Fanfic: Promise - Outer Banks, JJ e Kiara | Tema: Outer Banks
O calor escaldante não era novidade em Outer Banks. Já estávamos acostumados com a cor dourada tomando a paisagem e as pessoas, porque pegar um bronzeado não era algo difícil por aqui. Eu mesma fui vítima do sol, mesmo não saindo muito de casa. Meu pai odiava esse meu hábito de ficar trancada em meu quarto, e não era difícil de entender. Nós tínhamos uma reputação a velar, os troféus e discos de ouro expostos por toda a casa não me deixavam esquecer isso, nem meu irmão Rafe, que jogava toda sua glória em minha cara todos os dias, sem falta. Era isso que meu pai queria, que eu trouxesse mais troféus que essa casa jamais viu. Mas, pasme, eu não sabia fazer nada, isso incluía cantar. Eu arriscava algo no ramo da pintura, mas nada me agradava realmente.
Hoje é um daqueles dias que eu mais odeio em toda minha vida. Meu irmão apresentaria uma de suas músicas em alguma premiação e talvez ganharia mais um troféu para jogar em minha cara o quanto é melhor que eu. E adivinha? Eu teria de ir junto. Um papo de “se orgulhar pelas conquistas de sua família”, mesmo que esse papo só valesse quando se tratava de Rafe. Acho que já deu pra perceber que eu não sou muito fã de meu meu irmão, mas ele já tinha tantas, não precisa de mais uma.
ㅡ Kiara! - ouço meu nome e então minha porta se abre. Ah! É meu irmão, provavelmente veio se gabar de sua vida perfeita. - Já tá pronta pra me ver brilhar? Não gaste muito seu batom, comigo por perto, ninguém vai reparar nele. - não falei? reviro os olhos e mostro meu dedo maior, fechando a porta na sua cara. Termino de me arrumar e desço as escadas em direção à sala, onde meus pais, meu irmão e sua namorada se encontram me esperando com cara de tédio. A noite vai ser longa.
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A premiação está cheia e os gritos chamando por Rafe me dão calafrios ruins. Esse bando de garotas obcecadas que são capazes de vender a própria família para ir à um show idiota de um cantor que nem fazia ideia de suas existências. Após passar pelo tapete vermelho, fomos em direção às mesas reservadas para nossa família. Às vezes, ter um familiar famoso não era de todo ruim, já que eu tinha muitos privilégios. Ganhar desconto em lugares que eu amava ir era um deles.
Logo que sentamos, um garoto que parecia ter a mesma idade de meu irmão, sentou ao seu lado, dando um aperto de mão típico de garotos como eles. Pareciam dois idiotas e, considerando meu irmão, acredito que eram mesmo. Depois desse ato infantil, Rafe se vira e apresenta o garoto.
ㅡ Gente, esse é o JJ, Ele vai fazer comigo uma música, aliás, a melhor música que vocês vão ouvir em décadas. - falou Rafe, se gabando, como sempre. Apenas reviro meus olhos e continuo olhando esse bando de gente doida gritando. Isso só aumenta o ego de meu irmão que olha em direção as vozes e atira beijos voadores. Reviro tanto meus olhos que tenho medo que possa me causar algum problema mais tarde. Mas é inevitável não o fazer.
ㅡ Você é convencido demais, cara! Nem sabe se os gritos são pra você. - disse o tal de JJ com uma voz brincalhona. Não posso concordar mais com o que diz.
ㅡ É claro que são pra mim, JJ! Pra quem mais seria? É impossível me ver e ficar quieto. - ai meu Deus, que garoto insuportável!
ㅡ Filho, fale mais sobre a música! Estou curioso. - meu pai é quem fala em tom de entusiasmo e orgulho. É estressante.
ㅡ Não posso, pai. É surpresa. JJ vai passar dois meses em Outer para trabalharmos nela e tenho certeza de que vai ficar incrível, como sempre. - Rafe fala para nosso pai e logo se vira para o outro garoto - Por que você não fica esses dois meses lá em casa? Vai ser mais fácil e ainda teremos mais tempo para focar na nossa música.
ㅡ Isso! - exclama meu pai - Essa é uma ótima ideia, filho. Temos quartos sobrando lá em casa.
ㅡBom, se não for nenhum incomodo, eu aceito! - o garoto aceita, para meu desgosto. Ótimo! Agora vou ter que aguentar dois adolescentes babacas na minha casa, enchendo minha paciência e invadindo meu espaço.
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Faz três semanas que JJ está hospedado em nossa casa. Eu jurava que ele era só mais um garoto babaca, como meu irmão, mas eu não podia estar mais errada. Eu sei que não devemos julgar um livro pela capa, mas ele é amigo de Rafe! Foi quase impossível não julgá-lo antecipadamente. Porém, diferente de como pensei, ele é a pessoa mais divertida que eu já conheci nessa cidade. Conseguiu me conquistar em menos de uma semana, com suas piadas que, de tão sem graça, acabam virando o motivo de minhas risadas mais sinceras. JJ também é misterioso. Mesmo conversando com ele todos os dias, eu ainda não tinha descoberto o seu nome verdadeiro. Segundo ele, era melhor que eu não soubesse para quê não me apegasse a ele. Mal sabe ele que já é tarde demais.
Hoje combinamos de ir ao cinema e depois comer alguma comida de rua, o desafio era sair sem ser reconhecido por alguma fã maluca. Foi um pouco difícil, porque aquelas meninas conseguem o reconhecer pela cor de seu boné, mas conseguimos chegar ao cinema sem muitos problemas. Confesso que não prestei muita atenção no filme. O resto do mundo sempre parece desinteressante quando estou com JJ, conversando sobre banalidades da vida. Após o filme acabar, paramos em uma barraca de cachorro-quente, comida que descobrimos ter um apreço semelhante.
ㅡ Esse cachorro-quente tá divino! - exclama JJ - O melhor que eu já comi em dezoito anos!
ㅡ Você é muito exagerado! Aposto que eu consigo fazer um melhor.
ㅡ Aposto que não. - fala em tom desafiador. Esse garoto é muito atrevido.
ㅡ Você tá me desafiando? - nós adoramos um desafio.
ㅡ Talvez… - seu sorriso ladino, juntamente de seus olhos azuis penetrantes me davam borboletas no estômago.
ㅡ Você é um bobão! - uma ofensa infantil, eu sei, mas era isso que ele me despertava, minha criança interna que não tinha medo e nem preocupação, só alegria.
ㅡ E você é uma chata. - mostra a língua pra mim, tão infantil quanto eu. Reviro meus olhos, rindo de sua criancice.
ㅡ Acho melhor voltarmos para casa. - digo, checando as horas em meu telefone. - Já tá tarde e eu estou começando a ficar com frio.
ㅡ Por que não me falou antes? - JJ tirou seu casaco, colocando-o em meus ombros.
ㅡ Não precisa, eu aguento até chegar em casa. - digo já levando minhas mãos em direção ao casaco, mas antes que eu pudesse tirá-lo, ele segura as duas partes frontais e o fecha superficialmente, me puxando em sua direção.
ㅡ Não. Fica com ele. - ele diz olhando em meus olhos. Nós estamos muito perto, posso sentir sua respiração quente em minha boca. As borboletas voam livres por meu estômago, acompanhadas agora pelos batimentos acelerados de meu coração.
ㅡ Tá… - é isso que consigo falar. Minhas mãos estão suando e minhas bochechas formigando. Mordo meu lábio inferior em resposta a essas sensações e seu olhar caiu para o local mordido e, então, o vejo morder os seus próprios. Acho que vou surtar, porque ele está se aproximando lentamente. Seus lábios quase tocam o meu, mas um grito nos assusta e me afasto rapidamente, vendo uma garota correndo em nossa direção, provavelmente querendo um autógrafo de JJ. Ele olha para mim assustado, antes de virar para a garota e dar seu autógrafo a ela. A menina sorri e agradece, saindo logo depois, deixando um clima estranho.
ㅡ Olha, eu-
ㅡ Vamos embora! - corto-o antes que o momento fique mais desconfortável, andando em direção ao ponto de táxi.
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Faz uma semana que o quase beijo aconteceu e que nossas conversas se resumem a “Oi! Tudo bem?” e "Tenha um ótimo dia!” antes de caminharmos em direções opostas. Eu sei que esse quase beijo me afetou muito, mas poxa, eu queria nossas conversas estranhas e divertidas de novo. Mas eu sinto que JJ está me evitando. Eu realmente não entendo o porquê. Sem as nossas conversas, o tédio me persegue nessa casa. Sem sono e cansada de olhar as redes sociais, resolvi descer pra tomar água e quem sabe roubar comida da geladeira, aproveitando que todos estão dormindo. Desço as escadas na ponta dos pés para não fazer nenhum barulho e abro a geladeira, achando um pedaço de bolo de chocolate, dando um pulinho de comemoração.
ㅡ Roubando comida da sua própria casa? - dou um pulo e quase jogo o bolo no rosto da pessoa que chegou de repente. Me viro rapidamente em direção a voz rouca, vendo que era JJ, com seu pijama que resumia-se a uma bermuda leve e uma camisa de botões totalmente aberta. Solto a respiração que nem notei que estava segurando, fazendo minha melhor cara de braba.
ㅡ Mas que…! Por que você fez isso? - pergunto, vendo-o se aproximar, segurando minha respiração novamente.
ㅡ Fiz o quê? - me olha com seu sorriso ladino que me causa arrepios.
ㅡ Me deu um susto! - digo indignada - Já pensou se eu jogasse alguma coisa em você? Podia ser uma faca!
ㅡ Nossa! Agora me deu medo. - JJ fala em tom de deboche. Idiota!
ㅡ Você é um idiota. - explano meus pensamentos, revirando meus olhos. Me viro para o armário e pego uma colher, começando a comer o bolo com agressividade. Qual é? Ele me ignorou por uma semana. E me deu um susto, é claro.
ㅡ Esse bolo parece estar ótimo! Posso provar? - fala chegando mais perto de mim.
ㅡ É só pegar uma colher e comer! - digo sem olhar seu rosto.
ㅡ Eu tenho uma ideia melhor… - me puxa para perto dele pela cintura e olha para minha boca em um pedido mudo por permissão. Depois olha em meus olhos e pergunta:
ㅡ Eu posso? - um sussurro que me deixa mole em seus braços. Fecho meus olhos e balanço minha cabeça, esperando pelos seus lábios. E eles encostam nos meus, me dando um arrepio e acelerando os meus batimentos. Eu sei que é clichê dizer isso, mas as nossas bocas se encaixam perfeitamente, como se já se conhecessem. Ele me dá um selinho, depois outro e na terceira vez sinto sua língua tocando meu lábios, pedindo passagem, a qual eu concedo rapidamente. Rápido demais para quem estava com raiva de JJ. Mas não posso evitar, eu esperava por esse beijo a uma semana, é compreensível. Porém ele ainda me deve explicações, por isso me separo dele repentinamente, lhe assustando, mas acredito que tenha entendido o motivo de eu ter feito isso, então me dá um sorriso pequeno e bota meu cabelo atrás da orelha, pousando sua mão em minha bochecha.
ㅡ Me desculpe por fugir de você essa semana. - ele passa seu dedo em meu osso da bochecha e eu fecho meus olhos, rendida novamente. - Eu fiquei com medo.
ㅡ Por que? - abro meus olhos, lhe olhando confusa.
ㅡ Por que? Porque você é a pessoa mais incrível e apaixonante que eu já conheci. Eu fiquei com medo de me apaixonar. Tirei essa semana para focar na música e no meu trabalho, mas advinha? Você não saiu do meu pensamento nem por um segundo! - gesticula exasperado, me fazendo gargalhar de seu desespero.
ㅡ Não ria de mim! - exclama, apertando meu nariz - Essa semana só serviu para me mostrar que já é tarde demais. Você já me fisgou.
ㅡ Bom, então estamos no mesmo barco. - falo uma verdade - Porque você também já me fisgou. - dou um sorriso apaixonado, vendo-o fazer o mesmo.
ㅡ Eita, que pressão! - ele fala provocativo, estragando o clima.
ㅡSeu idiota! - rio e bato em seu peito.
ㅡ Aí! O que eu fiz? - ele pergunta, rindo também.
ㅡ Você é muito bobão. - a criança que habita em mim age novamente. Ele sorri e eu também. - O que vamos fazer agora?
ㅡ Comer bolo? - reviro os olhos e o olho seriamente - Tô brincando! Nós podemos tentar e ver no que vai dar. Eu sei que vou embora daqui um mês, mas… a música ficou ótima e seu irmão já quer fazer outra. - JJ me olha insinuante e depois me beija, em uma promessa de que ele vai voltar. E eu confio em sua promessa. Ele vai voltar.
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Hoje é o dia que JJ volta para sua cidade natal. Suas malas já estão prontas. Eu sei pois o ajudei a arrumá-las e talvez tenha botado uma surpresinha em uma de suas bagagens. Meus pais o convidaram para um almoço de despedida e ele aceitou, seu voo só sairia a noite e ele me falou que queria um tempo para nos despedirmos do nosso jeitinho. E era o que estávamos fazendo agora, escondidos em meu quarto, enquanto meus pais preparavam o almoço e meu irmão tirava fotos sem camisa na frente do espelho. Um detalhe importante é que não contamos para ninguém sobre o nosso… rolo? Eu não sei, mas preferimos não contar nada e nem rotular o que temos. É melhor assim.
ㅡ Nossa! Como é bom beijar você! - fala JJ após separar nossos lábios vermelhos e inchados de tantos beijos. Sinto meu rosto esquentar com sua fala e dou um sorriso radiante.
ㅡ É muito bom te beijar também! Vou sentir falta dos seus beijos.
ㅡ Só dos meus beijos? - ele fala fazendo um carinha triste. Rio de seu drama.
ㅡ Sim, só dos seus beijos. - minto, brincando com sua cara, porque eu claramente não sentiria falta só de seus beijos, mas também de seu jeito divertido, de suas piadas sem graça, de seu abraço quentinho que faz eu me sentir em casa, de seu cheiro e muitas outras coisas que o fazem ser a pessoa mais incrível que eu já conheci em minha vida.
Depois de um tempo decidimos descer antes que alguém viesse nos procurar e o almoço já estava pronto. O tempo passou muito rápido e eu não podia estar mais triste. Daqui a poucas horas seu voo sairia e ele iria para longe de mim. Eu lembrava da promessa, mas isso não diminuía a dor em meu coração. Porém, é nessa promessa que eu vou me segurar agora. A promessa de que ele vai voltar para me segurar em seus braços de novo e me dar mais um daqueles beijos que me fazem ter certeza de que ele é a pessoa certa pra mim.
Autor(a): fentybrr
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