Fanfic: Destinado (3ª temporada) (Adaptação - Vondy) | Tema: Vondy, Romance, Adaptação
A vila estava quente e movimentada naquela manhã. O sol a pino me fazia suar e sonhar com uma boa caneca de cerveja, mas isso teria de esperar até mais tarde.
Anahí se abrigava sob a sombrinha. Dulce ajeitava a capota do carrinho de bebê, para proteger melhor a pele de nossa filha. Maite, naturalmente, tentava escapar de seu cativeiro a cada trinta segundos.
Estávamos zanzando pelas ruas da vila havia mais de uma hora. Éramos alvo constante de olhares e cochichos. Anahí até que estava lidando bem com tudo isso, sorrindo e cumprimentando os conhecidos e ignorando — ou tentando ignorar — o rastro de fofoca que nos seguia.
Dulce: Acha que já é o suficiente? — minha esposa perguntou. — Porque eu não aguento mais andar debaixo desse sol quente.
Christopher: Suponho que sim. Podemos ir para o ateliê agora.
Dulce revirou os olhos.
Dulce: Tudo bem que estamos em uma missão para limpar o nome da Anahí. Mas o que eu vou fazer com mais vestidos, Christopher? Já tenho tantos que poderia vestir um novo a cada dia durante um ano inteirinho!
Christopher: Maite deve estar precisando de alguns novos. — Dei de ombros. — Ela cresce muito depressa.
Dulce: Não tão rápido quanto você os compra para ela. Tem pelo menos oito vestidos que ela nem chegou a usar e já estão pequenos. Quem fica feliz com isso é o padre Antônio. Madalena envia uma sacola de roupas para doação toda semana.
Segurei o carrinho pela alça e comecei a guiá-lo para o ateliê de madame Georgette. Dulce sempre tivera problemas com vestidos, e eu não sabia o que me motivava a comprar tantos para ela e Maite— se o desejo primitivo de cuidar delas ou simplesmente provocar minha esposa petulante. Deduzi que fosse um pouco das duas coisas.
O ateliê de costura estava cheio. Deixei o carrinho do lado de fora e peguei Maite no colo, acompanhando Dulce e Anahí para dentro. Os cavalheiros se espremiam logo na entrada, esperando que suas damas concluíssem as compras.
Sr. Estevão: Ora, bom dia, senhor Uckermann! — saudou o senhor Estevão, da joalheria. — Pensei que o senhor estivesse fora.
Christopher: Chegamos ainda ontem. Como está o senhor? — Fiz um cumprimento de cabeça. Maite se esticou toda, tentando pegar o bigode cinzento do homem. Eu a acomodei no outro braço.
Sr. Estevão: Muito bem. E fico feliz em revê-los.
Minha esposa e irmã foram cumprimentadas com cortesia, então a assistente da costureira as viu entrar.
Anelize: Senhora Uckermann! Senhorita Anahí! — Anelize veio recebê-las, afastando-as do grupo de cavalheiros.
Sr. Domingos: Sua partida foi tão inesperada, senhor Uckermann — Domingos comentou. O rosto do mestre de obras estava afogueado por causa do calor. — Fui até sua propriedade ainda ontem, pois a encomenda de sua esposa acaba de chegar, mas fui informado de que o senhor havia viajado, embora ninguém soubesse me dizer para onde.
Christopher: Não houve tempo, senhor Domingos. Um mensageiro nos trouxe a triste notícia de que um parente de Dulce estava gravemente doente.
Sr. Domingos: Ah! Mas que notícia terrível! — O mestre de obras passou o lenço pela testa suada. — Espero que ele esteja se recuperando bem.
Christopher: Sim, senhor, ele está. E quase não posso acreditar na sorte que Christian teve. Sobreviver ao mormo é um verdadeiro milagre.
****: Mormo? — Subitamente os ânimos se alteraram e os dois começaram a fazer indagações ao mesmo tempo.
Christopher: Não há motivos para nos preocuparmos — logo me apressei em acrescentar.
Maite viu um bolo de fitas coloridas sobre a pesada mesa onde rolos de tecidos se amontoavam e começou a arrulhar uma sucessão de dá-dá-dás, as mãozinhas se abrindo e fechando.
Christopher: Os parentes de Dulce vivem a uma distância segura daqui. Nossos estábulos não correm risco algum.
Sr. Estevão: O senhor está certo disso? — o joalheiro quis saber.
Christopher: Estou, senhor Estevão.
Sr. Estevão: Meu Deus! Um cavalheiro com mormo! E sobreviveu! — ele exclamou.
Christopher: Se eu não tivesse visto o estado do rapaz, também não teria acreditado. Christian nasceu de novo. — E, com sorte, a esta altura estaria totalmente fora de perigo.
Essa era uma das coisas que me atormentavam: não ter notícias dele. Agora eu entendia o que Dulce sentia.
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Naquela manhã, depois de falar com Anahí, eu voltara para o quarto, e a exaustão por fim me vencera. Acabei cochilando e, quando voltei a abrir os olhos, vi Dulce sentada à mesa de nosso quarto, rabiscando em um papel.
Christopher: O que faz acordada tão cedo? — perguntei, me espreguiçando, sentindo cada um dos hematomas causados pela queda no asfalto duro, na noite anterior.
Ela virou a cabeça e sorriu. Uma de suas ondas escorregou pelo ombro, balançando em frente ao seio oculto por uma camisa minha.
Dulce: Eu estava escrevendo para a Maite, mas já terminei. — Ela abandonou a caneta e se levantou, cruzando o quarto para se sentar a meu lado. — Queria ter notícias do Christian, saber como anda a recuperação dele. Mas tudo o que posso fazer é dar notícias nossas para eles e rezar para que tudo esteja correndo bem.
Christopher: E está. — Tinha de estar! — Nós vimos quanto ele já havia melhorado em tão poucas horas. E eu nunca soube de ninguém que tivesse sobrevivido ao mormo, Dulce. — Eu me sentei e a beijei apropriadamente. — Bom dia, meu amor.
Dulce: Bom dia. E estou torcendo para que você esteja certo.
Um resmungo exigente atravessou a porta de ligação do quarto conjugado e nos alcançou. Minha esposa sorriu, radiante.
Dulce: É melhor eu ir antes que a Maite comece a berrar. Te encontro na sala de jantar. — E sapecou um beijo em minha boca. Ela pegou meu roupão, pendurado no mancebo, e o jogou sobre os ombros. Já estava na porta quando virou a cabeça e me fitou. — Pode dobrar a carta para mim? Quero aproveitar que vamos até a vila mais tarde para deixá-la com o seu Bregaro.
Concordei e me pus de pé, as juntas estalando, enquanto ela saía para acudir nossa filha, que agora berrava. Ainda um pouco sonolento, fui até a mesa e peguei sua carta, disposto a dobrá-la. Porém acabei me detendo. E sorrindo. A maneira peculiar de redigir cartas era uma das coisas que me fascinavam em Dulce. Ela relatava à amiga que havíamos conseguido voltar para casa e que Anahí estava bem. E contava, de maneira bastante informal e confusa, tudo o que ocorrera naquela rua na noite anterior. Também dizia que estava com saudade.
Que sempre estaria. Que sempre os amaria.
Não percebi o que estava fazendo até me ver ocupando a cadeira e pegando a caneta e um papel em branco.
Caro Christian,
Espero que sua saúde já tenha se restabelecido e que esta carta o encontre bem e feliz ao lado de sua adorável esposa. Não pode imaginar o alívio e o orgulho que sinto por saber que venceu uma doença tão perigosa.
Suponho que ficará feliz ao ser informado de que encontramos Anahí e estamos em casa, como pode perceber. Minha cabeça voltou ao que era, para meu eterno alívio, então tranquilize-se, já não magoo Dulce. Mas aprendi algo com tudo o que aconteceu: ainda que a memória falhe, o coração jamais esquece, e ninguém nunca poderá me tirar isso. Esquecer algo que se quer guardar para sempre é como ser mutilado e ter de conviver com a falta que o membro perdido lhe faz.
É doloroso, acredite. E essa é a razão que me levou a pegar a pena e lhe escrever. Algo semelhante ocorre com você, meu amigo, embora não saiba disso. Uma parte de sua memória, no que diz respeito às suas origens, nunca lhe foi contada.
Sua história — como toda boa história — teve início muito tempo atrás. Em uma manhã quente e ensolarada de fevereiro, no ano de 1830...
Quando dei por mim, já havia preenchido quatro folhas. Contei tudo a ele: a viagem no tempo e toda minha aventura com Dulce. O início de sua própria história. Eu devia isso a ele.
Creio que não voltaremos a nos ver, mas prometo que cuidarei de Dulce e de Maite tão bem quanto espero que cuide de Maite e dos filhos que um dia terão.
Só tenho a acrescentar que, para mim, foi um prazer inesperado e uma honra conhecê-lo. Um presente da vida.
Despeço-me aqui, mas esteja certo de que você e Maite estarão em meus pensamentos, para sempre.
Do seu amigo,
C.U.
Então selei ambas as cartas e as guardei no bolso.
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Autor(a): delenavondy
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Maite: Dá-dá-dá! — Maite disse, irrequieta, inclinando-se para a frente e me arrancando do devaneio. Christopher: Com licença, senhores. — Fiz uma mesura. — Mas minha filha está impaciente para começar as compras. Juntei-me a Dulce e minha irmã. Madame Georgette, sabendo que eu não poupava esfor&cced ...
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Comentários do Capítulo:
Comentários da Fanfic 108
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:06:00
O Ucker é um verdadeiro príncipe ♥️ quase chorei com ele
delenavondy Postado em 04/11/2021 - 18:20:56
<3
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vondy_dulcete Postado em 03/11/2021 - 15:05:21
AFF que perfeito sua fic♥️ amei amei amei
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taianetcn1992 Postado em 02/11/2021 - 07:53:42
Aí meu deus, ameiii essa maratona, já quero mais como sempre 🙈
delenavondy Postado em 02/11/2021 - 21:13:50
Que bom <3 Vou terminar hoje os últimos capítulos
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mandinha.bb Postado em 29/10/2021 - 14:22:04
Estou megamente ansiosa por mais, sinto que logo eles encontram a Any, ainda mais agora que o Ucker recobriu a memória e acho que o cara que estava preso com o Ucker tem algo no meio, esse amigo dele deve estar com a pessoa que está com a Any, muito estranho o comportamento dele... Continuaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa plisssssssssssssssssssssssssssssssssss
delenavondy Postado em 30/10/2021 - 00:24:37
já já posto mais...
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:47
ansiosa pelos proximos
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:36
quero mais
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:28
voltaaaaaa
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:21
kd vc ?
delenavondy Postado em 29/10/2021 - 00:17:17
Desculpe, estou meio ocupada esses dias. Mas amanhã trago mais capítulo ok !
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:09
pelo amor de deus
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taianetcn1992 Postado em 28/10/2021 - 05:32:01
mais mais mais