Fanfics Brasil - Por você eu me quebro em milhões de pedaços Portões da Retribuição - Akalyana

Fanfic: Portões da Retribuição - Akalyana | Tema: Fantasia, raças


Capítulo: Por você eu me quebro em milhões de pedaços

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As palavras daquele reflexo penetraram fundo na minha mente e, nessa altura o zumbido começou. Seus olhos azuis ainda me encaravam profundamente e ele continuou.


“Minha linda criança, você ainda não despertou por completo, não é? Ela ainda clama por você, é a centelha. O fogo do Senhor clama por ti, deixei-o se libertar.”


A voz do reflexo começou a desaparecer, eu olhava em seus olhos e via seus lábios se mexerem, mas não havia som ali. E num instante o espelho mudou, a paisagem como fotografia era outra.


E a cena partiu meu coração.


O espelhou mostrava uma moça de longos cabelos negros de cabeça baixa, amarrada pelos braços e pernas, em forma de cruz. Em sua frente mais distante, o homem que havia me encontrado estava sendo golpeado por um vulto estranho.


Eu me esforçava para distinguir quem poderia, mas apenas um vulto preto aparecia em frente ao homem que era igual ao da cachoeira.


Até que as cordas queimaram como por mágica e um fogo se alastrou, o vulto sumiu no ar enquanto o homem da cachoeira sangrava.


A moça levantou a cabeça e meu coração deu um pulo: era igual a mim.


Ela virou a cabeça e através do espelho olhou pra mim, lágrimas escorreram e pelo espelho ela olhou no fundo dos meus olhos. E por um momento, era como se eu estivesse lá. Eu vi o que ela viu, eu vivi o que ela viveu.


Aprendi o que era dor, mais uma vez. E como um sonho, o espelho me contou com a minha própria voz o que houve naquele dia, como se a figura presa nas chamas estivesse me contando o que minha mente começava a supor em tamanho medo e horror.


E então a Akalyana de dentro das chamas me contou tudo que eu temia saber...como uma mãe que instrui um filho sobre não ficar no escuro. (Parte em negrito é a própria versão em chamas do espelho contando para a sua versão fora dele e mostrando dentro de sua mente, o que tinha ouvido, visto, pensado e feito…)


"Não podia vê-lo sofrer, não por mim. Não de novo. Eu mataria ou morreria com prazer por ele.”


Pensamentos cortados entrelaçavam-se em minha mente. Escuro...escuro...era apenas isso que minha mente poderia ver. 


Então as palavras chegaram, e eu senti cada fibra do meu corpo vibrar, era dor e ao mesmo tempo desejo e não eram meus.


Como uma água, cada gota daquele líquido correu dentro de mim. Como um fogo aquele poder queimou.


Eu me abri a cada calor e a cada clarão que emergia da minha mente, eu deixei que ele me tivesse por inteira pela primeira e eu sabia que era a última.


Nada no mundo era mais importante do que Zane para mim, nunca mais alguém o machucaria, nunca mais ninguém o acharia.


Cometi o maior pecado, aquele pelo qual fui instruída a não cometer. Por amor à metade do meu coração, eu apenas deixei meu desespero me guiar.


Invoquei minha fúria e a minha dor, eu nunca mais poderia tê-lo, nunca mais poderia amá-lo. Esse era o combinado, e mesmo depois de tudo se eu ainda andasse ou se Semântis me escravizasse, a dor de meu amado teria fim.


E assim eu abri meus olhos e a escuridão não mais rodeou minha mente ou meus olhos. E à minha frente estava o Punho do Pai, tentando arrancar o coração dele e apagar sua existência do plano e nesse momento eu só deixei as palavras fluírem com o feitiço sagrado.


“Accendetur velut ignis qui ardet in me


Libera te et consume hanc totam existentiam


Adolebitque donec cinis oriatur et cor meum sistit


Finis dolori meo ... Ignis te ipsum libera


(Tradução)


Queime como o fogo que arde em mim


Liberte-se e consuma toda essa existência


Queime até as cinzas surgirem e meu coração parar


Coloque fim a minha dor...liberte-se Senhor do Fogo”


Abri meus olhos a tempo de observar as lágrimas rolarem de seus olhos, o que estava feito não poderia ser desfeito, ele sabia disso e mesmo assim ainda chorava. Os carrascos fugiram.


O tempo parou e o fogo se alastrou, as cordas já não me incomodavam mais. Tudo estava sendo queimado, as labaredas consumiam cada canto, cada pedaço daquela torre. 


E por fim, olhando em seus olhos sentenciei e pedi perdão em meu coração.


“Ego te contrivi in ​​septem partes cordis mei


Et ideo signare animam tuam


Quod perierat, sine me nunquam invenietur


Sicut speculum, in me tuum reflectetur


et in me servabitur anima tua


quid fit alica


Numquam sine incantatione fieri potest


Maledicite mille monumentis


 


Quebro-te em sete partes do meu coração


E assim selo tua existência


O que foi perdido, sem mim nunca será encontrado


Como um espelho, dentro de mim tua existência será refletida


E dentro de mim tua alma será guardada


O que está feito com feitiço


Nunca poderá ser desfeito sem feitiço


Maldição dos mil túmulos”


E assim eu o vi indo para longe de mim, mais uma vez. Sempre penso que a dor da separação, nunca vai ser maior que a primeira vez, ledo engano. A cada vida que ele me deixa, a dor aumenta.


Eu nunca quis ser assim, no princípio não era assim. Éramos felizes.


Enquanto o fogo queimava, eu deixava as minhas lágrimas rolarem pesadas. Nada mais importa, ele havia ido embora. Sete partes daquele que amo, seriam sete homens que ele poderia ser de novo.


Sete homens que juntos poderiam ser um e nunca vão me conhecer, esse era o preço a se pagar para salvá-lo do Punho, e de mim mesma.


Ele seria feliz, era espontâneo. Não sentiria minha falta, afinal de contas não podemos amar o que não conhecemos e a única parte que me ama, eu guardei dentro de mim e ninguém nunca achará.


Meu senhor do fogo irá cobrar sua dívida, entregarei minha alma a ele para que nada aconteça a Zane. Esse era o trato no fim e eu o cumprirei.


Senti o fogo arder na minha pele, era meu dono cobrando minha palavra e assim eu me deixei ir. Presa dentro de mim mesma para sempre. Mas ainda sim, eu lembrei da frase que meu Criador havia deixado para mim…


- darenemopotest quod non habet, nequeplusquamhabet (Ninguém pode dar o que não possui, nem mais do que possui)


 


 


Após algumas horas, dentro de uma torre incendiada fui encontrada, mas não estava mais lá. Minha alma já estava presa e de lá jamais poderia sair...”



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Autor(a): akalyana

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