Fanfics Brasil - Capítulo 6 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 6

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Tão logo ela desapareceu no corredor, fui para o quarto, onde a banheira já me esperava. Eu estava louco para ver Maite. Quando saí pela manhã ela ainda dormia, mas de maneira alguma eu me aproximaria dela coberto de cataplasma e baba de cavalo. Encontrei o traje de baile metodicamente esticado sobre a cama. Coisas de meu mordomo. Então não me demorei e em dois quartos de hora estava limpo, adequadamente vestido e morto de fome, mas antes precisava ver minha filha.


Encontrei-a na sala de música, em companhia de minha esposa. A porta estava entreaberta e ninguém percebeu minha chegada.


Meu coração deu um salto enquanto eu as observava. Dulce estava esparramada no tapete, as costas apoiadas no sofá, as saias erguidas até a altura das deliciosas coxas, os inseparáveis tênis vermelhos à mostra. A seu lado, a menina mais linda que qualquer um já viu montava um unicórnio colorido com toda a destreza e o conhecimento de seus dez meses de idade. O brinquedo moderno fora presente da fada madrinha de Dulce, assim como a dezena de chupetas que se espalhava pela casa. Um artefato praticamente milagroso, devo dizer, que tinha o poder de acalmar aquela bebezinha como quase nada mais conseguia. Ela escutava com muita atenção o que sua mãe dizia.


Dulce: ... especialmente porque baile é uma coisa muito esquisita — dizia Dulce. — E a princesa não se saía muito bem com as roupas bufantes e a parada de dançar quadrilha. É muito complicado. E meio bobo, na minha opinião. Mas não conta pra ninguém que eu disse isso!


Recostei-me no batente, curioso para descobrir como aquela história acabaria, mas os rápidos olhos castanhos de Maite captaram o movimento sutil. O sorriso que ela me exibiu — uma vastidão de gengivas rosadas, a inferior cingindo os dois únicos dentinhos brancos como pérolas — fez meu peito se aquecer. Aquele pedacinho de gente mal chegara ao mundo e já o modificara. Irreversivelmente.


Minhas noites já não eram minhas. Dulce e eu nos revezávamos na madrugada, e muitas vezes eu acabava adormecendo na poltrona ao lado do berço, com Maite ainda no colo. As refeições também haviam se tornado um espetáculo.


Era costume por ali a criança comer na cozinha até ter idade suficiente para comparecer a jantares sem embaraçar os pais. Dulce não admitira tal coisa, porém. Dizia que nossa filha jamais aprenderia a se portar à mesa se não tivesse a oportunidade de observar como tudo funcionava. Fazia sentido, de alguma forma. Então agora as paredes da sala de jantar estavam decoradas com manchas de comida de cores variadas. Às vezes, Maite parecia ocupar todas as horas do dia, e eu sempre me cansava muito antes dela. Mas bastava ela sorrir, olhar para mim com tanta atenção que chegava a espantar ou molhar meu rosto com a baba de seus beijos descoordenados para que eu me sentisse absolutamente grato por estar tão exausto.


Dulce: Então a princesa passou o maior vexame no baile — continuou Dulce. — Porque acabou jogando comida naquela dona chique sem querer. Aí o príncipe tirou a princesa dali e...


Maite: Papa! Papa!


Dulce acariciou os cachos louro escuro que mal chegavam à altura do queixo de nossa filha, afastando os fios de seu rosto.


Dulce: Não vale tentar adivinhar o final!


Maite: Papa. — Ela agarrou o pônei pela crina de lã e começou a pular, como se o galopasse. Foi a coisa mais encantadora que já vi.


Dulce suspirou.


Dulce: Tudo bem, o papai salvou a princesa. E depois disso eles abriram um negócio, fizeram protestos por toda a vila alertando sobre o perigo de usar a crinolina e viveram felizes para sempre.


Christopher: Não é exatamente assim que eu me lembro — falei, anunciando minha presença.


Dulce se virou de súbito, um sorriso brincando em seus lábios.


Dulce: Ah, eu não disse, Maite? Quando a gente deseja muito uma coisa, de todo o coração, ela realmente acontece.


Maite: Papa! Papa! Papa! — Maite soltou o brinquedo e começou a engatinhar em minha direção.


Eu a peguei no colo e beijei suas bochechas. Ela tinha gosto de mingau de aveia.


As manchas em seu vestido branco explicavam esse fato.


Christopher: E o que você desejava? — perguntei a Dulce, estendendo a mão para ajudá-la a se levantar.


