Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
****: Senhora Uckermann! Senhora Uckermann! — chamava a senhora Bernadete, acenando freneticamente ao se aproximar, desviando das mesas que margeavam o jardim em frente à casa.
Dulce continuou a admirar as bandeirolas presas aos cordões sobre nossa cabeça, como se não fosse com ela. Acabei sorrindo. Tudo bem. Estávamos casados havia uma hora. Levaria um pouco mais que isso para que ela se habituasse a ser tratada como senhora Uckermann.
Isso se acontecesse.
Sra. Boyer: Senhora Uckermann!
Christopher: Suponho que a senhora Boyer esteja falando com você, minha esposa — murmurei.
Dulce olhou ao redor e piscou uma vez.
Dulce: Ah, certo.
Reprimi o riso quando a mulher nos abordou.
Sra. Boyer: Minha querida senhora Uckermann, nunca vi noiva mais encantadora. — Bernadete pegou sua mão e a apertou. Seu marido, que a seguia sem tanta pressa, chegou depois e ergueu a taça em um brinde.
Sr. Boyer: Um belo casamento — elogiou ele. — Inusitado, mas uma bela cerimônia, senhor Uckermann.
Christopher: Obrigado — respondi com uma mesura.
Dulce: É, pois é. — Dulce corou. — É bem a minha cara não conhecer latim e quase ferr... hã... estragar tudo.
Christopher: Você não tinha como saber — garanti a ela mais uma vez. — O erro foi todo meu.
Eu era um estúpido. Um maldito estúpido arrogante que presumiu que duzentos anos não teriam alterado a cerimônia de casamento. Quase tive um ataque do coração no momento em que entendi que Dulce não sabia uma única palavra de latim. Por sorte ela dera um jeito de contornar a situação, e padre Antônio acabou nos casando em uma cerimônia singular, realizada em português.
Sra. Boyer: Não se torture, senhor Uckermann. Tudo se resolveu magnificamente bem. Estão casados. E, a julgar pelo sorriso de sua noiva e o seu, muito felizes.
Graças aos céus, pensei com meus botões. Dulce tinha entrado em pânico desde que os preparativos tiveram início. Ela havia sugerido um casamento ali mesmo, na fazenda, com alguns poucos convidados. Mas tive de rejeitar a ideia. Dulce despertava uma curiosidade quase irresistível nas pessoas, e isso a transformava em fonte de interesse e, infelizmente, de mexericos. Não havia muito que eu pudesse fazer a não ser colocá-la sob a proteção e o respeito de meu nome.
Ninguém se atreveria a destratá-la depois que ela fosse a minha senhora Uckermann.
Por isso insisti em um casamento grandioso, comentado por toda a vila, e imaginei que assim as especulações cessariam. Ou ao menos se tornariam mais discretas.
Os primeiros acordes do quarteto de cordas ecoaram pelo jardim. Era minha deixa.
Christopher: Peço que me perdoem — dirigi-me aos Boyer —, mas terei de roubar a noiva por alguns instantes. Me concederia a honra desta dança, minha esposa?
Ela se retesou ligeiramente, olhando para o casal como se implorasse ajuda.
Sr. Boyer: Não se detenha por nossa causa, minha cara. — O pai de Angelique ofereceu o braço a sua mulher. — Vamos, Bernadete. Minha garganta está seca.
Sra. Boyer: Há mais de vinte anos, eu suponho — rebateu ela —, pois o senhor sempre diz a mesma coisa. Com licença, senhor Uckermann. Senhora Uckermann. — Depois de um ligeiro aceno de cabeça, eles partiram.
Dulce colocou a mão na minha.
Dulce: Isso vai ser embaraçoso, Christopher.
Christopher: Não vejo como. Já fizemos isso antes. Entretanto, nunca como marido e mulher.
Dulce: Você tá usando botas bem reforçadas? — Ela abriu um sorriso tímido encantador.
Christopher: Não se preocupe com os meus pés. Eles ficarão bem.
Levei-a para o centro do círculo rodeado por mesas. Começamos a valsar. Dulce pisou em meus pés mais vezes do que pude contar, mas isso apenas a tornava ainda mais adorável para mim.
Dulce: Sabe, até que estou gostando dessa parte — ela disse depois de um rodopio.
Christopher: Dançar com você, minha esposa, também é minha parte favorita.
Um sorriso largo se espalhou por seu rosto.
Dulce: Sabe quantas vezes você disse “minha esposa” hoje?
Christopher: Não. Umas três?
Dulce: Tá mais pra trinta! — E riu. — E olha que a gente tá casado não tem nem uma hora!
Christopher: Não tenho como contradizê-la, pois estou sem meu relógio, mas aposto que estamos casados há mais de uma hora, minha esposa.
Ela deitou a cabeça em meu ombro.
Dulce: Eu gosto quando você me chama assim. Minha.
Christopher: Mas não gosta que a chamem de senhora Uckermann — provoquei.
Ela fez uma careta, endireitando-se.
Dulce: Já te expliquei, Christopher. Não tô acostumada com isso, além de me fazer parecer uma velha de trezentos e oitenta anos. E, bom, eu sou mais velha que você, então não é lá muito legal ficarem me chamando de senhora.
Christopher: Dulce, eu nasci em dezembro de 1808 e você, em maio de 1985. Não vejo como possa ser mais velha que eu.
Dulce: Você entendeu o que eu quis dizer. — E fechou a cara. — Você só tem vinte e um anos, e eu logo vou fazer vinte e cinco!
Exalei pesadamente.
Christopher: Isso realmente importa, meu amor?
Ela ponderou por um momento, então suspirou com desânimo.
Dulce: Não muito. Só me lembra que eu vou ficar cheia de pelancas bem antes de você. E os homens nem têm pelancas, no fim das contas. Ficam distintos quando envelhecem.
Christopher: Por Deus, Dulce. — Lutei para me manter sério. — Não acredito que queira discutir pelancas em nossa festa de casamento.
Dulce: Só estou constatando um fato. — Ela ergueu os ombros.
Christopher: Não, minha esposa, não está. Você é linda, perfeita, e eu jamais a verei de outra maneira. Não importa quantos anos passem...
Dulce: Ou a quantidade de pelancas que apareçam?
Disfarcei a gargalhada beijando sua testa, demorando-me um pouco mais do que o decoro permitia.
Christopher: Sim, Dulce. Não importa quantos anos passem ou a quantidade de pelancas que apareçam. Você sempre foi e sempre será a coisa mais linda em que já pus os olhos.
Dulce: Obrigada, Christopher. — Seu olhar reluzia. — E, só pra você saber, também vou amar suas pelancas, se por acaso você tiver algumas.
Christopher: Isso é um consolo.
A valsa terminou, mas Dulce não percebeu. Eu teria ficado ali com ela pelo resto do dia, mas Anahí tinha outra ideia.
Anahí: Lamento interromper, mas vocês precisam falar com os convidados — minha irmã disse, já arrastando Dulce para o outro lado.
Dulce: Ah, Anahí, tem que ser agora? — reclamou Dulce. — Eu estou tendo uma conversa muito séria aqui.
Tive de apertar os lábios com força para não gargalhar. Sem se dar conta de meu bom humor, minha irmã me fitou com aflição, desculpando-se.
Anahí: Infelizmente a conversa terá de ser adiada. Não é de bom-tom os noivos passarem a festa inteira dançando. Ainda tem muita gente esperando para cumprimentá-los.
Beijei o dorso da mão de Dulce.
Christopher: Nos vemos daqui a pouco, então.
Dulce: A gente não vai falar com eles juntos? — perguntou, horrorizada.
Christopher: Tristemente, não.
Anahí: Vocês precisam falar com os convidados — explicou Anahí, levando Dulce por entre as mesas. — Separados, conseguirão cumprimentar todas as pessoas.
Dulce: Eu preferia ficar dançando com o seu irmão...
Christopher: Sei exatamente como se sente, meu amor — murmurei, observando-a se afastar.
Diabos, eu devia ter seguido seu conselho, no fim das contas, e feito apenas um almoço para os amigos mais chegados. Agora só me restava desempenhar o papel de noivo e saudar todos os convidados que pudesse no menor espaço de tempo possível. E foi o que fiz. Detive-me um pouco mais apenas com meu velho amigo Almeida.
Dr. Almeida: Sua noiva é a criatura mais encantadora que eu já vi, Christopher. — Ele a observava do outro lado do jardim, falando com os Albuquerque. Ela parecia desconfortável, mas se esforçava ao máximo para aparentar tranquilidade. Dulce nunca deixaria de me surpreender. — Teve muita sorte em encontrá-la — Almeida acrescentou.
Christopher: Tive sorte, mas foi ela quem me encontrou.
Dr. Almeida: Suponho que esteja certo.
****: Senhor Uckermann — acenou a senhora Herbert, proprietária da única pensão da vila. Ela era miúda, mas sua figura era imponente. Talvez pelo fato de sempre estar vestida de preto e trazer os cabelos em um penteado austero. — Meu querido, que festa maravilhosa! Estou impressionada com o talento de sua irmã para organizar uma festa.
Christopher: Anahí tem muitos talentos, senhora Herbert.
