Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Você não me conhece
Não tente me mudar de forma alguma
Você não me conhece
Não me prenda porque nunca vai funcionar
–E então, como ela estava? –Quinn não queria soar ansiosa, apesar estar ansiosa.
Depois que Rachel foi pra casa de seus pais a comunicação entre elas tem sido a mínima possível. Tudo isso porque Quinn não conseguia ligar pra Rachel durante o dia e a sua esposa não podia falar com ela no horário do jantar sagrado dos Berry.
Porra elas não eram adolescentes!
Ridículo, era tudo ridículo. Por isso pressionou Archie pra que o relatório fosse finalizado em até dois dias, ou então ela partiria de NY sem sequer ligar que a empresa estava pegando fogo enquanto seu casamento esfriava.
–Bem –Santana respondeu vagamente.
E Quinn jamais descreveu qualquer informação de Santana como “vaga”.
–Santana, eu quero mais que um simples “bem”! –insistiu entredentes.
–Ela parecia a mesma Rachel de sempre, oras –Santana soou entediada. –O mesmo cabelo cheio, a voz irritante. Mal conversamos, na verdade, tinha pessoas mais interessantes pra falar do que comigo.
–Não sei... Algo me diz que não é tão simples. Hiram vendeu seu instituto, ela não o perdoaria tão fácil. E eu sei o quão magoada ela ficou por esconderem sobre Finn.
–Falando nisso você contou a ela que deu dinheiro a ele?
–Santana... –Quinn foi pega de surpresa. Aquele assunto estava enterrado. Nove meses se passaram e aquele assunto nunca mais foi trazido à tona. –Isso não é mais importante.
–Se acha isso então não conhece minha prima tão bem quanto pensa –Santana acrescentou. –Enfim, tenho alguns casos pra cuidar. Nos falamos depois do relatório de Archie, tudo bem?
–Tudo bem –Quinn estranhou a urgência da amiga em encerrar a ligação. –Nos falamos mais tarde.
Assim que Quinn desligou sentiu que alguma coisa estava acontecendo. E ela precisava urgentemente retornar pra casa.
(...)
–Essa é a primeira vez que minto pra Quinn –Santana murmurou retornando a sala da vovó Berry, onde Rachel a esperava no sofá.
–Você não se incomoda em mentir pra mim –Rachel debateu com amargura.
–Rachel, chega de acusações e brigas, está bem? Você pediu pra confiar em você e mentir por você. Quero saber o porquê –Santana sentou no sofá a frente da prima.
–Espera a vovó e Noah chegarem.
–Vovó? Puck? –Santana não disfarçou a surpresa. –Quando foi que começou a tramar com os Berrys?
–Santana, eu sou uma Berry, tanto quanto você. O que eu disse ontem sobre você é totalmente verdade: apesar de ter escolhido servir Quinn os seus modos é exatamente como os dos nossos pais.
–Nunca concordei em esconder de você o contrato, ou Finn...
–Mas acabou que se tornou um segredo seu também –Rachel a interrompeu. –E antes de ser esposa de Quinn sou sua prima.
–Me desculpe, Rachel –Santana foi enfática. Ela realmente sentia muito.
–Estou cansada de desculpas –Rachel negou com a cabeça. –Você vai mostrar o quanto sente me ajudando.
–Te ajudar com o que, exatamente?
–Eu quero proteger Quinn do meu pai –Rachel explicou. –E preciso de ajuda em como fazer isso.
–Já tem um plano? –Santana não esperava que Rachel tramasse contra Hiram.
Foram interrompidas pela chegada de Noah e a avó. Virginia sentou-se ao lado de Santana e sinalizou a Rachel.
–Por favor, prossiga.
(...)
O plano de Rachel era simples, na verdade foi algo que ela pensou quando ele contou sobre o contrato de casamento.
O pai era muito poderoso e influente na alta sociedade, mas algo que poderia destruir qualquer nome respeitável era uma polemica. Todos os acordos de casamento aconteciam atrás das cortinas. Em geral ninguém se importava com o jogos dos ricos até que algo fosse exposto. Uma situação como um casamento forçado causaria muitos comentários negativos. E aproveitando a onda do cancelamento o nome do pai iria pra lama.
O ameaçou disso para evitar assinar o contrato, mas Hiram tinha o instituto na mão por isso não seguiu adiante.
Sem pensar na consequência o pai perdeu a única vantagem que tinha sobre ela.
–Isso é muito, muito arriscado, Rach –Santana foi a primeira a comentar depois de Rachel contar seu plano –E genial. Serio.
–Obrigada–Rachel não conteve e sorriu com orgulho. –Vovó?
–Não posso negar que seu pai merece isso. Mas se expô-lo desse jeito afetará toda a empreiteira Berry –A avó se mostrava verdadeiramente preocupada.
–Uma polemica desse nível prejudicaria bastante nossas ações –Noah foi mais tranquilo quanto as informações, apesar de seu olhar encarar Rachel com um pedido silencioso para que ponderasse.
–Ela não tem que se preocupar com vocês –Santana lançou encarando a senhora e o homem –Não se preocuparam com o instituto dela quando o jogaram na lama.
–Não se trata só de nós, Santana –Noah rebateu indignado pela prima não entender que não se tratava apenas de ego ferido. –Há funcionários que dependem de nós. E outras pessoas da família, como minha irmã, que não tem culpa da merda que nosso tio fez. Dá pra engolir essa raiva por cinco minutos e pensar em alguém além de você?
–Parem –Rachel interrompeu assim que Santana começou a despejar ofensas contra Noah –Meu problema é com Hiram. E se eu quisesse prejudicar os Berrys teria agido como meu pai e feito tudo nas costas de vocês.
Os três silenciaram.
–Mas ao gravar ele admitindo tudo sobre o contrato...
–Eu teria algo para ameaçá-lo –Rachel explicou –Ele jamais colocaria seu cargo em risco e deixaria Quinn e eu em paz de uma vez por todas.
–Isso pode funcionar –Noah murmurou pensativo.
–Não pode deixar essa gravação cair nas mãos erradas –alertou Virginia, ainda receosa.
–Eu prometo que não, vovó –Rachel exclamou com firmeza.
–Sabe que é engraçado? –Santana deixou escapar uma gargalha. –Que eu no seu lugar nem piscaria antes de expor tudo. Que nenhum Berry levantou um dedo pra impedir que assinasse um contrato. E agora suas bundas serão salvas porque Rachel é boazinha demais com vocês.
Noah e Virginia tentaram disfarçar seus desconfortos.
-Não quero o mal de ninguém, Santana –Rachel explicou. –Eu só quero proteger Quinn.
Conversaram mais um pouco sobre a situação e concordaram em deixar Rachel gravar a conversa. Santana despediu-se de todos logo após a decisão e Rachel comentou em acompanha-la até a porta.
–Então, agora que sabe sobre a clausula que pode te libertar de Quinn vai pedir a anulação? –Santana questionou antes de partir.
–Eu jamais tiraria um centavo dela –Rachel estava determinada quanto aquilo.
–Mas quer continuar casada com ela?
Rachel não sabia qual era a resposta. Depois das mentiras de Quinn...
–Preciso pensar –Antes da prima sair, Rachel segurou sua mão e falou: –Obrigada por me ajudar.
–Cuidado com ele, Rachel –Santana a abraçou. –Ele é o diabo em pessoa.
–O que me faz a filha do diabo, e não se sobrevive ao inferno sem saber alguns truques.
(...)
Rachel se arrumava pro jantar daquela noite nada animada. O pai iria receber um possível investidor para a empresa e queria a família mais que impecável.
Ainda bem que quando foi as compras com Marley a modelo insistiu que levasse mais um vestido. Vocês ricos sempre tem um evento surpresa, é bom andar preparada, aconselhou Marley. Pois ela estava certa.
Enquanto Rachel colocava seu colar, que foi um dos presentes de Quinn, Eros pisava na tela de seu notebook aberto, parecendo se divertir com o barulho das teclas.
–Eros, pare –Rachel riu quando o cachorro soltou um latido animado. –Eu sei que não passeamos há uma semana, mas eu prometo que te levo depois do jantar.
Rachel terminou de arrumar seu colar quando uma voz surgiu em suas costas.
–Você me ligou pra dizer que sua mãe não está te dando atenção, Eros? –Quinn comentou na tela do notebook, sorrindo pro cachorro.
Eros respondeu com vários latidos.
–Quinn, mas o que... –Rachel foi até a cama e tirou Eros de cima do teclado.
–Ele me ligou, acho que sem querer –Quinn riu da carinha de inocente que Eros encarava Rachel –De qualquer jeito vou comprar todo biscoito de cachorro do mundo quando eu voltar.
–Ouviu Eros? –Rachel balançou o cachorro. –Sua mamãe Quinn vai te mimar muito quando ela decidir voltar. Apesar de não nos falar quando exatamente.
–Tenho uma reunião com todos os conselheiros –Quinn contou se acomodando na cadeira, afrouxou a gravata e soltou um longo suspiro –Archie tem uma informação importante. E depois... posso voltar pra casa.
Casa, Rachel engoliu seco. Era tão estranho que apesar de estar no lugar que viveu a vida toda o sentimento de casa não estava ali. E na mansão Fabray, bem, ela não se importava com o tamanho, nem com os itens de luxo que sequer reparava.
Sua saudade era do quarto de Quinn, que nos últimos meses tem sido dela, e principalmente da sua esposa deitada ao seu lado.
–Acho que posso assisti–los a noite toda –Quinn comentou enquanto Rachel estava em seu momento de reflexão –Ou melhor, assistir você.
–Sempre sedutora, Sra. Fabray –Rachel apertou os olhos na direção da tela.
–Apenas com você, Sra. Fabray –a voz de Quinn ficou mais grossa e sexy.
Isso arrepiou Rachel dos pês a cabeça. Não era uma pessoa que pensava em sexo constantemente antes de se casar com Quinn. Agora realmente podia dizer que sentia falta dos toques
Como que era possível ter tanta raiva e tesão pela mesma pessoa?
Antes que pudessem continuar a conversar a porta do quarto foi aberta e uma menina de cabelos cacheados caminhou até Rachel.
–Clarice? –Rachel ficou confusa. Sua prima Clarice, de quinze anos, irmã mais nova do Noah exibia um sorriso de orelha a orelha.
–É Claire! –Ralhou a adolescente, fechando a cara pela confusão.
–O que faz aqui?
–Sua mãe me convidou –A alegria voltou aos olhos da menina e brilhou ainda mais quando começou a fazer carinho em Eros. –E ela me disse que você tem um cachorrinho –De relance a menina olhou para o notebook e ficou paralisada ao ver Quinn assistindo-as. – Uau, é a Quinn Fabray!
–Olá, Claire –Quinn repuxou os lábios e lançou um olhar intrigado.
Kurt tinha razão, Quinn sabe como ser charmosa.
–Estudamos sobre você na aula financeira –Claire contou a Quinn aos pulos –Você é, tipo, uma inspiração pra minhas amigas!
–E não pra você?
–Sinceramente eu não quero trabalhar. Meu marido vai me dar tudo que eu preciso, igual você Rachel! –A menina tocou o braço da prima.
–Eu trabalho e muito!
–Trabalha porque quer –Claire cruzou os braço –Minha mãe me disse que sua mulher nada na grana e você é muito idiota por não aproveitar.
–Eu não gosto da sua mãe –Quinn rebateu com a expressão fechada–Pode contar isso pra ela.
–Chega, precisamos descer. –Rachel viu Claire se indignar e não precisava lidar com as duas birrentas naquele momento –Eros, da tchau pra sua mãe.
Eros latiu com empolgação.
–Tchau, garotão. Pode me ligar sempre que quiser reclamar dela.
–Engraçadinha –Rachel apertou os olhos em direção a Quinn –Tchau.
Inclinou-se na cama para encerrar a chamada e antes que conseguisse ouviu um CLICK vindo da saída de áudio.
–Você... –Rachel arregalou os olhos. –Não diga que tirou print do meu decote, Quinn Fabray!
–Tudo bem, então não digo –Quinn ergueu as mãos e fez um beicinho inocente.
Como se Rachel pudesse acreditar na inocência de Quinn Fabray!
–Eu não suporto você, Fabray! –Rachel fechou o notebook com força.
E depois riu. Quinn era tão... Quinn!
–Eca! Pessoas apaixonadas são tão bregas –Clarice comentou olhando pra Rachel com uma expressão enojada.
–Mas nós não estamos... –Rachel deixou a frase morrer. Algo dentro dela sentia que terminar aquela frase era errado. Era uma mentira.
Por isso preferiu rebater a prima com uma pergunta:
–Seu irmão sabe que você está aqui?
(...)
–Clarice? –Noah soou espantado.
–É Claire agora–Rachel corrigiu imitando o tom irritante da adolescente.
–Minha mãe não me contou sobre isso –Murmurou o primo –E por que Clarice? Isabela é a mais velha, seria ela que chamariam caso fosse pra te fazer companhia.
–Definitivamente não é pra me fazer companhia –Rachel estremeceu só de pensar em conversar com Isabela mais que dez minutos. –vou tentar descobrir alguma coisa e te aviso.
–Ok –Sua voz carregada de preocupação. –e boa sorte com o plano.
–Pode deixar –Rachel terminou a ligação e foi pro primeiro andar.
(...)
David Houbour era conhecido por seu investimento em negócios de sucesso pela cidade.E Hiram o cumprimentou com sua famosa camaradagem fingida. Depois foi a vez de bajular o filho de David; Henry.
Cumprimentou Rachel e a mãe com a educação exigida, elogiando ambas, e depois a atenção foi direcionada a prima de Rachel.
–Essa é minha sobrinha Clarice –o pai apresentou ao David e Henry.
O menino não ficou empolgado ao cumprimenta-la, mas Clarice se encantou pela abotoadura de ouro no paletó dele. Logo começaram a trocar algumas palavras sob a observação de Rachel e Shelby.
–Eles são lindos juntos. Acho que ela gosta dele –A mãe apertou o braço de Rachel com empolgação.
–Acho que ela gosta mais do terno de grife e do anel de diamante.
–Querida, quem não gosta de uma boa joia? –Shelby soou sonhadora.
Eu, quis acrescentar. Mas julgando pela joia pesada em seu pescoço soaria hipócrita respondê-la dessa maneira.
–Claro, mamãe. Todos gostamos –O sorriso falso de Rachel convenceu sua mãe.
Assim como convenceu durante vinte cinco anos.
(...)
–É uma pena que sua esposa não tenha a acompanhado, Sra. Fabray –David soltou na mesa de jantar.
Os pais de Rachel pareceram tensos, com medo que a filha denunciasse a situação atual do casamento.
–Eu também acho –Rachel nem mesmo precisou fingir soar triste.
–E como ela é? Escutei muitos mitos sobre a herdeira dos Fabrays? –os olhos azuis brilharam na direção da morena.
–Ela faz jus a todas as histórias –Rachel bebericou o vinho e esticou os lábios em um sorriso sem humor.
–Imagino que ela tenha te dado essa preciosidade em seu pescoço –O homem apontou para o colar em seu pescoço.
–Foi –Rachel o tocou com a ponta dos dedos. Não tinha noção que aquele colar era tão importante para atrair a atenção do amigo de seu pai.
Quinn a fez pensar que não tinha tanto valor, um presente simplório que ela não podia reclamar de receber.
Agora ela tinha certeza que a loira a enganou sobre isso. Talvez fosse um vício, Rachel pensou aborrecida, minha esposa é viciada em mentir.
–Que mulher generosa –ele ainda mantinha os olhos na joia quando deixou escapar –Pena que ela não é assim com todos.
Rachel presenciou muitas conversas como aquela, com homens pedindo favores ao seu pai por meio de indiretas. Presumiu que o homem estivesse interessado em ter contato com Quinn.
–Eu posso ajudar –Rachel ofereceu prontamente. –Minha esposa me ouve em tudo. Posso apresenta–la ao meu novo amigo.
–Hiram, sua filha é uma mulher muito especial –David olhou em direção a Clarice e falou: –Tome–a como exemplo, menina.
Rachel recebeu um olhar orgulhoso do pai e retribuiu com um sorriso que parecia ter gostado de ajuda-lo.
Ali ela entendeu que o pai finalmente acreditou em farsa. E naquela noite Rachel colocaria seu plano em ação.
(...)
O jantar fluiu da maneira que o pai queria. Rachel percebeu um amistoso aperto de mão na despedida dos homens e sabia que significava que um contrato foi fechado.
Clarisse foi convidada a dormir na mansão, já que estava tarde para retornar a sua casa.
A menina se ofereceu pra levar Eros em um passeio e Rachel deixou, mesmo com receio, pois precisava tratar de um assunto.
Colocou seu celular na cintura, com o gravador ativado, e andou cuidadosamente pelo corredor pra que o objeto não caísse. Antes de entrar na sala de Hiram assegurou que a blusa não marcasse o aparelho.
Com um último suspiro Rachel adentrou na porta, que estava aberta, e viu o pai debruçado em sua escrivaninha. Rabiscando alguns passeis.
–O que está fazendo?
–Assuntos de família –Hiram respondeu sem erguer a cabeça.
–Me deixe participar –Rachel foi até ele e sentou na cadeira a sua frente –Eu ajudei com a negociação de hoje então acho que tenho direito. Queria que eu me envolvesse nos assuntos de família, bem aqui estou.
Hiram a examinou por alguns segundos. Rachel não se deixou amedrontar pelo olhar avaliador do pai. Hiram queria uma filha que estivesse de acordo com suas decisões, seu braço direito. Era isso que Rachel oferecia aquela noite.
E ele aceitou.
Hiram empurrou o papel pra Rachel. A morena o pegou e leu rapidamente.
–Um contrato de casamento pra Clarice? –Rachel olhou a folha com horror. Ela reconhecia as primeiras clausulas e o nome de Clarisse e Henry esclarecidos, como o dela e Quinn há cinco anos. –Ela só tem quinze. Eu tinha dezoito quando meu contrato foi formado.
–Foi mais nova, com dezesseis. –A voz de Hiram era de uma frieza que Rachel não conseguia acreditar –Te avisei com dezoito porque era muito imatura antes.
–Entendi –Rachel engoliu seco, se esforçando ao máximo pra não despejar toda sua fúria no pai. –Mas porquê...
–Depois de seu casamento com Fabray muitas famílias me procuraram oferecendo seus herdeiros.
–Então por que me separar de Quinn se ela te traz tanto benefício? –A mente de Rachel começou a pensar na resposta de sua perguntar, presumir como o pai pensaria. E a resposta veio antes que Hiram pudesse responder –A menos que no futuro isso mude.
–Sua esposa não é mais uma aposta segura –Hiram explicou. –Os conselheiros da Lux não estão satisfeito com o desempenho dela. Lembra o que te ensinei sobre isso?
–Sempre garanta a satisfação de quem tem o poder de te derrubar e assim evitará a queda –Rachel respondeu atônica.
Não podia demonstrar todo o desespero que sentia. Seu coração apertou ao saber que Quinn estava no meio daqueles que queriam tirá–la da presidência. Que queriam tomar todo o trabalho que ela teve para tornar a Lux o que era. E homens como seu pai não conseguia aceitar que uma garota era capaz de fazer algo tão incrível.
–Então acha que irão tirar a Quinn da liderança da Lux?–Rachel queria arrancar mais informações. –Como sabe disso?
–Rachel, eu jamais revelo minhas fontes–Hiram sorriu com arrogância. –isso incomoda você?
–O Instituto Berry é financiado pela Lux agora –Rachel deu a desculpa que o pai aceitaria. Realmente se preocupava com o destino do seu instituto, mas não tanto quanto se preocupava com o destino de sua esposa.
–Querida, eu já cuidei disso. Cuidei de você –o pai segurou suas mãos e apoiou as dele.
–Como? –O alerta piscou em sua cabeça. Rachel
–Venha. Quero mostrar a sua surpresa –Hiram colocou a mão em seu ombro e caminhou com ela até o ultimo cômodo do corretor.
Era um dos quartos de visita. Rachel estranhou a atitude animada do pai. E ficou sem folego quando o homem abriu a porta e revelou o que estava ali.
As paredes pintado em dourado, com cortinas vermelhas. Uma king size enorme e tapetes persas. O quarto mais caro da casa, certamente.
Um quarto de rainha.
–Pedi pra fazerem um novo quarto pra você –Hiram encheu o peito para falar aquilo –Sei que Fabray lhe deu alguns luxos. Então, quando voltar, continuará a tê–los tranquilamente.
Hiram pensava que Rachel se incomodaria com a falta do luxo fornecido na mansão Fabray. O quarto mais espaçoso, a cama de casal... Conseguia até ver uma banheira francesa na suíte.
Mas o que realmente se passou na cabeça da Rachel era:
–O que acontece com o Instituto, pai? –Sua voz era um mero sussurro. Ele sempre usou de artifícios para esconder uma notícia.
–Não salvaremos o Instituto Berry. Mas te darei um novo –Sua fala era carregada de empolgação –Muito maior e melhor. E não precisa ser aqui. Pense grande. América do sul, Ásia... Sonhava em morar em paris. Pense nisso.
Ela não sabia como responde–lo. Como ele era capaz de descartar o instituto tão facilmente? E as crianças? Os professores?
O trabalho dela em todos aqueles anos?
–Rachel, seremos imbatíveis –Ele voltou a se aproximar da filha, segurando seus braços –Eu sinto muito por tê–la colocado neste casamento conturbado. Mas confie em mim, cuidarei de tudo. A protegerei de tudo.
–Claro, papai –Rachel respondeu atônica. Conseguiu com muito esforço exibir um sorriso falso.
–Bem, preciso terminar o contrato –Ele a soltou, satisfeito pela reação da filha. Ele via a tristeza referente ao projeto de Chicago, mas visto que queria se livrar de Quinn conseguiria ceder a algumas questões. –Mas fique e veja o que deseja mudar, sei que irá personalizado da sua maneira.
Ele se retirou e deixou a filha em sua mais nova gaiola.
Rachel mal conseguia respirar. Ele queria compra-la com uma vida de luxo.
E depois que Hiram conseguisse casá–la com outro pra atender seus interesses, aquele quarto seria oferecido a Clarisse e depois pra outra menina Berry.
Não. Ela nunca mais seria uma arma nas mãos do pai.
Pegou seu telefone e interrompeu a gravação. Teria material o suficiente para destruir a carreira de Hiram. E se em qualquer momento da noite pensou em não fazê–lo ter mostrado aquele quarto lhe tirou qualquer dúvida.
Rachel correu para o quarto e arrumou as poucas coisas que conseguia carregar com uma bolsa de mão. Seus documentos, seu telefone. Procurou em sua penteadeira alguma coisa de valor e ficou feliz que nada mais ali tinha valor pra ela. Apenas algumas fotos. Guardou a dela e de Santana no primeiro dia de aula, dela com a mãe em sua apresentação de balé.
Deixaria a foto com Jesse. Ele fazia parte do conselho, ele arquitetou tudo com o pai e provavelmente ele era o contato de Hiram. Portanto não eram mais amigos.
E a última foto deixou-a pensativa. A foto dela e do pai. A menina nos braços do pai acreditava que ele lhe daria o mundo. Não que ele a manipularia e não se importasse com nada e ninguém além dele.
Aquela foto Rachel fez questão de levar. Ela teria serventia.
Depois de guardar tudo foi até a dispensa do primeiro andar, em um quartinho escondido depois do banheiro. Os materiais de limpezas bem organizados facilitou a Rachel encontrar o álcool.
Cinco litros era perfeito pro que ela tinha em mente.
Antes de voltar ao seu novo quarto, foi nos aposentos dos pais. Sabia que na gaveta da mãe, ela costumava guardar o isqueiro. Shelby fumava escondida porque Hiram a proibia.
Quantos segredos debaixo daquele teto!
Com tudo que precisava Rachel retornou ao quarto e colocou seu plano em ação.
Ela jogou o álcool em toda a cama. Depois nos tapetes, na mobília cara, na cortina importada. E quando o galão acabou o jogou no canto do quarto. Depois pegou a foto em sua bolsa.
Por um momento hesitou. Sua relação com o pai nunca mais seria a mesma depois que terminasse aquilo.
Aquele Hiram da foto não existia. Duvidou que sequer existiu um dia. Era só outra mentira que o pai sustentou ao longo de sua vida.
Acendeu o isqueiro e deixou a fotografia queimar. Quando jogou na cama o fogo alastrou rapidamente.
Rachel lentamente saiu do quarto, observando as chamas tomando tudo. Que levassem todo o dinheiro que o pai usou comprando aquilo. Ela não se importava.
Na verdade ela até mesmo sorria.
–Prima, o que aconteceu? –Clarice a olhou aterrorizada parando ao seu lado.
Sem lhe responder, Rachel pegou Eros no colo e levou a menina pra fora.
Seus pais surgiram no corredor, os rostos branco de preocupação. A mãe chegou primeiro e tateou o rosto dela. Já o pai foi em direção porta do quarto e assistiu as chamas acabando com tudo.
–O que pode ter causado...
–Rachel, o que você fez? –O pai a olhou furioso. Ao contrário de Shelby ele já a presumiu como culpada.
–Essa é minha resposta a sua proposta –Rachel abraçou Eros no seu colo. Sabia que estava na hora de ir, mas não conseguia deixar de saborear a expressão transtornada do pai vendo tudo queimar. Cada canto que ele planejou pensando que ela gostaria, sua amada gaiola dourada. –Você nunca mais vai me usar em seus planos, e eu nunca mais serei presa nessa casa.
–Suas ações terão consequências! –Vociferou o homem chegando tão perto dela que Rachel sentiu o seu tremor. De ódio, da mais pura ira.
A fez lembrar de Quinn por um momento. E a memória da esposa a fez erguer o queixo com orgulho e não demonstrar nenhum medo ao pai.
–Tente e eu mostro suas declarações nojentas que fez a mim hoje. –Ela viu o espanto em seus olhos castanhos, os olhos que ela herdou. –Sim, papai, aprendi com você como conseguir garantias dos acordos que me são oferecidos. Quem vai exigir sua cabeça primeiro: os Fabrays ou o conselho? Imagine a revolta das pessoas. Você nunca mais poria os pés pra fora desse lugar. Se vier atrás de mim, ou da minha esposa, o mundo saberá que Hiram Berry negocia as mulheres de sua família. Até você sabe que quando se trata de uma polemica desse nível empresa alguma sobrevive.
Shelby olhava a filha com o mais completo horror. Não reconhecia a sua garotinha naquela mulher que enfrentava o pai daquela maneira.
–Espero que um dia tenha coragem de ver que nem mesmo a joia mais cara do mundo compensa uma vida ao lado de alguém como ele –Rachel apertou os dedos da mãe e depois deixou um beijo longo –Me procure e eu te ajudo a se libertar.
–Anda pirralha, pega suas coisas. Vou te deixar em casa –O olhar de Rachel foi de alguém que não estava disposta a discussões.
Clarice o compreendeu perfeitamente e correu para o seu quarto.
Rachel desceu as escadas sem se preocupar com os pais. Provavelmente chamaram os bombeiros ou recuperavam seus itens de valores.
Isso não a importava.
Não esperava que o pai tivesse a seguido. E pegando-a pelo braço virou em direção dele.
–Sua ingrata! –O tapa no rosto de Rachel estralou pela sala.
Eros latiu violentamente nos braços dela. E Rachel o segurou mais forte pra que ele não se soltasse. O rosto ardeu como brasa.
–Hiram, pare com isso! –Shelby se colocando entre os dois.
–Eu sempre odiei você –A voz dela vinha de um lugar que escondeu por vinte cinco anos, carregada com dor. Transmitia cada sentimento enquanto olhava pra ele –Por trair minha mãe, por não se importar com nossos sentimentos. Por colocar seu ego acima de tudo! Agora quando brincou com meu trabalho, meu sonho, eu nunca te odiei tanto. Achou mesmo que eu perdoaria algo assim? –Rachel soltou um barulho de indignação. –Eu te perdoei a vida toda por ser um pai terrível, por me vender como sua propriedade e teria te perdoado por pagar meu namorado pra contar os meus segredos. Mas eu jamais perdoaria alguém que joga fora sonho de dezenas de crianças por ser um maldito mesquinho!
Antes de Hiram agir Karofsky surgiu atrás dela, pronto para colocar-se em sua frente.
–Karofsky, leve Clarice até o carro –mandou quando a menina desceu as escadas com sua mala. –Leve Eros, por favor.
O homem pegou o cachorro de suas mãos e a mala de Clarice. A prima nem mesmo olhou para os tios quando correu pra fora da mansão.
–Sei que não podemos negociar isso em contrato. Mas sempre selou um acordo com um aperto de mãos –Ainda afrontosa, Rachel ofereceu sua mão no ar –Deixará minha esposa e eu em paz a partir de agora?
–Sim –Hiram apertou a mão dela com frieza. Antes dela se afastar ele a puxou pra perto dele–Se arrependerá em escolher Quinn Fabray em vez de sua família.
–Não estou escolhendo ela. Estou escolhendo a mim –Ela soltou-se dele. –E sobre o casamento de Clarice será discutido com a família, como fizeram com o meu. Então acredito que nos veremos semana que vem.
Hiram desistiu do embate e foi atrás dos empregados para apagar o fogo no quarto de cima.
–Querida –Shelby tocou o rosto machucado da filha. –Eu...
–Eu também te amo, mamãe –Rachel beijou seu rosto, sentindo as lagrimas de Shelby em sua boca. –Pense no que eu te disse.
Deixando a mãe, e a mansão Berry pra trás, Rachel foi até seu carro na garagem.
Karofsky estava pronto para partir e Clarice estava encolhida no banco de trás, segurando Hiram em seu colo.
–Prima! –exclamou quando Rachel sentou ao seu lado.
–Para onde vamos, Sra. Rachel? –K questionou.
–Pra casa dos Puckermann –Rachel respondeu encostando a cabeça
Eros desceu do colo de Clarice e passou a lamber seus dedos, choramingando baixinho.
–Estou bem, meu querido– a morena acariciou suas orelhas, tentando acalmá-lo.
–Por que fez aquilo? –Clarice sussurrou.
–Porque ele merece –Rachel respondeu. –Seu irmão e você conversarão sobre tudo. Ele pode te explicar melhor o que aconteceu. E te preparar pra reunião sobre seu casamento com Henry Houbour.
–Meu casamento? Com aquele otário? –Graniu Charlotte apavorada –Não quero me casar com ele!
–Fique calma. Você não vai –Rachel pegou seu celular e avisou Noah por mensagem que Clarice estava indo pra casa.
Depois pensou no destino dela. A mansão Fabray não era o local que ela queria estar. Não queria esperar no escuro a volta de Quinn pra que tudo fosse resolvido entre elas.
Então procurou o número da American Airlines e assim que a atendente perguntou seu pedido ela respondeu com toda a certeza do mundo.
–Uma passagem na primeira classe para New York partindo hoje.
(...)
A sala estava abarrotada de pessoas. Os acionistas, alguns investidores e Lauren.
Ela só estava ali para ser o apoio moral de Quinn. Como uma granada, Quinn explodiria a qualquer momento se aqueles velhos a pressionassem demais. Ainda não conseguiu descansar o suficiente e com o casamento conturbado piorava tudo.
Antes de ir até Quinn, Lauren viu Jesse preparando seus papeis e não resistiu em ir até ele.
Parou ao lado de Jesse e encarou o homem de cima a baixo.
–Já fez suas malas?
–Eu parto no voo da madrugada –o homem respondeu sem olha–la.
–Caramba, logo agora que eu estava acostumando de novo com sua cara de lontra –Lauren fingiu um suspiro.
–O que faz aqui? –Dessa vez Jesse a encarou, com seu famoso olhar de repulsa. –Você não tem serventia alguma pra Lux e só foi contratada porque sua amiga sente pena do seu trabalho medíocre.
–Eu deveria ficar ofendida? Você só está aqui porque o papai abriu mão do cargo e Quinn gosta de te humilhar –Ao contrário de Quinn, Lauren jamais cedeu a qualquer provocação do Jesse. O achava frustrado e vazio e dessas pessoas só conseguia dirigir o pensamento de pena.
Antes que Jesse respondesse Archie Abrams adentrou na sala e todos ficaram quieto. Aquele era o homem que finalmente daria alguma resposta depois de tanta busca.
Lauren foi até seu lugar, a direita de Quinn, e percebeu a tensão da amiga.
–Preparada pra saber a verdade?
–Preparada pra punir quem quer que seja e voltar logo pra minha esposa –Quinn resmungou crispando a boca.
Lauren segurou a risada. Quando é que a tonta da Fabray iria se tocar que estava de quatro por Rachel Berry?
–Boa noite a todos –Archie começou se posicionando do outro lado da mesa.
–Só pra esclarecermos, o dossiê que Archie irá nos entregar não foi examinado por mim –Quinn comentou em voz alta pra todos os velhos carrancudos que não gostavam do amigo dela cuidando da situação.
–É verdade –Archie engoliu seco. –E por isso peço que todos mantenham calma depois do esclarecimento da situação.
Archie começou um monologo chato sobre como ele chegou ao resultado, e que não conseguiram localizar o responsável pela invasão. Que tudo que teve acesso foi seu endereço na rede.
–Então o que você encontrou? –Jesse perguntou.
–Encontrei o rastro de pagamento feito pelo endereço do hacker –Archie explicou. –Em casos como esse o hacker precisa de alguém de dentro pra facilitar a invasão. Essa pessoa cedendo os acessos é recompensada logo depois. E com essa recompensa conseguimos saber quem foi o traidor.
–Archie, desembucha! Em qual conta? –Quinn questionou impaciente.
Archie lhe deu um olhar de lamentação e isso fez Lauren desconfiar. Aquilo não podia ser uma coisa boa. Quinn provavelmente conhecia a pessoa.
Então Lauren ficou preparada para qualquer explosão que viesse da amiga.
Por fim, Archie finalmente revelou:
–Na conta do Instituto Berry.
Autor(a): blacksweetheart
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Disse que não estamos namorando Somos apenas estranhas Com a mesma maldita vontade De ser tocada, de ser amada, de sentir qualquer coisa Quinn não escondia a satisfação de assinar o documento que finalmente a declarava CEO da Lux. Ela sabia que o pai não a queria como líder, assim como seu conselho de patriarcas que ai ...
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