Dulce: Você — ela disse simplesmente, fazendo meu peito inflar. Puxei-a para mais perto, beijando-a um pouco mais demoradamente do que pedia a etiqueta. — Mas, sabe, acho que vou desistir de contar histórias para ela. Não tem a menor graça. Ela sempre adivinha o final.


Dei risada.


Christopher: Como isso pode ser verdade, se tudo o que Maite aprendeu a falar até agora são algumas poucas sílabas sem sentido e papa?


Dulce: É que todas as minhas histórias têm você. Aí ela sempre adivinha. Tô começando a pensar em contar umas histórias sobre bolsa de valores, mercado financeiro e essas paradas, mas aí acho que ela não vai mais prestar atenção. Ninguém nunca presta.


Acabei me perdendo no meio de sua sentença. Isso acontecia com muita frequência, sobretudo quando ela se referia a seu antigo tempo.


Christopher: Dessa vez acredito que ela não tentou adivinhar o final, Dulce. Apenas me viu entrando. Não foi isso, meu amorzinho?


Minha filha arrulhou uma porção de dás, blás e oites que, estou certo, só podia significar algo como “o papai tem razão”. Eu a acomodei melhor no braço.


Minha garotinha estava ficando pesada.


Dulce: Já deu o presente da Anahí? — Dulce perguntou.


Christopher: Acabei de fazer isso. Ela gostou. Obrigado por me ajudar a escolher o colar.


Dulce: De nada. — Ela estendeu a mão e ajeitou o nó de minha gravata. — Christopher, ainda não consegui decidir quem vai cuidar da Maite enquanto o baile estiver rolando. Quer me ajudar?


Christopher: Quem se prontificou?


Dulce: A senhora Boyer, a Madalena, o seu Gomes, o Sebastião, o Isaac... Ah, e a sua tia.


Christopher: Qualquer um que não seja Ninel está bom para mim. — Maite resmungou mais dás, blás e oites, concordando comigo. — Apenas se certifique de que nenhuma caixa com cristais esteja por perto.


Dulce: Rá-rá.


Maite enfiou a mão na boca e começou a chupar os dedos. Ouvimos uma batida na porta. Era a governanta.


Madalena: Senhora Uckermann, o seu banho já está a sua espera — a senhora Madalena anunciou.


Dulce: Valeu, Madalena. — Ela ficou na ponta dos pés outra vez e enfiou o nariz no pescoço da filha, soprando com força. Marina se contorceu, rindo. — Se comporte. E não suje o papai.


Maite: Oite papa.


Dulce: Te vejo daqui a pouco — Dulce me disse, colando a boca na minha por um breve instante. Brevíssimo, para o meu gosto.


Madalena, que desviara os olhos, mas ainda assim ficou com as faces ruborizadas, saiu do caminho para que a patroa passasse e então a acompanhou.


Eu me sentei no sofá e Maite rapidamente pulou do meu colo. Ajudei-a a ir para o chão e ela engatinhou para cima do cavalo de pelúcia, agarrando-o pela crina. Mas, em sua urgência de domar o brinquedo, acabou se desequilibrando e caiu sobre as fraldas.


Eu a apoiei para que o montasse novamente.


Christopher: Está bem. Receio ter chegado o momento de uma conversa séria.


Ela gritou, os grandes olhos presos aos meus.


Christopher: Ah, sim. Eu sabia que este momento chegaria, mais cedo ou mais tarde. E quero que preste bastante atenção, Maite. Isso é muito importante.


Sua resposta foi abaixar a cabeça e morder o chifre prateado do brinquedo.


Lutei contra o riso.


Christopher: A primeira coisa que precisa saber sobre cavalos é que eles sentem o que você sente. Por isso a mamãe ainda não conseguiu montá-los. Ela os teme, e eles a ela. Dito isso, vamos começar pelo básico. Antes de mais nada, sempre verifique se o cavalo está em boas condições. Será mais fácil perceber se você o mantiver limpo, por isso é imprescindível escová-lo por inteiro, da crina à cauda, com frequência. — Apontei para as partes equivalentes no brinquedo. — E nunca se esqueça de limpar os cascos.


Maite: Pocó?


Christopher: Sim. O pocó. O papai vai lhe ensinar tudo sobre os pocós. Mas acho que vou ter que esperar até que você aprenda algumas coisas antes. Andar, por exemplo.


Ainda era cedo para ter aquela conversa com ela, mas seu amor pelos equinos me enchia de orgulho. Não havia um único dia em que ela se afastasse de seu unicórnio colorido e, toda vez que me via sobre um cavalo, esperneava até terminar na sela comigo. Eu mal podia esperar para poder ensinar a ela tudo o que sabia. Não me importava nem um pouco que ela fosse uma menina. Era minha filha, uma Uckermann, e o amor pela montaria corria em seu sangue.


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Eu ainda me lembrava de quando meu pai teve uma conversa muito parecida comigo. Eu tinha uns quatro ou cinco anos e estava louco para estar por conta própria sobre o lombo de algum dos animais do estábulo. Qualquer um.


Victor: Muito bem, Christopher. Um cavaleiro aprende a cuidar de seu cavalo antes de aprender a guiá-lo. Acha que está pronto para a tarefa?


Christopher: Sim, senhor!


Ele me contou sobre a escovação, prestar atenção em inchaços e ferimentos, e me ensinou a selar o bicho.


Victor: A manta é importante. Você não quer machucar seu cavalo. Ela precisa ficar bem esticada, e só então coloque a sela. A barrigueira o ajudará a encontrar o ponto exato para fixá-la. E lembre-se que alguns cavalos são tinhosos e estufam o peito quando a sela está sendo apertada, então espere um pouco e confira se está bem firme...


Ele me explicara tudo, toda a mecânica da coisa, para só então me permitir chegar perto de um de seus animais. Como era pequeno demais, eu não conseguia fazer todas as coisas sozinho, então ele me ajudou em tudo. Já era noite quando terminamos, e eu me sentia um homem de verdade, andando com o peito estufado. Meu pai riu segurando uma lanterna e verificou todas as baias antes de deixarmos o estábulo.


Victor: Um homem jamais delega suas obrigações a terceiros. Os cavalos são meus. Cabe a mim verificar se está tudo em ordem no final de cada dia. E um dia essa responsabilidade será sua, Christopher.


Perdi a conta de quantas vezes o acompanhei nessa tarefa.


----


Maite: Pocó, pocó, pocó. — Maite empurrou o unicórnio em meu rosto.


Christopher: Entendi. Você não quer ouvir isso agora. Quer apenas montá-lo. Impaciente feito a sua mãe. Então vamos lá.


Coloquei-a na posição correta e, segurando-a com uma das mãos, fiz o unicórnio cavalgar pela sala toda. Maite gritou de prazer, e sua risada podia ser ouvida até a vila, disso eu tinha certeza. Eu me senti um maldito herói.


A senhora Madalena retornou e nos encontrou no chão meia hora depois.


Madalena: Senhor Uckermann! O senhor não devia estar rolando no tapete! Sua roupa ficará cheia de pelos! Por Deus, não sei qual de vocês tem menos bom senso. O senhor ou a menina Maite.


Tive de reprimir uma risada.


Christopher: Um homem tem que ensinar sua filha a cavalgar seu unicórnio.


Maite: Pocó! — Maite se desequilibrou do brinquedo e tombou sobre minha coxa.


Eu a peguei e a acomodei no braço.


A senhora Madalena mordeu o lábio, reprimindo o riso.


Madalena: Me dê a menina, senhor Uckermann. O senhor precisa se apressar. Está quase na hora.


Christopher: Dulce já está pronta?


Madalena: Está quase terminando de se arrumar. E a senhora Uckermann me pediu para manter o senhor longe daquele quarto. Não que eu tenha entendido o motivo, mas cumprirei sua ordem à risca!


Engoli uma imprecação. Assistir a Dulce se arrumar era um espetáculo que eu odiava perder. Tinha algo de muito erótico em observá-la fazer a toalete, vestir cada uma das peças de roupa que eu tiraria mais tarde. E era muito, muito difícil mesmo ficar apenas assistindo, então o “mais tarde” se tornava “agora”, e sempre acabávamos nos atrasando. Presumi que essa fosse a razão para que Dulce delegasse a Madalena a tarefa de me manter afastado de nosso quarto.


Madalena: Acho que pedirei ao senhor Gomes para escovar o seu paletó outra vez — Madalena prosseguiu, examinando-me com a boca apertada em reprovação. — Não pode aparecer assim diante de seus convidados. O que vão pensar? Que não cuidamos do senhor como deveríamos?


Christopher: Humm... Eu mesmo faço isso. Tenho uma escova no escritório. O senhor Gomes já deve estar a postos na porta da sala. — Eu me levantei, levando Maite comigo, e lhe beijei a testa. — Até mais tarde, meu amorzinho. Tente não se meter em confusão, está bem?


Naturalmente, eu não sabia que tal conselho serviria para mim também.


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Autor(a): delenavondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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