Fanfics Brasil - Capítulo 2 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 2

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Guiei o pangaré — devagar, devido a seu estado — até a sela de Storm, onde substituí o cabresto por um pedaço de corda que eu levava no alforje. Prendi a corda ao redor de seu pescoço com alguma dificuldade, já que ele não parava de se agitar, e a outra ponta à sela de Storm. O senhor Bernardi me vigiava de perto, brincando com as moedas em sua palma.


Sr. Bernardi: Bem, posso dizer que estou muito satisfeito em negociar com o senhor. O que me pagou é o bastante para comprar esta égua e talvez ainda me sobre para mais uma...


Christopher: Certamente é o suficiente. Mas, sabe, senhor Bernardi... — Eu me aproximei dele. O sujeito deu um passo para trás, tropeçando naqueles ridículos sapatos de salto, os olhos arregalados como os de uma corça. — Não negocio com animais, apenas os vendo.


Ele piscou, atordoado.


Sr. Bernardi: Como disse?


Christopher: Estrela não está mais à venda. Na verdade, nenhum dos meus cavalos está disponível para o senhor.


Eu me dirigi para minha montaria e apoiei a ponta da bota no estribo, encaixando-me na sela com agilidade.


Bernardi permanecia no mesmo lugar, fitando-me com a boca escancarada.


Cutuquei os flancos de Storm com os calcanhares, mas o sujeito resolveu se mexer, apressando-se em minha direção e estupidamente levando a mão ao cabresto de Storm.


Sr. Bernardi: Espere um pouco, rapaz. E quanto a minha...


Storm não gostou que o homem o tocasse e empinou, as patas dianteiras se agitando com entusiasmo a pouco mais de um palmo da cara horrorizada de Bernardi. Agarrei-me ao arreio e comprimi as pernas em torno de seus flancos para não acabar caindo. Por sorte, os cavalos atrelados à sela se mantiveram imóveis, ou eu estaria em sérios apuros. Um gritinho muito embaraçoso escapou da garganta de Bernardi. Entendendo aquilo como um elogio, Storm resfolegou, exibindo-se um pouco mais. Naturalmente, o sujeito decidiu sair de seu caminho.


Encurtei as rédeas e fiz Storm se aquietar e voltar a andar.


Sr. Bernardi: Preciso desta maldita égua — o homem vociferou. — Quem vai puxar a carroça agora?


Christopher: Como o senhor mesmo apontou de maneira tão cortês ainda há pouco, isso não me diz respeito.


Ele tentou me acompanhar, escorregando na grama com seus sapatos delicados, o rosto adquirindo um tom escarlate.


Sr. Bernardi: Volte aqui com a minha égua!


Christopher: Tenha um bom dia, senhor Bernardi. — E obriguei Storm a manter o trote suave.


Sr. Bernardi: Volte aqui! — Ele girou o corpo na direção do empregado: — Não fique aí me olhando! Faça alguma coisa, idiota! Ele está levando meu cavalo embora!


****: Mas o senhor o vendeu! — A voz do rapaz parecia confusa.


Sr. Bernardi: Ah, cale a boca, maldito inútil. Eu procurarei a justiça! — gritou Bernardi, ainda mais alto. — Está ouvindo, senhor Uckermann? O senhor vai me pagar por essa afronta!


Eu gostaria que ele fizesse isso. Adoraria poder dizer diante de todos que espécie de homem era o senhor Bernardi. O juiz Guilhermino Carvalho, além de justo, era frequentador assíduo das casas de jogos da cidade, e seu apreço pelos cavalos era notório, tão grande quanto o que nutria por suas três amantes. Caso Bernardi recorresse mesmo à justiça — coisa de que eu duvidava, tendo testemunhado o grande covarde que ele era —, ninguém nas redondezas lhe venderia nem mesmo um jumento. De todo modo, eu teria de alertar todos os criadores das redondezas sobre seus hábitos de tortura para com os equinos. Não era muito, mas era o que eu podia fazer para impedir que outros animais fossem judiados. Bernardi que puxasse a própria carroça, se quisesse.


O sujeito continuou berrando até eu estar longe o bastante para que sua voz se tornasse apenas um zumbido irritante.


Mantive o ritmo lento durante todo o trajeto, mas volta e meia Storm e eu grunhíamos. Ele de frustração por ter tido de se conter, eu por... bem, pela mesma razão.


Fazia muito tempo que eu me habituara a voltar para casa o mais rápido que pudesse. Jamais gostei de me ausentar por muito tempo. Sobretudo desde a morte de meus pais, quando a tutela de minha irmã, Anahí, caíra em meu colo. Muita coisa havia mudado desde aquela época. Minha irmã já não era uma menina: estava completando dezessete anos naquela sexta-feira e podia muito bem lidar com minha ausência. Prova disso era a ansiedade que o baile que comemoraria seu aniversário lhe provocara. Ela estava nas nuvens, a expectativa reluzia em seus olhos, e eu tinha medo de analisar o motivo disso mais a fundo.


Entretanto, a inquietação e a impaciência que me dominavam agora não eram originadas pelo corre-corre de um baile nem mesmo pelo futuro incerto de minha irmã caçula. Minha frustração respondia por outro nome. O mesmo nome que também era responsável por todos os meus sorrisos. E também por todas as minhas dores de cabeça, acrescentei ao chegar aos limites de minhas terras e avistar ao longe o faetonte, seguido por um rastro de poeira denso feito um nevoeiro.


A causa disso?


A condução perigosamente acelerada e audaciosa de minha imprudente esposa.


Christopher: Maldição, Dulce. — E disparei a seu encontro, tão rápido quanto a carga que eu arrastava me permitiu. — Pelo amor de Deus, Dulce, vá mais devagar com essa coisa! — berrei por sobre o ruído produzido pelo impacto das rodas no chão de terra batida.


Dulce: Mas eu tô devagar! — ela gritou de volta. O sorriso em sua boca rosada me fez praguejar em português, inglês e alemão. Caso eu tivesse aprendido alguma outra língua, a teria usado também.


Minha vida podia ser definida em antes e depois de Dulce.


Antes de Dulce, tudo era pacato, previsível e monótono. Eu passava os dias cuidando do estábulo, das propriedades arrendadas e da educação de Anahí. O único assunto que me preocupava era minha irmã estar crescendo rápido demais, e já fazia algum tempo que eu tinha percebido que não era mais tão útil quanto costumava ser, que as dúvidas que rondavam sua cabeça não podiam ser decifradas por um irmão mais velho. Por isso eu cogitara me casar, a única opção que me parecia ideal. Eu já tinha vinte e um anos, idade suficiente para decidir o que fazer da vida. O com quem tinha sido o grande problema. Eu conhecia todas as jovens da redondeza, e nenhuma delas causava em mim mais do que uma educada admiração. Meu pai sempre dizia que, quando encontrasse a mulher que estava destinado a amar, eu saberia. Por muito tempo pensei que, pela primeira vez na vida, ele se enganara.


Então veio o depois, quando conheci Dulce. Bastou um olhar, apenas um olhar, para que eu perdesse o coração, o fôlego e também o raciocínio. Eu a amei desde o primeiro instante, mesmo que ainda não soubesse disso. E, sendo Dulce como é, entrou em minha vida feito uma carroça desgovernada, atropelando-me, fazendo-me entender coisas que antes eu não compreendia e me sentir tão feliz com isso que às vezes doía.


E doeu, de fato. Dilacerou-me a alma quando ela teve de partir. No entanto ela regressou, e desse dia em diante minha vida nunca mais foi a mesma. Dulce preencheu todas as lacunas, todos os hiatos que eu nem havia me dado conta de que estavam ali, apenas esperando que ela os reivindicasse. Ela me tornou completo, e ainda me deu o presente mais maravilhoso de todos: Maite, que, mesmo tão pequena, já dava mostras de uma personalidade muito semelhante à da mãe — o que era preocupante.


Desnecessário dizer que eu amava Dulce incondicionalmente. Não havia nada que eu não fizesse por ela. Não havia limites que eu não ultrapassasse para vê-la feliz. Até mesmo meus próprios limites. Prova disso era o maldito faetonte que ela conduzia de maneira alucinada.


Onde diabos eu estava com a cabeça quando comprei aquela coisa para ela?


Dulce era diferente, e eu sempre soube disso. Apenas mais tarde cheguei a saber que essa distinção não se devia ao gênio forte ou ao caráter decidido, mas ao fato de aquela garota ter nascido e vivido em um tempo completamente diferente do meu. Naturalmente, eu custara a acreditar que ela tinha vindo do futuro. Do ano 2010! Isso eram cento e oitenta anos à frente do meu tempo. E ela abandonara tudo por mim, por nós. Sua adaptação ao século em que eu vivia não tinha sido fácil, sobretudo porque ela precisava de certa liberdade para se sentir no controle de alguma coisa, e se locomover sozinha sempre fora um problema. Ela tinha dificuldade para aprender a montar, se acovardava sobre o lombo de qualquer cavalo, por mais dócil que ele fosse. Por isso eu havia comprado para ela aquele faetonte, leve, ágil e fácil de conduzir. O que eu não antecipara era que minha insensata esposa gostaria tanto do presente que mal poderia esperar até que eu lhe ensinasse os comandos para sair a toda velocidade, sem respeitar uma única maldita regra de segurança!


Ela continuou se aproximando rápido demais, os cabelos de uma rica cor de mel, quase ouro, ricocheteando em todas as direções. O prazer indisfarçável que aquilo lhe dava fazia seus olhos castanhos brilharem como topázios...


Ela acabaria se matando se não diminuísse a velocidade.


Christopher: As rédeas! Puxe as rédeas!


Dulce: Ah, é! Para, Lua. Para! — Ela puxou as guias de uma vez, quase me causando um ataque do coração. Os cascos da égua cinzenta derraparam na grama, e uma das rodas do faetonte perdeu o contato com o chão. Meu estômago embrulhou, o medo me deixou lívido. Eu estava longe demais, não conseguiria alcançá-la a tempo. Tudo o que pude fazer foi assistir, impotente, ao acidente que certamente mataria a mulher que eu amava.


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Autor(a): delenavondy

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O mundo congelou naquela fração de segundo. A freada brusca arrastou Lua para a frente, e o faetonte sacolejou de um lado a outro. A égua se agitou com o peso que ameaçava derrubá-la, e, graças a isso — ou a um milagre da divina providência —, a roda elevada bateu no chão com um forte impacto. Dulce: A ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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