Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
Dulce enviou uma mensagem para a amiga, usando o aparelho celular que Maite lhe dera mais cedo, contando sobre minha teoria. Maite respondeu quase que instantaneamente. Acompanhei, maravilhado, o novo sistema de correspondência. Era inacreditável que uma coisa tão pequenina como aquela pudesse localizar pessoas e transmitir recados. Sem mensageiros, sem extravios, sem atrasos. Tudo instantâneo, como que por magia.
Então Dulce avistou uma banca de jornal perto da esquina. O grande caixote metálico tinha um varal coberto de revistas coloridas, com retratos realistas de pessoas, paisagens, bichos. Os jornais se amontoavam em uma pequena estante logo na entrada. E na lateral do lado de fora, preso à estrutura da barraca, havia um mapa da cidade.
Dulce apontava as áreas onde deveríamos procurar. Ela se endireitou, colocando as mãos na cintura, enquanto examinava a região.
Dulce: Tudo bem. Somando o espaço dos dois bairros vizinhos, num raio de cinco quilômetros além do limite, temos um total de vinte e cinco quilômetros quadrados.
Christopher: Que inferno. — Vinte e cinco quilômetros quadrados era uma área muito grande. Seria como procurar uma agulha em um palheiro.
Dulce: É melhor que a cidade inteira. — Ela tentou não soar desanimada, mas falhou.
A papelaria que ela mencionara mais cedo ficava ali perto, em uma rua bastante movimentada. Não perdemos tempo e entramos.
****: Posso ajudar? — um jovem usando um avental preto perguntou assim que meus pés tocaram o piso claro da loja. O cheiro ali era incrível, um misto de madeira, papel e solvente que aguçou meus sentidos.
Christopher: Sim, nós precisamos de cola — respondi.
Dulce: E de um pincel largo — acrescentou Dulce.
****: Pra lambe-lambe?
Para o quê?
Dulce: É. — Ela pegou um dos retratos sob meu braço e estendeu a ele. — E preciso de mais cópias disso aqui. Umas quinhentas devem dar.
****: Tá certo. Vou pegar tudo pra vocês enquanto as cópias ficam prontas. — O jovem se afastou, indo para trás de um balcão comprido.
A meu lado, uma pequena e estreita estante capturou minha atenção. Havia inúmeras bisnagas de tinta a óleo. Peguei uma delas. Blue ice. Examinei outras. Deep sky blue. Dodger blue. Medium slate blue. Cup flower blue.
Christopher: Diabos. Quantos tons de azul existem agora? — pensei em voz alta.
Dulce: Humm... Sei lá. Uns trinta? — Dulce tentou, remexendo nas bisnagas.
Christopher: Trinta? — O que havia acontecido com o mundo? O artista não preparava mais suas próprias cores? Elas eram padronizadas?
Um rapaz com fios brancos saindo das orelhas se aproximou e nos pediu licença.
Nós lhe demos espaço e eu o observei pegar três bisnagas — três tons diferentes de verde. Aparentemente, aquele garoto não se importava que alguém se metesse com as suas tintas.
****: Aqui, é só pagar no caixa ali na frente. — O jovem de avental retornou, entregando-me uma cesta azul de material curioso. Dentro dela estavam um envelope gordo recheado de cópias do retrato, um grande tubo branco de cola e um pincel de cabo amarelo.
Christopher: Obrigado. Fico grato pela rapidez.
Suas bochechas adquiriram um suave tom rosado.
****: O que é isso! Não foi trabalho nenhum. — E sorriu de leve.
Dulce: Ah, pelo amor de Deus! — Dulce revirou os olhos e me puxou para a entrada do estabelecimento, até o balcão baixo de madeira, onde coloquei as compras.
****: Cinquenta e oito e noventa — o rapaz de óculos atrás do balcão disse, depois de batucar os dedos em um... bem... computador, suspeitei, já que a máquina cheia de teclas com uma tela colorida se assemelhava à que a investigadora Santana usara para formalizar o desaparecimento de Anahí.
Peguei algumas moedas e coloquei sobre o balcão. Então, quando vi os olhos do caixa se alargarem, percebi que meu dinheiro não servia. Diabos!
Antes que eu pudesse pensar em uma solução, Dulce já tinha pegado o dinheiro no bolso da calça e desenrolava algumas notas.
Christopher: O que está fazendo, Dulce? — Trinquei a mandíbula.
Dulce: Pagando, ué!
Christopher: Não. — Capturei sua mão antes que ela entregasse as notas ao rapaz. — Isso é inaceitável.
Ela me lançou um olhar que eu conhecia muito bem.
Dulce: Seu dinheiro não serve aqui, Christopher. Você vai ter que aceitar o meu.
Ela não devia ter feito aquilo. E, para minha sorte ou tormento, ela fazia o tempo todo. Toda vez que eu a via daquele jeito — olhos reluzindo em desafio, lábios em um biquinho petulante, mãos nos quadris —, sentia um nó no abdome que rapidamente se contraía e descia para a região mais abaixo. Era difícil manter as mãos longe dela. E, por todos os infernos, ela adorava fazer aquilo quando estávamos em público, deixando-me louco para chegar em casa o mais rápido possível.
****: Uau! Isso é uma moeda de réis? — O garoto atrás do balcão pegou uma delas e a examinou com atenção.
Christopher: Sim! — Será que Dulce se equivocara e meu dinheiro tinha algum valor, afinal?
****: Caramba! Tá novinha! Onde conseguiu isso, cara? — Ele virou a moeda nos dedos. — Coleciono dinheiro antigo, mas nunca encontrei uma dessas pra comprar, ainda mais em tão bom estado. Quanto quer por ela?
Dulce: O quê? — perguntou Dulce, incrédula.
Ora, ora... Um sorriso satisfeito cresceu em meu rosto.
Christopher: Quanto estaria disposto a pagar?
****: Duzentos?
A boca de Dulce se escancarou, os olhos ficaram grandes demais para seu rosto delicado, então imaginei que fosse uma boa quantia.
Christopher: De acordo.
O garoto me entregou as notas e guardou a moeda em um saco transparente, depois no bolso. Sem precisar tocar no dinheiro de minha esposa, paguei pelas compras, peguei a sacola e o troco e deixei o estabelecimento com uma Dulce emburrada a meu lado.
Dulce: Não dá pra acreditar nisso! — ela resmungou. — Simplesmente não dá! Era pra você se atrapalhar todo, do mesmo jeito que eu me atrapalhei quando nos conhecemos!
Christopher: Posso me atrapalhar se preferir. E, sendo franco, não vai me custar nada.
Isso fez sua irritação amainar, e ela acabou rindo, pegando a cola e o pincel dentro da sacola.
Dulce: Nada disso. Só finge de vez em quando que você precisa de mim pra alguma coisa.
Segurei seu rosto entre as mãos. A sacola escorregou por meu braço, o peso das cópias fazendo-a balançar em meu cotovelo.
Christopher: Preciso de você o tempo todo, Dulce. — Acariciei seu queixo com os polegares. — Muito mais do que pode imaginar.
Seus olhos se tornaram duas estrelas incandescentes, as bochechas rosadas, a boca esticada em um sorriso de tirar o fôlego.
Dulce: Você nunca deixa de me surpreender, sabia? — E então se esticou na ponta dos pés para me beijar.
Imagino que eu devo ter corado, pois meu rosto ardia. No entanto, desconfiava que o motivo do rubor não fosse o elogio, tampouco aquele beijo em público.
Provinha do canto mais primitivo de minha alma. A alma de um homem em uma terra nova, descobrindo-se capaz de encontrar um caminho, mesmo quando tudo parece perdido.
Christopher: Por onde pretende começar? — Indiquei a cola quando ela se afastou.
Dulce decidiu que aquela rua era um bom lugar, já que era bastante movimentada. Espalhei a cola atrás de um cartaz com a ajuda do pincel e o fixei em um poste. Isso não havia mudado com o passar dos anos.
Dulce: Acha que vai funcionar? — ela me perguntou.
Christopher: Estou certo que sim. — Mas, a julgar pelas pessoas que passavam e mal dirigiam um olhar ao retrato, tive minhas dúvidas.
Ainda assim, porque não havia alternativa, seguimos entrando em estabelecimentos, perguntando por Anahí, deixando cartazes, colando-os nos postes a cada tanto, rezando para que alguém que soubesse o paradeiro de minha irmã os notasse e entrasse em contato.
O sol estava a pino quando paramos para almoçar em uma barraca sobre a calçada. Dulce a chamou de “carrinho de hot dog”.
Dulce: Você vai adorar isso — ela me disse, antes de pedir dois completos com batata extra.
Paguei pela comida e as bebidas em latas com o dinheiro que conseguira na papelaria — não sem que Dulce discutisse.
Dulce: Mas eu posso pagar! — ela reclamou. — Além disso, a gente precisa economizar. Nunca se sabe se vai acontecer um imprevisto!
Christopher: Se isso acontecer, então usaremos o seu dinheiro. — Entreguei uma nota ao dono da barraca.
Dulce: Droga, Christopher! — Ela pegou as bebidas e foi se sentar em um jogo de mesa metálica de aparência muito desconfortável. Mal caberiam dois pratos... se aquela comida fosse servida em um. O hot dog, um sanduíche quente, com uma espécie de linguiça fina e muito molho — um deles o ketchup, que eu provara no dedo de Dulce tempos atrás —, era servido em um saco branco fino, mas resistente. Assim que me juntei a ela, observei Dulce arregaçar a embalagem e a copiei. Logo na primeira mordida, o sabor explodiu em minha língua e minha barriga se eriçou, à espera de mais. Abocanhei um grande pedaço. O pão macio se desmanchou e o molho respingou em minha camisa. Tentei limpá-la com o dedo, mas apenas fiz mais sujeira. Dulce deu risada, esfregando o tecido com um guardanapo feito de papel. A mancha laranja, porém, recusou-se a desaparecer.
Christopher: Desculpe — murmurei. — É difícil segurar o sanduíche neste saco.
Dulce: Não se desculpe. Estou adorando. É como assistir à Maite comer. Exceto que você ainda não jogou comida em mim. — E então sua expressão mudou, e ela soltou um suspiro que era puro desalento ao enredar os dedos em um delicado relicário que lhe pendia no colo. Quando ela comprara aquilo?
E sua amiga Maite não é grande demais para isso?, eu me perguntei.
Limpei a mão e o rosto usando o guardanapo e estiquei o braço, apertando os dedos ao redor dos seus, desejando desesperadamente fazer com que aquela dor em seu rosto fosse embora.
Christopher: Posso jogar comida em você também, se isso a fizer feliz. Você sabe que para mim é sempre um prazer lhe ser útil.
Seus olhos se iluminaram, a tristeza cedendo aos poucos.
Dulce: Valeu, Christopher. Não sei o que seria de mim se você não estivesse aqui agora. Acho que eu já teria perdido a cabeça.
Christopher: Ah, mas você não pode. Já basta a minha não estar funcionando direito.
Dulce: Ainda acho que deveríamos procurar um médico pra você. — Suas sobrancelhas se arquearam.
Christopher: Discordo. Não há razão nem tempo para isso.
Ela bufou e voltou a comer. Terminei o meu sanduíche e ataquei o que restara do dela. A bebida em lata, porém, não me agradou muito. Doce em demasia.
Retomamos nossa busca sem perder tempo. Em meio a nossas andanças, passamos em frente a uma loja que me atraiu a atenção. Uma poltrona de mogno forrada de cetim vermelho estava sendo reposicionada na alta vitrine.
Outras peças também atraíram meu olhar, e pela primeira vez desde que acordei naquele mundo eu sabia dizer o nome de cada um dos objetos sem precisar de ajuda.
Humm.... Aquilo podia resolver a questão do “imprevisto” que tanto me incomodava desde que Dulce o mencionara. Levei minha noi... esposa para a frente da loja.
