Fanfics Brasil - Capítulo 1 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 1

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Às vezes a vida é boa. Algumas vezes é fácil. Raramente é perfeita.


Então eu estava muito ciente da sorte que tinha. Se alguém buscasse em um dicionário a definição da palavra “felicidade”, certamente encontraria o meu nome ali.


Tinha sido assim nos últimos dezoito meses.


E era assim que eu me sentia naquela manhã ao sair de casa, pouco depois de o sol raiar, para fazer uma entrega. O dia estava particularmente agradável, fresco, sobretudo levando-se em consideração que já era novembro. Ao que parecia, o verão de 1831 seria mais ameno que o anterior. Uma sexta-feira perfeita para uma corrida, ponderei. E o corcel negro sob mim concordava, pois abaixou a cabeçorra, pronto para disparar. Estreitei as guias a fim de detê-lo.


Christopher: Mais tarde, Storm - prometi, dando tapinhas gentis em seu pescoço.


Ele resfolegou de leve, como se dissesse: “Mas que chatice, Christopher”. Eu sabia exatamente como ele se sentia; a frustração por se conter, entediado por ter de ir mais devagar. Storm adorava disparar em retas tanto quanto eu, mas, com a égua atrelada a sua sela, seria muito imprudente. Então eu o mantive sob rédea curta durante todo o trajeto até a propriedade dos Bernardi. Os novos vizinhos tinham se mudado havia pouco, e o estábulo estava praticamente vazio. Esse era o motivo pelo qual eu estava ali. O senhor Bernardi tinha ouvido sobre os meus cavalos e dias antes fora visitar meu estábulo, abastecido com os melhores espécimes. Escolhera uma magnífica égua puro-sangue inglês de pelagem tordilha, que agora reluzia seus padrões de cinza depois de eu tê-la escovado antes de sair. Estrela era muito ágil e robusta, mas dócil como um gatinho.


Cheguei ao destino pouco antes do almoço. Tão logo emparelhei Storm e Estrela em frente ao casarão, a porta se abriu e o próprio senhor Bernardi surgiu sob o batente, sorrindo ao me ver. Começou a descer as escadas, parecendo ansioso, enquanto eu saltava do lombo de Storm.


Sr. Bernardi: Senhor Uckermann, que grata surpresa vê-lo aqui assim tão cedo. — Ele ajeitou a gravata, presa por um alfinete de pérola. Rendas despontavam das mangas de seu paletó de brocado. As calças curtas terminavam na altura dos joelhos, onde meias de seda branca começavam. Os sapatos de salto enfeitados por laços compunham uma imagem pouco máscula. Mas o que eu entendia de moda, afinal? — Eu esperava que viesse só depois do almoço — disse ele.


Christopher: Como sabe, ofereceremos um baile esta noite. — Mais um, resmunguei mentalmente, ao fazer um gesto de cortesia para cumprimentá-lo. — Temi ficar detido depois do almoço, por isso me adiantei. É uma bela propriedade, senhor Bernardi.


Ele colocou as mãos nos bolsos do colete, feito com o mesmo tecido do paletó, estufando o peito arredondado, admirando suas posses.


Sr. Bernardi: A melhor da região, estou certo.


Aquela não era a primeira vez que eu punha os pés naquelas terras. No entanto, já fazia tanto tempo que quase não me lembrava do lugar. Eu tinha pouco mais de oito anos de idade quando estivera ali, e as circunstâncias não foram nada agradáveis.


Na época, a propriedade pertencia à família Dornelles, e uma das mais temidas pragas entre os criadores de cavalos se abateu sobre o estábulo do senhor Vasco.


Tão logo se espalhou a notícia de que o mormo havia chegado à região, todos os criadores se puseram em alerta, inclusive meu pai. A doença, porém, alastrou-se ainda assim e dizimou quase todos os belos animais do senhor Dornelles. Os poucos que restaram foram sacrificados dias depois, pois o medo recaiu sobre a região com a triste notícia de que o cavalariço da família havia contraído a doença. Meu pai ajudou os vizinhos como pôde, tomando providências e disparando ordens de maneira quase militar, enquanto o senhor Vasco tentava acalmar os poucos empregados que permaneceram na fazenda. A maioria fugiu tão logo soube do contágio de mormo em um ser humano. O cavalariço não resistiu. Apesar do enorme prejuízo com a morte de animais, não houve outras vítimas humanas. Eu ainda me lembrava do cheiro pungente das carcaças em chamas, do fogo destruindo o estábulo e tudo o que se encontrava ali dentro, das labaredas erguendo suas línguas cor de laranja em direção ao céu. Tudo foi reduzido a cinzas em poucas horas. Os Dornelles, muito abalados pela tragédia, mudaram-se pouco depois, e desde então a grande casa branca de janelas azuis, rodeada pela larga varanda, estava fechada. Isso até o mês passado. Um novo estábulo foi construído às pressas, a casa recebeu os cuidados necessários para abrigar os novos moradores e, embora o jardim em frente às escadas precisasse da atenção de um bom jardineiro, o lugar estava novamente agradável.


Sr. Bernardi: Ah, aí está a minha égua. — Bernardi se aproximou de Estrela. — É tão bonita quanto eu me lembrava. Será tão mansa quanto o senhor diz?


Christopher: Garanto que jamais lhe trará qualquer problema. Eu mesmo a amansei.


Sr. Bernardi: Excelente! Vamos, meu rapaz. — Ele pousou a mão em meu ombro. — Vamos levá-la ao meu estábulo. Tenho trabalho esperando por esta belezinha.


Comecei a desfazer o nó do arreio preso à sela de Storm quando um alvoroço que parecia vir da lateral da casa me deteve.


Sr. Bernardi: Mas que diabos! — cuspiu Bernardi, afastando-se para ver o que estava acontecendo.


Eu o acompanhei, mas parei assim que contornamos a casa. Um pangaré tinha duas patas arriadas. Como estava atrelado à carroça, os tambores de leite que carregava colidiram, causando o rebuliço que eu ouvira instantes antes. O empregado havia descido da carroça e tentava a todo custo fazer o animal se levantar.


Eu duvidava que conseguisse. As condições daquele pangaré eram de dar pena.


A pelagem acastanhada estava rala e opaca em muitos pontos, as costelas proeminentes, havia feridas nos flancos e lombo, e eu apostaria minha vida que lhe faltava uma das ferraduras. A da pata traseira esquerda, pela maneira como ele coxeava.


Sr. Bernardi: Maldito animal dos infernos! — Bernardi se aproximou de seu empregado e lhe tomou o chicote. — Levante-se, seu monte de pulgas inútil! Levante-se! — E começou a açoitar o animal.


Christopher: Pare com isso! — gritei, me aproximando dele em duas passadas. — Ele está fraco. Não vê que assim vai matá-lo?


Sr. Bernardi: Não me servirá de muito mais, de toda maneira. Foi por isso que comprei aquela égua. Para executar as tarefas desta besta imprestável. Levante-se, diabos!


O chicote estalou mais uma vez, e o som do couro contra as costelas descarnadas do pangaré fez meu sangue ferver nas veias.


Christopher: Vejo uma besta aqui — cuspi entredentes. — Mas não o pobre animal que o senhor pretende matar a chibatadas. É assim que costuma tratar seus cavalos?


Sr. Bernardi: A maneira como conduzo minha propriedade ou meus cavalos não lhe diz respeito, senhor Uckermann. Sua função é trazer-me a égua, pegar seu dinheiro e ir embora sem se intrometer em meus assuntos. — Ele chicoteou o animal com ainda mais vigor, e, fraco como estava, o pangaré arriou de vez enquanto o homem esfolava seu lombo.


Foi a gota-d’água. Segurei o braço do “cavalheiro”, aquele que erguia o chicote sem dó. Gostaria que ele tivesse feito algo mais além de virar a cabeça e me encarar com desaforada indignação, pois assim eu teria uma desculpa para jogá-lo no chão, tomar-lhe o chicote e tratá-lo com a mesma cortesia que ele dispensara ao animal. Entretanto, covarde que era, apenas ficou ali, me olhando com desprezo.


Consegui me conter o suficiente para perguntar, com a mandíbula trincada:


Christopher: Quanto quer por ele?


Suas sobrancelhas arquearam-se em surpresa.


Christopher: Quanto quer por ele? — repeti, sem paciência.


Seu olhar reluziu e um sorriso desprezível esticou o rosto roliço.


Sr. Bernardi: Quer comprar este saco de pulgas, senhor Uckermann? Pois bem. — Ele me disse o valor. Era duas vezes o que eu pedira pela égua.


Eu o soltei com um safanão e peguei as moedas no bolso do paletó. As sobrancelhas do sujeito subiram tanto que quase tocaram a linha onde os cabelos ralos e finos começavam.


Ora, mas que inferno, eu mesmo não podia acreditar que pagaria tanto por um animal semimorto, que não teria nenhuma utilidade para mim. Meu estábulo era habitado por puros-sangues, altamente treinados e bem tratados do momento em que nasciam até a venda. O que eu faria com aquele pangaré esfolado, que me custaria o mesmo que dois bons andaluzes, eu não fazia ideia. Contudo, não havia como deixar aquela propriedade sabendo o que o “cavalheiro” pretendia fazer com ele.


Joguei o dinheiro ao senhor Bernardi sem muita cortesia e, sem perder tempo, comecei a desafivelar as tiras que prendiam o pangaré à carroça. O empregado, ao perceber que o negócio havia sido firmado, prontificou-se a me ajudar.


Examinei brevemente as feridas do animal enquanto o libertava. Algumas eram profundas, e eu não estava certo se cataplasmas fariam diferença. Como eu desconfiara, faltava-lhe uma das ferraduras. Outra estava se soltando e precisava ser substituída. Não era para menos que o animal mal se sustentasse sobre os cascos.


O bicho se aprumou um pouco assim que se viu livre do peso da carroça, resfolegando.


Christopher: Isso mesmo. Vamos sair daqui — eu disse a ele, correndo os dedos de seu focinho úmido até as orelhas pontudas para pegar o arreio e trazê-lo para a frente. O gesto o assustou, no entanto, e me perguntei a quanta crueldade ele havia sido submetido nas mãos daquele sujeito repugnante. Mais uma vez lutei contra o desejo de pegar o chicote e ensinar ao senhor Bernardi com quantas tranças se fazia um bom açoite.


************************************


 


Continua...



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Autor(a): delenavondy

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Guiei o pangaré — devagar, devido a seu estado — até a sela de Storm, onde substituí o cabresto por um pedaço de corda que eu levava no alforje. Prendi a corda ao redor de seu pescoço com alguma dificuldade, já que ele não parava de se agitar, e a outra ponta à sela de Storm. O senhor Bernardi me vigiava de ...



Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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