Fanfics Brasil - Igual a você Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Igual a você

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Eu poderia ser frio


Eu poderia ser cruel


Você sabe que eu poderia ser igual à você


Eu poderia ser fraco


Eu poderia ser insensível


Você sabe que eu poderia ser igual à você


 


Minha filha, você sabe que me deixaria muito mais feliz e aliviada se ficasse com a gente enquanto sua esposa não volta –Shelby disse doçura.


Rachel conhecia bem tal doçura, principalmente a manipulação que vinha com ela.


Depois do encontro, e de Shelby acreditar em sua falta tristeza, a mãe insistiu que Rachel voltasse a mansão Berry. Os argumentos eram que Quinn não retornava a mansão e odiava pensar em Rachel sozinha.


Apesar da filha ter empregados, um segurança e Eros nada parecia convencer a mãe de deixa–la ali.


–Mas mamãe, já me acostumei a ficar minha casa... Na casa de Quinn–Rachel tentou argumentar novamente, sentindo-se cansada da insistência da mãe.


Querida, não há necessidade de você ficar naquela mansão sozinha –A mulher insistiu mais uma vez –Venha pra casa, iremos juntos ao aniversário da vovó Berry. Como antigamente.


Rachel suspirou alto. Não tinha tempo pra lidar com Shelby. E odiava pensar em voltar a ser a mesma Rachel de meses atrás, que aceitava aqueles eventos em família num completo silencio e complacência com os pais.


Mas talvez era isso que Hiram esperava. Depois de descobrir toda a verdade ele contava que Rachel voltasse ao colo deles e que pudesse manipula-la contra a esposa. E se queria fingir sua fúria contra Quinn precisaria acatar aquele pedido.


Precisaria voltar ao covil do pai como uma filha tola e de coração partido que ele acreditava que ela era.


–Tudo bem, mãe –Rachel alisou a foto dela e de Quinn em sua mesa. Se sua esposa estivesse ali jamais cederia ao pedido da mãe. Afastou o pensamento antes que ficasse melancólica. Não queria pensar em Quinn, foi as mentiras dela que deixou-as vulneráveis aos planos de Hiram. –Uma semana é o bastante pra matarmos a saudade uma da outra.


Ótimo! Seu pai ficará tão feliz! –Shelby comemorou.


Claro que ele ficaria. Rachel pensou com amargura. Ele adora a sensação de ganhar. E na arrogância que surge a melhor oportunidade para derrota–lo.


E Rachel estava mais que ansiosa pra isso.


(...)


–Esse vai ficar lindo, Rach! –Marley colocou o vestido na frente de Rachel e o observou através do espelho.


Rachel decidiu que em vez de pedir a Blaine, que estava muito aterefado agora que era requisitado pelas mulheres da alta sociedade, compraria seu vestido para a festa da avó com Marley. A modelo prontamente aceitou o convite e já tinha levado a Rachel em dez lojas antes de encontrar o vestido perfeito.


–Calma, Marley, é apenas um jantar –Rachel torceu o nariz pelo vestido carmezin com uma grande fenda na frente. –E a vovó Berry jamais aceitaria que alguém surgisse com um decote desse na festa dela.


–Essas matronas –Marley revirou os olhos, mas se convenceu e começou a buscar outro. –Quinn ira com você?


–Ela ainda está em NY –Rachel não evitou o suspiro de frustração –Parece que as coisas não tem saído como planejada.


–Ela está bem encrencada –Marley soou preocupada –O conselho esta no pé dela por causa da invação dos sistemas. E depois que ela vendeu o material ao Spencer Poter ninguém mais apoia suas ideias.


–Como sabe de tudo? –Rachel sabia que Quinn estava enfrentando dificuldades, no entanto a loira nunca detalhava quais.


–Kitty tem se gabado como Quinn não sabe gerenciar uma crise –Marley pendurava outros vestidos no braço enquanto falava –Ela sempre se ressentiu com o fato de Quinn ser a mais rica do grupo. Disse que a vaga caiu de bandeja no colo da Quinn e que não deveriam trata–lá como "Superman" já que a Lux é uma empresa fácil de coordenar.


