Fanfic: Até que o Amor nos Separe (Faberry) | Tema: Glee
Parece uma garota, mas é uma chama
Tão brilhante que pode queimar seus olhos
Melhor olhar para o outro lado
Pode tentar, mas nunca esquecerá seu nome
Ela está no topo do mundo
Rachel cruzou os braços, emburrada. Ela não gostava de Santana.
Aos sete anos Rachel já sabia definir qual pessoa era legal, e qual era chata. E sua prima Santana definitivamente estava no grupo das chatas. Na verdade, deveria ser a rainha delas.
Santana tinha cabelos longos, cheios, sempre dignos de serem elogiados por todos. Enquanto Rachel tinha um emaranhado de fios ralos e castanhos. Sem graça comparados ao da "Linda Santana".
Era um saco que agora os pais tivessem a deixado naquele parquinho para brincar com a prima.
Olhou para trás e viu sua baba, Caroline, conversando com a baba de Santana. Nem mesmo puderam levar Finn – filho de Caroline – para fazer companhia a Rachel. O pai e o tio queriam que Rachel começasse uma amizade com Santana e agora a forçaram estar ali com aquela garota insuportável.
Rachel, vendo que não teria escolha, foi até o escorregador que a prima estava sentada. Santana, que era duas vezes mais velha que Rachel, subia e descia no brinquedo com destreza. Enquanto Rachel só assistia, sem coragem de fazer o mesmo.
—Vem, Rach –chamou Santana. –É o brinquedo mais divertido daqui.
—É perigoso –comentou Rachel fazendo uma careta para a escada. –E ele é muito grande
—Você nunca vai se divertir se ficar em ai embaixo –Santana escorreu mais uma vez e voltou a subir sem nenhum medo. –E é muito mais legal quando a gente cai daqui de cima.
—Você não tem medo? –Rachel quis saber.
—Claro que tenho –Santana riu e balançou o cabelo contra o vento. –Mas se eu brinco, não ia saber que é divertido.
Santana desceu novamente. Porém dessa vez ela segurou a mão de Rachel e a guiou até o brinquedo.
—Eu não quero ir –choramingou Rachel.
—Para de ser mole! –Santana colocou a mão da prima do brinquedo e depois a segurou pela cintura. –Eu te ajudo a subir.
—Não me deixa cair, Sant –pediu com a voz de choro.
—Confia em mim, prima –A voz de Santana transbordava certeza. –Eu sei o que 'to fazendo.
E olhando nos olhos castanhos da prima, Rachel realmente confiou.
(...)
Rachel sabia que levaria uma surra.
Eram sete contra uma, uma conta obvia de que ela estava na desvantagem. Hiram Berry decidiu colocar Rachel em uma escola só para meninas, assim ela não correria o risco de se apaixonar por nenhum jovenzinho. Se Hiram soubesse que Rachel, com seus dezesseis anos, não precisava ir muito longe para se apaixonar já que tinha em casa Finn Hudson como namorado.
E ali, na escola de meninas, todas a odiavam. E naquele dia iria sentir o peso disso.
—Repete o que você disse lá dentro, sua vadia! –pediu Shery segurando Rachel pelo colarinho do uniforme.
—Eu–eu só disse que não entendia porque gastar tanto tempo com maquiagem... –Rachel mordeu os lábios com força.
—Porque não ia cobrir a feiura de nossas almas –repetiu Shery ficando ainda mais vermelha de raiva. –Você pensa que é quem?
—Uma Berry –respondeu uma voz no fundo. As meninas se dividiram para deixar a dona da voz passar.
Rachel revirou os olhos. Claro. A líder delas tinha que estar ali!
—Ela não está erra, Sherry –disse Santana empurrando a loira para longe de Rachel. –E se tocar mais uma vez na minha prima eu acabo com você.
—Essa esquisita é sua prima? –perguntou Shery com os olhos arregalados. –Mas você é...
—Me apresento como Lopez, mas sou uma Berry –Santana suspirou aborrecida. –E partir de hoje vocês não vão sequer olhar para Rachel, entenderam?
As garotas assentiram contra a vontade e se dissiparam.
—Vem –mandou Santana se direcionando a Rachel.
Rachel seguiu a prima até uma área afastada da escola. Santana sentou no gramado e quando Rachel ficou parada sem saber se deveria sentar–se a prima a puxou pelo braço.
—Continua uma medrosa né, Rach? –Santana tirou um cigarro da bota e o isqueiro da outra.
—Você não pode fumar! – Rachel olhou para trás com os olhos arregalados.
—Todos fumam aqui, até o cachorro da diretora –Santana riu ao olhara para a prima. –Bem, não todo mundo.
—Eu não vou te agradecer por ter me salvado da suas seguidoras –disse Rachel cruzando os braços. –Elas precisavam ouvir aquilo.
—E você, como sempre, não podia deixar de dar sua opinião sobre o assunto. –Santana fechou os olhos e sentiu a brisa batendo no rosto. –Você não está errada, Rach, mas tem que ser mais esperta sobre as brigas que vai comprar.
—Por que você usa Lopez em vez de Berry? –perguntou Rachel.
—Você também iria querer ser de outra família se tivesse escolha.
Santana estava certa. Um dos motivos do porque era tão odiada na escola era por causa de seu sobrenome, seu maldito sobrenome. Os pais das meninas já tinham tido algum problema com Hiram Berry, e refletiu esse ódio para as filhas, que descontavam em Rachel. Ela nunca conseguiria uma amiga ali, não enquanto tivesse o maldito nome para assombra–la. E ao contrário de Santana, ela não podia mais usar o sobrenome de solteiro da mãe para se esconder.
—Eu nunca vou conseguir amigos nessa escola –comentou Rachel em voz alta.
Santana lhe olhou com uma expressão triste. Desde a infância, Rachel e Santana não era muito próximas. Rachel era reclusa, brilhante, porém com um ego inflado pelo pai. Enquanto Santana era sociável, agitada, a alegria da festa e todos ao redor. Ali na escola não era diferente.
Mas algo que Rachel não esperava de Santana era que a prima dissesse:
—Vamos estudar em casa, então.
Rachel lhe olhou com os olhos arregalados.
—Como assim "nós"?
—Elas não vão me deixar em paz agora que sabem que eu sou uma Berry também –Santana ergueu os ombros. –Nós podemos estudar em casa e servir como companhia uma pra outra.
—Você quer fazer isso? –Rachel se preocupou. Não queria que Santana sentisse obrigação de fazer aquilo só porque eram primas.
—Não tenho escolha, não é Berry? –Santana segurou a mão da prima e deu um sorriso confiante. –Alguém sempre tem que te ensinar a se divertir.
Rachel sorriu. Santana, corajosa e confiante. Mas acima de tudo: leal a quem realmente gostava.
(...)
Rachel estava com as mãos suadas, olhando com ansiedade para a mesa onde toda a família estava reunida. Aquele era o encontro anual dos Berry, uma tradição que era quase uma tortura para Rachel e Santana.
E parecia que Santana estava disposta a tornar tudo ainda pior.
—Você tem certeza que vai fazer isso aqui? –perguntou Rachel com medo.
—Rachel, se eu não fizer meus pais vão continuar fingindo que nada aconteceu. Que o que eu disse não tem valor algum –Santana estava andando de um lado para o outro, com seus pensamentos fervilhando.
Ela tinha dito aos pais que era lésbica e que estava namorando com Britany Pierce, uma estudante de pedagogia. Isso fez Nicholas e Cinthia, pais de Santana, brigarem feio com ela. O problema estava sendo que depois dessa briga eles queriam arrumar um jeito de deixar isso em baixo do tapete e fingir que nada tinha acontecido. Que Santana ainda era a filha perfeita deles.
Mesmo que Rachel já estivesse noiva de mulher, a diferença entre as duas eram enormes. Quinn era milionária, e também era intersexual o que garantiria a geração futura. Eles não poderiam destilar sua homofobia ao compromisso de Rachel, não quando trazia tanto lucro a família. Outra coisa era Santana casar com uma pedagoga, alguém que os Berry considerava inferior.
—Mas é o aniversário da vovó. E se ela enfartar? Rachel olhou com preocupação para a idosa no centro da mesa.
—Aquela velha é mais saudável que nossos pais. Capaz de enterrar todos os Berrys e ainda continuar viva.
—Sant, eu não acho uma boa ideia...
—Rachel. Eu não vou viver com medo de quem eu sou, ou de quem eu amo –Santana segurou a prima pelos ombros –Essa família foi criada com ilusões e atuações de uma vida perfeita. A gente tem que mudar isso.
—Então estou do seu lado, prima. –Rachel deu um sorriso incentivador. –Faça o que quer fazer.
As duas voltaram de mãos unidas, e Santana esperou Rachel sentar no seu lugar habitual para depois roubar uma taça e um champanhe do centro da mesa e depois caminhou até se posicionar ao lado da avó.
—Olá, querida família –falou com o tom de voz jorrando sarcasmo. – Estamos aqui hoje para comemorar o centésimo aniversário da vovó Berry.
—Centésimo? –exclamou a avó com indignação. Ela tinha apenas sessenta.
—É que a senhora está bem fossilizada, sei que está viva desde os tempos dos dinossauros então nunca saberemos sua idade verdadeira – Rachel tapou a boca com a última parte. –Como eu ia dizendo, esse é o evento anual que reúne as piores pessoas no mesmo lugar, com exceção é claro, da minha prima favorita: Rachel.
Rachel sentiu os olhos do pai nela e isso a fez corar. Ele certamente estava repudiando a rebeldia de Santana naquele momento e questionaria se ela teve algum envolvimento.
Como se Rachel fosse capaz de influenciar Santana a fazer alguma coisa. Aquela mulher era uma força da natureza.
—Não existe família mais toxica e hipócrita nesse mundo igual a nossa. É tudo tão roteirizado que chega a ser patético –Santana deu um sorriso feroz. –Todos tem casos, e ainda sim saem com suas esposas troféus e querem fingir ao mundo que são perfeitos...
—Santana, pare –ordenou Hernandes, pai de Santana, erguendo–se da sua cadeira.
—Eu me recuso a continuar nessa farsa e de permitirem que vocês me tornem uma coisa que eu não sou –respondeu Santana erguendo o queixo com orgulho. –Eu sou Santana Lopez, lésbica e totalmente apaixonada por Brittany S. Pierce.
A mãe de Santana começou a chorar copiosamente na cadeira e o pai olhava para a filha com uma fúria contida. O resto da família estava em silencio sepulcral.
—E se isso me torna pior do que vocês nesta família então sou eu que não quero fazer 'parte dela –Santana sacou a rolha do champanhe e deixou o espumante cair no chão da sala antes de servi–se uma taça. –Então um brinde a isso, tenham uma boa e hipócrita vida!
Santana deixou a garrafa na mesa e caminhou gloriosamente para a saída, antes disso parou em Rachel e tocou seu rosto e disse:
—Você é melhor que eles. Nunca deixe que te convençam o contrário.
Rachel deu um sorriso orgulhoso e assentiu.
Depois, Santana estava livre para andar com a cabeça erguida, livre das pressões daquelas pessoas, livre para ser quem era.
Porque essa era Santana: uma garota em chamas contra o mundo. Ela não fugia de briga, não se escondia. Ela era corajosa para lidar com o mundo sozinha e valente para se defender dele.
Que a chama dela nunca se apagasse e que ela continuasse inspirando coragem onde quer que estivesse.
Autor(a): blacksweetheart
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E eu sentirei sua falta como uma criança sente de seu cobertorMas eu tenho que seguir adiante com a minha vidaChegou a hora de ser uma garota crescidaE garotas crescidas não choram —Um jardim! – Exclamou Camila empolgada. Rachel revirou os olhos, não deveria estar contato sobre a noite anterior para a pessoa mais r ...
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