Fanfics Brasil - Capítulo 1: A moça que caiu do céu Portões da Retribuição - Akalyana

Fanfic: Portões da Retribuição - Akalyana | Tema: Fantasia, raças


Capítulo: Capítulo 1: A moça que caiu do céu

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Uma garoa fina caía ao longo da cidade, era inverno e o ponteiro do relógio de pulso marcava meia-noite. A época era Natal e não havia pessoas na rua. A chuva escorria pelo sobretudo escuro, enquanto o homem corria pelas ruas molhadas.


Seu rosto escondido pela gola do casaco denunciava um pouco de sua fisionomia, além de algumas mechas de cabelo que insistiam em escapar de dentro do casaco. Sua pressa se devia mais à chuva do que à qualquer outra coisa. Há muito tempo ninguém mais o esperava em casa, motivo pelo qual ainda estava na rua naquela hora. Não tinha amigos e nem família. Em sua profissão era mais fácil assim, quanto mais pessoas se importassem, mais alvos tinham em sua cabeça, o que criava uma fraqueza e ele odiava fraquezas.


Portanto, preferir a solidão acabou se tornando uma decisão simples, mas não menos dolorosa. Optar por ficar sozinho, não significava que realmente queria ficar sozinho. A vida era extremamente estranha e solitária, não havia amigos para aquela cerveja no final do dia ou alguém especial para ganhar beijos doces e calorosos quando chegasse em casa, depois de um longo dia de trabalho. Nada em sua vida era normal. 


Mal se lembrava da última vez em que estivera com uma mulher, fazia tanto tempo que até se admirava por não sentir tanta falta. Não era pelo sexo e sim pela companhia, isso que talvez sentisse mais falta, pensava o homem enquanto corria molhado.


Sua vida até poderia ser pior se não fosse seu gato, Hércules. Gostava de chamá-lo assim, porque não havia nada que ele não pudesse quebrar, e isso até soava divertido. Apressado e pensando em seu gato, o homem entrou em um pequeno beco que servia como atalho para sua casa e, nesse momento a chuva engrossou, dificultando mais ainda sua visão.


Quando estava quase saindo da pequena viela, uma sensação estranha percorreu o seu corpo, como se estivesse sendo observado, como senão estivesse sozinho. Aguçando mais ainda seus sentidos, avistou uma forma estranha encostada na parede. Embora não fosse muito altruísta, algo naquele pequeno amontoado chamou sua atenção.


Caminhava lentamente e com cuidado para não ser visto. Poderia até ser um mendigo, afinal de contas aquela zona não era a mais respeitável da cidade. Ainda receoso de uma aproximação, o pequeno monte se mexeu. Chegando mais perto, com a ajuda da luz vinda de um post próximo que conseguiu clarear um pouco o breu da noite, teve a visão mais linda e surpreendente de sua vida. Uma mulher aparentemente nua, sombreada de ambos os lados por longos cabelos negros, molhada pela chuva. Estava abraçando seus joelhos, escondendo assim o pouco do seu corpo. Com os olhos fechados e os braços, envolta dos joelhos, ergueu um pouco o pequeno rosto, gemendo baixinho.


O homem parado que admirava a bela mulher, saiu de seu transe.


“Ela pode estar ferida, droga eu deveria levar ela para um hospital. Mas por que raios, meu coração diz que não?” - pensava o homem em sua encruzilhada.



  • Z-zaa-nnee….Zane… - Balbuciava baixinho, a mulher.


Isso deixou o homem mais assustado ainda, pois Zane era seu nome. Será que ela o conhecia? Como poderia ser? Ele teria certeza se já tivesse cruzado com ela, não era todo o dia que uma linda mulher passava pela sua vida.


Conforme a moça tentava mexer seu rosto para tentar abrir os olhos, alguns cachos escuros caiam cobrindo mais ainda seu rosto, pelo tamanho das mechas, Zane poderia supor que deveriam ir até à altura da cintura ou além. Ele procurou nos arredores, buscando algum casaco, documentos, algo que comprovasse que aquilo era real e que a moça não era fruto de algum delírio, mas não encontrou nada.


Aproximou-se dela, ajoelhando-se, suas cabeças próximas uma da outra, e antes mesmo que pudesse pensar no que estava fazendo, seus olhos percorreram a curvatura de seus ombros desnudos e molhados e como ele quis tocá-los. E instintivamente, o fez.


Quando a tocou, o tempo pareceu parar, uma descarga elétrica passou pelo seu corpo, uma imagem apareceu em sua mente, de uma espada envolta em fogo e depois tudo voltou ao normal, como se nada tivesse acontecido.  O barulho da chuva voltou.


Com o toque, a cabeça da estranha se mexeu, virando-se para ele. Gradualmente os olhos foram se abrindo e ele viu o mais lindo par de olhos azuis de sua vida. Eram de um azul tão claro que ele poderia se perder neles para sempre, de tão profundos, mas agora pareciam enevoados.


Um gemido escapou dos lábios rosados da moça e uma careta de dor passou pelo seu rosto.


– Ajude-me... – As únicas palavras que saíram com uma voz baixa e suave. 


Seus olhos fecharam-se rapidamente e o corpo tombou inconsciente para frente, caindo no colo do estranho. Os cabelos caíam ao longo do corpo, deixando o rosto à mostra e ele pôde constatar o quão bela a moça era, quase um anjo.


Ele se despiu de seu sobretudo e embrulhou a moça desacordada. Ergueu-a no colo e, por algum motivo desconhecido, pegou o caminho para sua casa e não para um hospital.


Estava quase chegando a seu pequeno apartamento, quando sentiu ela se mexer. Olhou para baixo, aninhando-a mais ainda em seu peito. Não queria que ela sentisse mais frio do que já sentia, toda molhada num casaco mais molhado ainda.


Até que parou estático e ofegante, dedos pequenos e quase infantis tocaram a pele de seu queixo, baixando seu olhar para observar a moça em seus braços, viu mais uma vez aqueles olhos de oceano se abrindo para si. Aqueles olhos são tão profundos, que poderia se perder neles facilmente. 


Definitivamente ele estava louco. Zane prosseguiu sua caminhada ignorando o toque e seguindo para seu apartamento. Só poderia ser a maior loucura que, no fim das contas, estivesse atraído por uma estranha. E para piorar, levando-a para sua casa. Quem em sã consciência faria algo assim? 


“Eu a achei nua num beco escuro e úmido. Ela poderia ser uma prostituta que acabou fugindo de um cliente ou mesmo do cafetão. Por que diabos, ele deveria se importar?” Contudo, mesmo tentando me convencer disso, uma vozinha em sua mente dizia que isso seria totalmente impossível.



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Autor(a): akalyana

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