Fanfics Brasil - O ínicio Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera

Fanfic: Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera | Tema: O Fantasma da Ópera


Capítulo: O ínicio

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Sempre quis entrar no Palais Garnier, ainda mais pela história que se conta sobre o local. Foi assombrado no final século XIX para o século XX, por um fantasma. Pessoas morreram, enquanto assistiam a ópera e um lustre despencou no momento em que os atores estavam no palco. Claro que houve outras coisas mais bizarras, como o lugar pegar fogo e ser interditado. Sou fascinada por teatro e ópera, então essa história poderá dar um bom enredo para minha peça. Quero sentir este local e me inspirar nessa lenda e poder escrever sobre isso. Contudo, estou presa em Londres. Preciso que Oliver tire suas férias para que ele possa me mostrar exatamente em qual ópera de Paris isso de fato aconteceu. Como não falo uma palavra de francês, ele será meu guia na cidade. Não vou contratar um guia para ir até lá. E prometemos fazer uma viagem juntos, então estou aguardando que ele finalmente saia de férias.


Observo o céu se por da janela da minha sala. Estou com bloqueio criativo e não consigo terminar a peça. Já escrevi várias peças e ganhei uma grande notoriedade. Não sou como meu pai, que é famoso. Suas peças estão sendo exibidas no mundo todo. Sou apenas a filha de Christopher Lewis. Então preciso trabalhar muito para ser tão boa ou melhor que ele.


- Emma – chama alguém da porta – Abre a porta, estou cheio de sacolas.


Reviro os olhos. Oliver disse que estaria aqui até às cinco horas da tarde. Olho no relógio, ele está atrasado faz uma hora.


- Já vai – peço.


Levanto da cadeira em frente à escrivaninha e abro a porta. Ele está com oito sacolas, distribuídas em seus braços sardentos. Ele realmente é muito bonito. Estilo irlandês, ruivo e forte. Contudo, é muito libertino. Então quando nos conhecemos, estabeleci limites. Seriamos só amigos e nada mais. Uma pena, pois ele faz qualquer mulher perder a cabeça.


- Passa pra cá essas sacolas – peço, estendendo o braço.


Ele apenas discorda, passando por mim, deixando as sacolas em cima da bancada da minha cozinha, estilo americana. É um conceito aberto. Meu apartamento é estilo loft, contudo, o quarto é reservado. O que eu agradeço muito.


- Vou preparar uma comida para nós – ele diz, já guardando as compras nos armários e na geladeira – Você não tem nada para comer nessa casa.


Bufo, irritada.


- Não sei por que você vive fazendo isso. Não precisa cuidar de mim.


Ele me lança um olhar enviesado. Seus olhos cor de âmbar me repreendem.


- Emma, você não come há quantas horas mesmo? – ele pergunta, em tom sarcástico.


Emudeço. Ele sabe que quando estou com um bloqueio, não consigo ingerir nada.


- Não sei, umas duas horas? – minto, cruzando os dedos atrás das costas.


Ele gargalha. Seu riso ecoa pelo apartamento. É reconfortante poder ouvi-lo.


- Emma, não minta pra mim – ele diz, sem me olhar, cortando alho e cebola em uma tabua.


Eu tenho uma tabua? Uau! Eu quase não cozinho, apenas como em restaurantes ou peço comida. Então eu não sei exatamente o que tem na minha cozinha.


- Ok, você venceu. Eu não como desde o café da manhã – confesso, sentando em uma cadeira alta, em frente à bancada. Observo ele cortar com destreza o alho. Ele é muito habilidoso na cozinha. E deve ser, pois é um chefe de um restaurante badalado no Picadilly.


- Eu sei. Conheço você há muito tempo. Você fica com tique no olho quando mente – ele diz, terminando de cortar o alho e a cebola.


Dou risada. Realmente, tenho um leve tique no olho.


- O que vamos comer hoje, Oli? – pergunto, usando seu apelido.


Ele faz uma careta, ele detesta esse apelido.


- Macarrão ao molho pesto – ele responde, pegando uma panela para ferver o macarrão.


- É aquele molho verde? – torço o nariz.


Ele me encara, como se eu tivesse o insultado.


- É um prato maravilhoso – ele diz, com leve irritação – Desde quando você reclama do que eu cozinho? Sou um mestre.


Eu gargalho. Ele continua sério.


- Ok, você é o melhor cozinheiro, o melhor chefe – bajulo.


Ele sorri, convencido.


- Eu sei, ma cherie – ele diz, com sotaque francês.


Conversamos enquanto ele cozinha. Oliver parece mais calmo, sereno. Ele sempre parece pressionado quando aparece no meu apartamento. Sempre reclamando dos problemas na cozinha e o quanto isso desgasta ele. O tempo para fazer um prato é muito curto e se não estiver perfeito, tudo vai por água a abaixo. Talvez esteja calmo pois em breve entrará em férias. Ele diz que já podemos comprar as passagens para ir a Paris e que na semana que vem já podemos iniciar nossa viagem. Estou exultante. Sento-me na minha cadeira, em frente a escrivaninha e acesso o notebook para comprar as passagens. Enquanto isso, ele arruma a mesa e coloca uma música clássica. Oliver diz que é para entrar no clima de Paris e da ópera. Dou risada, só ele mesmo para me fazer sorrir hoje.


Sentamo-nos de frente para o outro e comemos. A macarrão está divino. Só ele mesmo para fazer algo tão estranho ser tão bom. Encerramos a noite com vinho é um filme de terror, onde os protagonistas são desafiados a ficar até o amanhecer em uma casa mal-assombrada para ganhar dinheiro. Dou risada, achando que o filme não vai dar nem um pouco de medo, mas fico apavorada. Quase todos os personagens morrem, sobrando um casal.


- Não vou conseguir dormir, Oliver – digo, quando desligamos a tv.


- Vai sim, sua tonta – ele diz, rindo – É só um filme.


Eu reviro os olhos.


- Não é só um filme, ele me assustou de verdade – eu insisto.


Ele bufa.


- O que você quer que eu faça? – ele pergunta.


- Só dorme aqui hoje, por favor – imploro.


É claro que ele não iria, ele disse que ia sair com uns amigos depois do filme. E com certeza ficar com alguma garota. Ele passa as mãos pelos cabelos ruivos, impaciente, mas me olha com piedade.


- Ok, mas eu não vou dormir no sofá. Você vai – ele diz.


- Ah não, não quero dormir sozinha – digo, medrosa.


Ele revira os olhos.


- O que você sugere?


Penso no assunto, e tenho uma ideia.


- Vamos dividir minha cama, ela tem espaço e posso colocar travesseiros para delimitar o espaço de cada um.


Ele ri da minha sugestão.


- Isso é medo de dormir comigo? – ele brinca, piscando seus olhos ambares para mim – Eu não mordo.


Mostro a língua para ele.


- Eu não sei, não vou confiar nisso – eu digo, saindo da sala para arrumar a cama.


Deixo tudo pronto, como havia dito. Oliver observa, com as mãos na cintura.


- Isso tudo é medo de mim? – ele pergunta, sarcástico.


- Ah, com certeza não estou com medo – digo, mas sei que estou mentindo. Eu estou com medo de mim, isso sim – Mas é bom cada um ter seu espaço, não é mesmo?


Ele balança a cabeça, como se minha ideia fosse maluca.


- Ok, vou usar seu banheiro para trocar de roupa. Você tem uma camiseta pelo menos para eu poder usar para dormir?


Procuro no meu closet e acho uma camiseta grande e preta. Jogo para ele vestir. Coloco meu pijama e me deito na cama, me cobrindo até o pescoço. Ele sai do banheiro e aparece de cueca box com a minha camiseta. É claro que a camiseta não iria cobrir tudo, ela cai perfeitamente nele. Ele se deita ao meu lado e me dá boa noite. Diz que seu tiver medo é só acordar ele, que ele vem me salvar do bicho papão. Dou risada e viro para o lado. Conto carneirinhos, escutando sua respiração profunda. Sinto agonia por dividir a cama com ele. Nunca dividi com nenhum homem, nem com meus namorados. Então essa noite vai ser longa.


