Fanfics Brasil - Capítulo 71 Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy)

Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação


Capítulo: Capítulo 71

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Despertei com o corpo inteiro protestando, dolorido. Meu pescoço estava rígido, a coluna gritava, as costelas latejavam. Gemendo baixo, rolei para o lado na tentativa de me ajeitar na cama e acabei caindo no chão. Abri os olhos ao desalojar a cabeça de dentro de uma de minhas botas, perscrutando o quarto.


Ora, mas que inferno! Aquilo não era um quarto, e a cama não passava de um minúsculo sofá! E, devo ressaltar, não era um sofá com o qual eu estivesse familiarizado.


Com o corpo todo reclamando, consegui me sentar no chão. Esfreguei o rosto em busca de alguma clareza. A desordem reinava absoluta naquele aposento, entre vários objetos curiosos.


Christopher: Que diabos...


Dulce: Bom dia — veio a voz suave do outro lado da sala.


Fiquei de pé no mesmo instante, tropeçando nas botas abandonadas no assoalho e engolindo uma imprecação. Havia uma toalha em torno de meus quadris, e ela ameaçou ir ao chão. Segurei-a firme, tentando prendê-la com os dedos atrapalhados.


Dulce estava parada sob o umbral da porta, examinando-me com atenção por detrás de uma caneca lilás de porcelana.


Christopher: Bom dia, senhorita Dulce.


Algo no que eu disse a desagradou. Não que eu soubesse o que era, mas seu olhar entristeceu e seu suspiro de desamparo me atingiu direto no peito. Ela olhou para sua caneca e eu para ela. Suas roupas eram... bem... bastante escandalosas, para ser franco. Algo muito semelhante ao que vestia quando a encontrei: uma blusa justa sem mangas, que mais lembrava uma roupa de baixo do que algo que pudesse ser exibido em público, e um pequeno retalho que lhe cobria os quadris e mal chegava a esconder as coxas. Coxas firmes, bem torneadas, da cor do alabastro. Imaginei como seria deslizar os dedos por elas de alto a baixo. Depois, refazer o caminho com a boca.


Pare com isso, idiota!


Com algum esforço, consegui desviar o olhar para o chão, o rosto pegando fogo, e encontrei seus sapatos vermelhos incomuns.


Dulce: Eu... tentei fazer café. — Ela se aproximou e me ofereceu a caneca. — Não ficou muito bom.


Era essa a razão de sua tristeza? Porque o café não saíra a contento?


Christopher: O cheiro está delicioso. — Peguei a caneca e experimentei um grande gole.


E tive de reprimir a vontade de cuspir tudo de volta. Deus do céu, o que ela havia colocado ali dentro? Terebintina?


Inexplicavelmente, sua pouca habilidade na cozinha me fez sorrir. Ela não era perfeita, afinal. Seria mais fácil tentar convencer meu cérebro de que eu não andava fantasiando aquela mulher.


Dulce: Não precisa tomar. Tem uma padaria logo ali na esquina — Dulce se apressou.


Christopher: Não será necessário. — Engoli o restante da bebida com algum custo. E ela cumpriu seu papel: senti-me subitamente desperto, então pude examinar o ambiente mais uma vez. Mesmo agora, com os pensamentos desanuviados, eu ainda não fazia ideia do que estava vendo. — Senhorita Dulce , onde estamos?


Dulce: Nós estamos... — Ela se virou e começou a recolher algumas peças de roupa jogadas sobre uma mesa. — Na minha casa. É isso. Você... hã... me ajudou a... encontrar o caminho e... hummm... me trouxe pra cá na noite passada.


Christopher: Ah. — Infelizmente, meu desânimo ficou evidente.


O que me surpreendeu foi seu tom se assemelhar ao meu ao responder, o olhar em qualquer coisa que não fosse no meu:


Dulce: Pois é.


Franzi a testa, fazendo um esforço hercúleo para evocar as lembranças da noite passada. Por mais que me esforçasse, sempre acabava deparando com um muro de absoluto nada.


Christopher: Não consigo me recordar disso.


Dulce: Deve ser culpa do vinho. Nós bebemos um pouco pra comemorar. Vai ver você tá de ressaca. — Ela continuava recolhendo objetos, dando-me as costas enquanto falava, mantendo aqueles olhos castanhos fora do meu alcance, então não tive certeza se estava me dizendo toda a verdade. Mas suspeitava que não.


Dulce media as palavras, como se tivesse algo a esconder.


Então a questão era: Por que ela mentiria? Qual o intuito de ocultar de mim o que tinha acontecido na noite passada? Ela estava desesperada para voltar para casa desde que nos vimos pela primeira vez, e eu sempre soube disso. Por que, agora que estava ali, parecia qualquer coisa exceto satisfeita?


Deixei a caneca sobre a baixa mesa de centro, bem ao lado de um estojo repleto de botões com números. Diabos, o que era aquilo?


Christopher: Sua casa é muito... peculiar, senhorita.


Dulce: É, acho que é mesmo. — Com os braços cheios de roupas amassadas, ela seguiu em direção à porta por onde entrara minutos antes.


Eu a segui.


Christopher: Por que está fugindo de mim?


Ela se deteve sob o batente, mas não se virou.


Dulce: Não estou, Christopher.


Estava, sim. Isso era evidente. Por quê? Por que ela fugiria de mim se...


Um pensamento terrível me fez deter as passadas e estancar no chão como um burro xucro. Minhas bochechas esquentaram, e, mesmo que Dulce permanecesse de costas e não pudesse ver o rubor que surgiu em meu rosto, tive de desviar o olhar para meus pés descalços.


E então me lembrei da falta de roupas.


Por todos os infernos!


Estiquei o braço e alcancei a primeira coisa que encontrei — um roupão macio e fofo, mas curto demais e com corações por toda parte. Passei os braços por ele, fechando-o como pude.


Christopher: Senhorita Dulce, por acaso ontem à noite eu fiz algo de que deveria me desculpar?


Ela se virou, abraçando com força as roupas em seus braços.


Dulce: Claro que não, Christopher! Você é e sempre foi um homem muito correto.


Christopher: Então por que... — Detive-me quando outra linha de raciocínio surgiu. A casa estava silenciosa. Muito silenciosa. — Há mais alguém aqui? Criados?


Dulce: Não. Estamos só nós dois.


Assenti uma vez, finalmente entendendo tudo. Pela primeira vez Dulce agia com prudência. Ela estava se mantendo longe para preservar sua honra. Sua reputação estaria arruinada caso alguém descobrisse que passamos a noite em sua casa, completamente a sós. A única maneira de salvá-la da ruína seria eu me casar com ela.


Humm... Uma ideia bastante agradável, de fato. Tentadora seria a palavra mais adequada. Talvez comprometê-la não fosse assim tão ruim...


Praguejei baixo, correndo a mão pelos cabelos. Eu nunca seria capaz de fazer isso com ela, não de caso pensado. Além disso, Dulce não veria a situação com meus olhos. Dado tudo o que eu sabia sobre ela, estava certo de que se oporia veementemente a um casamento por obrigação. Eu não sabia se o que a desagradava era o casamento em si ou o possível noivo. Considerando a maneira como meu coração se portava perto dela, eu realmente esperava que fosse a primeira alternativa.


Recuei um passo e assisti a Dulce desaparecer no cômodo seguinte.


Comecei então a procurar minhas roupas em meio àquela baderna. Era muito irritante tentar recordar como cheguei ali, como descobri o caminho para sua casa, e não conseguir. Mais enervante ainda era não lembrar o motivo que me fez levar Dulce para casa tão depressa. Não que eu não estivesse disposto a ajudá-la.


Eu estava! Mas também queria mais tempo com ela. Um pouco mais de tempo para... bem... descobrir por que meu coração se comportava daquela maneira em sua presença. Ou quando eu pensava nela. E, obviamente, investigar se havia alguma possibilidade, ainda que ínfima, de que seu coração também perdesse a cadência quando eu estava por perto. Se por acaso ela viesse a me conhecer melhor e, quem sabe, decidisse viver na vila por uns tempos, digamos que eu pouco veria minha irmã nos próximos meses. Desconfiava de que aquilo tinha um nome, mas não ousava sequer pensar nele. Ainda não.


Seja lá o que tivesse me motivado a agir tão depressa, o que importava agora era que ela estava em casa. Um apartamento pequenino, ao que parecia, onde o sofá ainda era um sofá, mas não exatamente. O mesmo ocorria com os livros que encontrei espremidos em uma estante. Afastei a cortina e dei uma espiada pela janela. E então congelei. Estávamos no alto, muito alto, rodeados por outras imensas construções. Lá embaixo, a rua era um tapete escuro e estreito, coberto por coisas que se moviam rápido demais e sem cavalo algum à vista. As pessoas andavam em direções diversas e, pelo pouco que pude enxergar, vestiam-se como a senhorita Dulce. E os sons, tão indistintos e ainda assim altos o bastante para me fazer encolher os ombros.


Não me admirava que ela tivesse estranhado tanto os costumes e os hábitos da vila. Aquilo era, sem dúvida alguma, o lugar mais caótico que eu já vira. Na verdade, eu nunca tinha nem ao menos ouvido falar de algo como aquilo. Era como se o que eu estava vendo pertencesse a outro mundo, a outra realidade.


Dulce: Bem diferente, né? — Dulce estava de volta, parada a poucos passos, as mãos se retorcendo uma na outra.


Christopher: Para dizer o mínimo.


A cidade — pois era imensa demais para ser um vilarejo — se derramava no horizonte até onde a vista alcançava. Nem mesmo a enorme Londres, a mais populosa da Europa, se equipararia àquilo. Agora que ela estava em casa, não havia mais desculpas para minha permanência. Eu teria de partir em breve, mas não sem antes me assegurar de que poderia encontrar aquele lugar outra vez.


Não era possível simplesmente esquecer Dulce e seguir com a vida.


Dulce: Aqui você vai ver um monte de coisas que nem poderia imaginar que já existem, Christopher.


Christopher: Vou ver? — perguntei, cético, observando a rua lá embaixo, aqueles carros sem condutores ou cavalos. Uma espécie de pequeno trem, talvez? Não, não havia trilhos à vista.


Voltei-me para Dulce disposto a perguntar sobre o funcionamento do que quer que fosse aquilo. Mas, quando olhei para ela, vi os raios de sol incidirem sobre sua figura, fazendo reluzir algo que ela trazia no pescoço. Havia dois colares. Do mais curto, pendia um delicado relicário. Do outro, mais longo, uma letra C lhe caía na altura dos seios e... aquilo era uma aliança?


Meus olhos instantaneamente vagaram até sua mão esquerda. Não havia anel algum.


Dulce: Christopher, eu preciso sair e adoraria que você me acompanhasse.


Christopher: Será um prazer, senhorita.


Eu devia ter perguntado para onde iríamos, mas tudo em que podia pensar era a quem pertencia aquela maldita aliança em seu pescoço.


Dulce: Vou pegar sua roupa. Aí vamos para o hospital primeiro. Estou maluca de preocupação com o Christian. — Pelo seu tom, a voz embargada, eu soube que era esse o motivo pelo qual Dulce estava com tanta pressa de voltar para casa. Ela era comprometida. E o sujeito estava doente.


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Autor(a): delenavondy

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Comentários do Capítulo:

Comentários da Fanfic 108



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  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00

    O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele

    • delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56

      <3

  • vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21

    AFF que perfeito sua fic&#9829;&#65039; amei amei amei

  • taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42

    Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre &#128584;

    • delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50

      Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos

  • mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04

    Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss

    • delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37

      já já posto mais...

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47

    ansiosa pelos proximos

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36

    quero mais

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28

    voltaaaaaa

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21

    kd vc ?

    • delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17

      Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09

    pelo amor de deus

  • taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01

    mais mais mais


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