Dulce: O quê? — ela perguntou quando abri a porta para ela. Então reparou na imensa placa na fachada, com os dizeres “Galeria Renoir”. — Pretende comprar alguma coisa nesse antiquário?
Sorri para ela, segurando a porta para que entrasse.
Christopher: Não, meu amor. Eu pretendo vender.
Ela fechou a cara, cruzando os braços. Reprimi um grunhido.
Christopher: Dulce, de quanto dinheiro dispomos no momento?
Dulce: Não muito, mas... — Ela mordeu o lábio inferior, a testa encrespada. — Droga! — E passou pela porta a passos duros.
Um homem alto de cabelos castanhos veio nos receber.
****: Bom dia, como posso ajudá-los?
Christopher: Estaria interessado em adquirir algumas moedas antigas? — fui dizendo.
Ele arqueou as sobrancelhas.
****: Antigas quanto?
Peguei uma no bolso e entreguei a ele.
Christopher: Muito.
Ele a aproximou do rosto. Pareceu surpreso enquanto caminhava em direção a uma mesa nos fundos do antiquário, sinalizando para que o acompanhássemos. Dulce preferiu admirar os objetos à venda. Seu olhar era triste ao correr um dedo por um aparador de jacarandá muito semelhante ao que tínhamos na sala de música. Eu sabia exatamente como ela se sentia.
****: Não há muitas dessas por aí — o rapaz me disse. — É verdadeira?
Christopher: Tem a minha palavra, senhor.
****: Pode me chamar de Breno. E desculpa, cara, mas vou precisar de um pouco mais do que sua palavra. Não trabalhamos com artigos falsos.
Dulce: E essa cadeira do Elvis? — perguntou Dulce, examinando a peça de madeira.
Breno corou, remexendo-se no assento.
Breno: É um engano. Ela não tá à venda.
Ele pegou um pedaço de pedra de dentro de uma gaveta e esfregou a moeda que lhe dei. Em seguida, pingou um líquido na superfície arranhada e esperou.
Quando os riscos provaram que eu dizia a verdade, presumi, ele sorriu para mim.
Breno: Sensacional! Conheço um colecionador que vai ficar maluco por elas. Quantas você tem aí?
Joguei sobre a mesa tudo o que tinha nos bolsos, produzindo um tilintar suave.
Breno franziu a testa, admirado, e começou a contar as moedas. Quando terminou, pegou um objeto onde havia apenas números e começou a apertar os botões.
Breno: O que acha? — Ele empurrou a máquina para mim. Havia um número de quatro dígitos em um quadradinho.
Christopher: Parece bom.
Breno: Ótimo!
Dulce: Ai, meu Deus! — exclamou Dulce.
Em um piscar de olhos eu estava ao lado dela, procurando o que quer que a tivesse assustado. O problema, descobri, estava dentro de uma caixa de vidro.
Christopher: O que foi, meu amor?
Ela ergueu os olhos para mim. Assombro, ansiedade, medo, tudo ali em suas íris castanhas.
Dulce: Esses brincos! — ela apontou para a caixa.
Inclinei-me, examinando a dúzia de joias sobre uma almofada de cetim branco, sem compreender por que aquilo a teria alarmado tanto. Ela queria uma delas?
Então avistei um pequeno e discreto par de brincos. Delicadas garras douradas se engastavam à turquesa em formato de lágrima. Eu o reconheci de imediato.
Como poderia não reconhecer? Eu mesmo tinha comprado aqueles brincos, quatro anos antes.
Ergui os olhos para ela, em choque.
Christopher: São os brincos de Anahí!
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Autor(a): delenavondy
Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Os brincos de turquesa, apesar de pequenos, pareciam dominar toda a vitrine, apagando o brilho das outras peças. Meu olhar se encontrou com o de Dulce, e um misto de esperança e apreensão dominou a nós dois. Voltei-me para Breno, que havia se levantado e se aproximava do mostrador, interessado. Christopher: Onde conseguiu estes brincos? — ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
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taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
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mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais