Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
Afastei-me daquela casa, daquela área, o mais depressa que pude, mas parei em uma estalagem no caminho de casa para alimentar Storm e lavar a boca com conhaque. Precisei de duas doses para me livrar do gosto daquela mulher. Enfiei a mão no bolso do paletó e apertei o potinho, praguejando baixo. Tudo isso por um punhado de chocolate...
Era melhor Dulce não ter mais nenhum desejo dali em diante.
Cheguei em casa pouco antes do crepúsculo. Dulce ouviu o trote pesado de Storm e correu para a porta da frente a fim de me receber. Um sorriso esplêndido curvou sua boca.
Dulce: Você demorou tanto! — Desceu as escadas com as saias erguidas até os joelhos, revelando os pés descalços.
Isaac, tendo me visto chegar, subia correndo a pequena elevação que separava a casa do estábulo.
Christopher: Tive que ir até a cidade — eu disse a Dulce, apeando.
Ela pulou sobre mim e me abraçou com força. Eu teria preferido tomar um banho antes de estar em qualquer lugar perto dela, livrar-me daquele cheiro enjoativo do estabelecimento de Anne Marie que impregnava cada centímetro de minhas roupas, mas então teria de explicar o motivo, e minha esposa realmente não precisava saber como eu tinha conseguido o chocolate. Eu ainda não estava certo se tinha valido a pena. Honestamente, não sabia mesmo.
Dulce: Senti sua falta — ela murmurou em meu pescoço.
Eu a abracei e abaixei a cabeça, beijando seu ombro.
Christopher: Eu também.
Ela se afastou, torcendo o nariz.
Dulce: Você tá com um cheiro esquisito. Por onde andou?
Christopher: No inferno, Dulce. — Soltei uma lufada de ar. Era o mais próximo da verdade que eu poderia dizer a ela.
Isaac já tinha nos alcançado e se preparava para levar Storm para a baia.
Christopher: Há algumas caixas de doces no alforje — eu disse a ele. — Leve-as para a cozinha, por favor.
Isaac: Sim, patrão. — Como o garoto não se atrevia a montar Storm, pegou as rédeas e começou a conduzir o garanhão colina abaixo.
Apanhei o pote de cerâmica em meu bolso e o entreguei a Dulce. Seu olhar reluziu como se estrelas vivessem dentro dele, e o sorriso que se abriu em seu rosto fez meu coração parar de bater, para em seguida retumbar em minhas orelhas.
E ali estava minha resposta.
Sim, tinha valido a pena. Qualquer coisa valeria a pena para ser merecedor daquele sorriso.
Dulce: Sério? Você encontrou? — Ela abriu a tampinha e o levou ao nariz, inspirando. — Ai, meu Deus, Christopher, isso é chocolate de verdade! — E voltou a me abraçar, salpicando beijos por todo o meu rosto. — Eu te amo. Amo tanto, mas tanto, que você nem tem ideia!
Christopher: Você diz isso apenas porque eu consegui o chocolate — brinquei, tocando seu cabelo sedoso.
Ela me soltou, contemplando-me daquela forma atrevida que me matava de irritação ao mesmo tempo em que me fazia querer beijá-la.
Dulce: Não é verdade e você sabe muito bem disso. Mas não vou mentir: isso contou muitos pontos a seu favor.
Dei risada e passei um braço sob seus joelhos, içando-a do chão.
Christopher: Vamos lá. — Comecei a carregá-la escada acima. — O que esteve aprontando enquanto eu estive fora?
Dulce: Nada. Ninguém me deixa fazer nada por causa dos enjoos. — E suspirou. — Fiquei o dia todo na janela esperando você voltar, basicamente. Ah, o padre Antônio apareceu para filar um lanche e deixou a conta da reforma do telhado. É um absurdo de alta!
Christopher: Não importa. A senhora Madalena parou de se queixar das goteiras durante a missa. Ouvir minha governanta parar de resmungar não tem preço, Dulce.
Ela riu. Aquele era o som mais delicioso do mundo.
Bem, o segundo mais delicioso, pelo menos. O primeiro era, sem dúvida alguma, quando dizia meu nome em forma de gemido em nossa cama, pouco antes de ser arrebatada por... bem... la petite mort, como diriam os franceses. Nada se igualava a isso.
Dulce: Você sabe que eu sou capaz de andar, né? — ela me disse, bem-humorada.
Estávamos na sala agora.
Christopher: Sei. Mas neste momento estou carregando tudo o que me é mais precioso neste mundo, então...
Ela deu risada outra vez e abriu o potinho. Pescou um pedaço de chocolate e o mordeu.
Dulce: Deus, isso é bom demais!
Christopher: Pedirei para a senhora Madalena aquecer o leite.
Dulce: Ué, pra quê?
Christopher: Para que você possa beber o chocolate. — Era para isso que ele servia, não?
Dulce: Ah, não. Valeu, mas não quero chocolate quente. Só chocolate mesmo. — E abocanhou mais um pedaço. — Tá a fim?
Recusei com a cabeça.
Christopher: São todos seus.
Eu teria achado estranho se ela não estivesse grávida. Os tabletes deviam ser dissolvidos no leite ou na água. Nunca tinha ouvido falar de alguém que o comesse puro. Era amargo demais, mas Dulce não parecia se importar.
Mordiscava cada pedaço como se aquilo fosse uma guloseima vinda do céu.
Eu a acomodei no sofá, arrumando suas saias para que as pernas não ficassem expostas, e me sentei a seu lado, observando-a comer. Não me orgulhava muito da maneira como eu havia conseguido o chocolate, mas sua exultação compensava tudo.
Estendi o braço e toquei sua barriga ligeiramente saliente e arredondada.
Dulce: Em que você tá pensando? — Dulce perguntou entre uma mordida e outra.
Christopher: Em como eu tenho sorte. Em quanto você me faz feliz.
Dulce: Mesmo quando te acordo no meio da madrugada pedindo algo quase impossível de arranjar? — Ela franziu a testa, e um pouco de culpa se espreitou em seu olhar, exatamente como eu previra.
Christopher: Sobretudo quando me pede algo quase impossível de arranjar. Poder atender a um desejo seu é como... — Algo se movimentou sob a minha mão. Aquela que eu mantinha na barriga de Dulce.
Dulce: Ai, meu Deus! — ela exclamou, os olhos arregalados fixos em minha mão.
Christopher: Você está se sentindo b... — O movimento se repetiu. — Como você está fazendo isso?
Dulce: Não estou! Não sou eu!
Christopher: Foi o bebê?!
Nós nos encaramos por um momento. O rosto de Dulce resplandecia. Ela dizia sentir alguma movimentação vez ou outra, mas era sempre sutil demais para que eu pudesse sentir também.
Dulce: Parece que tá querendo sair a pontapés! Vai, continua falando. Ele parece gostar disso.
Christopher: Dulce, não creio que ele possa me escutar mais do que eu a ele. Além do mais... — Outro chute.
Dulce acariciou aquela linda protuberância e sorriu. Um sorriso pleno, que atingiu o canto mais remoto de minha alma e fez meu mundo mudar de rota.
Christopher: Você acha que ele... — Tive de pigarrear. — Acha que ele pode mesmo me ouvir?
Ela fez que sim, emocionada.
Curvei-me até encostar a bochecha em sua barriga, a mão ainda ali. Eu podia estar fazendo papel de bobo — nunca ouvira falar que crianças ainda dentro da mãe podiam ouvir o mundo exterior. Dulce acreditava que podiam, porém, e, como eu bem sabia, o conhecimento dela a respeito do mundo era mais amplo que o de todas as pessoas da minha época juntas.
Christopher: Então — comecei, meio sem jeito — foi você quem me acordou na noite passada exigindo chocolate?
O empurrão dessa vez foi mais forte, exatamente no ponto onde minha mão estava. Um nó obstruiu minha garganta enquanto eu me dava conta da enormidade do que Dulce trazia dentro de si. Uma vida. Uma pessoa. Gerada por nós dois, crescendo forte e saudável e já fazendo exigências. Uma nova pessoa que já tinha a percepção do mundo exterior, de minha voz.
Eu gostaria de ter as palavras certas para descrever o que senti, mas não as conhecia. Suponho que se tratasse de amor puro, imutável, cru até. Despertava em mim o desejo primitivo de proteger aquela pequena vida com a minha própria, matar ou morrer por ela. Trazia-me a vontade de caçar alguma coisa para alimentá-la e dessa maneira garantir que pudesse crescer forte e saudável.
Aquele sentimento se avolumou e precisei de um instante para que se acomodasse dentro de mim. Então se impregnou em meu peito, inundando-o por completo, preenchendo um lugar que antes pertencia apenas a Dulce.
Pigarreei outra vez, tentando me livrar do nó que obstruía minha garganta.
Christopher: Tudo bem — falei baixinho. — Não tem problema. Você pode me acordar sempre que precisar. E vou mover céus e terra para conseguir dar a você e a sua mamãe tudo o que desejarem. — Mesmo que tivesse de entrar em bordéis e beijar cortesãs para isso acontecer. Naturalmente, eu esperava não ter de fazer aquilo de novo, mas faria, se preciso. Por Dulce e meu filho, eu faria.
Meu filho. Ou filha, corrigi depressa. Eu ainda não conhecia seu rosto, o som de sua voz, a suavidade de sua pele ou seu cheiro, mas não era preciso. Meu coração já lhe pertencia incond...
----
****: Cara, tá tudo bem? Ei, você dormiu? — Alguém me sacudia.
Desorientado, abri os olhos e precisei piscar algumas vezes. Não por causa da claridade, que praticamente não existia. Não, não era por isso. A menos que meu cérebro estivesse me pregando uma peça, eu estava em uma espécie de prisão.
Por que diabos eu estava preso?
************************************
Continua...
Autor(a): delenavondy
Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
O homem com o rosto marcado por uma larga cicatriz na lateral da testa estava sentado a meu lado e me analisava muito de perto. Ele soltou um pesado suspiro enquanto eu tentava, sem sucesso, me lembrar de como tinha ido parar na cadeia. ****: Pensei que você tivesse entrado em coma ou alguma coisa assim — disse ele. — Dizem que não é bom bate ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
-
taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
-
mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais