Fanfics Brasil - Capítulo 49 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 49

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Christian: Alguma ideia do que ela vestia? — perguntou Christian assim que começamos a andar.


Christopher: O que pude ver era preto. Breno mencionou algo chamado jeans. O cabelo estava preso em um rabo de cavalo.


Christian: Falou.


Christopher: Sim, falei. — Eu o fitei, confuso.


Ele gargalhou alto, pousando a mão em meu ombro e me sacudindo de leve.


Christian: Você é uma figura, cara!


Andamos até o ponto que ele indicara. Procurei por minha irmã, vasculhando cada cabeça que pude enxergar. Mas ela não estava ali. Perto da esquina, porém, havia uma fileira de carros, todos iguais, com um triângulo iluminado com a palavra “táxi” fixo no teto. Dulce já me falara deles. Eram como caleches de aluguel. Resolvi arriscar, com Christian me seguindo de perto, também vasculhando os arredores, um cartaz amassado na mão.


Assim que o condutor do táxi que estava na frente da fila nos viu chegar, endireitou-se no assento e ajeitou a lapela da camisa. Ele não vestia paletó.


Quase ninguém mais vestia, constatei.


Inclinei-me para a janela, mas Christian me deteve.


Christian: Deixa comigo. — Então colocou meio corpo dentro do táxi. — Opa, tudo tranquilo?


****: Pra onde? — o condutor quis saber.


Christian: Na verdade queríamos uma informação, amigo.


O homem fechou a cara.


****: Eu tenho credencial. — Apontou para um papel com um pequeno retrato seu pendurado em uma prancheta. — Sou legalizado.


Christian: Fica sussa, cara. Não somos fiscais. Só queria saber se você viu uma garota. — E estendeu o panfleto amarfanhado. 


Christopher: Um metro e sessenta e cinco, loira, olhos azuis, pele clara — ajudei.


Ele examinou o papel pelo mais breve segundo.


****: Isso é um desenho.


Christopher: É um retrato — corrigi.


****: Que seja. — Ele ergueu os ombros. — Não vi essa menina. Agora, se não vão querer a corrida, fiquem longe do meu táxi ou vou perder clientes. — Com isso, ele fez a janela de vidro subir, virando o rosto para o outro lado.


Christian: Idiota — murmurou Christian. Eu estava de acordo.


Partimos para o segundo carro. E depois o terceiro. As respostas eram sempre parecidas, assim como as atitudes pouco corteses. Fomos para o ponto seguinte, algumas quadras mais distante. Christian decidiu abordar os transeuntes no caminho. Pareceu-me boa ideia a princípio, mas...


Christopher: Boa tarde, senhora — perguntei a uma mulher com uma espécie de óculos de lentes escuras escondendo os olhos e grande parte do rosto. — Estou procurando uma jovem...


Christian: Garota — corrigiu Christian, olhando-me de um jeito esquisito. — Procuramos uma garota.


Certo.


Christopher: Procuramos uma garota. Cabelos louros, olhos azuis, estatura mediana.


Christian: Aqui, ó! — Christian exibiu o panfleto.


Ela ergueu os óculos, revelando ávidos olhos amarelados, que me examinaram de cima a baixo.


****: Ruiva de olhos cor de mel não serve, meu bem? — E fez um biquinho.


Christopher: Hã... Não. Minha irmã se perdeu. Ela é tímida, atende pelo nome de Anahí.


Ela abriu um sorriso.


****: Não vi. Mas que tal me deixar o seu número? Te ligo se encontrar alguém assim. — Ela se aproximou e ergueu a mão para tocar meu braço.


Enfiei um cartaz em sua mão, amassando um pouco o papel. Ela pareceu surpresa e um pouco ofendida.


Christopher: Obrigado pela atenção. — Comecei a andar.


Christian vinha logo atrás, rindo até os olhos lacrimejarem.


Christopher: Não tem graça — resmunguei.


Christian: Tem sim. Já reparou como todas as mulheres reagem a você? Cara, você deve ter se divertido um bocado antes de casar, seu filho da mãe sortudo! — E deu um soco em meu braço.


Revirei os olhos. Christian não sabia da missa a metade. As emoções eram mais contidas no meu tempo, e as damas raramente permitiam qualquer intimidade sem uma aliança no anular da mão esquerda. Naturalmente, nem todas as damas guardavam o recato que sua família desejaria. Nunca fui além de beijos e explorações da silhueta feminina, que me deixavam com uma dor insuportável na virilha por vários dias. Por isso Christian não podia ter se equivocado mais.


Christian: Opa, beleza? — falou ele ao abordar um senhor idoso. — Eu tô procurando uma garota.


****: E quem não está, meu filho? E quem não está?


Parei um sujeito de paletó e gravata, que presumi ser um cavalheiro, e repeti as mesmas perguntas. Sorrindo, ele olhou para os lados, e meu coração se encheu de esperança.


****: Olha, só vou te dar essa informação porque fui com a cara de vocês dois. — Retirou um cartão de papel do bolso e me entregou. — Só as melhores, cara! Top mesmo! E tem loira de olho azul, ruiva de olho verde, mulatas de fazer um homem perder o juízo, orientais... Ah, as orientais! Vocês vão se divertir um bocado! — E lançou uma piscadela para mim antes de sair andando.


Christian riu tanto que teve de se encostar em um carro estacionado para manter o equilíbrio. Fitei o cartão. Havia a silhueta de uma mulher nua segurando os seios e ao lado, em letras pretas, lia-se: “Night Club Lafayette. O universo masculino nunca foi tão prazeroso”.


Observei o cartão por um longo tempo. Será que o negócio da senhorita Anne Marie havia prosperado tanto que ainda existia?


Então um pensamento sinistro fez meus pelos ficarem em pé. Eu já ouvira falar de meninas sozinhas no mundo que foram recrutadas por bordéis, a única maneira de se manterem. Seria para um lugar assim que Anahí fora levada?


Christopher: Christian, Anahí pode estar... — Engoli em seco.


Christian: Não. — Ele parou de rir no mesmo instante. — Não, de jeito nenhum. Quer dizer, não vou mentir. A possibilidade existe, claro, mas vamos tentar não perder a cabeça. Se a sua irmã estivesse... metida com essas coisas, ela não teria vendido os brincos, certo? Porque teria grana. Além disso, ela parecia bem agora há pouco, não é?


Christopher: Diferente, mas bem. Pelo que pude ver, não se vestia como uma cortesã. — Não que eu soubesse como uma cortesã se vestia naquele lugar. — E não parecia estar ferida.


Christian: Então pronto. Pode ficar tranquilo.


Bufei outra vez, esfregando a testa na tentativa de fazer a cabeça parar de doer.


Christopher: Só ficarei tranquilo quando ela estiver comigo. — E nós estivermos em casa, eu quis acrescentar.


E me senti mal por isso. Dulce abandonara tudo aquilo por minha causa e nunca se queixava. Eu, em contrapartida, não via a hora de escapar daquele pesadelo.


Não era nada justo, eu sabia disso. Se tivesse de viver naquele tempo para permanecer ao lado de Dulce, eu viveria, mas não estava certo se não acabaria por perder o juízo.


O que Dulce estaria pensando de verdade?, eu me perguntei. Parecia tão louca quanto eu para fugir dali, mas o impacto de rever o que deixara para trás devia ter mexido com ela. Pois mexia comigo. E muito!


Christian começou a tossir. A crise foi longa, deixando-o vermelho e com os olhos marejados.


Christopher: Você está se sentindo bem? — Bati de leve em suas costas.


Christian: Tô meio podre. Provavelmente vem uma gripe por aí.


Christopher: Você não deveria ficar andando o dia todo, Christian. Devia ter ido para casa para descansar.


Christian: E deixar você na mão? Nem pensar, Christopher.


Não pude evitar sorrir. Acredito que, como tudo o mais na vida, as amizades sinceras surgem nos lugares mais inesperados e justamente nos momentos em que mais precisamos.


Christopher: Fico grato, Christian. De verdade.


Christian: Deixa disso, cara. — E socou meu braço. Ele fazia muito aquilo. Desconfiei de que fosse um cumprimento que selasse algum acordo entre cavalheiros, então retribuí o gesto. — A Dulce está diferente — ele comentou, enquanto nos dirigíamos a mais uma parada de ônibus. — Parece mais serena. Vou confessar: eu não gostava de você até te conhecer. Quer dizer, você fez minha mulher sofrer quando levou a Dulce embora. Mas, agora que te conheci, entendi por que a Dulce preferiu deixar tudo para trás. Ela nunca foi muito namoradeira, mas, cara, tinha um dedo podre para escolher namorado que eu vou te contar... Só se enroscava com idiotas.


Christopher: Suspeito de que conheci um deles ainda agora.


Christian: Tá de brincadeira? Quem?


Christopher: Um sujeitinho esquecível. — Trinquei os dentes.


Ele concordou com a cabeça.


Christian: Bom, fico feliz que ela tenha te encontrado. A Dulce parece finalmente estar de bem com a vida. Você faz bem a ela.


Christopher: Eu tento. Mas a decisão foi dela, Christian. Eu não a levei embora, como você disse. Ela escolheu viver comigo. E, vendo tudo isto — fitei a cidade em constante movimento, a modernidade em cada fachada, em cada poste, em cada rosto —, tudo o que vi hoje, me espanto que ela tenha cogitado essa hipótese.


Quanto mais vejo, mais pasmo fico com o que ela deixou para trás.


Christian: Não foi tanto assim, cara. A Dulce sempre foi muito sozinha.


Aquilo me fez andar mais devagar para poder olhar para ele.


Christopher: Você a conhecia quando os pais dela morreram, não é?


Dulce não falava muito sobre isso, da mesma maneira que eu também não mencionava a morte de meus pais.


Ele fez que sim, curvando-se como se as costas lhe doessem.


Christian: A Maite e eu só estávamos de rolo naquela época, mas eu já conhecia a Dulce, sim. Ela recebeu a ligação contando do acidente quando estava na aula. Foi horrível. Mais ainda porque ela teve que fazer o reconhecimento dos corpos no IML. O carro pegou fogo, cara, não sobrou nada. A Maite não teve estômago, então eu fui com a Dulce. Foi a cena mais horrível que eu já vi na vida. — Seus ombros estremeceram. — Ela desmoronou. Levou meses para parar de chorar e seguir com a vida... Bom, não exatamente seguir. Ela era muito nova, teve que repensar tudo. Mudou de curso, arranjou um emprego, se virou. Não importa o que aconteça, a Dulce sempre arruma um jeito de sobreviver.


Meu coração se estilhaçou enquanto eu ouvia com mais detalhes sobre o período mais difícil da vida de Dulce. Não pela primeira vez, desejei tê-la conhecido nessa época, viver no mundo dela. Tomar as providências, aliviar sua dor emprestando meu ombro, dando-lhe meu coração se fosse necessário. Mas a vida se encarregara de nos manter em mundos opostos.


Christopher: Obrigado por cuidar dela — falei em um murmúrio, fitando minhas botas.


Christian: Pode não parecer, porque a gente sempre brigou muito, mas eu adoro a Dulce, Christopher. E... essa não foi a única vez que eu a vi meio morta por dentro.


Ergui a cabeça. Ele estava sério, o olhar acusador.


Christian: Ela ficou muito mal quando você a chutou. Eu quis te arrebentar mais de uma vez.


Christopher: Eu nunca a chutei, Christian.


Ele cruzou os braços sobre o peito.


Christian: Quer dizer que a menina ficou chorando todo aquele tempo a troco de nada?


Christopher: Não. — Esfreguei o esterno, subitamente latejante. — Fomos obrigados a nos separar. Nenhum de nós queria isso, mas não tivemos como impedir. Você acha mesmo que eu teria rechaçado Dulce? Olhe para ela! Eu seria louco se não a agarrasse firme desde que pus os olhos nela. E foi isso o que eu fiz. Mas nem sempre a força dos braços basta.


Christian: O que quer dizer? — Ele descruzou os braços lentamente, o cenho encrespado.


Subitamente, senti-me velho e cansado e desejei poder dividir aquilo com alguém. Nunca pude ser totalmente franco quanto ao sumiço de Dulce. Ninguém acreditaria em mim, de toda forma. Então eu sufocara com as emoções: o medo, a dor, a perda, a raiva desmedida. Esses sentimentos me acompanharam por muito tempo. E ainda me acompanhavam. Um homem não consegue esquecer uma coisa dessas, e a tortura de tê-la perdido estava mais viva do que nunca em minha mente. Era como se tivesse acontecido havia cinco minutos.


Ainda doía como se tivesse acontecido havia cinco minutos.


*********************************


 


 


 


Continua...



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Autor(a): delenavondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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