Sra. Herbet: Se tem! — Então seu olhar cansado se voltou para meu rosto. — Perdoe-me se estou sendo intrometida, mas não paro de pensar no senhor. Sabe que tenho sua família na mais alta conta, e não suporto imaginar a aflição em que o senhor se encontra agora. Não é uma posição em que qualquer outro gostaria de estar.
Mas era só o que faltava!
Christopher: Não me encontro em agonia, senhora. Ao contrário, quase não posso me manter parado de tanta felicidade. E aposto que qualquer cavalheiro que olhasse para minha esposa agora lhe diria o mesmo, caso Dulce lhe pertencesse.
Ela arregalou os olhos.
Sra. Herbet: Por Deus, senhor Uckermann, o senhor me entendeu mal. Jamais quis ofender sua esposa. Eu a acho fascinante. Um tanto excêntrica, mas sua Dulce é um encanto! E forte como poucos homens, devo dizer. Eu estava me referindo à maldição!
Christopher: Hummm?
Sra. Herbert: Admiro sua postura. Fico feliz que ela não lhe tire o sono. — E pousou em meu braço a mão fina coberta de manchas marrons. — Não podemos ir contra os desígnios da divina providência, não é mesmo? Se for o desejo de Nosso Senhor que sua noiva sucumba à maldição, assim será. E não haverá nada que o senhor ou qualquer outro possa fazer. Repasse à noiva os meus cumprimentos e lhe diga que estará em minhas orações.
Ela se foi, deixando-me atônito. Anelize, a ajudante de madame Georgette, dissera a Dulce algo semelhante no dia anterior.
Christopher: Maldição? — Virei-me para o doutor Almeida.
Ele pressionou os lábios e desviou o olhar para os casais que valsavam.
Christopher: Alberto, o que há? — insisti.
Dr. Almeida: Creio que acabaria ouvindo os rumores de uma maneira ou de outra. — Os ombros dele caíram enquanto soltava o ar com força e voltava a atenção para mim. — Circula na vila que uma maldição se abateu sobre as recém-casadas.
Um calafrio percorreu minha espinha, deixando-me mudo.
Dr. Almeida: Parece que algumas jovens morreram logo após o casamento — prosseguiu —, na lua de mel. Dizem que a mãe de um barão rogou a praga depois que o filho se casou em segredo com uma atriz, pois sabia que a mãe não permitiria tal união. No dia em que soube do ocorrido, a baronesa proferiu uma porção de impropérios e garantiu que o casamento não teria longa duração. No dia seguinte, a jovem noiva foi atingida por um raio enquanto cavalgava sob a chuva.
Estremeci quando meu cérebro substituiu a moça que eu não conhecia pela imagem de Dulce cavalgando sob a tempestade, a luz faiscante a atingindo.
Christopher: O senhor não acredita nisso. — Não podia acreditar.
Dr. Almeida: Não. Claro que não. — Mas sua testa estava encrespada. — Contudo, admito que as circunstâncias dos acidentes foram muito similares, Christopher. E provavelmente foi a razão de o boato ter se espalhado tão depressa. Algumas jovens estão adiando o casamento. Estão assustadas.
Christopher: Quantas noivas morreram? — exigi saber.
Dr. Almeida: Três.
Christopher: Três?!
Dr. Almeida: Minha intenção não é preocupá-lo, meu caro. Não há razão para isso. Sabe como o povo é, alguém planta uma boa fofoca e ela se alastra mais depressa que a peste negra.
Três jovens haviam morrido da mesma maneira durante a viagem de lua de mel. Uma parte de mim rejeitava por completo a ideia da maldição. Era absurda! A outra parte, aquela que se apavorava com a mera ideia de perder Dulce por qualquer motivo, estava em pânico.
Ergui os olhos e encontrei os de Dulce do outro lado do gramado. Ela sorriu para mim, mas seu sorriso congelou enquanto me observava.
Dr. Almeida: Sua noiva já ouviu os rumores? — perguntou Almeida.
Christopher: Duvido muito. Ela teria dito alguma coisa. — Ou rido, o que era mais provável.
Dr. Almeida: Então não a importune com bobagens e nem perca seu sono se preocupando com tolices, sim?
Assenti com a cabeça, os olhos ainda presos aos de Dulce.
Christopher: Se me der licença, doutor. Minha esposa parece ansiosa para falar comigo.
Dr. Almeida: Não se detenha por minha causa. — Mas Almeida tocou meu ombro, impedindo-me de seguir em frente. — Christopher, estou certo de que tudo isso não passa de mais um boato criado por alguma matrona desocupada. Não perca a cabeça.
Christopher: Não perderei. E agradeço por ter sido franco.
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Autor(a): delenavondy
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
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taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
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mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais