Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação

Christopher: Anahí, esse sujeito tem lhe feito a corte no último ano inteiro! Se tornou tão presente nesta casa que Madalena já o trata como um morador. E não preciso mencionar a troca de cartas que aconteceu nesse período, preciso?

Ela arfou.

Anahí: Dulce lhe contou sobre as cartas?

Bufei e olhei para ela.

Christopher: Não. Mas eu não sou tolo. Você esperava o mensageiro na janela todas as tardes, e depois se trancafiava em seu quarto por horas. Não foi difícil deduzir o motivo. E, se ele se deu ao trabalho de lhe escrever uma carta todo santo dia por tanto tempo, só posso supor que ele a ama.

Anahí: Conjecturas — Anahí rebateu, sacudindo a cabeça. Os delicados brincos de turquesa que ela sempre usava chisparam com o movimento. — Apenas conjecturas. E eu quero mais que isso, Christopher. Quero o que você e Dulce têm. O que o papai e a mamãe tiveram. E agora está tudo arruinado!

Engoli um grunhido de frustração. Moças na idade de Anahí tendiam a ser um tanto dramáticas, sobretudo no que se referia a assuntos do coração.

Christopher: Você é jovem demais para compreender os pequenos gestos.

Anahí: O que eu compreendo — seus punhos se fecharam ao lado do corpo, os olhos faiscaram de raiva — é que estou noiva de alguém que foi forçado a me propor casamento esta noite.

Pressionei a ponte do nariz.

Christopher: Eu não tive escolha, Anahí!

Anahí: Nem eu!

Christopher: Mas que inferno! — Cuspi, desejando socar alguma coisa.

Ela inspirou fundo, erguendo o queixo de maneira que a deixou tão parecida com nossa mãe.

Anahí: Concordo. Minha vida será um inferno de incertezas de agora em diante. Boa noite. — E se afastou, deixando-me sem ação e com o coração repleto de angústia.

**************************************

Na manhã seguinte, Dulce alimentava Maite quando cheguei à sala de jantar, pouco depois das nove. Minha esposa se precavera do ataque de comida usando um avental, então agora o tecido cinza que trazia sobre o vestido verde estava decorado por bolotas de mingau de aveia. Ela ergueu a cabeça assim que passei pela porta, um cacho dourado-escuro escorrendo por seu ombro, e então exibiu um sorriso repleto de segredos. Presumi que aquilo fosse sobre o que acontecera em nosso quarto na noite passada, e não pude deixar de sorrir de volta.

Inclinei-me sobre ela e Maite, beijando a testa de minha filha, depois a boca macia de Dulce.

Christopher: Bom dia, meu amor.

Dulce: Bom dia. Dormiu bem?

Christopher: Sim — menti. Se antes já tinha tido dificuldade em pregar os olhos, depois da conversa com Anahí dormir se tornara impossível. A última coisa que eu queria era que minha irmã estivesse infeliz. Mas, diabos, o que eu poderia ter feito além de lutar por sua honra? Tinha passado toda a madrugada tentando encontrar uma solução para ela, e tudo em que conseguira pensar fora falar com Alfonso e me assegurar de que seus sentimentos por ela eram verdadeiros e profundos. Caso não fossem... bem, eu não tinha ideia do que fazer. Além de socar Alfonso, naturalmente.

Madalena apareceu na porta, uma bandeja nas mãos.

Madalena: Aqui está, senhora Uckermann. Bolo de fubá bem quentinho como a senhora gosta. Bom dia, patrão.

Christopher: Bom dia, senhora Madalena.

Saí do caminho da mulher, que colocou a comida na mesa. O aroma de bolo recém-saído do forno fez minha barriga rosnar. Dulce ouviu e riu.

Dulce: Parece que não sou a única esfomeada hoje.

Christopher: Não é, não. Mas antes de comer tenho um assunto a resolver.

Dulce: Não pode esperar o café?

Christopher: Receio que não.

Maite terminara seu mingau e agora tentava pegar os cabelos da mãe com as mãos cobertas de meleca.

Christopher: Isso não é de comer — brinquei, empurrando os cabelos de Dulce para trás do ombro.

Minha esposa cortou uma fatia do bolo, testou a temperatura e então o colocou em um prato diante de Maite. Em poucos segundos o bolo se transformou em um amontoado de farelos em suas mãozinhas ansiosas. Ela bateu palmas, contente, uma chuva de migalhas flutuando pela sala de jantar.

Dulce me fitou, esperando...

Christopher: Devo falar com Anahí — expliquei.

Dulce: Mas ela ainda não acordou.

Madalena: Não mesmo, senhora Uckermann — intrometeu-se Madalena. — A senhorita Anahí ainda não saiu do quarto. Achei melhor deixá-la. Teve uma noite repleta de fortes emoções, pelo que eu soube.

Christopher: Muito mais do que devia — resmunguei, e em troca recebi um olhar zangado de Dulce.

Madalena: Mal posso acreditar que a menina Anahí está noiva! — prosseguiu Madalena. — Ainda outro dia eu a enrolava em cueiros! O tempo está passando rápido demais. Rápido demais! — Então pegou Maite e o prato de bolo esfarelado, para que Dulce pudesse se servir com segurança. — O senhor precisa encomendar o enxoval da menina, patrão. Um enxoval completo. Uma dama como a senhorita Anahí não merece nada menos que isso.

Christopher: Vou providenciar.

Dulce: Acho que a Madalena tem razão. — Dulce cortou um bom pedaço de bolo e, em vez de usar os talheres, partiu-o com os dedos, levando um pedaço à boca. Ela gemeu de contentamento. Então tirou outro naco e me esticou o braço. Eu me inclinei e abocanhei o que ela oferecia. Estava delicioso, como seu gemido prometera. — Devemos deixar a Anahí dormir até mais tarde. Ficar noiva pode ser uma coisa muito estressante. Ainda mais se vamos levá-la para fazer compras mais tarde. E agora, meu senhor Uckermann, pode se sentar e tomar o seu café.

Christopher: Eu adoraria, meu amor, mas há mais um assunto que preciso resolver antes de qualquer outra coisa.

Uma bacia com água. Uma bela e pesada pá. Uma pedra maciça e robusta. As possibilidades eram infinitas e eu não fazia ideia de qual delas funcionaria. Se funcionariam. Mas eu tinha de me livrar daquela maldita máquina antes que Dulce descobrisse sua existência. Se a coisa voltasse a zumbir, ela fatalmente reconheceria o ruído.

Dulce: Aconteceu alguma coisa, Christopher? — Ela me olhou com preocupação, a mão que levava o bolo à boca se detendo a meio caminho. Lutei para não deixar transparecer meu temor.

Christopher: Nada com que deva se preocupar.

Madalena: Olhe, minha querida. Um beija-flor! — Madalena disse a Maite, apontando para a janela. — Vamos olhar mais de perto?

Dulce: É algo grave, Christopher? — Dulce insistiu. — Posso ajudar?

Christopher: Eu realmente espero que não.

Ela mordeu o lábio inferior, o cenho encrespado. Se continuasse me olhando daquela maneira, logo perceberia que eu mentia. Eu queria Dulce perto daquela coisa tanto quanto queria colocar uma pistola na cabeça e apertar o gatilho.

Então, deliberadamente, fiz a única coisa que eu sabia que a deixava temporariamente distraída.

Eu a beijei.

Madalena: Ah, minha nossa! — sussurrou Madalena. — Acho melhor olharmos o beija-flor da cozinha.

Dulce riu em minha boca.

Dulce: Não precisa disso, Madalena. Ele já parou. Infelizmente — adicionou em voz baixa para que somente eu ouvisse. — Bem, vou dar banho na Maite agora, porque tem mais comida sobre ela do que dentro dela. Vou te esperar para tomar o café, Christopher.

Christopher: Não é necessário, meu amor. Não sei quanto tempo me tomará fazer esse serviço.

Dulce: Ainda assim, vou te esperar. Não gosto de comer sozinha.

Christopher: Então tentarei ser rápido. — Beijei sua testa.

**************************************