Fanfics Brasil - Capítulo 5 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 5

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O sol estava quase se pondo quando finalmente consegui entrar em casa.


Cuidar daquele pangaré tinha levado muito mais tempo do que eu imaginara.


Depois de acompanhar Dulce até a casa, eu fora tratar as feridas do animal e agora estava coberto por todo tipo de sujeira. Fiz o melhor que pude por ele: preparei os cataplasmas usando um bocado de arnica e algumas outras ervas, e apliquei em quase todo o seu dorso. Também cuidei das ferraduras, alimentei-o e lhe dei de beber. Agora só me restava torcer para que isso fosse o bastante. Não foi muito animador, devo confessar, ouvir Isaac — meu braço direito no estábulo e filho do meu mordomo — dizer, depois de uma rápida olhada no bicho:


Isaac: Não sei não, patrão. Acho que o senhor só está perdendo seu tempo. Devíamos chamar o açougueiro.


Lancei a ele um olhar enviesado e o garoto se apressou em ir cuidar do veículo de minha esposa, estacionado em frente à casa. Ninguém levaria um dos meus cavalos para o açougueiro!


Então, após fazer tudo o que estava ao meu alcance, fui para casa, louco para tomar um banho. Desviei, ao entrar, dos tijolos que se amontoavam próximos à porta da cozinha. A construção do banheiro de Dulce já tivera início. Não ia muito bem, contudo, pois o mecanismo principal — que seu Domingos, o mestre de obras, encomendara na Europa — ainda não havia chegado. O navio que o trazia fora saqueado por piratas e então tinha sido necessário fazer uma nova encomenda. Dulce não estava contente com isso.


Passei direto pela cozinha, mas o senhor Gomes estava por lá. Meu mordomo lançou um olhar pouco surpreso para minhas roupas imundas e se apressou em colocar uma bacia de água sobre o fogão a lenha.


Eu estava quase em frente ao meu escritório quando avistei Anahí saindo da sala de leitura.


Anahí: Minha nossa! — Ela fez uma careta ao se aproximar e se abraçou ao livro que tinha nas mãos. Shakespeare, constatei, resignado. Ali não havia nada da menina a quem eu ensinara a tabuada e que gostava de ler os contos de Jean de La Fontaine antes de dormir. Agora preferia poesias e bailes. — Você precisa de um banho.


Christopher: Um dos cavalos precisou de cuidados.


Anahí: Ah. Fico contente que já tenha terminado as suas tarefas. Em menos de três horas os nossos convidados devem começar a chegar.


Christopher: Estarei pronto na hora marcada. Prometo. Agora, entre aqui um instante, Anahí. — Abri a porta do meu escritório particular. Ela passou pelo batente, observando com expectativa enquanto eu contornava a mesa, abria uma das gavetas e pegava um pequeno embrulho. Estendi o pacotinho a ela. — Feliz aniversário!


Ela sorriu, abandonando o livro sobre o tampo da mesa, e aceitou o presente.


Desembrulhando-o com graça, apressou-se em espiar o conteúdo da caixinha de veludo.


Anahí: Oh, Christopher! — Anahí levou a mão à boca, os olhos muito brilhantes. — É maravilhoso!


O colar simples, apenas uma turquesa oval rodeada de minúsculos brilhantes pendurados em um fino cordão dourado, não podia tê-la surpreendido tanto.


Afinal aquela era sua pedra favorita, e ela ganhava uma em todos os seus aniversários, desde o primeiro. Nosso pai insistia que eram do mesmo tom dos olhos de sua caçula.


Era engraçado vê-la agora tão surpresa. Desde pequena, Anahí esperava pela data contando os dias no calendário, especulando aqui e ali na tentativa de adivinhar o que ganharia naquele ano. Um anel? Brincos? Um belo broche?


Certa vez, no aniversário de nove anos de minha irmã, meu pai resolvera atormentá-la fingindo que tinha se esquecido de lhe comprar um presente.


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Estávamos na sala de leitura. Minha mãe bordava em frente à janela, os pálidos cabelos louros brilhando como cetim. Meu pai tentava ler o jornal, mas Anahí discursava com veemência sobre a importância de celebrar a data ganhando um presente. Eu estava à mesa, aprendendo alemão com o senhor Hensler. Era a segunda vez que eu tinha aulas com aquele crápula.


Anahí: Não é certo eu não ganhar nada. — Anahí fez beicinho. — O Christopher ganhou no aniversário dele!


Victor: E o que você sugere, querida? Devo sair e lhe comprar uma selaria nova? — Meu pai virou a página do jornal.


Anahí: Eu preferia algo menor. E brilhante.


Victor: Como o quê?


Anahí: Qualquer coisa que tenha uma bonita pedrinha, papai. Aquela pedrinha fria, que o senhor diz que é da cor dos meus olhos.


Fiz de tudo para não rir. Anahí era muito pequena e não fazia ideia de quanto custavam as turquesas. Ela as achava bonitas e queria ter tantas quantas pudesse.


Meu pai também tinha dificuldade para se manter sério, e dobrou o jornal para ganhar tempo a fim de se recompor.


Victor: Humm... Não me lembro de nenhuma pedra branca — disse ele.


Anahí: Não dessa parte dos meus olhos, papai.


Ele a estudou por um momento, coçando o queixo.


Victor: Sim, me recordo agora. Comprei uma pedra brilhante e marrom tem um tempo. Deve estar aqui em algum lugar. — E tateou os bolsos.


Anahí: Não! Essa é a cor dos olhos de Christopher! Os meus são azuis, como os da mamãe! — Aproximou o rosto do dele até os narizes se tocarem e arregalou os olhos. — Está vendo?


Afastando-se um pouco, ele pousou o polegar no queixo da menina, fingindo examiná-la com atenção.


Victor: Humm.... Ora, mas veja só! São azuis mesmo, minha querida. O que faremos agora? Confundi e comprei o presente para o filho errado!


Alexandra: Víctor! — Mas a censura de minha mãe se perdeu no momento em que ela sorriu para o marido. — Não atormente Anahí. É claro que ele não se esqueceu de lhe comprar um presente, querida.


Eu estava atento à conversa, já que não havia nada que eu odiasse mais do que as aulas de alemão. Era uma tradição da família Uckermann, muito antes de meu avô ter decidido deixar a Inglaterra para se aventurar nas fascinantes e potencialmente lucrativas terras brasileiras. Os homens da minha família eram obrigados a aprender alemão, enquanto as damas se dedicavam ao francês.


Acabei rindo das caretas de minha irmãzinha.


E imediatamente a régua do senhor Hensler mordeu minha mão com um som agudo.


Sr. Hensler: Passen Sie auf! — vociferou.(Atenção!)


Christopher: Mas eu estava prestando atenção! — reclamei.


A régua zuniu no ar antes de encontrar minha mão outra vez. Maldito senhor Hensler.


Sr. Hensler: Auf Deutsch, bitte! Christopher, sprechen Sie mir nach: ich war gewesen, du warst gewesen, er/sie/es war gewesen…(Em alemão, por favor. Repita, Christopher: eu tenho sido, tu tens sido, ele/ela tem sido...)


Minha mãe lançou um arquear de sobrancelha a meu pai, que por sua vez fitou meu tutor com as pestanas quase unidas enquanto eu seguia conjugando o verbo estar. Diabos. Eu odiava conjugação verbal. Odiava ainda mais o senhor Hensler, com seu grande corpo de barril e sua maldita régua de madeira. A aula anterior havia sido naquela mesma sala, mas eu ficara sozinho com aquele sujeito, sem nada para me distrair exceto os devaneios de um garoto de quatorze anos.


Anahí: Você se esqueceu mesmo da cor dos meus olhos, papai? — Anahí insistiu.


Víctor Uckermann sorriu e deslizou os dedos carinhosamente pelas bochechas rosadas da menina.


Victor: Como eu poderia, minha querida, se a cada vez que olho para eles vejo sua mãe me observando de volta? — Seu olhar repousou na bela mulher em frente à janela. Ela retribuiu com um sorriso cheio de mistérios, que na época eu não tinha como compreender. Duas pequenas covinhas surgiram em suas bochechas.


Meu pai então enfiou a mão no bolso do paletó e em seguida pegou o braço de Anahí, prendendo uma pulseira de bolotas azuis em seu pulso fino.


Victor: Aqui está. Azuis como os seus olhos. Feliz aniversário, minha querida.


Anahí: Ah, papai — Ela o abraçou, depois correu para o colo da mãe. — Olhe, mamãe! Olhe quantas pedrinhas eu ganhei!


Alexandra: São belíssimas, Anahí. Dignas de uma verdadeira dama. — Colocou o bordado para o lado e se inclinou para beijar o rosto da filha.


Minha irmã passou um bom tempo ali, admirando as bolinhas. Então saltou sobre seus sapatos brancos e correu para a mesa onde eu estava.


Anahí: Christopher, Christopher! Você ouviu? A mamãe disse que eu sou uma dama agora que tenho todas estas perolazinhas! Não são ainda mais lindas que as últimas?


Christopher: São muito bonitas, Ana... Ai! — Tomei mais uma reguada. Desta vez na cabeça. — Die Perlen sind sehr schön, Anahí.(As pérolas são muito bonitas, Anahí.)


Sr. Hensler: Sehr gut, Christopher — elogiou Hensler.(Muito bem, Christopher.)


Minha mãe se levantou, alisando o vestido rosado, e fitou meu pai.


Alexandra: Muito bem, vamos comer alguma coisa e deixar Christopher com seus estudos.


Anahí: Será que tem bolo de coco, mamãe? — Anahí pegou a mão dela.


Victor: Se não tiver, nós faremos um, que tal? — meu pai sugeriu, ao ficar em pé.