–Isso é mentira! A Lux estava à beira da falência quando Quinn assumiu!


–Kitty tem essa mania de diminuir o feito dos outros só pra não sentir–se tão patética por não ter conseguido nada. Mesmo com o sobrenome a ajudando. –Marley levou os vestidos até Rachel e deu um enorme sorriso. –Agora chega das nossas esposas. Vamos experimentar roupas!


Rachel se esforçou pra corresponder a animação da amiga. Teria preferido continuar com o assunto das esposas.


(...)


Quando Rachel voltou a mansão Fabray naquele noite enrolou um pouco mais pra ligar pra Quinn.


Tomou banho, depois arrumou uma pequena mala e alguns brinquedos de Eros. A mãe certamente chiaria por levar o cachorro, porém em hipótese alguma Rachel deixaria Eros com alguém. E se atrevessem a rejeitar que ele ficasse Rachel iria embora no mesmo segundo.


Já por essa atitude mostraria que não era a Rachel que eles obrigaram a casar oito meses atrás.


O celular dela vibrou depois que terminou de se arrumar pra dormir. Uma camisola rosa, no busto uma renda leve que realçava seus seios. Deitou na cama e atendeu a chamada de Quinn.


O sorriso que exibiu não chegava aos olhos, mas fazia dois dias desde que confirmou a mentira de Quinn e a esposa não percebeu a mudança de sua expressão.


Uau! –Quinn piscou algumas vezes do outro lado do celular. –Tudo isso é pra mim ou pro Eros?


–Pro Eros, com certeza –Rachel riu fraquinho.


Sinto tanta inveja desse cachorro agora. E saudade. –Quinn mordeu o lábio inferior. –Sinto falta de vocês dois. Tem certeza que não dá pra vir aqui? Podemos assistir musicais da Broadway todos os dias.


–Tenho certeza que na segunda noite você tentaria me comprar com outra oferta –Rachel suspirou alto. –Mas infelizmente não posso porque meus pais me convidaram pra ficar essa semana com eles.


Quinn engoliu seco. Rachel leu cada expressão confusa e irritada da esposa. Quinn não gostou nenhum pouco da notícia.


Você é uma mulher casada agora –Quinn rebateu mexendo desconfortável na cadeira.


–Mas minha esposa não está em casa pra me fazer companhia –Rachel previu que a loira iria rebater e se adiantou: –Não é culpa sua, eu sei, porém não muda o fato que essa é uma casa muito grande e um pouco de companhia não me fará mal.


Chame Camila, ou Kurt–sugeriu juntando as sobrancelhas –Entenda, não quero privá-la de ficar com sua família, mas seu pai a magoa tanto.


–Não é por ele, minha mãe quem está pedindo. Sou a única filha dela.


Então ela pode ficar na mansão.


–Quinn –Rachel chamou sua atenção –Eu já me decidi.


Achei que casais discutiam sobre esses assuntos –A loira afastou o olhar de Rachel.


–Eu não discuti quando teve que ir pra NY–Rachel ficou ofendida com a acusação –E já se passou duas semanas que não voltou pra cá, mas não discuti sobre isso também.


Rachel, que porra você tem? –Quinn voltou a encara-la, dessa vez liberando toda a fúria que queria conter –Depois que vim pra cá você tem sido tão ríspida. Com exceção da noite que me ajudou dormir, parece estar sempre aborrecida por falar comigo. Se quer discutir, vamos discutir!


–Você também está nervosinha, Fabray –O tom de provação, que há muito tempo Rachel não usava com ela, retornou ao seus lábios –E eu sei que é porque as coisas estão difíceis no conselho. Mas Marley teve que me contar pra que eu soubesse o que está acontecendo, assim como Lauren me falou sobre os remédios. Porque todo mundo é mais verdadeiro comigo do que minha própria esposa!


Eu não quero preocupa-la com besteiras! –Quinn amansou o tom ao perceber que a frustração de Rachel era válida.


–Quinn, quando vai entender que não sou uma esposa-troféu? Que você não pode simplesmente me deixar de fora e esperar que eu aceite isso. Éramos pra ser parceiras –Não queria que a última parte tivesse soado tão triste.


Mas refletia exatamente como sentia com tudo.


Eu sou sua parceira, Rach –Quinn a olhou com ternura, um apelo silencioso de quem estava sendo franca. –Por favor, acredite em mim...


Era ainda pior lutar contra sua vontade de deixar aquelas palavras a acalmarem. A mesma Quinn que se abriu pra ela, que contou seu medo mais profundo, o pior momento de sua vida, também era aquela que tramou em suas costas, que não teve coragem de lhe dizer o que fez...


–Confiança se conquista, Quinn –foi tudo que disse antes de encerrar a ligação na cara de Quinn.


Jogou o celular na cama e passou a mão pelos cabelos. Aquela situação estava insuportável. Cada dia era como uma faca sendo atravessada em seu peito. Queria Quinn pra brigar, queria pra abraçar.


E ainda sim não encontrava lugar em seu coração pra perdoar Quinn... E doía ainda mais em deixá-la.


Escutou um latido baixo e percebeu que Eros estava ao seu lado, trazendo algo em sua boca.


–Eros, mas o que... –Rachel retirou o tecido com cuidado.


Estendeu e viu uma camiseta social preta. Uma das favoritas de Quinn. Rachel trouxe pra perto de si e inspirou o cheiro. Provavelmente caiu no fundo do closet e não foi posta pra lavar. O aroma de perfume caro, misturado com da esposa trouxe lagrimas aos olhos de Rachel.


–Meu amor... –Rachel acariciou o rosto de Eros, recebendo um choramingo baixo do cachorro –Eu também. Eu também sinto muita falta dela.


(...)


No dia seguinte, Rachel recebeu Bestie em seu escritório. Ele estava mais impressionado do que ela esperava.


–Esse foi um dos contratos de casamentos mais bem regidos que já vi. Quase não a brechas para rompê-lo –O homem alisou o documento em cima da mesa.


–Meu pai o preparou com cautela –Rachel esboçou uma careta. –Então não há uma saída?


–Todo contrato tem uma brecha –Ele abriu em uma das páginas e empurrou o papel pra morena. –E aqui está a sua.


"Caso uma das partes apresente provas conflitantes a saúde mental, psicológica ou física poderá ser requerido a anulação do contrato sem a necessidade do pagamento pela multa de quebra de contrato, com a cobertura de todos os benefícios assegurados a parte acusatória".


Rachel releu algumas vezes. Não era possível, não. Ela levantou-se e bebeu um pouco d'agua, pra poder emplacar seus sentimentos. Pra controlar a fúria que surgia em seu coração e que lhe dava vontade de ir até Hiram e socar a cara dele.


–Ele nunca me contou – balbuciou voltando ao seu lugar e colocando os olhos nos papeis. –Ele nunca me contou que eu teria uma chance de me separar!


–Pois é, essa clausula é a solução dos seus problemas –o advogado pareceu animado. Afinal essa era a solicitação de sua cliente.


Mas Rachel via exatamente a intenção de seu pai. Ele contava que a ligação ao nome Fabray lhe trouxesse lucros. Pelas vantagens que Quinn poderia lhe dar no ramo dos negócios, ou tomando todos os bens que a loira tinha caso a aliança se mostrasse infrutífera.


Em nenhum momento se importou como os sentimentos da filha ficariam nessa história.


–Essa clausula rouba os Fabrays –Rachel explicou. –Porque eu não tenho nada em meu nome, portanto se Quinn pedisse o divórcio nada seria tomado. Agora se eu peço, ganho metade de suas ações na Lux, sua fortuna.


–Seu pai quis garantir que vai ter seu bom pedaço da Lux. É mais do que só divisão de bens, é um juros exorbitante. Mas é muito arriscado –Bestie encarou Rachel com receio –Você poderia ter amado sua esposa e então não pediriam a anulação.


–Esse é o truque dele: Hiram me conhece o suficiente pra saber que eu não me daria bem com alguém como Quinn –Não a Quinn do seu noivado, pelo menos. A festeira e egocêntrica que fazia Rachel lembrar uma versão mais nova do pai. –Ele deixou que minha ira por ela fosse alimentada por cinco anos, e pensasse que Quinn fosse a vilã. O gênio explosivo de Quinn, a história da família Fabray, ele sabia de tudo. E me permitiu casar mesmo assim pra que no momento certo ele surgisse como um salvador e usasse essa clausula.


–Seu pai é um gênio –Recebendo um olhar zangado de Rachel o advogado logo se retratou: –Do mal, é claro. Deve ter sido péssimo ser criado com alguém assim, mas definitivamente um gênio.


–Ele é só um humano –respondeu pensativa. –E todo humano tem suas fraquezas.


Ela costumava pensar que o pai era imbatível e por isso não se esforçava pra ir contra suas regras. Mas depois da venda do instituto, e de vê–lo tramar pra que ela voltasse aos seu controle Rachel percebeu algo muito importante: Hiram detém o controle em quem permite que ele faça isso.


Sua ignorância a capacidade traria sua queda. E se antes ela hesitou pois pensava que seu pai não merecia uma traição vindo dela agora estava carregada de vontade de dar o troco por toda a sujeira que ele a colocou.


E nenhum Berry que se preze perde uma batalha, isso ela aprendeu bem com o papai.


(...)


Rachel foi recebida com muitos abraços e sorrisos dos pais. Shelby sorria com a mais completa satisfação, pelo que parecia aguardava aquele momento durante todo aquele tempo. Não era a reação de quem lamenta pelo casamento da filha não ter dado certo, mas de quem sabia que a filha iria retornar aos seus braços. Rachel desconfiou se ela sabia da clausula.


Já Hiram ostentava um sorriso quase arrogante, de quem realmente sabia que ela voltaria pra casa e pensava que seus planos estavam saindo do jeito que imaginava. Rachel deixou um beijo lento em sua bochecha, segurando uma vontade infantil de mordê–lo.


Agora entendia o porquê Quinn queria tanto bater nas pessoas. Era terrível aturar pessoas mentindo na sua cara e ainda fingir simpatia.


O clima de novela foi quebrado quando Eros começou a morder a barra da calça de Hiram. O cachorro puxava com seus dentinhos pequenos e rosnava vorazmente.


Rachel estranhou já que ele sempre foi dado, por isso o observava com atenção no parque pra que ninguém o levasse.


Se até o doce Eros tinha algo contra Hiram não dava pra negar a área do mal que o pai tinha.


–Peça pro seu segurança levar esse animal de volta –Hiram sacudiu a perna para se livrar do cachorro.


–O Eros fica –Rachel pegou Eros no colo e o abraçou. –E ele será bem tratado ou então eu não fico aqui.


Hiram encarou Rachel, e a filha ergueu o queixo, desafiante. Rachel nunca mandou em nada na mansão, seu pai não tolerava ordens, então quando queria algo sugeria a mãe e Shelby apresentava a ideia ao patriarca. Rachel conseguiu que um piano fosse colocado na sala de visitas, pois gostava da acústica e de tocar algumas vezes nas reuniões dos Berrys. Porém falhou em pedir que o pai respeitasse sua decisão em não comer carne e parece de exibir os animais mortos nas refeições.


Propositalmente ele passou a exibir mais depois de seu apelo.


Agora sobre Eros ela não cederia.


–Simone –A empregada surgiu no mesmo instante, pronta pra atender ao chamado do patrão. –Prepare um lugar para o bichinho da minha filha.


–O nome dele é Eros –Rachel acariciou o cachorro enquanto exibia um sorriso discreto ao pai. O sorriso vitorioso. – E não se preocupe, Simone, ele dorme comigo.


Simone segurou a mala de Rachel e sorriu pra Rachel. Não podiam demonstrar, mas a casa estava eufórica pela volta dela. Era a única da família que era atenciosa e gentil com os empregados.


Rachel sentia mais feliz em revê-los do que aos pais. E isso já dizia tudo sobre sua família.


(...)


O aniversário da vovó Berry era um evento na família Berry. Todos eram obrigados a comparecer, ou então a matriarca daria um jeito de fazer o ausente ser esquecido por toda alta sociedade. Antigamente ela chamava suas amigas ricas e outros que não fossem da família. Mas conforme envelhecia dizia que não querer ser vistas por aqueles que não lhe deviam o respeito de sua existência, pois sendo a líder da família ninguém exporia uma foto sua para aparecer no jornal.


Marley tinha razão sobre a escolha do vestido, Rachel sentia–se magnifica.


Rachel passou pelo quarto do pai e o encontrou atrapalho com a


–Papai, me deixe te ajudar com isso.


–Tinha me esquecido como é boa em nó de gravata –O pai ajeitou o cabelo dela atrás da orelha, tal como fazia na infância.


–Aprendi só pra precisar de mim pra alguma coisa –Rachel provocou. – Sempre foi o contrário.


–É bom vê–la em casa, querida.


A dúvida, carregada com sua raiva, a fez pensar que ele só a queria ali pra garantir que seu plano desse certo. Será que ele já a viu como uma filha ou só outro meio de obter suas conquistas?


Um dia ela perguntaria.


–Sabe outra coisa que precisa de mim? –Rachel desviou o assunto pra acobertar seus sentimentos –Na escolha de presentes. Pra sua sorte já mandei que entregassem o colar na casa da vovó. Será o membro da família favorito dela.


–O que quer, Rachel? –Hiram a olhou com suspeita –Dois favores em uma noite. Três, se contarmos com sua estadia aqui.


–Uma filha não pode simplesmente cuidar do pai? –Rachel encarou o homem com uma inocência fingida.


–Não quando é minha filha. Não fazemos favores sem esperar algo em troca. Eu te ensinei isso.


–Fique tranquilo, papai –Rachel terminou o nó e deu alguns tapinhas –A única coisa que quero é me ver livre desse casamento, e sei que cuidará disso.


Apesar de ter esboçado um sorriso Hiram não pareceu confiar totalmente na filha.


Ela então teria que provar. E seria aquela noite.


(...)


Na festa, a família ficou mais que animada em ver Rachel junto aos pais. Ninguém comentou da última vez que estiveram juntos, com Rachel gritando com a força de seus pulmões que não era mais filha de Hiram. Pelo jeito Hiram deu um jeito de silencia-los, ou foi a avó que ordenou que aquele assunto não fosse trazido à tona.


Depois dos agradecimentos pelos presentes e comentários venenosos, Virginia conseguiu um jeito de tirar Rachel de perto do pai e a arrasta-la até o corredor.


–Sua mãe está convencida que você quer se ver livre do casamento com a menina Fabray –A avó segurou as mãos da neta e sorriu com orgulho –Parabéns por este feito.


–Não é tão difícil fingir quando estou realmente brava com Quinn –Rachel soltou um longo suspiro e contou a avó tudo sobre o pai disse e depois a confirmação que teve através de Finn.


–Por isso pediu a indicação de Beast –A avó soltou no final.


–Obrigada por isso.


–Descobriu algo de interessante no contrato?


–Descobri que seu filho quer roubar os Fabrays –Rachel disse aborrecida. Depois explicou a clausula que a livraria do casamento em poucos meses.


Isso sim deixou Virginia surpresa. A senhora piscou algumas vezes enquanto sua mente absorvia toda a situação. Ao que parece Hiram não deixou claro seus planos para a matriarca da família.


–Nós nunca... Se traíssemos nossos aliados ninguém da família Berry se relacionaria com alguém da alta sociedade novamente. –Sua avó negou com a cabeça, horrorizada por Hiram planejar aquela traição. –Seu pai não pensa na família. Não pensa em você.


–Isso eu já percebi –Rachel deixou escapar. Segurou a mão de sua avó com força e a encarou com os olhos castanhos arregalados –Precisamos detê–lo. Enquanto ele continuar como presidente da Empreiteira Berry ele vai brincar com a minha vida da forma que bem entender.


–Como? Apesar de ter um contato aqui e ali já não sou tão ativa pra retirá–lo. Eu o escolhi porque apesar de ser ambicioso ele me disse que cuidaria de todos nós. Se prejudicar seu casamento com Fabray, nenhuma das outras se casarão...


–Pior do que isso. Se casarão com quem ele quiser, e no momento que não for mais do seu interesse virá com um golpe –Rachel na verdade não queria mais que ninguém da família casasse por contrato. Era terrível que ainda mantinham essa pratica tão medieval.


Mas com a avó como aliada não podia demonstrar toda sua revolta com a família Berry.


–Hiram... –choramingou Virginia. A decepção era evidente nos olhos da mãe do homem.


Rachel sabia como era, amar Hiram apesar da sua frieza e nunca esperar que ele fosse capaz de trai–las.


Era terrível quando a realidade era jogada em seu rosto e você tenta lidar com a decepção.


–Pensarei em alguma coisa –Rachel prometeu.


–Querida, apesar de tudo que está passando, te ver tão forte... –Virginia passou os dedos enrugados na bochecha de Rachel. E no olhar sempre tão indiferente a ela, Rachel pode ver um sentimento novo. – Estou muito orgulhosa.


Rachel deu um abraço apertado na senhora, grata pela ajuda que jamais esperou receber dela. A avó retribuiu com carinho.


–Preciso contar a Noah –Rachel avisou quando se soltaram


–Tem certeza que pode confiar tal segredo ao seu primo? –Virginia não estava tão segura que o neto era confiável.


–Ele é meu parceiro, e tem sido mais do dedicado a me ajudar. Confio nele –A certeza na voz de Rachel não deixou margem para que a avó lhe aconselhasse o contrário.


–Parece que a nova geração Berry consertará os erros da anterior –Virginia deu outro daquele olhar carregado de orgulho. –Conte comigo no que decidir fazer.


(...)


–Não sei o que te dizer, prima –Noah ficou em silêncio depois da história toda.


–Acha que Quinn me enganou todo esse tempo? –A pergunta martelava na cabeça de Rachel. Desde que soube essa história aquela era sua maior dúvida. – Que ela fingiu... se importar comigo por causa dessa cláusula?


–Não –Noah negou com a cabeça. –A Fabray não é uma sociopata como Hiram. Ela nunca se preocupo em fingir ser algo que não é.


–Sinceramente sua amiga me confunde mais do que meu pai –Rachel cruzou os braços.


–Bem, se quer saber se Quinn sabia ou não há uma pessoa que pode te responder isso –O primo sinalizou com a cabeça para a entrada da casa.


Onde Santana adentrou com sua esposa.


(...)


Santana não escondeu sua estranheza ao ver Rachel. Não só por participar de uma festa dos Berrys depois de saber toda a história com o Finn, mas também por vir acompanhada com seu pai.


Assim que tiveram a chance de se cumprimentarem, perto do Hall de entrada, Santana falou:


–"Rachel filhinha do papai", já não superou essa fase? –Santana soltou encarando Rachel com um olhar crítico.


–Por quanto você vendeu sua presença hoje? Uma cobertura no High's? –Rachel mencionou o hotel mais caro da cidade.


Santana respirou fundo, preparando-se para rebater tal acusação e Britt apertou seu braço para contê–la.


–Você está linda, Rach –Britt tentou quebrar o clima tenso entre as duas.


–Estou feliz em vê-la, Brit –Rachel abraçou a loira com sinceridade. –Mas se não for pedir muito pode me dar um momento a sós com a minha prima?


–Vou procurar a vovó Berry –Britt beijou a esposa e se retirou.


–Berry, você se esqueceu de tudo que esse homem fez com você? –Santana soltou sua indignação.


–Acho que me manipular é algo recorrente nessa família e você não está isenta disso.


–Do que você está falando, Berry? –Santana encarou Rachel como se estivesse louca.


–Meu contrato de casamento. Clausula 48


O rosto de Santana mudou na hora que ouviu sobre o assunto. Dando a resposta de Rachel: Santana sabia o tempo todo.


–Seu pai te contou sobre isso?


–Não, mas pelo visto contou pra você e você certamente contou a Quinn –Rachel cruzou os braços. –E todos concordaram em me deixar fora disso.


–Quinn teve medo que se soubesse não daria a chance de fazê-la gostar do casamento.


–Ou então ela deixou o casamento confortável com medo de que eu usasse essa clausula e tirasse tudo dela –A possibilidade machucava Rachel toda vez que se deixava pensar nisso.


–Você não acredita nisso –Santana balançou a cabeça. –Você viveu esses oito meses com ela, acha mesmo que Quinn teria fingido por tanto tempo?


–Eu não sei mais o que eu acho! –A voz de Rachel subiu e de repente toda a família passou a observa-las. –o que eu sei é que você, minha prima, sabia sobre Finn e sobre isso e escolheu não me contar.


–Ela é minha melhor amiga! –Rebateu aumentando o tom de voz também –Isso não significa que eu apoie sua decisão, mas estarei ao seu lado em tudo que ela decidir. –Santana olhou pros lados e viu que eram o centro das atenções. Segurou o braço de Rachel e pediu. –Podemos conversar em particular. Eu quero explicar tudo a você.


–Sabe o que eu acho, Santana? –Rachel se soltou bruscamente. –Que você odeia tanto essa família que não consegue perder a oportunidade de prejudica-la. Mesmo sendo eu, que nunca te fez nada. Reclama tanto de como são cruéis, mas se olhe no espelho e veja quem escondeu segredos e manipulou a própria prima.


Rachel deu as costas e procurou seu pai, que claro, observava a cena de perto.


–Papai, posso ir embora? –perguntou em um tom choroso.


–Claro, querida –Hiram colocou sua mão no ombro da filha –Vamos.


Hiram e Rachel saíram, e logo foram seguidos por Shelby. A família continuou encarando Santana, com olhos acusadores e carregados de venenos.


–Sant –Brit surgiu ao seu lado e segurou a mão da esposa.


–Vamos embora, Brit –Santana limpou a lagrima que escorreu em seu rosto e saiu sem dizer mais nada a ninguém.


O que Rachel disse magoou mais do que esperava. Era tão terrível quanto aquelas pessoas? Era tão terrível quanto Hiram?


As perguntas em sua cabeça não cessavam.


O que a distraiu foi um homem parado perto do seu quarto.


–Santana –Noah desencostou de seu carro.


–Chega, eu só tolero um primo maluco por vez! –Berrou quase o empurrando de sua frente.


–A Rachel me pediu pra te entregar isso –Noah abriu sua mão e deixou um papel. –E ela não é maluca.


–Ela ter confiado em você pra entregar isso não ajuda –Santana comentou abrindo o papel.


Santana,


Me desculpe por dizer tantas coisas horríveis a você. Bem, algumas você mereceu.


Há uma razão pra tudo isso e preciso que confie em mim. Por favor, por favor, não diga nada a Quinn sobre o que aconteceu. No final tudo fará sentido, eu prometo.


Com amor,


Rachel


Então a mente de Santana começou a raciocinar. Rachel teria preferido tratar de assunto longe dos olhos curiosos da família. Fez questão que todos escutassem para provar um ponto. Ou melhor todos não... Apenas uma pessoa. Hiram. E brigando com Santana, mostrando preferência ao pai, Rachel transmitia a imagem perfeita para Hiram acreditar que a filhinha perfeita estava na suas mãos de novo.


–Maldito sangue Berry –Santana compartilhou um olhar com Noah.


–O que? O que tudo isso significa? –Brit olhou para o homem e para a esposa, sem entender nada da situação.


–Rachel está jogando com o pai dela.


 


 


 


Você pensou que estava me guiando


Você só estava no meu caminho


Você está errada se pensa que eu serei igual à você



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Autor(a): blacksweetheart

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