Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
–Spencer! –Exclamou a loira quando Spencer Poter se aproximou de sua mesa no terraço.
Quinn usava o personagem carismático, a versão que fechava contrato e acordos com quem odiava, mas sabia que precisava.
Reservou uma mesa no restaurante mais caro de New York, demonstrando uma importância que Spencer Poter não merecia. Mas guerras exigem alianças inesperadas e Quinn sabia mais que ninguém como conduzi–las.
–Quinn –O homem deu-lhe dois beijos quando ficou perto dela –Magnifica como sempre. É bom te ver em New York.
Quinn esperou que ele sentasse e parecesse confortável. Depois sentou a sua frente e preparou sua abordagem.
–Queria dizer o mesmo –Quinn o serviu com o vinho branco. Enquanto isso o olhou de forma predatória –Soube que comprou minhas ideias.
–Não sei do que está falando –o rapaz ergueu os ombros e negou falsamente.
– Sabe sim –Quinn serviu–se também.
–Bem, tudo que recebi foi um email anônimo ofertando alguns documentos –Spencer passou seu dedo pela borda da taça. Pela regra de segurança a pessoa que convidou precisava beber primeiro. E se tratando de Quinn Fabray ele esperava de tudo. Se ela estivesse com raiva poderia facilmente envenena–lo e não sofrer nenhum dano por isso –Sou uma pessoa curiosa e comprei.
–Curiosamente assinado pela Lux, mas estou disposta a superar essa questão –Quinn sacudiu a mão no ar. –O que eu quero é ter acesso a esse email.
–Por que eu revelaria uma fonte? –Spencer juntou as sobrancelhas.
–Porque tenho algo muito bom a te oferecer –Quinn empurrou a pasta pra ele, com a longa lista de materiais que venderia.
Spencer analisou por longos minutos, e Quinn esperou pacientemente.
–Você quer abrir mão de tudo isso? –ele sussurrou, desacreditando que Quinn estivesse tão disposta. A proposta era uma oferta irrecusável. E a Lux jamais negociou com a DyBeuty antes. Spencer teria enorme prestigio entre os investidores.
–Estou disposta a acreditar que me ajudará a descobrir quem sabotou minha empresa –Quinn disse com cuidado. Deixando claro sua mensagem. –Porque quem fez isso sofrerá consequências catastróficas e não quero envolver sua empresa nesse resultado. Estamos de acordo?
Spencer engoliu seco. O sobrenome Fabray era famoso demais pra qualquer um enfrentar. O avó de Quinn ganhou todos os processos que abriu e diziam que Quinn herdou sua “sorte” ou frieza de destruir seus inimigos.
Spencer ergueu a taça e suavemente brindou com Quinn.
–Fico feliz em fazer negócios com você, Quinn –o homem sorriu com receio.
–Não me decepcione, Poter –Quinn bebeu o liquido e sinalizou para o garçom começar a servir.
–Sabem o que dizem sobre sua família –Spencer murmurou depois de terminar sua taça. –Fabrays: Ótimos negociadores, mas muito melhor como exterminadores.
Quinn deu um sorriso misterioso e não fez questão nenhuma de fazer Spencer pensar que aquela frase não era verdadeira.
(...)
–Sue –Quinn cumprimentou quando a mulher atendeu.
–Fabray, você não dorme?
Era duas da madrugada quando Quinn ligou. E apesar de ter tomado dois remédios toda vez que colocava a cabeça no travesseiro os momentos horríveis de sua vida invadiam sua mente, agora acrescentados pelo olhar desolado de Rachel ao observar Eros sofrendo.
E se deixasse levar pelo pânico não seria produtiva e não arrumaria logo aquela bagunça da Lux. Tudo que Quinn queria era voltar pra casa, e voltar pra sua esposa.
Então não se importava de incomodar Sue na madrugada.
–Não –Quinn colocou o celular no viva voz e deixou ao lado de seu notebook –Quero confirmar se recebeu os documentos que te encaminhei.
–Por que não enviou pro seu amigo do TI? –Sue questionou com a voz sonolenta.
–Ele assinou um contato de compartilhar cada informação com toda a liderança da Lux. E esse não é um assunto que quero trazer à tona agora –Quinn não confiava em Archie para guardar um segredo como aquele.
–Não se preocupe, meu hacker cuidará disso. Espero que isso nos ajude a chegar ao responsável de tudo –Sue explicou.
–Também espero, Sue –a ligação era apenas pra confirmar, então sem mais nenhum assunto Quinn se despediu. - Até.
–Um estudo diz que quando não dormimos nosso cérebro...
–Te pago pra espionar e destruir meus inimigos, não pra bancar a neurologista –Quinn encerrou a ligação antes que a mulher dissesse mais alguma coisa.
Três dias. Em três dias ela arrumaria tudo ali e iria pra casa.
E três dias sem dormir não era o suficiente pra enlouquecer uma pessoa, certo?
(...)
Quinn recebeu uma videochamada especial na tarde do dia seguinte. De uma pessoa que ela não esperava noticias tão cedo.
–Fabray –Jane deu um aceno com a mão.
Jane estava bonita, com um vestido laranja e seu cabelo preso em um belo coque. Quinn não a teria negado atenção antes.
Agora estava apenas interessada no que a mulher tinha a dizer.
–Você é rápida.
–Quero ganhar sua confiança logo –Jane deu um sorriso charmoso.
Pobrezinha, charme era a última coisa que Quinn queria dela.
–Então faça valer meu tempo –Quinn cruzou os braços.
–Ele está tentando entrar em contato com sua ex: Mercedes – Jane contou –Eu vi seus registros de e–mail e ligações. Ele está a procurando por dois meses e ela não respondeu nenhuma mensagem.
–Ela nunca se atreveria falar um "a" sobre mim –Quinn sabia que Mercedes jamais arriscaria perder seu patrocínio por tão pouco.
Ajudar Jesse, que não daria vantagem alguma a cantora, e Mercedes não realizava nada que não fosse a favor dela.
–Tem também uma tal de Terry .
–Ele está procurando Terry –Jane franziu o cenho enquanto confirmava no computador.
Quinn paralisou ao ouvir o nome. Aquele merdinha estava atrás de Terry? Com qual intenção?
–O que diz nos e–mails?
–Quer apresentá-la a Rachel. Fazer Rachel escutar sobre o relacionamento de vocês, mas Terry não tem respondido seus e–mails –Jane deu ombros – Acho que ela também não quer falar de você.
Ainda sem se mexer, Quinn piscou lentamente. Se Jesse achava que Terry
Ficou aliviada por Rachel já saber dessa parte sombria de seu passado e de que nada que Jesse dizer sobre esse assunto poderá abalar o casamento delas.
–Obrigada pela informação –Quinn agradeceu pronta pra encerrar a chamada.
–E a sua parte?
–Dentro de uma semana receberá um contato pra campanha de Natal –Jane piscou atordoada, espantada pela rapidez da loira em escala–la para uma campanha. – Não se preocupe, Jane, eu cumpro minha palavra.
–Te ligo se descobrir mais alguma coisa –prometeu a mulher e logo em seguida encerrou a chamada.
Quinn teria que resolver aquele assunto. Mesmo que Rachel soubesse sobre Terry não queria que Jesse tomasse conhecimento daquela história. Ele não só poderia usar pra envenenar os ouvidos de Rachel, como também poderia contar ao conselho, a impressa ou então ao pai de Quinn...
Por isso o próximo pedido que fez a Sue lhe doeu mais do que qualquer outro naquela semana:
Me manda o endereço de Terry Richards.
(...)
Terry ainda morava em NY, mas não em um bairro de elite.
O Broklin era um bairro marginalizado demais pra Quinn estacionar sua porsche branca. Percebeu certo olhares curiosos em sua direção quando saiu do carro. Quinn deveria ao menos ter vindo com um segurança da Lux, e se arrependeu de ter sido impulsiva quando Sue respondeu sua mensagem.
Mas agora já era tarde e ela estava caminhando pela entrada de uma casa suburbana pra falar com a última pessoa que queria ver no mundo.
Bateu algumas vezes e esperou. A maçaneta se mexeu e isso fez com que segurasse sua respiração.
Dennis Shepman apareceu na porta. O marido de Terry. Quinn o conhecia através dos arquivos de Sue. O homem era um dentista e ganhava quatro mil por mês. Não era o tipo de homem que Terry se envolvia. Uma modelo que acabou casada com um dentista... Conhecendo Terry sabia que aquilo não estava em seus planos, mas infelizmente a mulher não conseguiu mais espaço na passarela devido seu temperamento problemático. A vida de Terry agora não era nada do que ela sonhou e Quinn sabia que era culpa dela também.
–O que está fazendo aqui? – O homem a olhou com tanta repulsa que a mente de Quinn se apagou.
Nem mesmo Jesse já a olhou daquele jeito.
–Eu... –A boca dela secou. Gaguejou algumas vezes até conseguir completar: –A Terry está?
–É Teresa Shepman agora. E até onde sei você tem uma ordem de restrição contra ela –vociferou entredentes.
–Eu sei, só quero conversar.
–Deve ter muito a dizer depois que a jogou daquela escada –O marido de Terry deu um passo à frente, fechando a porta atrás de si.
–Eu não fiz isso –a voz de Quinn saiu como um murmuro doloroso.
A visão de Terry caída no saguão de Quinn sempre a assombrava. O sangue escorrendo de sua testa, a doutora informando sobre a perda do bebe...
–Ela nunca deveria ter se envolvido com uma aberração como você –Henry empurrou um dedo em seu ombro, fazendo–a dar um passo pra trás. –Terry era modelo, tinha uma carreira renomada. Você a seduziu, a iludiu e jogou fora. Matou o filho dela, seu filho.
–Eu não fiz isso, eu nunca...
–Por que? Por que não suportava a ideia de ter responsabilidade por seus atos? Ela era inferior demais pra dar um herdeiro Fabray? –O nojo na voz de Henry envenenou o coração da loira.
Era o nojo de Jesse. Do conselho. Do Puck. Da Kitty... Isso fez a bile subir em sua garganta.
–Ela me forçou! –Sua voz saiu mais trêmula do que gostaria. Era muito difícil dizer isso em voz alta. – Eu nunca quis um filho com ela.
–Claro, porque ela não era uma vadiazinha herdeira como Rachel Berry!
–Cala a boca! Cala a boca! –Quinn o segurou pela camisa e sua mão ficou suspensa próxima do rosto dele.
Que ele jogasse toda a podridão dela, que falasse o quanto era cruel, era tudo que Quinn suportava. Que ela sabia que era.
Agora Rachel não tinha culpa alguma de seus erros e nunca deixaria que qualquer um a colocasse nessa bagunça.
–Agora você sabe como é, quando ofendem alguém que ama –Henry a encarou com os olhos cheios d'água –Quando Terry me contou tudo que passou na sua mão eu vomitei. Quis matar você. Foi ela quem tirou essas ideias da minha cabeça, disse que você merecia ser feliz apesar de tudo. Ela é melhor do que eu e você jamais seremos.
A certeza que tinha a respeito de Terry se apagou. Talvez fosse Quinn a culpada pela mulher ter esperanças de se casar, talvez Quinn não foi clara o suficiente e a iludiu de alguma forma. Quinn poderia tê-la tratado com mais calma naquele maldito dia, controlado seu jeito impulsivo que só fodia com tudo. Terry não teria corrido. Não teria se machucado.
O bebe delas estava morto por culpa de Quinn.
–Eu realmente sinto muito pela dor que causei a ela. Se tiver algo que posso fazer... –A dor era física, mal conseguia dizer aquelas palavras.
Um estrago. Quinn era um maldito furacão que só servia pra destruir tudo ao seu redor.
–Pode esquecer que existimos –Henry a empurrou mais uma vez. Quinn sentiu sua perna encostar em seu carro.
–Muito bem –Quinn contornou o carro com a cabeça baixa, escorraçada. Antes de entrar disse ao homem –Desculpe tomar seu tempo.
O homem ficou parado na calçada, acompanhando Quinn por toda a rua. Ele sumiu depois de Quinn virar a esquina.
Mas a culpa não ficou naquele quintal.
(...)
Lauren assistia Quinn definhar e não sabia o que fazer.
Ficava bêbada a maior parte dos três últimos dias, não que ninguém além de Lauren percebesse. Quinn era muito boa em fingir que estava intacta, quando seu interior se despedaçava. Depois que Mercedes a abandonou Lauren assistiu Quinn beber todos os dias, sair com inúmeras mulheres, ostentar pra si e para o grupo dos herdeiros e seu humor era sempre péssimo.
Apesar de praticamente morar na Lux e não ter contato com nenhum herdeiro a não ser Archie, os comportamentos agressivos estavam ali.
Naquele instante, observava Quinn retornar descontrolada depois de outra chamada que levou do conselho
–O que esses vermes querem? Me diz, Lauren! –Quinn gritava em plenos pulmões. –Acabo de nos trazer quinhentos mil dólares. Quinhentos! –Quinn chutou o vaso de planta que fazia parte da decoração. O vidro espatifou pelo canto da sala.
Lauren percebeu que a irritação de Quinn estava pior naqueles três dias. As olheiras escuras salientavam sua pele clara. Até seu visual era desleixado, e Quinn nunca permitiu aparecer desse jeito. Nem mesmo com um olho roxo no internato.
Não dormir custava sua sanidade, mas Lauren desconfiou que algo mais estava acontecendo.
–Tome –Lauren foi até a escrivaninha e ofereceu o frasco do remédio que Quinn usava pra dormir.
–Não quero essa porra –Quinn bateu na mão da mulher e o frasco voou longe–Só tem me dado dor de cabeça e nada de sono.
Sem remédios... Mesmo os odiando a loira nunca abriu mão de ao menos tentar dormir. Sabia que descontrolada não conseguiria guiar a Lux da maneira que queria.
Agora ela se recusava até mesmo a tentativa de se acalmar. Era ruim. Aquilo era muito ruim.
–Querem chamar o meu pai O meu pai! –Quinn quase arrancou os cabelos. –Confiam mais em quem quase perdeu a Lux do que em mim. Em quem teve que ofertar a filha em um casamento pra conseguir empréstimo pra salvar essa porra de empresa!
Todo o prédio podia ouvir os gritos de Quinn. Que nenhum conselheiro esteja no prédio, Lauren implorou silenciosamente.
–Qual é sua próxima reunião?
–As 19:00 com Archie –Quinn tirou a gravata e lançou longe. –Aquele otário não termina essa porra de sistema! E eu quero voltar logo pra minha mulher.
Que Archie também não esteja no prédio, rezou Lauren.
–Não deixe que ninguém venha até a sala da Sra. Fabray –Disse Lauren avisando barbara pelo telefone da escrivaninha.
Depois de desligar, a Jauregui pegou as almofadas posicionados no divã, e que pareciam intocáveis desde que chegaram em NY, e jogou no chão. –Não deixe que ninguém venha até a sala da Sra. Fabray.
–O que está fazendo? –Quinn franziu o cenho.
–Você precisa dormir –Lauren deitou no tapete persa de Quinn e bateu no espaço ao seu lado.
Quinn a respondeu com uma expressão enojada.
–Sei que não sou tão gostosa quanto Rachel Berry...
–Não é mesmo –a loira deixou escapar.
–Mas se precisa de alguém do seu lado e depois não ter as bolas arrancadas eu faço esse esforço –Lauren suspirou dramaticamente.
Era como no internato, só que sem Santana pra ajudar a controlar a Quinn. Santana jamais deixaria que a Fabray gritasse tanta asneira e por isso Lauren morreu de saudades dela.
–Hey, é isso ou é nada –soltou a Jauregui quando Quinn continuava de pé.
–Queria a minha cama –resmungou a loira, mas acabou cedendo e deitando ao lado de Lauren.
–Não seja uma bebe chorona, já dormimos em camas mais desconfortáveis que esse tapete –no tempo de internato era comum o trio ir pro quarto do castigo e passar horas lá.
Depois de alguns puxões de cabelos e palavrões entre elas decidiam passar o tempo dormindo no chão gelado. Quinn nunca admitiria, mas adorava ter as amigas ao seu lado para protege–la de seus sonhos ruins, sempre foi a primeira adormecer.
Mas na atual situação a loira continuava a encarar o teto.
–Durma –Lauren mandou.
–Não consigo.
–Esse estresse todo é só pela Lux?
Quinn ficou quieta. Lauren esperou que sentisse confortável em falar, não adiantava nada pressiona–la. E com os anos aprendeu que uma hora ou outra Quinn sempre lhe contava suas preocupações.
Exceto as que envolvia atitudes ilegais. Essas Quinn revelava só pra Santana.
–Fui até Terry –Falou por fim, as lagrimas escorregando por seu rosto.
–Por que? Achei que nunca mais queria colocar os olhos naquela vaca interesseira –Lauren fechou a cara.
–Queria me desculpar.
–Por que? Por não se casar com aquela caça carteira?
Pela hesitação de Quinn tinha algo mais sobre o assunto. Algo que nunca revelou a Lauren.
–Acho que a quebrei, de alguma forma –Quinn secou as lagrimas com as costas da mão. –Ela não estava lá, quem me atendeu foi o marido dela.
–E ele não foi muito gentil, certo? –Lauren percebeu que o encontro abalou muito a Fabray. A colocou em um buraco que Lauren nunca a viu antes.
–Minha empresa está em crise, Lauren, e o que está me afligindo é pensar que Rachel um dia vai ver a farsa que eu sou e vai me deixar, como todo mundo –Quinn fungou. –Porque sabem que eu sou uma maldita praga. Mercedes sabia disso, por isso fugiu antes que eu conseguisse estragar sua vida. Terry não foi tão esperta.
–Então por que a minha vida e a de Santana só se tornou melhor depois de te conhecer? Somos vacinadas contra o efeito Fabray? –Lauren ironizou. –Quinn, eu não tenho família. Meu avô me colocou no internato porque não queria lidar com uma criança, pior ainda, com uma menina! Não recebo notícias deles há anos, e certamente ele parou de se interessar por mim assim que os boletos do internato acabaram. Quando o visitei aos dezessete ele me cobrou pelo investimento que fez em meu estudo –Lauren coçou o nariz, tentando afugentar as lagrimas. –Pensei que ele mudou de ideia e aceitou pagar pela faculdade. Mas foi você. Eu nunca teria me formado sem sua ajuda.
–Eu não...
–Santana me contou –Lauren não conseguiu conter a emoção em sua voz. –E eu tenho raiva de todos os segredos que você guarda achando que protege alguém. Você erra como todo mundo, e acerta também. Viver pra sustentar uma imagem que os outros tem de você é exaustivo. Quer ser uma coisa pra mim, uma coisa pra Rachel, uma pro seus amigos riquinhos e outra diferente pro conselho. É sua autodefesa, eu sei, mas também te destrói mais que qualquer pessoa consegue.
Quinn se alinhou a Lauren e se permitiu desabar no ombro da amiga. Lauren massageou suas costas, com paciência e carinho. Sua irmã, Quinn era sua irmã e sua salvadora.
–Eu te amo, Fabray –Essas palavras nunca foram ditas entre elas, apesar de saberem o que significavam uma pra outra. Mas não bastava só adivinhar. Tinha que saber, e Lauren deixaria claro isso. –Eu amo a menina que me socou quando puxei seu cabelo na sala de arte. Amo a garota que me inspirou a estudar pra provar pra mim mesma que eu não era a inútil que meu avô esperava que eu fosse. Amo a mulher que pagou minha faculdade, me deu um emprego e nunca pediu nada em troca.
–Pedi sim –Quinn a olhou com os olhos vermelhos, mas já tinha um pouco de humor neles. –Que me desse conselhos que ignoro e pra me salvar quando faço merda.
–Relaxa, isso eu faço de graça –Lauren limpou seu rosto e ajeitou seu travesseiro. –Agora não contar pra Santana que te fiz chorar vai custar caro. Prepara o bolso.
–Sua escrota –Quinn virou–se pro outro lado e abraçou o travesseiro.
–Durma logo.
– Ok, babá do sono –Quinn bocejou e fechou os olhos. Antes de adormecer deixou escapar: –Eu também te amo, Laur.
Já Lauren não conseguiu pregar os olhos. Quinn Fabray dizendo que a amava.
Isso ela com certeza contaria a Santana!
(...)
O celular de Quinn vibrou em seu bolso uma hora depois da loira adormecer. Lauren foi rápida em pega–lo antes que a amiga acordasse. Foi até a varanda da sala, com vista ampla pra toda quarta avenida. Viu o nome Rachel no visor e sabia que não podia recusar.
–Quinn, eu quero falar com você –A voz da Rachel soou fria do outro lado da linha.
–Quinn Fabray não está disponível no momento –Lauren respondeu –Quer deixar recado?
–Lauren? –Rachel questionou com estranheza.
–Oi, Sra. Fabray
–Está tudo bem? Por que está com o celular da Quinn?
–Ela tá dormindo agora.
–são cinco horas da tarde!
–Ela está... cansada.
–Ela me disse que os remédios estavam ajudando–a dormir –Rachel deduziu que Quinn não dormiu nada a noite.
–Quinn não queria te preocupar.
–Isso me deixa tão furiosa! Ela não percebe que é pior quando não me conta? Que isso sim me preocupa?
–Quinn não é uma pessoa fácil. Mas se quer saber ela sente muito sua falta.
–Eu também... –Lauren sentiu que a voz de Rachel parecia diferente. Decidiu relevar, afinal acabou de descobrir que Quinn mentiu sobre os remédios.
–Rachel, eu quero me desculpar pela noite da estreia. Não foi certo dizer aquilo, nem me exaltar com você.
–Está tudo bem, Lauren. Eu também estava exaltada e não devia ter roubado Camila no momento de descontração.
–Camila me deu uma bela bronca quando soube o que eu te disse. Ela te defende com unhas e dentes.
–Eu a amo como irmã. Sei que é assim com Quinn também.
–Com quem você tá falando, Jauregui? –Quinn surgiu ao seu lado antes que pudesse responder Rachel.
–Sua mulher –Lauren passou o telefone pra loira.
–Você mentiu sobre os remédios, Quinn Lucy Fabray!
–Essa é minha deixa pra ir –Lauren não queria ser Quinn naquele momento.
–É uma maldita fofoqueira, Jauregui–Quinn a fuzilou com o olhar.
Quinn só dormiu uma hora, então seu nível de irritação estava muito alto. Não querendo transformar um “eu te amo” pra “vou te matar” Lauren decidiu partir naquele momento.
–Vou tomar um banho antes da próxima reunião –Lauren acariciou o ombro da amiga. –Acho que vocês ainda tem um tempo pra sexo no telefone antes da reunião. Aproveite!
(...)
Quinn assistiu Lauren deixar a sala. Seu corpo implorava pra voltar ao tapete e descansar mais. No entanto tinha uma esposa irritada no telefone e medo de Barbara a encontrar aos berros depois de meia hora.
Assim que sentiu o vazio de Lauren ela já despertou. Era terrível a sensação de depender de alguém.
–Tem algo a dizer em sua defesa? –Rachel replicou.
–Acho que dizer qualquer coisa seria inútil –Quinn suspirou. –E nem estou ai pra ver sua linda cara de emburrada.
–Quinn, sem brincadeiras, por favor –Rachel estava impaciente. –Você prometeu.
–Tenho que parar de te fazer promessas –Quinn brincou tentando aliviar o clima.
–Seria bom já que não consegue cumprir nenhuma –Afiado e certeiro, como uma adaga em seu peito. Rachel nunca falou com ela de forma tão fria.
O alerta vermelho piscou no cérebro de Quinn. Algo aconteceu.
–Além do remédio quebrei alguma promessa recentemente? –Questionou cuidadosamente.
–Não discutiremos isso por telefone. Espero você voltar –Rachel respirou fundo. –Agora, vou cuidar de um assunto mais importante. Vá até seu divã.
–Então vamos mesmo fazer sexo por telefone? –mesmo cansada uma agitação subiu em seu estomago. Não duraria muito, mas se esforçaria pra que Rachel gozasse.
–Não! –Dessa vez Rachel riu um pouco. –Eu vou te colocar pra dormir!
Quinn choramingou um pouco, mas obedeceu a esposa.
–Vai falar comigo até que eu durma? –Quinn pegou um das almofadas do chão e colocou no divã.
–Vou cantar e, depois, tomarei banho escutando o seu ronco.
–Se fizer chamada de vídeo a conexão pode ser melhor –Quinn não resistiu a oportunidade de ver sua esposa nua.
–Você não tem direito a nenhuma espiadinha, canalha! Agora feche os olhos.
Quinn os fechou e colocou o celular no viva voz ao seu lado. Até que lembrou de um comentário de Rachel e ficou desperta na mesma hora.
–Como sabe que meu escritório tem um divã? –Quinn perguntou curiosa. Rachel nunca foi ao escritório de NY.
–Quem acha que pediu para manterem limpo caso você decida descansar nele um pouco? –Rachel bufou irritada.
–Você fala com a Barbara nas minhas costas?
–Não, eu passo as orientações a Sugar que passou as orientações a Barbara. O de Chicago também fica a postos ,caso precise.
–Você é meu sonho, Rachel Berry Fabray –Quinn bocejou e se ajeitou novamente, encantada e entorpecida pelo cuidado de Quinn.
Era curioso como todas as emoções turbulentas desapareceram assim que escutou a voz dela. Como um marinheiro naufragando, e finalmente encontra sua ilha. Seu refúgio.
–Sem gracinhas, Fabray. Só durma.
Quinn aguardou até que Rachel começasse a cantar. Amava ouvir sua voz:
Não vamos mais falar da escuridão
Esqueça esse medos
Eu estou aqui, nada pode te ferir
Minhas palavras irão te aquecer e te acalmar
Deixe–me ser sua liberdade
Deixa a luz do dia secar suas lágrimas
Eu estou aqui, com você, ao seu lado
Pra te guardar e te guiar
E Rachel a guiou para o mundo dos sonhos.
(...)
Kurt guiava a Sra. Richards pelo Instituto.
Quem cuidava das apresentações eram Camila e Rachel, mas naquele momento Camila discutia com Lauren por videochamada e Rachel tinha saído pra cuidar de alguma coisa particular.
O que era uma pena já que a visitante daquele dia parecia extremamente rica e a Berry, ops, agora Fabray, sabe lidar com esses visitantes melhor que qualquer um.
–A esposa da Quinn Fabray é a dona, certo? –A loira questionou depois de conhecerem todo o primeiro andar.
–Sim, Rachel é nossa diretora! Ela é fantástica e toda a ideia do projeto veio dela –Kurt não escondia o orgulho que sentia da amiga.
–Ela está aqui hoje? Gostaria muito de conhecê–la –os olhos da loira brilharam pelo interesse.
–Ela teve um compromisso –Kurt lhe lançou um sorriso de desculpas –Mas se quiser pode nos visitar outro dia.
–Não posso, preciso voltar a NY hoje –Sua animação murchou.
–Tenho certeza que Rachel gostaria muito de conhecê–la.
Antes da mulher responder seu telefone tocou na bolsa.
–Só um momento, por favor –Pediu erguendo o dedo e se afastando de Kurt para atender.
(...)
–O que foi? –questionou Terry assim que colocou o telefone na orelha.
–Eu estou tentando falar com você há eras! –Vociferou Dennis. –Quinn esteve aqui há quatro dias.
–Ela esteve? –Terry ficou atônica. Quinn foi atrás dela, Quinn a procurou!
–Sim, como um cão raivoso. O que você fez?
–Nada –Terry piscou atordoada. Nada vinha a mente, não deixou nada passar, nada que chamasse a atenção de Quinn –Estou agindo conforme o plano, eu juro.
–Sabe que ele nos arruinara se descobrir que sua obsessão fudeu com tudo!
–Juro que não é isso –Terry tremeu só de pensar na repreensão do chefe –Ela disse o que queria?
–Não, eu botei ela pra correr –Dennis respirou fundo –Terry, ela não quer você, porra. Não se ilude.
–Eu sei, eu sei – Choramingou a loira apesar de ainda ter um grão de esperança.
–Não desvia do plano! –mandou o homem.
–Eu não vou –Terry encerrou a chamada.
Na parede ao lado direito um quadro de uma Rachel sorridente acompanhada por um grupo de meninas vestida de bailarina estava exposto. A morena parecia exatamente o que era: uma pessoa feliz, amorosa e dedicada ao que fazia.
–Me desculpa por foder você, Rachel Berry –Terry sussurrou, passando lentamente o dedo pelo sorriso brilhante de Rachel. –Aprendi isso com sua esposa.
Autor(a): blacksweetheart
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Eu poderia ser frio Eu poderia ser cruel Você sabe que eu poderia ser igual à você Eu poderia ser fraco Eu poderia ser insensível Você sabe que eu poderia ser igual à você –Minha filha, você sabe que me deixaria muito mais feliz e aliviada se ficasse com a gente enquanto sua esposa não vo ...
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