Fanfics Brasil - Tudo entre nós Até que o Amor nos Separe (Faberry)

Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee


Capítulo: Tudo entre nós

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O fogo em chamas normalmente nos mataria


Mas com todo esse desejo, juntos, somos vencedores


Eles dizem que estamos fora de controle e alguns dizem que somos pecadores


Mas não os deixe estragar nossos belos ritmos


Porque quando você me desdobra e diz que me ama


E olha nos meus olhos


Você é a perfeição, minha única direção


É fogo em chamas


Rachel não teve tempo nem mesmo de se trocar quando chegou a sede da Lux.


Olhou para o prédio monumental e ajeitou Eros em seus braços. Uma vez leu que era a sétima fachada mais bela do país. Era evidente que não pouparam gastos ao construí-lo e por um momento permitiu-se admirar a beleza que o dinheiro conseguia comprar. O dinheiro da sua esposa. Dinheiro também usado para Quinn arrumar um jeito de controlar sua vida.


Rachel respirou fundo. Não queria deixar todas as emoções dominá-la, ou então seria até mais descontrolada do que Quinn.


O voo durou a noite toda, portanto seu humor não era dos melhores. Quinn merecia todo seu mal humor, já Kurt não. Foi com esse pensamento que atravessou as portas de vidro e adentrou ao local.


Pessoas seguiam para todos os lados, alguns apressados, mas outros a olhavam com estranheza. Certamente já a reconhecendo como esposa da chefe deles. No entanto não se preocupou com ninguém, e foi até o elevador sem precisar de ajuda.


Quinn explicou uma vez que suas salas sempre eram na cobertura, e que não abria mão desse luxo. Quando o elevador parou no último andar Rachel foi recepcionada por uma mulher ruiva e baixinha.


–Sra. Fa-fabray –gaguejou aquela que provavelmente era Barbara, a assistente de Quinn –A Sra. Fabray, quero dizer sua esposa, não está no momento.


–Eu vou esperá-la –Rachel não precisava de autorização pra esperar sua esposa na sala dela.


–Espere, não pode entrar com um cachorro na sala dela! –A assistente bloqueou Rachel com o corpo –Ele pode estragar o tapete.


–Tudo bem, então você o vigie por enquanto –Rachel ofereceu Eros a mulher, que o pegou desajeitadamente.


–Mas,mas...


–Você é quase tão irritante quanto a Sugar original –Rachel resmungou enquanto seguia até a sala.


–Por favor, Sra...


O chamado da mulher ficou pra trás quando Rachel abriu a porta e entrou na sala de Quinn.


Transparência, um design minimalista e alguém na cadeira da presidência que, para a surpresa de Rachel, não era sua esposa.


–Jesse, o que faz aqui?


(...)


–O que fazem aqui? Quem chamou vocês? –Foi assim que Quinn recepcionou seu pai e sua irmã quando os encontrou na sala de reuniões da ala oeste.


Quando Barbara contou sobre a “visita” deles a manhã, que já começou péssima com a presença de Jesse St. James em sua sala, piorou de forma grandiosa.


–Isso não importa, tenho contato no conselho. Eu fui o dono muito antes de você nascer –Russel usou seu melhor tom arrogante.


Tom que Quinn herdou pra infelicidade dele.


–Nós viemos pra te ajudar –Frannie disse de forma branda –Esse pode ser um assunto delicado pra tratar sozinha.


–Ele veio pra me criticar e você pra impedir que um pule no pescoço do outro –Quinn deduziu.


–Conheço muito bem a família que tenho –Frannie olhou de um pro outro –E vocês são mais parecidos do que admitem.


–Não devia ter deixado Theo e Cassandra pra cuidar dos meus problemas –Quinn odiava que Frannie ainda se sentisse responsável por ela. A irmã tinha uma família pra cuidar, não precisava perder tempo cuidando da bagunça da irmã mais nova.


–Não diz isso antes de escutar o que o nosso pai tem a dizer –Frannie alertou.


Quinn sentou-se e preparou para o pior.


(...)


–ISSO É RIDICULO!


O barulho estrondou por todo o andar.


