Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
Dulce: Certo, não podemos deixar que mais nada dê errado — Dulce disse, receosa, enquanto esperávamos na caótica sala na entrada da delegacia.
Christopher: E devo deixar tudo por sua conta — completei, acomodando melhor a pilha de retratos sob o braço.
Dulce: Bom, eu não ia dizer isso, mas pode ser mais fácil assim.
Instantes depois, uma jovem apareceu e disse um número, o mesmo que Dulce tinha em uma língua de papel. Minha noiv... esposa ficou de pé e eu a escoltei, juntando-nos à jovem policial. Deus, mulheres lidando com armas e delinquentes! Não que eu não acreditasse que fossem capazes — bastava olhar para Dulce; eu apenas não podia acreditar que uma dama se colocasse em tamanho risco.
Os olhos díspares da jovem reluziram assim que encontraram os meus.
****: Você voltou!
Christopher: Voltei? — Fitei Dulce pelo canto do olho. Ela estava rígida, o rosto mirando o outro lado da sala. Peguei sua mão e entrelacei os dedos nos seus. Ela se virou depressa, e então um sorriso tímido esticou sua boca.
****: Ah... — a jovem disse, o olhar fixo em nossas mãos entrelaçadas. — Era bom demais pra ser verdade.
Dulce: Pois é — Dulce disse a ela.
Aquele com certeza era o diálogo mais peculiar que eu já presenciara. Mas o que não era estranho naquele lugar? Bastava me lembrar da viagem até a delegacia para suspeitar de que as mudanças que o tempo trouxera eram tão malucas quanto qualquer coisa que um lunático poderia inventar. Além disso, a falta de memória piorava tudo. Eu podia apostar que muito do que eu vira até agora já tinha visto antes, assim como a jovem que se dirigira a mim com familiaridade. Quanto mais demoraria para que eu me lembrasse das coisas?
Dulce: Viemos formalizar o desaparecimento da minha cunhada — explicou Dulce.
****: Não a encontraram ainda?
Dulce: Não.
****: Nossa, que triste. Normalmente eu levaria vocês à sala do delegado, mas... — A moça me fitou de esguelha. — Acho melhor eu mesma formalizar a ocorrência.
Dulce exalou com força, aliviada.
Dulce: Valeu.
Nós seguimos a jovem até uma saleta. O lugar era minúsculo. A janela, encoberta por uma espécie de cortina em tiras, muito peculiar, filtrava a luz que incidia diretamente sobre a mesa. Uma máquina estava espremida em um canto e a jovem policial se sentou de frente para ela, os dedos correndo por uma placa de letras. “Investigadora de polícia Isadora Santana”, li em um broche pendurado do lado direito de sua camisa preta de mangas curtas.
****: Preciso de nome completo, que me digam há quanto tempo ela está desaparecida e o que vestia na última vez em que foi vista. Onde foi vista pela última vez?
Eu e Dulce nos revezamos em dar detalhes a ela. Eu sobre as características físicas de minha irmã, ela dos últimos acontecimentos. Eu tinha sido a última pessoa a ver minha irmã, e infelizmente não me lembrava disso.
****: Tem uma foto dela? Documentos?
Christopher: Não. Mas fiz um retrato. — Peguei um deles e coloquei sobre a mesa.
A moça examinou o desenho.
****: Muito bom — elogiou, surpresa, polegar e indicador beliscando o lábio. Então deixou o desenho de lado e voltou a atenção para mim. — Fale um pouco sobre sua relação com ela.
Eu disse tudo o que julguei relevante, tomando cuidado para não contar algo que pudesse revelar o tempo em que eu vivia, pois Dulce insistira durante toda a viagem até ali que era importante manter segredo. Lembrando-me da maneira como eu reagi ao saber que ela tinha viajado no tempo, tive de concordar.
****: Parece uma boa menina — concluiu a investigadora.
Christopher: Ela é.
****: E o que aconteceu na noite em que ela desapareceu?
O quê, de fato?, perguntei-me.
Christopher: Eu...
Dulce: Era aniversário dela — informou Dulce —, fizemos uma festa. Só percebemos que ela tinha sumido pela manhã.
****: Alguém a aborreceu? Perceberam algo diferente no comportamento dela?
Dulce: Não. Ela estava feliz. Tinha acabado de... — Dulce mordeu o lábio.
**** : O quê? — eu e a investigadora perguntamos em uníssono. A policial me encarou, arqueando uma sobrancelha fina.
Dulce esticou o braço e apertou minha coxa, em sinal de alerta.
Dulce: Bom, ela tinha acabado de ficar noiva. E, antes que pergunte, detetive, sim, ela ama muito esse cara. E não, ela não está grávida.
O quê?!
Eu quis praguejar. Sabia que mais cedo ou mais tarde isso acabaria acontecendo, mas, fosse quem fosse o bastardo que fizera o pedido, não tinha percebido que Anahí era apenas uma menina? Nem tinha completado dezesseis anos ainda...
Não, espere. Tinha sim. Se eu me esquecera do último ano e meio, então agora ela teria... Deus do céu, dezessete!
Mas isso não mudava nada. Ela ainda era uma menina.
Era melhor Dulce estar certa, pois, se o sujeito tivesse desonrado minha irmã, imploraria para estar morto muito antes de eu ter terminado nossa conversa.
****: Entendo. — A investigadora mantinha os olhos afiados em mim. — Então você acha que ela foi sequestrada?
Christopher: Pode-se dizer que sim — tentei empregar alguma calma na voz —, já que ela foi levada do hospital contra a vontade.
****: Por que e por quem?
Christopher: Quem dera eu soubesse.
Dulce: Será que podemos focar no que nós sabemos? — Dulce se remexeu, e a cadeira estalou de leve. — Alguém a levou do hospital. A polícia pode ter acesso às câmeras de segurança e essas coisas, não pode?
****: Se eu conseguir uma autorização legal, sim. Mas pode levar alguns dias. Preciso dos documentos de um de vocês para abrir o inquérito.
Dulce: Ahhhhhhhh... — Dulce esfregou as mãos nas pernas da calça. — Isso pode ser um problema.
****: Por quê?
Dulce: Tivemos nossa bagagem extraviada no aeroporto.
Dulce era péssima mentirosa, e eu não fui o único a perceber que ela mentia.
Christopher: Investigadora Santana — endireitei-me na cadeira —, cada segundo que passamos aqui é precioso. Precisamos encontrar minha irmã. Ela não sabe como agir em uma cidade como esta. — Eu mesmo não sabia, e Anahí era muito mais sensível e inexperiente que eu, além de não ter tido nenhum tipo de informação sobre aquele mundo antes de se deparar com ele. — Deve estar apavorada, e eu nem quero pensar nessa pessoa que mentiu ser um parente dela. Por favor, não me diga que não pode ajudá-la.
O olhar marrom e cinza da jovem se tornou mais suave.
****: Eu nunca disse que não poderia ajudar.
Levou pouco mais de meia hora para que a ocorrência fosse formalizada.
Saímos de lá com a promessa da investigadora de que faria todo o possível para descobrir o paradeiro de Anahí.
Dulce: Gostei dela — comentou Dulce quando já estávamos do lado de fora. — Sobretudo porque não ficou te devorando com os olhos e não dificultou a nossa vida por causa da falta de documentos. — Ela disse mais alguma coisa, mas não cheguei a escutar. Tinha os olhos presos em um homem careca, uma fina trança saindo do alto da cabeça, enrolado em um lençol cor-de-rosa. Um maldito lençol!
Cobri com uma das mãos os olhos de Dulce, empurrando-a para longe do sujeito.
Dulce: É só um hare krishna. Já vi centenas deles. — Ela retirou minha mão de seu rosto.
Christopher: Mas eu não. E não quero que olhe para homens vestidos apenas com lençóis.
Dulce: Acho que é mais um manto. E acho que eles usam alguma coisa por baixo.
Christopher: Mais uma razão para eu desejar que você não olhe. Não quero saber de você ficar pensando na roupa de baixo de outro homem! — Isso me fez pensar em meu paletó. Estava me sentindo tão exposto sem ele quanto aquele hare-alguma-coisa.
Desviei do homem quanto pude, mas ainda assim não consegui levar Dulce longe o bastante. Quando passamos por ele, o sujeito se curvou, as mãos unidas, e nos disse:
****: Hari bol.
Dulce: Hari bol pra você também — devolveu Dulce, com um sorriso doce.
Christopher: O que isso significa? —perguntei a ela.
Dulce: Sei lá. Mas os adeptos dessa cultura são pessoas muito espiritualizadas. Então acho que deve ser um cumprimento ou uma bênção. É uma coisa boa, certeza.
Dobramos a esquina. Um homem carregando um ramalhete de flores e usando roupas escuras vinha em nossa direção. Ele tinha argolas por todo o rosto, desenhos negros escapavam de sua camisa sem mangas e decoravam seus braços e sua cabeça raspada. Apesar da figura sombria, seu olhar era amável.
Outro, um garoto ainda, passou por nós sobre uma prancha com rodas. Um pouco mais à frente, duas jovens estavam sentadas aos beijos em uma escadaria.
Perto delas, um grupo formava uma roda, e no centro dois homens com o peito desnudo e calças brancas se enfrentavam em uma espécie de luta ritmada pelo acorde de um arco de madeira. Uma mulher idosa, que carecia de uma muleta, levava um cachorro para passear. E ele usava um vestido cor-de-rosa!
Dulce: Espantado? — perguntou Dulce.
Christopher: Um pouco. — Friccionei a testa. — Desde quando os animais vestem roupas?
Suas sobrancelhas se ergueram.
Dulce: Acho que desde a invenção das pet shops. Uma vez vi um gato vestido de panda que era a coisa mais fofinha do mundo!
Eu a segurei pelo cotovelo com delicadeza e a fiz parar.
Christopher: Dulce, posso fazer uma pergunta? — Como ela me fitou, esperando, prossegui: — Quem propôs casamento a Anahí?
A pergunta pareceu surpreendê-la, mas ela não hesitou em me dar a resposta.
Dulce: O Alfonso.
Christopher: Humm... Ele está estudando para se tornar médico, não está?
Dulce: Na verdade, já terminou a faculdade e tá procurando os primeiros pacientes.
Esfreguei o rosto outra vez. Um aspirante a médico. Podia ser pior, tentei me convencer. Ainda assim, eu queria bater em alguma coisa.
Dulce: Não fica com essa cara, Christopher. Deixa pra se preocupar com o casamento da Anahí quando a gente voltar pra casa. No momento, precisamos de cola para os cartazes e mais cópias. Deve ter uma papelaria aqui perto. Precisamos espalhá-los pela cidade toda!
E eu me perguntei como faríamos isso. Na viagem de táxi da casa de Dulce até a delegacia, pude avaliar melhor o tamanho daquela cidade, e descobri que ela aparentemente não tinha fim. Era como se todas as vilas do mundo tivessem se concentrado em apenas uma área.
Precisávamos de uma estratégia. Juntando tudo o que ela havia dito com o que eu ouvira na sala da investigadora Santana, tentei encontrar alguma coisa que pudesse nos ajudar. Foi então que algo me ocorreu.
Christopher: A nossa casa neste tempo, onde Anahí apareceu, está muito longe daqui? — indaguei.
Dulce: Não muito. Fica neste bairro mesmo, eu acho.
Christopher: E quanto ao hospital?
Dulce: A mesma coisa, só que do outro lado. Por que quer saber?
Christopher: Humm... — Apesar da falta de memória, meu cérebro parecia trabalhar como de costume, e uma coisa começou a se juntar a outra. — A nossa casa, o hospital, a delegacia... Todos os lugares onde sabemos que Anahí esteve ficam próximos um do outro. Talvez... talvez Anahí ainda esteja neste bairro.
Dulce: É isso! — Ela pousou as mãos em meu peito, o rosto resplandecendo com esperança. — Por que a pessoa que a levou estaria naquele hospital se não morasse nas redondezas?
Christopher: Se houvesse um mapa da região, poderíamos traçar uma rota. Delimitar as buscas, um pouco que seja. Acho que nossas chances de sucesso aumentariam.
Um sorriso curvou sua boca.
Dulce: Você é genial, Christopher! Faz todo o sentido! Precisamos de um mapa! A pessoa que a levou deve morar por aqui! — E sapecou um beijo em minha boca. — Isso melhora muito as nossas chances!
Senti o rosto esquentar, satisfeito. Toda vez que conseguia surpreender Dulce, por qualquer razão que fosse, sentia-me daquela maneira. Menos desajeitado e atrasado do que na verdade era.
************************************
Continua...
Autor(a): delenavondy
Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Dulce enviou uma mensagem para a amiga, usando o aparelho celular que Maite lhe dera mais cedo, contando sobre minha teoria. Maite respondeu quase que instantaneamente. Acompanhei, maravilhado, o novo sistema de correspondência. Era inacreditável que uma coisa tão pequenina como aquela pudesse localizar pessoas e transmitir recados. Sem mensageiros, sem e ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
-
taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
-
mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais