Fanfic: O Poder de Um Grande Amor - Portiñon | Tema: Portiñon

Não demoraram a chegar até um restaurante, muito simples, porém muito aconchegante e tranquilo.

Anahí se pôs a analisar o lugar e concluiu que nunca havia frequentado um estabelecimento como aquele. Estava acostumada a ir em lugares luxuosos e que possuíam sempre muitas estrelas.

As pessoas que se encontravam nas mesas pareciam animadas, pois sorriam e conversavam umas com as outras.

- Algum problema? – Dulce perguntou segurando em sua mão.

- Não. – Anahí respondeu prontamente.

- Então vamos sentar!

Foram em direção à uma mesa mais reservada e logo uma moça veio trazer o cardápio.

- Está nervosa, Anahí? – Dulce perguntou ao notar que a loira balançava as pernas, um tanto inquieta.

- Não.

- O que está sentindo?

- O que?- a loira parecia atordoada.

- Você parece está um pouco... desconcertada!?!- Dulce perguntou incerta, porém carregando um sorriso divertido no canto dos lábios.

- Eu mal te conheço, Dulce!- a loira falou ao se sentir intimidada.

- Então esse é o problema?- Dulce questionou com uma das sobrancelhas levantada.

Anahí abaixou o olhar para a mesa e se sentiu constrangida. Aquele comportamento não era típico dela. Nunca fora atirada nos poucos jantares que frequentou, mas sempre sabia manter uma conversa leve e consistente. No entanto, à frente daquela linda mulher, ela sentia sua capacidade de argumentação se esvair. Além disso, tinha a estranha sensação de que o fato de não conhecer tudo de Dulce, a incomodava.

Enquanto refletia sobre suas ações, a linda mulher apenas lhe encarava.

- Talvez...- Anahi respondeu receosa.

Dulce apenas sorriu.

- Então vamos acabar com essa barreira, certo?- a olhou tentando lhe passar confiança- Pergunte o que quer saber!- Dulce falou simples e distraidamente passou a mão esquerda pelos macios cabelos.

Anahi observou a cena e a desenvoltura daquela mulher. Era cativante.

Respirou fundo e resolveu perguntar a primeira coisa que lhe passou pela mente.

- Você não tem namorada, né?

Dulce sorriu pelo nariz e balançou a cabeça negativamente parecendo desacreditada.

- Com que tipo de mulher você está acostumada a sair, Anahi?- Dulce perguntou ao direcionar um olhar profundo para a moça à sua frente.

- Eu não saio com muitas mulheres. – Anahi afirmou encarando aqueles olhos castanhos vivos.

- Sai com homens então?

Anahi sorriu sem graça. Sentia-se uma adolescente descobrindo a grande arte de se envolver com outras pessoas. Na verdade, namorou apenas 2 vezes, no início de sua carreira, quando contava com o presente apoio de seu pai: uma, com um importante filho do sócio de seu pai, na Itália; na segunda, foi com um homem representante da filial Vino Portilla, em São Paulo.

Era isso: sua vida amorosa se resumia a se envolver com pessoas do seu ciclo de trabalho. E nenhum durou mais de 6 meses. O que para Anahi era muito, visto que pouco se falavam e a loira sempre teve a sensação de que, nos dois namoros, a intenção maior era o reconhecimento no ramo empresarial. Depois de um tempo aprendeu a lidar melhor com essa situação e por isso decidiu não se envolver com quaisquer outras pessoas. Todos sempre objetivavam subir na vida, por meio de alguma aproximação com a empresária.

 - Não. Há bastante tempo!- falou e baixou o olhar.

- Hum. Mas antes você saía?- Dulce não pôde resistir à necessidade de saber essa informação.

- Sim. Apenas duas vezes. Nos meus dois únicos namoros.- Anahi falou sorrindo e sentindo suas bochechas corarem.

Dulce apenas acenou positivamente com a cabeça. Pareceu séria e pensativa demais para Anahí.

- E você? Já namorou?- a loira tentou dar continuidade.

- Sim!

- Com homens e com mulheres? – a loira perguntou curiosa e um tanto envergonhada.

- Com homens, Anahí?- Dulce sorriu divertida, como se aquela pergunta fosse realmente engraçada.

Para a morena aquela ideia era bem desconfortável. Já havia beijado alguns homens durante a adolescência, porém só o fizera porque se sentira curiosa. Antes de se descobrir achara que talvez com o passar do tempo pudesse se acostumar, afinal de contas tudo era muito novo. Entretanto, foi sentindo-se cada vez menos à vontade com aquela possibilidade. Não beijara mais do que 3 caras na vida e sempre negou uma segunda saída com os mesmos. Decidiu dar um tempo de suas curiosidades porque beijar homens não tinha nada de mágico ou gostoso. Não esperava beijos de filmes melosos de romance, mas esperava ao menos senti desejo e vontade de repetir esse contato tão íntimo.

Depois de alguns meses duvidando de sua “heterossexualidade”, Dulce resolveu testá-la e deu seu primeiro beijo em uma garota. A partir dessa, seu corpo começou a sentir-se confortável e desejoso das figuras femininas.

A diferença era gritante: os lábios de uma mulher são doces, ternos e saborosos. E Dulce nunca precisou se apaixonar por todas as mulheres com quem ficou para saber disso.

- Por que não?!?- Anahi perguntou tirando Dulce de suas reflexões.

- Nunca tive vontade.- respondeu simples.

- Mas... já beijou... algum?- Anahi parecia insegura ao fazer tal questionamento.

- Sim.

- Qual a diferença... digo, em relação a beijar uma mulher?

- Muita!- Dulce falou e soltou uma risada gostosa.

- Quanto?

- Quer que eu te mostre?- Dulce perguntou ao encarar aquela bela loira.

Anahi, nesse momento, tremeu na base. Aquela sua curiosidade estava indo longe demais! Dulce não dava grandes detalhes em suas respostas. Pelo contrário: era simples e direta. Por isso, a necessidade de tantas perguntas.

Ao menos era essa a justificativa que Anahi usava para se encorajar ao fazer tais questionamentos

- Eu...- Anahi parecia atônita.- Vou ali...

- Aonde?- A morena perguntou erguendo uma sobrancelha e com o canto dos lábios um pouco curvado.

A filha da puta estava se divertindo com toda aquela cena. Pensou a loira, que apenas levantou e seguiu em direção ao banheiro.

Assim que retornou, uma das garçonetes foi até a mesa para anotar os pedidos. Anahi fingia não perceber o insistente olhar de Dulce sobre si. O que deve ter funcionado já que a morena deu continuidade à conversa.

- E então, Anahí!?!

A loira sentiu seu corpo gelar ao lembrar da pergunta que Dulce havia feito. Não queria prolongar nenhum assunto a cerca de sua reação atrapalhada à pergunta ousada da morena.

- O que...?- se fez de desentendida.

Dulce sorriu.

- Que tal me falar mais sobre você? Tenho que confessar que estou adorando nossa conversa!- a morena comentou e lançou um olhar marcante para a bela mulher que lhe acompanhava.

Anahi continuou tentando demonstrar não conhecer o tom que a morena usava.

- Basta perguntar!- sorriu de volta.

A conversa seguiu calma e tranquila. A loira gostava de falar dos negócios da família e de citar sua terra Natal. Este último assunto despertou a surpresa de Dulce, pois aquele encanto de mulher não possuía nenhum sotaque. Descobriu que ela sempre estudou muito, tanto a língua Italiana, quanto a Portuguesa. Sem contar que sua família sempre conversava em casa, tranquilamente, em ambas as línguas.

A noite seguiu tranquila e envolvente para as duas mulheres. Estranhamente ou não, sentiam-se íntimas e seguras na presença uma da outra.