Seu pai e sua irmã encanaram-na seriamente. Ela não sabia quem tinha o autor da delação ao pai, mas com certeza iria matá-lo assim que soubesse. Russel nunca interveio em nenhuma questão dês que assumiu o posto de CEO. Por mais que a questão fosse gigantesca e até mesmo Quinn tivesse dúvidas de como resolveria, nunca pediu ajuda do seu pai e não pediria agora.


Porém alguém fez questão de contar tudo a Russel e agora ele estava na sua frente com uma história mirabolante de que Quinn de certa maneira ajudou Rachel a roubar os projetos da Lux.


–Quinn, acalme–se –Frannie pediu com seu tom tranquilizador.


–Você está ouvindo o que ele disse? –Quinn questionou com indignação –Ele está me acusando de planejar roubar minha própria empresa com a minha mulher!


–Quinn, eu estou aqui o tempo todo. Não precisa repetir –Frannie rebateu com careta.


–Eu apenas disse as hipóteses que o conselho está levantando, Lucy – Russel explicou sendo mais calmo possível–Não acredito nenhum pouco que esteja envolvida em roubo. Mas é possível que Rachel...


–Não termine essa frase! –Quinn apontou em sua direção –Eu juro por Deus, pai, que nada vai me impedir de dar uns bons socos em você se continuar.


Já não bastava o conselho fervilhando por toda a empresa, sussurrando sobre Rachel e criando teorias da conspiração. Ter a família contra elas seria o fim.


–Então não há nenhuma chance de Rachel ser responsável pelo roubo? –Frannie insistiu.


–Não! –Se um olhar matasse Quinn teria cumprido duplo assassinato naquele momento.


–Eu precisava perguntar –Frannie ergueu os ombros. –Nos deixe a sós, papai.


Russel se retirou, consternado, porém entendia que sua presença não ajudaria Quinn a se acalmar. E como ambos são explosivos nada de bom resultaria em manter–se perto dela.


–Ele nunca confiou em mim –Quinn comentou assim que ele saiu da sala –Com certeza infiltrou alguém no conselho pra me delatar.


–Você tem problemas maiores pra enfrentar. Guarde um pouco esse seu daddy issues e vamos focar no problema –Frannie ignorou os delírios de Quinn, pois sabia que a irmã era bastante conspiratória quando estava nervosa.


–Preciso beber –Quinn se dirigiu até o carrinho de bebidas no canto da sala.


–Não! –Frannie pôs se a sua frente, agarrou o pulso da irmã antes que alcançasse a garrafa –Agora é o momento que precisa passar toda credibilidade do mundo. E pelo que Lauren contou você não tem andado muito estável.


–Lauren é a próxima a levar um soco se continuar me dedurando –Quinn soltou–se e foi até a janela, com vista pra toda bagunçada New York.


–Não se resolve nada na base da violência –Frannie voltou a sentar–se na cadeira. –Já falou com Rachel?


–Como você quer que eu diga isso? “Oi, esposa, Archie descobriu pra quem foi feito o pagamento do roubo dos projetos e olha que coincidência: foi pra você!” –Quinn bufou. –Não é uma conversa fácil e além disso não consigo falar com ela desde ontem à noite.


Tentou cinco vezes quando acordou naquela manhã. Ligou pra casa e Martha foi enfática em dizer que ambas Sras. Fabray ainda não retornou. Pensou em ligar pro instituto quando chegasse a empresa, mas foi pega de surpresa com a presença do pai e da irmã.


–Será um choque pra ela –Frannie mordeu o lábio inferior, enquanto pensava. –Quinn, e se foi o pai dela?


–Por quê? Hiram é quase tão rico quanto nós –Quinn franziu o cenho.


–Talvez por vingança. Não será o primeiro que conhecemos a machucar nossa família por vingança –Frannie comentou, referindo–se ao assassinato da mãe delas.


Aquele era um assunto tenso e que Quinn odiava trazer a tona. Mas estava disposta a discutir essa hipótese com a irmã, até que seu celular tocou.


Pegou o celular e revirou os olhos ao reconhecer o nome na tela.


–Falando em Berry –Quinn murmurou antes de atender. –Espero que esteja morrendo pra ter coragem de me ligar, Puckermann.


Pra sua infelicidade não, Fabray –Respondeu Puck. –Rachel estava na casa do meu tio ontem, com minha irmã...


–Sim, a adorável Clarice –Quinn sorriu um pouco ao lembrar da enerva irmã de Puck.


Sim, mas ela deixou Clarice em casa ontem e eu escutei algumas coisas estranhas.


–Que coisas?


Parece, se Clarice não estiver exagerando, que Rachel incendiou a casa do Hiram.


Quinn procurou uma cadeira para sentar–se, devido ao choque. Arregalou os olhos de tal maneira que Frannie inclinou-se pra frente, pronta para pegá-la caso desmaiasse.


–Ela o que?! –Repetiu aumentando a voz.


Pois é –Noah suspirou. –Espero que minha irmã esteja exagerando. Mas ela falou que Rachel ficou aborrecida com Hiram e ele... bem, é melhor que Rachel te conte.


–Então não me ligou só pra fazer fofoca.


Rachel não me atende e estou preocupado com ela. Deve ter acontecido algo bem fodido pra Rachel ter se chateado assim.


–Agradeço a preocupação com a minha esposa, Puckermann –Quinn não segurou o ciúmes na sua voz. Puck nunca foi próximo a Rachel antes, e de uns tempos pra cá tem sido próximo o suficiente para achar que Quinn não a merece. –Vou conversar com ela.


Peça pra ela me ligar.


–É claro que eu não farei isso! –Quinn desligou antes que o homem a aborrecesse mais.


Ligar pra ele, rá! Se visse Rachel a última coisa que lhe diria é pra ligar pro otario daquele primo maldito e traidor...


–O que foi? –Frannie quis saber.


–Se Hiram nos roubou é melhor usar o dinheiro pra redecorar a casa dele –Quinn não conseguiu conter o sorriso ao imaginar a esposa, que quase sempre era um posso de compreensão, ficar tão irada a ponto de literalmente tacar fogo em tudo.


–Por quê? –Frannie ergueu a sobrancelha.


–Porque a filha dele não gostou da decoração atual e resolveu queimar a porra toda.


(...)


Quinn acordou com Frannie que conversariam mais a respeito do possível culpado no jantar. Ainda era a diretora daquela empresa e tinha trabalho triplicado em meio aquele pandemônio que acontecia na Lux.


Pro seu desagrado foi forçada a deixar Jesse fazer a limpa em seu computador pessoal pra que o conselho sossegasse com a acusação de que ela estivesse envolvida.


Esperou ter demorado tempo o suficiente pro projeto de rato ter saído de sua sala.


Assim que saiu do elevador encontrou sua assistente com metade do corpo embaixo de sua mesa, e a bunda empinada para lua.


Se fosse antes Quinn sentiria–se muito tentada. Barbara até tinha uma bunda legal, mas não a animou nenhum pouco.


Oh céus, era realmente cadelinha de Rachel Berry!


–Barbara, pare de se esconder atrás da mesa e me diga se Jesse já saiu da minha sala –Quinn pediu cruzando os braços.


–Sra. Fabray, eu... –A mulher se arrastou pelo chão e em um salto pôs–se de pé, com a cara espantada por ser flagrada naquela posição.


Quinn nem se importou com a cara dela, porque focou no que segurava contra o peito.


–Eros? –Quinn murmurou já o retirando das mãos de Barbara.


O cachorro latiu alto quando a reconheceu, o brilho nos olhos e a calda abanando amoleceram a Fabray e qualquer vestígio de mau humor evaporou.


–Filho! Que saudade–Quinn enterrou seu rosto no pescoço peludo –Você estava com saudade também né. Meu garotão.


O cachorro cheirava–a com euforia, e soltava latidos baixos. O corpo então passou a tremer e Quinn já sabia bem o que vinha seguir. O afastou do seu corpo e não deu dois segundos até Eros começar a mijar.


–Ai Eros... –Quinn fez careta, apesar de não estar nenhum pouco aborrecida. Tinha sentido falta até mesmo daquele pequeno inconveniente que Eros proporcionava –O que meu cachorro está fazendo aqui?


–Sua esposa –Barbara apontou pra porta –Ela está te esperando.


Caramba. Rachel estava ali. E antes que pudesse ficar paralisada sua mente alertou que Jesse estava com ela. Devolveu Eros a Barbara e deu um beijo rápido em sua cabeça.


–Eu já volto, garotão.


Sem esperar mais nenhum segundo, abriu a porta em um rompante e adentrou a sala com urgência.


Encontrou Rachel já de pé, com os olhos fixos na porta. Provavelmente ouviu os latidos de Eros e iria verificar.


Quando finalmente as duas se olharam era impossível segurar a emoção avassaladora que as atingiu. Quinn reagiu primeiro, guiada pelo impulso, e praticamente correu até a esposa, prendendo–a em seus braços. Cheirou os cabelos de Rachel e tateou o corpo da mulher o máximo que podia. Queria convencer–se de que não era mais um dos sonhos malucos que teve em seus raros momentos de sono.


Ficou feliz quando entendeu que estava ali de verdade. Depois ficou enciumada por ter ficado de conversa de Jesse em vez de preocupá-la.


Mas tudo perdeu sentido quando percebeu que Rachel não retribuiu seu abraço.


Merda. Jesse já deve ter contado tudo pra ela.


–Não se preocupe, Rach –Quinn afastou–se um pouco para poder olhar nos olhos castanhos de sua esposa. –Eu não acredito nenhum pouco que você esteja envolvida nessa história. E eu vou cuidar pra que seu nome seja retirado disso.


–Do que está falando? –Rachel a encarou com preocupação genuína.


Quinn olhou rapidamente a Jesse, e o filho da mãe teve a coragem de soltar um riso baixo. O homem debochava dela.


Era difícil não perder a calma quando Jesse era um grande filho da puta!


–Jamais iria passar por cima da sua autoridade. Você ainda é minha chefe –Jesse explicou, erguendo os ombros.


–Do que estão falando? –Rachel se afastou ainda mais de Quinn.


–Espere, por que você está brava comigo? –Quinn rebateu, erguendo a sobrancelha.


–Precisamos conversar –Rachel não negou a pergunta. Olhou para Jesse e pediu –Em particular.


–Eu queria dar privacidade, minha querida Rachel, mas Quinn tem uma reunião neste momento com o conselho da empresa –Jesse olhou para seu telefone, e fez careta. –Ao que parece já estão cientes da presença de Rachel. Exigem a presença dela também.


–Puta que pariu –Quinn emitiu baixinho.


–Por que eu tenho que participar de uma reunião com o conselho da Lux? –Rachel alternou olhares entre Jesse e Quinn.


Ninguém se mostrou disposto a responder.


–Ótimo, vamos a maldita reunião! Quem sabe lá alguém me diz alguma coisa –Rachel pegou sua bolsa e saiu da sala.


Quinn voltou a correr atrás da esposa, era a segunda vez em menos de dez minutos, e um pouco do seu orgulho gritou para parar de ser tão patética. Mas o sentimento de preocupação não era fácil de controlar, principalmente quando jamais viu Rachel tão brava.


–É por aqui –Quinn tentou segurar o cotovelo da mulher para guiá-la e Rachel se soltou.


–Não toque em mim –Brandou em resposta.


–Rachel, seja lá o que eu fiz peço des...


–Não mesmo, Fabray –Rachel colocou um dedo nos lábios da loira. –Não venha com nenhuma desculpa até eu dizer tudo que quero.


–Tudo bem, tudo bem –Quinn sabia que a discussão com certeza se agravaria depois que Rachel participasse daquela reunião. Era inteligente adiar a discussão para pelo menos saber o que fez.


Voltaram a caminhar até a sala de reunião. Rachel seguia a esposa de uma distância segura. Quando finalmente chegaram à sala Quinn a puxou para um canto antes de entrarem.


–O que vão dizer lá poderá deixá-la abalada –Quinn usou seu tom de voz neutro. –Peço que, por favor, não se exalte.


–A estressadinha é você –Rachel rebateu e adentrou a sala de reuniões.


Os trezes conselhos já estavam aos seus postos, com duas cadeiras vagas na ponta da mesa.


Todos espantaram–se com a presença dela e Rachel engoliu seco. Quinn segurou em sua mão e naquele momento não teve forças pra lutar, estava preocupada demais com qual seria o conteúdo daquela reunião.


Quinn sentou–se na cadeira lateral. Rachel apertou sua mão levemente, era claramente um erro. Quinn jamais se sentaria em qualquer lugar que não fosse a frente, como a diretora da empresa. Em resposta Quinn devolveu o aperto, depois massageou a mão da esposa com um polegar. Uma mensagem para que Rachel se acalmasse, que a seguisse e confiasse nela.


E isso naquele momento Rachel não conseguia pensar em ninguém que desconfiasse mais que Quinn Fabray. Por isso soltou a mão da esposa bruscamente.


Um homem adentrou a sala de reunião um pouco depois delas, Rachel logo o reconheceu como seu sogro.


Rachel teria o cumprimentado com educação se o olhar gélido que o homem a encarou não a fizesse estremecer.


–Fez muito bem em chamar sua esposa para uma explicação, Quinn –elogiou Russel iniciando a reunião. Foi ele quem tomou a cadeira da presidência.


–Eu não chamei –Quinn respondeu. –E são vocês que precisam apresentar as provas de suas acusações.


–Acusações? –Rachel inclinou–se na direção de Quinn e falou em tom baixo. –Por que estou envolvida em acusações?


–Seu Instituto está –Respondeu Jesse. –O dinheiro dos projetos foi depositado na conta do Instituto Berry.


Rachel ficou paralisada. Todos os olhos na Berry, assistindo sua reação e preparando-se para julgá-la. Abriu e fechou a boca muitas vezes. Até que por fim procurou os olhos da única pessoa cuja o julgamento significava algo pra ela.


–Eu não, e-eu nunca –gaguejou ainda sem entender direito o que era tudo aquilo.


–Eu sei –Quinn segurou sua mão e entrelaçou seus dedos. –Nem por um segundo eu achei que estivesse envolvida nisso.


–Infelizmente não podemos contar apenas com a confiança cega de sua esposa –interrompeu William, um dos conselheiros mais importantes da Lux. –Será formalmente indiciada em dois dias.


–O que? Uma acusação? –Rachel ecoou tão desesperada quanto estava.


Uma acusação? Agora era uma criminosa? Jamais ultrapassou nem mesmo um sinal vermelho, como de repente ela seria acusada de um


–Fomos roubado, Rachel...–Jesse falou carinhosamente


–É Sra. Fabray –Quinn o interrompeu duramente. Ela queria mostrar que estava atenta a qualquer gracinha que o homem pudesse fazer.


–E a perda desses projetos nos custou muito dinheiro –Continuou Jesse, dessa vez bem menos afável –Precisamos esclarecer essa história. Principalmente envolvendo a esposa da diretora executiva.


–Agora sou acusada de roubar minha própria empresa? –Quinn olhou pro pai, descobrindo de onde surgiu a teoria que ela estava envolvida nisso.


O velho Russel ainda era influenciado pela opinião de terceiros, Quinn constatou.


–Ela certamente teve fácil acesso as nossas informações – Dalton acusou, levantando a voz.


–Ela mal foi na Lux! –Quinn defendeu no mesmo tom.


–Mas nunca levou documentos pra casa? Nunca deixou senhas disponibilizadas em seu computador? –Dalton continuou –Ou foi negligente com seu trabalho ou a ajudou ter acesso as informações e vende–la aos nossos concorrentes.


–Vai se foder! –Quinn não aguentou mais segurar a calma e ergueu–se da cadeira.


–Quinn –Russel censurou.


Que se dane, ela aguentou por cinco anos aqueles idiotas questionando cada passo que ela dava naquela empresa, sempre duvidando que era capaz. Isso nunca a abalou e fingiu o suficiente que se importava com seus “conselhos”. Agora acusar Rachel sem mesmo levantar uma investigação sobre o assunto, e principalmente, duvidar do comprometimento de Quinn para com aquela empresa era a gota d’agua.


–Quer que eu fique quieta quando esse homem está acusando a mim e a minha esposa?


–Se está tão nervosa, Quinn, pode ser que saiba que em algum momento errou –Edwards, um dos acionistas, soou ao fundo.


–Segure a sua língua, Edwards! Quer falar de erro? Que tal começar dizendo que a Lux não vê nenhum centavo seu a mais de um ano? –O homem ficou consternado após a acusação de Quinn e recuou imediatamente.


Ali estavam homens que nunca a ajudaram em nada para conquistar seu sonho ou manter aquela empresa de pé, mas se aproveitaram de cada benefício que o reconhecimento mundial trouxe a eles. E tudo por ela.


Mas além do sentimento de frustração havia também o de revolta ao ver o pai ser tão disposto a ficar do lado do conselho em vez do da própria filha.


–Eu ergui essa merda de empresa do lixo que você deixou –Quinn falou diretamente a Russel. –Ninguém queria investir nesse lixo porque a administração era péssima. Deixou que esses velhos aniquilassem a empresa da família e eu fiz mais milagres que Jesus pra nos tornar o que somos. Devia pensar mil vezes antes de sequer suspeitar que eu roubaria o império que construí praticamente sozinha.


Russel ficou em silencio, pois, as palavras da filha o abalaram.


Rachel lentamente acariciou o braço da esposa, sabendo que a raiva colérica de Quinn queria dominar seus sentidos e fazer alguma estupidez.


Funcionava aos poucos e Quinn sorriu discretamente a esposa.


–Isso não exime as provas, Quinn –Pierce interveio, querendo retomar ao assunto do roubo.


–Quer saber, eu devolvo. Eu pego todo esse dinheiro e devolvo sem nenhum centavo faltando –Rachel comentou querendo que tudo aquilo terminasse da melhor forma.


–Essa não é a questão, Sra. Fabray –Pierce a encarou com frieza –A segurança desta companhia foi comprometida e não podemos aceitar que esta situação se repita.


–Mas um processo público denigriria a imagem do meu instituto –Rachel o encarou da mesma forma.


–E mesmo que tudo não passe de um engano... –Jesse comentou.


–É um engano! –Rachel exclamou.


–Serão relacionados a roubo, e duvido que qualquer pai confie em deixar sua criança em um instituto com tal histórico.


–Não finja que se importe –Quinn revirou os olhos com a fala dele. Era a mesma falta empatia que ele utilizava pra fazer todos acreditarem que ele jamais seria capaz de bater em alguém. –Você só quer ferrar a gente.


–Minha aversão a você não envolve Rachel –Jesse depois disse diretamente pra Rachel –Confio em você.


–Obrigada –Rachel o olhou com gratidão genuína.


E isso enlouqueceu Quinn. Imediatamente soltou a mão da esposa, e cruzou os braços firmemente caso ficasse tentada a demonstrar apoio novamente. Que ela o encontrasse em Jesse.


Mas a cabeça de Rachel estava longe demais para reparar no ciúme de Quinn. Listava silenciosamente tudo que teria que fazer, como protegeria seu instituto.


–Preciso de um advogado –Rachel disse em tom baixo.


–Santana cuidará de tudo –Quinn garantiu.


–Chamarei o meu advogado –A forma dura que Rachel a encarou estremeceu Quinn.


Chega. Quinn lidaria com Rachel naquele instante.


–Decidam o que quiserem, mas ainda sou a diretora dessa bagunça. Então quero todos fora –Quinn levantou-se e apontou pra porta –Incluindo o ilustre Sr. Fabray.


Os homens procuraram a reação do pai de Quinn, o que só a irritou ainda mais. Sequer foi destituída oficialmente e todos já agem como se Russel fosse o líder. Mas silenciosamente Russel apenas levantou-se e saiu, com todos os outros em seu descalço.


Quinn pegou o celular do bolso e ligou no ramal de Barbara. Ela atendeu no segundo toque, com alguns latidos ao fundo.


–Diga a Archie Abrams para me encontrar na Sala de Reunião dois. E depois leve Eros para passear, ele deve sentir–se entediado –Quinn já sabia o que cada latido significava.


Barbara respondeu positivamente e desligou o contato. Quinn voltou sua atenção a Rachel, que tinha o olhar distante pra janela.


–Nós não temos nenhuma semana de paz, né? –Quinn voltou ao seu lugar ao lado da esposa.


–Primeiro a história com o colar, machucar Eros e agora isso–Rachel afundou o rosto entre os dedos –O que eu fiz? Por quê?


–Você não fez nada, meu amor –Quinn passou a alisar suas costas.


–Eu fiz sim –Rachel ergueu o rosto para encará-la –Preciso te contar sobre meu pai...


Antes de Rachel continuar, Archie adentrou, com o semblante cabisbaixo.


–Mandou me chamar?


–Archie, meu traidor favorito –Quinn sorriu com falsidade para o amigo.


–Quinn, eu assinei um contrato de confidencialidade –explicou mais uma vez.


–Poupe–nos de suas desculpas –Quinn ergueu a mão –Conte tudo que descobriu a Rachel.


(...)


–O ideal é não mexer naquele dinheiro –Archie comentou depois de passar a explicação por completa.


–Eu não quero um tostão disso –Rachel se ofendeu pelo homem cogitar que ela faria algo com aquele dinheiro sujo –Mas preciso avisar Kurt. Não sabemos quem é o doador se ele escolher a opção anônimo. O dinheiro vai pra conta conjunta e temos débitos automáticos.


Ela teria que bloquear a saída de caixa do instituto e com certeza isso traria uma dor de cabeça a Tina. Rachel estava ficando cansada de encarar tantos problemas.


–Tem outro problema –Archie olhou com receio pra Quinn, pois sabia que certamente se alteraria –O conselho aprovou uma resolução hoje de manhã: o valor que é transferido mensalmente ao instituto será bloqueado.


–O que? –Quinn exclamou entredentes.


–Você cuida das aprovações, mas quando há um risco que o CEO deliberadamente ignora...


–O conselho intervém –Quinn completou. Respirou fundo, enquanto tentava segurar toda a raiva. Nunca antes se conteve tanto pra lidar com seus sentimentos raivosos, deveria ganhar um premio. Virou–se pra esposa e disse com toda a calma que conseguia –Rachel, eu posso continuar com as doações do meu fundo.


–Não –Rachel prontamente negou com a cabeça.


–Não me fará falta.


–Não, mas só nos trará mais problemas –Ela se manteve impassível. –Eu disse dês do começo: não quero um tostão seu.


–Agora é diferente... –Quinn tentou argumentar.


–Chega, Quinn –Rachel levantou-se, em seus olhos não restava nenhuma dúvida quanto a decisão de negar o auxilio de Quinn. –Tenho que falar com Kurt.


Com isso a esposa se retirou, e Quinn passou a observar a porta, com um sentimento ruim invadindo o peito. O pressentimento de que o casamento delas não voltaria a ser o mesmo depois de começariam a enfrentar.


–Arrume um jeito de esclarecer que Rachel não está envolvida nisso, Archie –Quinn alertou voltando a atenção ao amigo, e seus olhos deixavam claro que aquele não era um pedido simples.


–Ou o que? –Archie quis saber.


–Não tem “o que”, Archie. Você vai me ajudar minha esposa, porque se optar pelo contrário eu não terei problema algum em acabar com você –Quinn levantou-se –E como meu amigo sabe muito bem do que sou capaz de fazer quando não tenho nada a perder.


–Esse é o problema, Quinn –Archie rebateu, preparando–se pra sair. –Agora você tem a quem perder, e isso é o que pode te destruir.


Quinn o deixou partir, esperando que Archie não resolvesse desafiá-la.


E sabendo que ele nunca esteve tão certo sobre ela.


(...)


Rachel retornou à sala de reunião depois de conversar com Kurt, e viu que Quinn a esperava.


–O que ele disse? –Quinn quis saber.


–Que suspeitou assim que o dinheiro apareceu na conta –Rachel sentou-se ao lado dela. –E ficou preocupado. Bem preocupado.


–Archie irá provar que não foi você –Quinn transmitiu certeza.


–A única certeza que este casamento me dava é que o instituto ficaria a salvo –Rachel deixou escapar. –E agora nem isso me restou. Eu vou perder a única razão pra manter esse contrato.


–Só está casada comigo pelo instituto? –Quinn escondeu o quanto aquela frase a feriu. Não considerava mais o casamento delas como um contrato. Então por que Rachel se referia assim?


–Uma semana atrás não era –Rachel enfim conseguiu encará-la, e deixou Quinn ver a mágoa em seus olhos –Duas semanas atrás eu acreditava que você era a única pessoa que me entendia no mundo. Com quem eu me abri e senti que era a coisa certa. Por quem eu sentia... –Rachel engoliu seco. –Não importa. Foi tudo uma mentira.


–Não foi mentira, não é mentira! –Quinn soou desesperada, pois era exatamente assim que sentia. –Para de falar em nós no passado...


–Você comprou o Finn! –Rachel levantou-se e se afastou de Quinn enquanto sacudia as mãos no ar. –Você ameaçou minha família! E como se não fosse mentiras o bastante, tem mentido por todos esses meses. E ainda tem a cláusula 38.


Quinn disfarçou bem quando mentiu para o conselho sobre ter estourado o teto de gastos no primeiro semestre como CEO. Ninguém desconfiou do seu erro, Quinn disfarçou ainda melhor quando viu Mercedes depois do rompimento delas e todos esperavam que ela parecesse uma desiquilibrada de coração partido.


Mas naquele momento, com sua esposa sabendo dos segredos que ela criou referente ao casamento delas, Quinn não disfarçou o quanto estava surpresa.


–Eu sei o quanto está magoada... –Quinn tentou se aproximar de Rachel.


–Não, não sabe –Rachel se afastou –Depois do meu pai ter me manipulado a vida toda, de Finn ter vendido meus segredos eu esperava que ao menos você fosse sincera. Afinal eu já sou obrigada a estar com você, por que encobriria qualquer coisa pra me prender? Parece que eu estava enganada.


–Não foi pra prendê-la!


–Por que pagou Finn pra ficar distante de mim? Por que não me contou sobre a Cláusula?


–Não confio em mim mesma, Rachel! –Quinn berrou com um desespero cego. –Eu não sou o suficiente pra você, nunca fui! Sou uma pessoa horrível, te forcei a este casamento, comprei Finn, escondi sobre uma Cláusula que te libertava deste casamento e isso é só a ponta do iceberg das coisas terríveis que já fiz! Eu só queria te fazer ficar comigo. Eu só queria ter a certeza de que nada te impediria de escolher continuar estar casada comigo.


–Eu deveria te odiar –Rachel a encarou com raiva –Eu deveria te odiar e dizer que você é realmente uma pessoa horrível. Mas estas mentiras são as que você criou pra si mesma. Nunca pensei nada disso, nunca achei que não me merecia. Eu te via como uma egoísta, sim, e em alguns aspectos parecida com meu pai, no entanto eu vi uma pessoa gentil que me ajudou em situações horríveis, alguém que se esforçou pra deixar sua casa confortável pra mim e que apoiava meus sonhos. Eu acreditei em você e ainda sim mentiu pra mim o tempo todo!


Aquele era o fim. Quinn enxergava isso. E agora entendeu o motivo de Rachel ter ido a New York e não poder esperar em casa para confrontá-la sobre tudo.


O segredo enfim as destruiu, e Rachel iria deixá-la.


Quinn se pôs de joelhos e não teve orgulho que a fizesse levantar. Desculpas já não seriam o suficiente, promessas seriam como jogar palavras ao vento. Nada faria Rachel entender que Quinn precisava tê-la em sua vida.


Então tudo que restou a Quinn Fabray foi implorar para que sua esposa não a deixasse.


–Por favor, não me deixe –Quinn chorou enquanto segurava as pernas de Rachel –Tudo que eu faço é porque eu tenho medo de perder você.


Rachel ficou sem fala.


Ela deveria ir. Um casamento sem amor, sem confiança era seu pesadelo dês do início. Ter Quinn manipulando–a por suas costas, tal como Hiram. Ambos eram egoístas e não mereciam que ela continuasse os apoiando.


A diferença era que Hiram jamais imploraria a ninguém pra ficar. Jamais se colocaria de joelhos por quem quer fosse.


E Quinn estava ali, agarrando-a como se fosse seu bem mais precioso, defendendo–a de quem quer fosse.


Ela deveria ir... Mas não conseguia.


E por fim entendeu que estava apaixonada por Quinn e que não podia mais escapar disso. 


 



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Autor(a): blacksweetheart

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