Anahí: Eu adoraria! Mas não sei se posso. Não dá para fazer um bolo sem sujar as roupas, e a mamãe diz que uma dama jamais se suja, e agora que eu ganhei estas pedras... bem, suponho que não poderei mais me sujar. — Anahí suspirou com tristeza.


Victor: Ora, hoje é seu aniversário. — Ele acariciou os cabelos loiros da filha, presos por fitas brancas. — Todo mundo sabe que uma dama pode se sujar quanto quiser no dia de seu aniversário.


Anahí: É verdade, mamãe? — Seu olhar esperançoso disparou para o rosto de Alexandra Uckermann, que fez o melhor que pôde para manter a expressão séria.


Alexandra: Certamente, querida.


Ao passar pela mesa, meu pai se aproximou do senhor Hensler e o surpreendeu ao tomar-lhe a régua.


Sr. Hensler: Senhor Uckermann! — A indignação reluziu em seu olhar.


Victor: Vá até o meu escritório assim que a aula terminar. — Não foi um pedido.


Aquela foi a última vez que tive aulas com o senhor Hensler. Também foi o último aniversário de Anahí em que meus pais estiveram presentes. Nossa mãe sofreu um ataque de apoplexia e nos deixou pouco antes do Natal de 1823. No inverno do ano seguinte, foi a vez de nosso pai. E foi por essa razão que eu, o Uckermann então responsável por Anahí, não admiti que ela perdesse também a tradição das turquesas. Ela era jovem demais para acumular tantas perdas. Não me parecia justo.


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Anahí: Um colar! — Anahí exclamou, trazendo-me para o presente. — Jamais ganhei um colar antes! Você sempre disse que só as moças ganham colares.


Christopher: Foi o que me assegurou uma vez a senhora Almeida. — Enfiei as mãos nos bolsos da calça.


Anahí sorriu, exibindo as covinhas de Alexandra Uckermann


Anahí: Esse é o seu modo de me dizer que eu cresci, Christopher?


Dei de ombros.


Ela contornou a mesa antes que eu pudesse piscar e me abraçou, beijando meu rosto com entusiasmo.


Anahí: Não existe em todo o mundo um irmão melhor que você.


Christopher: É, bem... — Dei alguns tapinhas em seus ombros.


Rindo, Anahí se afastou e me pediu para ajudá-la com o colar. Assim que a pedra lhe caiu no pescoço, ela se virou, seus inseparáveis brincos em formato de lágrima — também de turquesa — sacudindo de leve. Naquele instante me dei conta de quanto ela estava crescida. E muito bonita.


Era melhor conferir se havia balas na caixa da pistola.


Anahí: Vou usá-lo esta noite — contou ela, admirando a pedra. — Combina perfeitamente com o meu vestido.


Christopher: Imagino que sim. Tem ideia de onde estão Dulce e Maite?


Anahí: Escondidas em algum lugar. — Seu rosto se contorceu em uma careta. — Tia Ninel já chegou e, como de costume, está enlouquecendo a todos! Ainda agora ela me disse que eu não sei arrumar os cabelos como uma fina dama!


Balancei a cabeça.


Christopher: Ainda não acredito que você a perdoou.


Algumas semanas após o meu casamento, Ninel raptara Anahí na tentativa de obrigá-la a casar com seu filho. Sebastian também caíra na armadilha. Por sorte, Dulce e eu conseguimos alcançá-los antes que qualquer mal tivesse acontecido. Eu ainda não conseguia olhar para aquela mulher sem querer torcer-lhe o pescoço.


Anahí: E de que adiantaria alimentar qualquer rancor, Christopher? Apenas envenenaria a minha alma, e se isso acontecesse ela sairia vitoriosa. Desta maneira eu sou feliz, e a incomodo mais que qualquer outra coisa.


Acabei rindo.


Christopher: Tem certeza de que está completando apenas dezessete anos?


Anahí: Sim! E, se você não se livrar de toda essa sujeira, não restará uma única pessoa no meu baile, pois espantará a todos! — Ela me pegou pelo braço e me empurrou porta afora. — Vamos. Daqui a pouco os convidados começarão a chegar. E diga a Dulce que, se ela precisar de ajuda com o penteado, basta mandar me chamar.


Christopher: Darei o recado.


Maite tomou a direção oposta à minha, e eu me detive por um instante para observá-la. Ela seguia em frente a passos não tão rápidos, distraída pela turquesa.


Acabei sorrindo. Não tão crescida assim, afinal...


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Autor(a): delenavondy

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Tão logo ela desapareceu no corredor, fui para o quarto, onde a banheira já me esperava. Eu estava louco para ver Maite. Quando saí pela manhã ela ainda dormia, mas de maneira alguma eu me aproximaria dela coberto de cataplasma e baba de cavalo. Encontrei o traje de baile metodicamente esticado sobre a cama. Coisas de meu mordomo. Então n&a ...


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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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