Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
Storm abanou a cabeçorra, a crina negra se agitando, capturando e refletindo os raios de sol, como se discordasse de meu plano.
Christopher: E o que você sabe sobre mulheres grávidas? — Firmei a guia e, sem perder tempo, rumei para o leste da cidade, uma região não tão nobre, mas muito frequentada pelos mais abastados. Era ali que se encontrava todo tipo de distração masculina.
Naturalmente, eu nunca tinha ido além das casas de jogos, e mesmo assim a última vez em que pisei naquele bairro fora no período obscuro do desaparecimento de Dulce.
A vizinhança não era elegante, e era comum ver mulheres em roupas de baixo paradas em frente às janelas, uma oferta silenciosa que não carecia de explicações.
O estabelecimento da senhorita Anne Marie Lafayette, no entanto, era bastante discreto. Quase passava despercebido e por isso mesmo se tornara o favorito entre os cavalheiros. Meus colegas de faculdade sempre falavam do lugar como algo parecido com o paraíso. Sendo franco, em algumas poucas vezes quase cedi à tentação. É difícil manter a cabeça no lugar quando seu corpo de dezoito anos deseja o tipo de alívio que somente uma dama pode proporcionar. Muitos dos pais de meus colegas se vangloriavam por levar os filhos até a senhorita Lafayette para que ela lhes ensinasse a arte de fazer amor.
Eu estava curioso?
Sim, muito.
Excitado além do que a sanidade permitia?
Decididamente.
Ainda assim, nunca consegui me obrigar a entrar naquele bordel. Tinha a ver com precisar pagar para estar entre as coxas de uma mulher. Orgulho, talvez.
Fosse o que fosse, isso fazia a excitação evaporar.
E agora ali estava eu, um homem muito bem casado e satisfeito, prestes a ter um herdeiro, entrando pela primeira vez em um prostíbulo. Meu pai teria me arrancado as orelhas se pudesse me alcançar agora. Eu mesmo queria fazer isso.
Mas que se dane.
As necessidades de Dulce vinham em primeiro lugar.
Segurando a aldrava maciça de bronze, bati na porta e esperei. Um mordomo me recebeu sem fazer perguntas, sem qualquer olhar surpreso ou reprovador, e me conduziu até a grande sala principal. O perfume no ar era pesado, doce em excesso, e fez minha cabeça doer. Havia uns poucos cavalheiros na sala ao lado àquela hora do dia. Estavam distraídos em um jogo de cartas, bebericando uísque na companhia de meninas seminuas tão jovens quanto Anahí. Meu estômago embrulhou.
****: Ora, ora, que surpresa deliciosa! — disse Anne Marie Lafayette. Pequena e delicada, com cachos escuros e olhos amendoados, suas curvas voluptuosas faziam metade dos homens da alta sociedade perder a cabeça. Ela transpirava uma falsa inocência que a tornava irresistível para a maioria deles. Um olhar menos atento poderia deixar passar a informação de como ela realmente ganhava a vida. Naturalmente, não era recebida em muitos eventos sociais, mas estava sempre presente nos mais importantes. A ligação com o duque de Bragança lhe era muito conveniente.
Christopher: Senhorita Anne Marie. — Fiz uma mesura.
Ela retribuiu o cumprimento, um pequeno sorriso de deleite nos lábios. Uma das jovens do salão ao lado se levantou, mas Anne Marie ergueu um dedo e lhe lançou um olhar de advertência. Foi o que bastou para que a jovem voltasse a se sentar no colo de um homem com o dobro de sua idade.
Voltando-se para mim com um sorriso charmoso, Anne Marie disse:
Anne: Nunca imaginei que chegaria o dia em que eu veria um Uckermann em meu humilde estabelecimento. O que posso fazer por você neste dia tão feliz, meu caro senhor?
Um dos homens abandonou as cartas e esticou o pescoço em nossa direção. Ora, mas que inferno. Tudo o que eu não precisava agora era de que mexericos a meu respeito chegassem aos ouvidos de minha mulher grávida.
Christopher: Salvar-me, madame. Podemos conversar em particular?
O sorriso dela se ampliou.
Anne: Mas é claro, meu querido. Por que não vamos até a minha sala particular?
Christopher: Parece uma boa ideia.
Ela indicou o caminho e eu a segui sem olhar para os lados. Respirei aliviado quando passei pelas portas envidraçadas, cobertas por uma cortina de renda, e as fechei, satisfeito por estar longe de olhares curiosos. Virei-me e arqueei as sobrancelhas ao examinar a sala particular. Havia uma mesa e um armário em um canto, e pesadas cortinas vermelhas pendiam das janelas, não permitindo que a luz do sol tocasse os móveis ou seus ocupantes. No centro, um recamier forrado de cetim lilás era acompanhado por uma mesa redonda e baixa de jacarandá abastecida de lenços, tiras de couro, plumas e outros apetrechos.
Aquilo era um grilhão?
Diabos. Dulce me mataria. Ela realmente me mataria se soubesse onde eu estava agora.
Anne: Por que não se senta, senhor Uckermann? — ofereceu Anne Marie, apontando para o recamier. — Posso lhe servir uma bebida?
Christopher: Agradeço, mas não posso me demorar, madame.
Anne: Ah, mas não me diga isso! — Ela se aproximou rapidamente. — Há anos espero pela visita de um Uckermann e quero desfrutar dela pelo maior tempo possível. Que tal ficar um pouco mais confortável? — E esticou o braço, em direção a minha gravata.
Dei um passo para o lado.
Christopher: Creio que não será necessário.
Algo reluziu em seu olhar.
Anne: Um homem de fetiches, senhor Uckermann? Quem poderia imaginar... — Ela tamborilou dois dedos sobre os lábios pintados de carmim. — Se prefere assim...
Christopher: Senhorita Anne Marie, creio que eu não tenha lhe dito ainda o que me trouxe até seu estabelecimento.
Anne: Não é necessário, senhor Uckermann. Sou especialista em desvendar os desejos dos cavalheiros.
Christopher: Duvido que possa descobrir os meus.
Uma sobrancelha fina se arqueou.
Anne: Então esse será o jogo? — Tocou a base do pescoço, o olhar se inflamando.
Christopher: Não há jogo algum. Vim procurá-la porque apenas a senhorita pode me ajudar.
Anne: Diga o que quer e eu o farei de bom grado, meu querido. — Ela me examinou dos pés à cabeça. A língua correu pelo lábio inferior. — De muito bom grado.
Christopher: Ótimo. Estou aqui porque quero seu chocolate.
Ela estremeceu de leve, vindo em minha direção.
Anne: Quanta audácia, senhor Uckermann. Direto, do jeito que eu gosto. O senhor pode ter meu chocolate. Se for um bom menino. Onde devo lhe servir, meu querido? Aqui mesmo? Ou prefere um dos quartos do andar de cima?
Esfreguei a testa com força.
Christopher: Suponho que não tenha sido claro. Eu quero o pote de chocolate que a senhorita acabou de comprar na Casa de Café.
O sorriso em seu rosto congelou e ela me fitou como se não tivesse ouvido direito.
Anne: Perdoe-me. Como disse?
Christopher: Passei na Casa de Café ainda agora e o senhor Apolinário me contou que a senhorita comprou o último pote de chocolate da cidade. Eu preciso muito dele, senhorita Anne Marie.
Anne: Chocolate? — Ela arfou, piscando depressa. — O senhor veio até aqui porque quer chocolate de verdade?
Christopher: Sei que meu pedido é ousado, mas trata-se de uma emergência. — Assim dissera Dulce. — Revirei a cidade em busca da iguaria, mas não a encontrei. Minha esposa está esperando nosso primeiro filho e me acordou esta madrugada com desejo de chocolate. Fui a todos os estabelecimentos possíveis.
Anne: Ousado? Eu teria me ofendido menos se o senhor tivesse me pedido para vestir um dos meus espartilhos. — Ela começou a rir, um som estridente e muito agudo. — Chocolate! O senhor quer chocolate!
Christopher: E a senhorita é tudo o que me resta.
Anne: E o senhor supôs que eu o ajudaria? — Ela me olhou com escárnio.
Christopher: Sim, eu imaginei — falei com firmeza.
Anne: E o que o fez pensar isso?
Christopher: A senhorita é, antes de mais nada, uma comerciante. — Retirei o saquinho de veludo do bolso do paletó e o joguei sobre o recamier. Seu olhar acompanhou o movimento. — É capaz de perceber quando o negócio lhe é lucrativo.
Seu olhar se demorou sobre as moedas. O que havia ali compraria pelo menos meia dúzia de vestidos luxuosos. Nós dois sabíamos disso.
Anne: E se eu não estiver disposta a aceitar dinheiro? E se preferir algo mais... interessante?
Christopher: Então terei de voltar para casa e enfrentar a decepção no rosto de minha esposa, sabendo que fiz tudo o que podia.
Um sorriso perverso curvou sua boca.
Anne: E então ela vai perturbá-lo por semanas, pelo senhor não ter atendido ao seu capricho.
Christopher: De maneira alguma. Acredito que nem mencionará o assunto e provavelmente se sentirá culpada pelo trabalho que tive. Mas não é essa a questão. Eu não gostaria de decepcioná-la. Ela me fez um pedido relativamente simples. Eu não queria falhar nisso.
Anne Marie me estudou especulativamente.
Anne: E por que não?
Soltei o ar com força. Eu estava mesmo tendo aquela conversa com uma cortesã?
Christopher: Porque minha esposa é uma mulher muito especial, muito inteligente, e eu sei que não estou a sua altura. Então me esforço de todas as maneiras para ser ao menos um pouco merecedor dela.
A mulher piscou algumas vezes.
Anne: Então o que dizem é verdade. O senhor se casou por amor. — Ela se virou e começou a remexer nos itens sobre a mesinha. — Sabe, eu os vi de longe na ópera tem algum tempo e achei que fosse o caso, mas pouco depois soube que a jovem havia ido embora. Pensei que a ausência destruiria sua paixão, senhor Uckermann, e o faria procurar consolo. Quem sabe aqui.
Christopher: Como disse La Rochefoucauld, a ausência diminui as pequenas paixões e exalta as grandes, assim como o vento, que apaga as velas e atiça as fogueiras.
Anne: É o que vejo. — Ela abandonou seus brinquedos e se aproximou de novo. Esperei, inquieto, enquanto ela me avaliava. — Aconteceu o mesmo com seu pai. Um cavalheiro tão belo, tão educado... Conheci Victor em um sarau oferecido por um poeta amigo de seu pai. E cometi o erro de me apaixonar por ele. Veja bem, senhor Uckermann, uma mulher em minha posição não pode se permitir sentir afeição por ninguém.
Christopher: Imagino que não — ponderei, enquanto em minha mente eu gritava: O quê?!
Anne: Mas Victor já estava noivo de sua mãe e me rejeitou. — Ela fez um biquinho que, suponho, tinha o intuito de ser sensual, mas apenas acentuou as marcas do tempo ao redor de seus lábios. — Não que eu tivesse esperança de que ele fosse me tornar uma mulher honesta. Minha reputação estava estabelecida, mas confesso que cheguei a sonhar em me tornar sua amante. Uma casa aqui na cidade e sua companhia eram tudo o que eu desejava. Fiz o que pude para seduzi-lo, mas ele jamais caiu em minhas artimanhas. Estava loucamente apaixonado por Alexandra, aquele tolo. — Ela suspirou e sacudiu os ombros. — Por fim, acabei me envolvendo com o duque. E foi melhor assim. Victor Uckermann era bom e bonito demais para que eu não o amasse perdidamente, caso ele tivesse cedido aos meus encantos. E você se parece muito com ele. Cavalheiros opiniosos, vocês, os Uckermann... Só me resta lamentar esse infeliz traço de caráter.
E aquilo colocava um ponto-final naquela reunião.
Christopher: Bem, lamento ter tomado seu tempo. — Inclinei-me para pegar as moedas.
Os dedos finos de Anne Marie se prenderam em meu pulso. Eu me detive, olhando-a especulativamente.
Anne: Por sorte, meu lado comerciante sempre fala mais alto.
Endireitei-me e Anne Marie soltou meu braço devagar, então se apoderou das moedas. Ela as levou até a pequena escrivaninha no canto e abriu uma gaveta, guardando o dinheiro ali. Dos muitos bibelôs que se amontoavam sobre ela, pegou o pequeno pote de porcelana branca com flores azuis e voltou para perto de mim.
Anne: Aqui está. Leve para a sua amada. — Ela me entregou o recipiente. — Presumo que, para meu eterno pesar, não o verei em meu estabelecimento novamente.
Christopher: Não, não verá.
Anne: Bem, se é assim...
Ela agiu rápido. Agarrou-me pela lapela e grudou a boca na minha antes que eu pudesse piscar. Meus olhos se arregalaram. Segurando-a pelos ombros, eu a empurrei da maneira mais cortês que pude.
Ela não se ofendeu com minha recusa e riu ao dizer:
Anne: Não pode me censurar por ter tentado, meu caro.
Eu podia pensar em mil razões para censurá-la. E que diabos aquela mulher usava nos lábios? O que quer que fosse, deixou minha boca grudenta e com uma sensação esquisita, como se eu tivesse esfregado urtiga neles.
Fiz uma mesura rápida e deixei sua sala a passos largos, tomando cuidado para não passar pela saleta onde acontecia a jogatina. Antes que eu passasse pela porta, Anne Marie arrulhou:
Anne: Foi um prazer, senhor Uckermann. Acredite.
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Autor(a): delenavondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
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taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
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mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais