeiro Fabray”.
Toda família da alta sociedade tinha essa visão arcaica que o herdeiro seria melhor para redigir as empresas. Rachel sabia que uma das frustrações do pai era por não ter o menino que tanto queria.
Apesar da questão da sexualidade não ser mais um grande tabu, a visão de que homens comandavam melhor a empresa prevalecia.
Hiram queria ter um outro filho após Rachel, no entanto foi informado pelo médico que Shelby não podia gerar uma nova vida sem que a sua não corresse perigo. O homem decidiu que não valeria a pena insistir na situação.
—Foi então que depois de muitas tentativas minha mãe conseguiu engravidar –Quinn continuou – Meu pai ficou eufórico quando no ultrassom apareceu um pênis. Ele estava realizado. Imagine a decepção quando o médico explicou que eu não era exatamente um menino.
“Minha mãe não se importou. Ela não via nos filhos um meio do sobrenome sobreviver. Ela apenas amava eu e minha irmã. Sentindo que meu pai ficou aborrecido, minha mãe me cobriu de mimos mais que Frannie. Enquanto ela era a garotinha do papai eu era a filhinha da mamãe. E estava tudo bem, não me importava tanto com Russel. Eu amava minha mãe. Demais.”
A intensidade em sua voz denunciava a dor que sentia. Rachel sentiu tanto que Quinn tivesse que sofrer para lhe contar a história toda. Parte dela queria pedir que parasse, que aceitaria não saber o resto... Mas não teria outra oportunidade e o fim daquela história parecia muito importante para saber o que aconteceria com ela mesma.
—Quando eu tinha seis anos eu e ela voltávamos de uma festa em Hamptons. Meu pai ficou pois tinha que conversar com acionistas. Frannie não tinha ido conosco, decidiu ficar em casa cuidando de suas plantas –Quinn revirou os olhos –Eu e mamãe estávamos no carro quando fomos abordadas por um grupo de homens. Eles nos cercaram. Mamãe saiu do carro, implorando pra poder me tirar e eles levar o carro. Um deles, provavelmente o líder, ficou surpreso por me ver. Agora sei que não se tratava de um roubo e sim de uma execução. Sem dizer nada, um deles atirou três vezes nela. Eu assisti tudo.
Rachel estremeceu. Ela nunca... Nunca imaginou que a garota festeira que foi sua noiva por tanto tempo, que a mulher ao seu lado tão inatingível tenha vivido algo tão horrível assim.
—Ela lutou por mim até o final. No primeiro tiro, ao ver que eles não queriam o carro, minha mãe trancou as portas com a chave e depois lançou-as pela ponte, no rio. O carro era blindado. Ela me manteve segura –Quinn se abraçou, os olhos fechados. Os momentos se repetindo em sua cabeça E depois veio os outros tiros.
Rachel segurava a respiração, o coração tão pesado que não conseguia dizer absolutamente nada.
—Eles não tinham tempo pra procurar a chave, então me optaram por me deixar ali. Assisti minha mãe sangrar –O rosto de Quinn brilhou com as lagrimas – Assisti a minha mãe morrer.
—Quinn –Rachel acariciou suas costas. –Por favor, pare. Isso está te machucando.
—Eu preciso terminar –Quinn pegou apertando a mão de Rachel. Ela morreu porque um acionista ficou furioso com meu pai. Porque ele escolheu minha mãe em vez da filha dele pra se tornar o tão cobiçado posto de Sra. Fabray –o nojo era explicito em sua voz – esse acionista pagou esses homens para forjarem um assalto. Depois pensariam que minha mãe resistiu a entregar o carro e por isso eles a mataram. Não contavam que eu estivesse lá e que eu diria que minha mãe não fez nada além de tentar me proteger até o último segundo.
—Ela te amava, Quinn. Ela te salvou porque te amava muito –Rachel sussurrou.
—E olhe o que o amor fez a ela –O olhar de Quinn foi cheio de fúria –O amor destruiu meu pai. Ele perdeu o controle da empresa, da sua vida. Passou a beber descontroladamente. Maltratar Frannie, a mim. O amor nos deixou fraco.
Então ali estava. O segredo de seu coração. Porque Quinn era tão relutante em sentir algo por alguém. Assistiu a mãe se dedicar, amar o pai acima de suas vontades e no final morrer de forma tão trágica. Assistiu o que o amor fez com o pai e como ele decaiu quando perdeu sua esposa.
A única vez que se abriu pra uma pessoa, Mercedes quebrou seu coração e a esperança de que um dia receberia amor.
—Agora tudo faz sentido –Rachel sussurrou. Lentamente teceu os dedos no cabelo loiro de Quinn Consigo entender você.
—Meu pai deu um jeito de matar todos os envolvidos. Até mesmo o acionista –Quinn inspirou fundo, retomando o controle– E depois esse ciclo de inimigos continuou perpetuando. Esse é o preço de ser uma Fabray.
Agora Quinn temia que ela pagasse o preço, que seu destino fosse igual ao de Judy.
Foi uma tragédia o destino de Judy. Rachel lamentava pela mulher que criou as filhas com tanto amor e lutou até o fim pra manter Quinn segura.
Mas Judy não sabia que um plano estava sendo tramado, Russel também não. Tinham isso de vantagem e a usariam pra descobrir quem queria lhe machucar. Quem machucou Eros.
E se não restava duvidas ali é que tanto ela quanto Quinn eram mais determinadas do que qualquer outro membro de suas famílias.
—Eu não vou morrer, Quinn –Rachel garantiu. – Ainda teremos longos anos atormentando uma a outra.
—Me prometa –Quinn pediu.
Rachel a abraçou com toda a força que podia. Aquela mulher quebrada, que foram unidas por contrato, e agora... estavam unidas por algo muito mais forte.
Algo que destruiria Quinn se Rachel morresse.
—Eu prometo –Garantiu a Berry.
Ao menos, prometeu que faria tudo que pudesse pra que isso não acontecesse.
(...)
O que Quinn esqueceu de comentar a Rachel é que não era só o acionista do pai que planejou a morte de sua mãe. A filha dele, a ambiciosa Holly, esperava se casar com Russel depois da morte de Judy Fabray. Um viúvo com duas filhas, o pai sendo um amigo próximo de Russel, seria fácil convencê-lo a se casar novamente, mesmo que fosse apenas para ter um auxilio feminino a suas meninas.
Quinn arruinou seus planos.
Teria uma vida e longa na prisão sabendo que todo seu plano foi em vão.
Trazendo como exemplo a história da mãe para sua situação atual, Quinn conseguia pensar em uma pessoa tão ambiciosa quanto Holly . Que tinha uma situação de prestigio com Quinn até a loira decidir se casar. Que pode querer assumir o lugar de Rachel caso a mesma morra.
Um nome surgiu na mente. Não queria pensar que a pessoa fosse capaz disso... Mas sabia que ela fazia tudo por atenção.
Quinn precisava saber. Então decidiu lugar.
—Você é a última pessoa que pensei que me ligaria – Mercedes atendeu do outro lado da linha.
Quinn esperou aquele mar de sentimentos que sempre a acompanhava quando falava com Mercedes. Nada. Não sentiu nada.
Piscou, atordoada. Aquilo era estranho. Não houve um dia desde que conheceu Mercedes que não sentisse uma paixão avassaladora e agora... Só uma preocupação, não por ela, por outra pessoa.
Alguém mais importante.
—Eu gostaria de não precisar falar com você –Quinn respondeu a mulher.
—Então algo terrível aconteceu pra esse infortúnio ocorrer –Mercedes deu um suspiro dramático. Quem morreu?
Quinn suspeitou. Por que perguntou sobre morte logo depois de alguém tentar envenenar Rachel?
Será que ela sabia sobre Eros? Era da morte dele que Mercedes falava?
—Quanto você quer? –Quinn nem precisou fingir a frieza. Ela sentia assim. Sentia o sangue gelar ao cogitar que Mercedes era capaz de algo assim.
—O que? –Mercedes soou confusa.
—Quanto quer pra deixar Rachel em paz?
—Não entendi. Quem é Rachel? –Mercedes ficou um tempo em silencio. – Oh,sua esposinha. Ela não me interessa. Nem sei como você começou a se interessar, na verdade.
—Diga-me seu preço –A Fabray insistiu.
—Quinn não estou te entendendo. Por que eu teria que deixar sua esposa em paz? –A voz dela, a voz da única mulher que teve seu coração, parecia sincera.
Quinn sabia ler quando queriam algo dela, quando estavam mentindo pra conseguir. Sabia identificar as vezes que Mercedes a procurava, carente de atenção e pedinte de patrocínio. Ela nunca se enganou sobre as intenções de Mercedes.
E naquele momento soube que não era Mercedes a culpada por tentar ferir Rachel.
—Esqueça, não é você –Quinn soltou um muxoxo derrotado.
—Quinn...
A loira encerrou a ligação no segundo seguinte. Eliminaria Mercedes da sua lista, não significava que queria conversar com a mulher de novo.
A última conversa delas ainda estava fresca em sua mente
“Casar? Serio? –Mercedes andava de um lado para outro. Furiosa. –Quinn, que ideia mais estupida!
Quinn suspirou. Sabia que ela iria desaprovar.
—É bom pra minha imagem. A alta sociedade confia em pessoas casadas –Quinn explicou pela milésima vez. –Rachel...
—É uma mimada patética! Ela vai sugar seu dinheiro e ser aquelas esposas troféus que nós criticávamos –Mercedes alisou o rosto de Quinn. –Ela pode ficar entre nós...
—Preciso de uma esposa –Quinn comentou se afastando. –E se realmente eu fosse importante pra você não teria vindo a Las Vegas, não teria me deixado!
—E isso que vai fazer com ela? Pagar pra te amar como tenta fazer comigo? –as palavras foram certeiras em Quinn.
—Eu não quero que ela me ame –Quinn confessou, humilhada.
—Ambas sabemos que é mentira, Quinn –Mercedes a olhou impiedosamente. –Você é tão desesperada por amor, por alguém, que qualquer coisa basta. Mesmo que pague por ele. Sabe disso.”
Não, pensou Quinn, ela não esperava amor de Rachel. Não seria tola de desejar ter amor. E afinal o que tinha com Rachel era o suficiente pra ela.
Ela se importava muito com Rachel. Queria que Rachel fosse feliz, queria a fazer feliz. Tinha saudades quando estavam longe e odiava qualquer coisa que a deixasse triste... Não era amor, não era nada parecido com a paixão desenfreada que tinha por Mercedes. Certamente Rachel também não a amava...
O pensamento mais incomodou Quinn do que acalmou.
Talvez Mercedes não estivesse tão errada afinal.
Autor(a): blacksweetheart
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