Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
Dulce: Eles já estão lá dentro há tanto tempo — queixou-se Dulce, mordiscando a unha do polegar.
Alcancei o relógio no bolso para verificar as horas. Ao vislumbrar a peça, perdi a linha de raciocínio. Era muito bonito, moderno — bem, talvez eu devesse reconsiderar esse conceito, depois de tudo o que já vira naquele dia —, e reluzia como novo. Mas não era meu. Eu o examinei por todos os ângulos e acabei encontrando uma inscrição dentro da caixa. Uma inscrição assinada por Dulce.
Ela me dera aquilo.
Mais uma vez tentei transpor o muro que me separava de minhas lembranças.
Teria sido mais fácil ensinar Storm a dançar.
Acariciei o mostrador, descobrindo a sensação de seu toque, sentindo seu peso em minha mão. Era perfeito, encaixava-se tão bem em minha palma, como se tivesse sido feito para mim. Assim como a mulher a meu lado, ponderei, admirando seu perfil. E eu teria de redescobri-la também, agora não apenas como a mulher que me roubara o coração e os pensamentos, mas como minha esposa.
Eu a fitei demoradamente. De fato, os cabelos de Dulce pareciam mais longos do que eu me lembrava, e seu corpo ainda era magro, mas de alguma forma parecia mais feminino, um pouco mais arredondado no busto e nos quadris.
Estava ainda mais linda.
E muito preocupada com o amigo, percebi. Eu também estava. Embora não conhecesse Christian — ou não me lembrasse disso —, Dulce o adorava, e isso era motivo mais que bastante para me fazer temer pelo rapaz. Poucos tinham a sorte de sobreviver a uma pneumonia.
Tão logo eu mostrara o lenço a Dulce, ela entendera a gravidade do que poderia estar causando o mal-estar de seu amigo. E ele, naturalmente, protestara contra a ideia de se consultar com um médico. Eu não tinha mostrado nem a ele nem a Maite o que me alarmara tanto, apenas argumentara que, já que tínhamos de ir até o hospital, não custava nada dar um pouco de paz de espírito a sua mulher. A contragosto, ele acabara cedendo, mas passara toda a viagem carrancudo, como um menino de quatro anos que tivesse perdido uma de suas bolas de gude em uma disputa.
Então ali estávamos nós, esperando, naquele frio corredor de luz branca e desconfortável, por alguma notícia.
Christopher: Faz apenas um quarto de hora que eles entraram. Logo devem sair. — Guardei o relógio no bolso.
Dulce: Você acha mesmo que pode ser pneumonia?
Christopher: Não sei, Dulce. Mas espero ter me equivocado, e que os vestígios de sangue em meu lenço sejam apenas uma infeliz coincidência. — Do contrário, significaria que a doença estava avançando a galope e seria muito difícil detê-la.
Dulce: Não fica assim, Christopher. A medicina avançou muito. Hoje em dia a pneumonia não é mais tão grave como antigamente. — Ela entrelaçou a mão na minha. — Foi assim com o seu pai?
Assenti uma vez.
Christopher: E foi assim que o doutor Almeida soube que toda aquela febre e prostração não eram causadas por um forte resfriado. Sempre que alguém apresenta os sintomas de um resfriado, fico apavorado. Como quando você esteve doente, depois de ter tomado chuva. Passei pelo inferno, Dulce.
Dulce: Ah, Christopher. — Ela deitou a cabeça em meu ombro, os dedos apertando os meus.
A porta do consultório médico se abriu. Eu e Dulce ficamos de pé. Christian e Maite saíram. Ele tinha as faces afogueadas, provavelmente em decorrência da febre.
A expressão de Maite estava sombria.
Christopher: E então? — perguntei a eles.
Maite: O Christian tá com pneumonia.
Deus do céu.
Dulce: Caramba, Christian! — exclamou Dulce.
Christian: Não é nada — ele rebateu de imediato, lutando para parecer menos abatido do que realmente estava. Maite o fuzilou com os olhos. — Não precisa fazer essa cara.
Christopher: O que podemos fazer para ajudar? — ofereci, embora soubesse muito bem que não havia quase nada a fazer.
Maite: Obrigada, Christopher — Maite respondeu. — Tudo o que ele precisa é repousar e tomar os antibióticos. O médico até me deu uma amostra. Vou levá-lo direto para casa.
Christopher: Antibióticos? — minha testa encrespou.
Dulce: Para combater a infecção — explicou Dulce em um murmúrio. — É um remédio.
Christopher: Eficaz?
Dulce: Normalmente. — Ela ergueu os ombros.
Maite: Vou levá-lo para casa. — Maite acomodou a bolsa no ombro. — Desculpem por não podermos ajudar na busca hoje.
Christopher: De modo algum — objetei. — Apenas cuide para que ele siga as recomendações médicas.
Christian: Traíra — resmungou Christian, me lançando um olhar enviesado que me fez rir.
Eles partiram logo depois, e, mesmo que Dulce tenha me explicado sobre os tais antibióticos (e eu pouco tenha entendido), não pude deixar de me preocupar com aquele rapaz. Nós o visitaríamos mais tarde, e eu esperava encontrá-lo mais disposto.
Então Dulce e eu saímos à procura de Natália. Infelizmente ela não estava, pois era o horário de seu almoço.
Dulce: Que droga! Vamos ter que esperar — resmungou Dulce, diante da porta de entrada. — Não aguento mais isso, Christopher. Quero a Anahí aqui comigo! Quero acordar deste pesadelo e voltar para casa! — E levou os dedos ao cordão que trazia no pescoço, ao pequeno relicário.
Sem perceber o que fazia, eu o toquei também. Dulce prendeu a respiração enquanto eu o abria. Meu coração perdeu o ritmo enquanto eu admirava o minúsculo retrato que ele abrigava, então desatou a bater feito louco enquanto eu sentia como se caísse em um abismo de grandes olhos castanhos. Um eco, como uma canção tocada ao longe, tentou submergir em meu cérebro, mas não conseguiu perfurar a espessa camada de confusão. Tudo o que eu sabia era que meu coração batia por aquela menina no retrato.
Christopher: Quem é ela? — Mas eu sabia, não é? Os traços familiares, os cachos louro escuro, aqueles olhos profundos...
Era minha. Aquela garotinha era minha.
Dulce: Ela é a pessoa mais importante do mundo para mim e para você. Maite.
Christopher: Maite — murmurei.
Os olhos dela se acenderam.
Dulce: Você se lembra?
Meu dedo percorreu o retrato como se eu tentasse acarinhar o bebê, como se com o gesto eu pudesse recuperar tudo o que havia perdido. O som de sua risada, a maneira como se encaixava em meus braços, a primeira vez em que a vi. Por alguma razão, eu estava perdendo tudo o que me era mais caro. Por quê? Por que todas as lembranças mais preciosas tinham ido embora?
Lentamente, sabendo que machucaria Dulce — e me odiando por isso —, afastei a mão do relicário e balancei a cabeça.
Christopher: Não me lembro dela, mas você me contou sobre sua amiga Maite. Imaginei que o nome de nossa filha fosse o mesmo.
Dulce: Ah. — E, como eu sabia que aconteceria, o brilho em seu rosto se apagou.
Christopher: Por que não deixamos uma mensagem para a senhorita Natália? — sugeri, louco para apagar aquela tristeza de seu olhar. — Assim poderíamos sair e procurar Anahí.
Dulce: E quem vai entregar o bilhete? Aquela recepcionista que mal se dignou a nos dizer que a Natália tinha saído pra almoçar?
Christopher: Não custa nada arriscar. Espere um momento.
Deixei-a na entrada e me aproximei do balcão no canto direito. A jovem atrás do vidro não me dirigiu o olhar.
Christopher: Por gentileza, senhorita, poderia me arranjar papel e caneta?
****: Aqui não é papelaria. Santa Casa, bom dia?
Christopher: Bom dia. Mas, senhorita, eu gostaria de deixar um recado para a senhorita Natália, que trabalha na enfermaria.
Ela bufou, mas pegou uma folha e a passou por uma estreita abertura entre o vidro e a bancada. Seus olhos se encontraram brevemente com os meus antes de retornarem para uma máquina. No entanto, ela se deteve, sem soltar o papel, e voltou a me contemplar.
****: Uau.
Dei um suave puxão para libertar o papel e, assim que ela me entregou uma caneta, apressei-me em escrever o recado. Peguei o documento dentro do bolso e sobrepus a mensagem, então os dobrei. Gostaria de ter cera e um sinete à mão para lacrá-lo, mas tive de me contentar com as dobras. Rabisquei o nome de Natália nas costas da carta.
Quando terminei, percebi que era alvo do interesse da jovem. Ela havia puxado para o lado aquela parte do adorno de cabeça que lhe cobria a boca e me analisava de alto a baixo.
****: Que jeito mais maneiro de dobrar o papel — comentou. — Nem precisa de envelope.
Sorri para ela.
Christopher: Poderia, por favor, entregar a Natália quando ela retornar? — Passei a carta a ela.
****: Você por acaso é namorado da Naty ? — Ela pegou o envelope e o colocou na mesa.
Christopher: Não, senhorita, eu não sou. — Que pergunta mais descabida.
****: Peguete? Ficante?
Christopher: Perdoe-me, como disse?
Ela inclinou a cabeça para o lado.
****: Você é hétero?
Christopher: O quê?
****: Deve ser, sim. — Seu sorriso cresceu. — Você trabalha em quê?
Christopher: Eu preciso responder a tudo isso para que a senhorita possa entregar minha carta à senhorita Natália?
****: Não! — Ela riu, batendo as unhas nervosamente no canto do balcão. — Mas, pra eu decidir se você será o pai dos meus futuros filhos, sim.
Ah.
Christopher: Eu fico... — Tive de pigarrear. — ... lisonjeado. Mas já sou casado, senhorita.
****: Ah. É claro. — Ela suspirou com desânimo. — Se não é gay, nem desempregado, nem viciado em alguma porcaria, é casado. Onde eu estava com a cabeça para achar que um homem feito você ficaria dando bobeira no mercado por muito tempo?
Christopher: Eu... hum... agradeço pela ajuda com a carta.
Ela fez uma dispensa com mão.
****: De nada. — Então ajeitou a alça do adorno novamente perto da boca e voltou a olhar para a máquina. — Santa Casa, bom dia?
Christopher: Bom dia, senhorita. — E me afastei do balcão.
************************************
Autor(a): delenavondy
Este autor(a) escreve mais 14 Fanfics, você gostaria de conhecê-las?
+ Fanfics do autor(a)Prévia do próximo capítulo
Dulce veio ao meu encontro, uma expressão abismada no rosto. Dulce: Você conseguiu que ela ficasse com a carta! Christopher: Sim, e também consegui ser pedido em casamento. Dulce: Assim não precisamos correr o risco de acabar presos. Uma carta anônima! Isso foi sensacional, Christopher! Ela estava tão contente e aliviad ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo
Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
Para comentar, você deve estar logado no site.
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
-
vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
-
taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
-
mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
-
taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais