Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação

Dulce: Christopher, eu acho que Anahí fugiu de casa — repetiu Dulce, diante do meu silêncio estarrecido.

Dois dias antes, eu teria dito que minha esposa havia perdido o juízo, que Anahí nunca faria algo remotamente parecido com fugir de casa. Eu também teria apostado minha vida que ela jamais colocaria sua reputação em risco.

Madalena: Mas para onde a menina pode ter ido? — indagou a senhora Madalena, a preocupação estampada naquele franzir de sobrancelhas.

Se Anahí tinha fugido de casa, só havia um lugar onde pudesse ter buscado refúgio.

Dulce e eu nos entreolhamos.

Christopher e Dulce: Angelique — dissemos em uníssono.

Praguejei uma porção de impropérios, dando-me conta tarde demais do rubor no rosto de minha governanta.

Madalena: Vou pedir a Isaac para selar seu cavalo. — A senhora. Madalena se apressou em deixar o escritório.

Christopher: Não posso acreditar que minha irmã tenha fugido! — bufei. — E procurou abrigo justamente na casa de tia Ninel! Ela me disse ontem que pretendia levar Anahí para a propriedade quando o parto se aproximasse. Ela vai fazer um estardalhaço para impedir que eu traga minha irmã para casa.

Dulce: Calma. É só uma teoria, Christopher. Pensando melhor, não é muito a cara da Anahí sumir assim sem um bilhete sequer. Mesmo estando chateada com você, ela teria deixado algum recado para mim, não teria?

Eu já não estava certo. Por isso fui até o armário e, da prateleira mais alta, retirei a caixa de madeira que guardava o par de pistolas. Escolhi uma.

Dulce: Opa, peraí! — Dulce se colocou entre mim e o móvel. — O que vai fazer com essa pistola?

Coloquei a bala no cano e depois a pólvora, preparando-a.

Christopher: Se Anahí fugiu, eu a trarei para casa. Mas, se o caso for outro, preciso estar preparado, Dulce.

Dulce: Para de socar coisas nessa arma! Não vou deixar você sair de casa desse jeito!

Christopher: Não pretendo usá-la. — Acomodei a pistola nas costas, enroscando-a no cós da calça, e me preparei para sair.

Dulce: Ah, não. De jeito nenhum! Pode parar aí mesmo! — Dulce se plantou à minha frente, os braços prontos para me agarrar. Em outra situação, eu teria rido de sua valentia. — Você não vai sair desta casa sozinho tão puto da vida e armado!

Trinquei os dentes.

Christopher: Dulce...

Dulce: Não vou deixar, Christopher. Você até pode conseguir passar por mim, mas já vou avisando. Vou pegar meu faetonte e vou atrás de você feito louca. Você me fez prometer que ia devagar, mas sempre há exceções...

Ora, mas que inferno! Dulce já voava naquela carroça quando não tinha urgência. Eu podia muito bem imaginar o que ela faria se estivesse com pressa.

Deixei a cabeça pender para trás e mirei o teto.

Christopher: Maldição, Dulce!

Dulce: Eu sabia que você ia querer me levar com você. — E ficou na ponta dos pés para beijar meu queixo.

Atravessamos a casa instantes depois. Storm estava selado e pronto, à minha espera, na porta da cozinha. Ajudei Dulce a montar.

Dulce: O que pretende fazer? — Ela se segurou firme conforme eu subia. Storm não perdeu tempo e disparou imediatamente.

Christopher: Vou trazer Anahí para casa. — Passei um braço por sua cintura a fim de mantê-la segura.

Dulce: Tá. E se ela não quiser voltar?

Segurei as rédeas com força, até sentir os ossos dos dedos estalarem.

Christopher: Não sei, Dulce. Realmente não sei o que farei então.

Cutuquei as costelas de Storm, incitando-o a ir mais rápido. A propriedade de Sebastian ficava a pouco mais de meia hora da minha em condições normais.

Naquela manhã, percorremos o trajeto em um quarto de hora.

A casa não era muito diferente da minha, exceto pelo fato de que Ninel resolvera trocar todas as janelas por outras mais modernas, e agora o edifício se encontrava em reforma. Parei em frente à porta de entrada e ajudei Dulce a desmontar. Então subimos os poucos degraus, e não me dei o trabalho de esperar um empregado abrir a porta.

****: Por Deus... — reclamou o mordomo, saindo do caminho enquanto eu arrastava Dulce pelo pórtico. Ela tropeçava para me acompanhar.

A família toda estava na sala de estar. As paredes azuis como cobalto acentuavam o merlot dos estofados e o castanho da mobília francesa. Ninel se avultava sobre o bordado que Angelique executava no sofá maior, enquanto Sebastian lia o jornal em uma poltrona do outro lado da sala. Ele foi o primeiro a notar nossa chegada, dobrando o jornal e se pondo de pé.

Sebastian: Christopher, o que o traz aqui tão...

Christopher: Vim buscar minha irmã, Sebastian. Vá chamá-la — atalhei, impaciente.

Sua testa se franziu ao mesmo tempo em que sua esposa perguntou:

Sebastian: Anahí? Por que ela estaria aqui?

Ninel: Meu sobrinho — Ninel se levantou, alisando as saias com empáfia. — Não acha que devia ao menos nos cumprimentar adequadamente depois de invadir esta casa de maneira tão pouco civilizada?

Christopher: Desculpe-me pelos maus modos, senhora, mas estou um tanto sem paciência esta manhã. Vim buscar minha irmã. Sei que ela veio para cá.

A mulher se mostrou preocupada. Ah, diabos...

Ninel: Anahí não está aqui.

Dulce: Angelique — Dulce se sentou ao seu lado e pegou sua mão —, por favor, nos diga onde está a Anahí.

Angelique: Eu diria, querida Dulce, se soubesse. Mas não a vejo desde ontem. Decerto esperava pela visita de minha amiga. Imaginei que ela viria me contar sobre o noivado tão logo pudesse. Mas presumi que viria só depois do almoço.

Sebastian: Por que pensaram que ela estaria aqui assim tão cedo? — Sebastian quis saber. — Nem são dez horas.

Christopher: Porque... — comecei, sem saber como concluir — há uma chance de que Anahí tenha fugido.

Angelique: Perdão, como disse? — Angelique piscou repetidamente. — O que aconteceu com a senhorita Anahí?

Dulce: Ela... humm... não passou a noite em casa. — Dulce mordeu o lábio inferior, ficando de pé. — Então pensamos que... bom... ela tivesse vindo pra cá.

Ninel: Explique-se melhor, senhora Uckermann. — Ninel a pegou pelo braço. — Minha sobrinha está desaparecida desde ontem?

Dulce: É possível, mas não dá para ter certeza.

Estudei as feições da mulher. Ela parecia, de fato, preocupada com o que ouvia.

Christopher: Ninguém a viu desde a madrugada — eu disse a ela.

Ninel: Oh, céus... — A mulher balançou e eu tive de ampará-la. Com algum esforço, levei-a até o sofá. — Oh, não! Oh, que tragédia! Eu sabia que mais cedo ou mais tarde algo terrível acabaria acontecendo. Ah, aquela menina tola! — Então fixou os olhos subitamente faiscantes em Dulce. — A culpa é toda sua!

Dulce: Minha?

Ninel: Sim! Você encheu a cabeça de Anahí com essas ideias disparatadas de que as mulheres têm direitos iguais aos dos homens!

Minha esposa ergueu os ombros.

Dulce: Mas elas têm.

Ninel: Essa é a coisa mais estapafúrdia que já ouvi... — Tia Ninel se deteve, os olhos dardejando, a boca escancarada em uma exclamação muda. — Ah, Virgem Santíssima!

Dulce: O que foi? — Dulce se sentou ao lado dela. — A senhora sabe de alguma coisa, dona Ninel?

Minha tia olhou para ela. Surpreso, percebi que havia lágrimas em seus olhos.

Ninel: Não está claro, senhora Uckermann? Não percebe o que acabou de acontecer bem debaixo do seu nariz? Anahí fugiu!

Dulce revirou os olhos.

Dulce: Isso a gente já imaginava. Bom, então, se ela não veio pra cá, talvez tenha ido pra casa da Belinda — ela me disse, sem entender o real significado do que Ninel acabara de declarar.

Anahí tinha fugido?

Não fazia sentido. Alfonso havia pedido sua mão e eu dera o consentimento — ainda que forçado, é verdade. Por que fugiriam se tudo estava acertado?

A menos que...

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