**


Estou correndo, batendo os pés com força nas ruas de pedras. Sinto meu peito doer e um medo paralisante, mas forço minhas pernas. Não sei se posso aguentar mais, não consigo achar a saída desse lugar. Parece um túnel, mas com o escuro, não consigo enxergar. O lugar tem cheiro fétido e vejo água correndo do meu lado. Não tinha visto que era uma passagem de esgoto. Mas é muito grande para ser uma. Parece uma passagem secreta. Eu realmente não sei. Eu tenho certeza de que ele está atrás de mim e está prestes a me encontrar, mas não quero vê-lo. Ele é horrível, seu rosto é de um monstro e sua voz é cadavérica. Estou tremendo de medo e não vejo saída, apenas grades a minha frente.


Sento-me no chão, encolhida, pois não tenho mais chance de sair disso. Entrego-me a apatia e abraço a escuridão desse lugar. Escuto passos ecoarem pelo chão e sei que ele está vindo. Uma sombra se projeta no chão e não olho para cima. Sei que ele está do meu lado. Estou com tanto medo de que não quero olhar. Fecho os olhos com força, rezando a nossa senhora para que eu possa ter ajuda.


- Tola, por que fugistes de mim? – sua voz é cavernosa – Já disse que aqui não tem saída. Estás presas comigo pela eternidade. Serás minhas e de mais ninguém.


Choro, desesperada, pois quero minha liberdade. Desejo sumir e nunca mais ver seu rosto horrendo. Não quero sua presença, ela me enoja.


- Por favor, tens piedade de mim. Não quero viver como prisioneira – imploro, caindo aos seus pés.


Meu algoz ri, sem um pingo de remorso.


- Estás prisioneira por toda vida, minha querida – ele zomba – Vais pagar a dívida que tens comigo. Terás de me aturar por séculos a fio. Pois não sairei de perto de ti em nenhum instante.


Encolhe-me no chão sujo, abraçando minhas pernas. Não tenho mais saída. Ninguém pode me ajudar agora. Apenas fecho os olhos e deixo que a escuridão me abrace.


***


Acordo em um sobressalto, sentindo meu corpo todo tremer. Lágrimas escorrem por minhas bochechas. Meu coração está galopando a mil por hora. Toco minha testa, limpando o suor. Oliver está me encarando, com o rosto assustado.


- O que foi, Emma? – ele sussurra, tocando meu braço.


- Eu não sei – respondo, entre soluços.


Ele me abraça com força, afagando meus cabelos.


- Está tudo bem, você não está sozinha – ele diz, ainda me abraçando – Você me assustou, garota. Você berrou a plenos pulmões.


Fico assustada.


- Eu gritei? – pergunto.


- Sim, bastante. Tive que sacudi-la com força – ele responde se afastando. Ele encara meu rosto. Ainda está escuro, por isso não consigo ver sua expressão, apenas sombras – Você parecia em transe. Gritava para que a deixasse sair. Será que foi por causa do filme?


Eu lembro do sonho e não teve nada a ver com isso. Foi algo muito pessoal. Fazia anos que não sonhava com aquele túnel. Contudo, nunca havia visto aquele homem antes. Era apenas o sonho em que estava presa nesse túnel, sem achar uma saída. Desta vez vi o homem que era meu carcereiro. Já havia consultado um analista e ele apenas disse que sonhos são o nosso próprio inconsciente tentando nos dizer algo. Contudo, parecia muito real.


- Acho que foi o filme – minto, enxugando as lágrimas – Que bobagem, não é?


Ele não parece humorado. Segura minha mão com força.


- Não acho bobagem – ele discorda – Venha, vamos dormir. Vou contar uma história para você.


Ele empurra os travesseiros e me abraça. Ficamos assim, enquanto ele conta uma história sobre um viajante no deserto, que está buscando água e encontra um palácio. Durmo na parte em que o viajante é preso pelo sultão e forçado a contar histórias grandiosas para distrai-lo.


***


Finalmente estamos na França. Paris é linda. O museu do Louvre é fantástico, mas o quadro da Mona Lisa é pequeno e tem muita gente em volta. Não consegue tirar uma foto. Na verdade toda a cidade está abarrotada de pessoas e o calor é insuportável. Estamos em pleno verão e é claro que seria assim. Por que seria diferente? Todos estão aproveitando as férias escolares para visitar Paris. Com certeza. Por que será que escolhi bem esse período para conhecer o Palais Garnier? Por quê?


Ando pelas ruas, ao lado de Oliver. Ele sempre para em um restaurante, para provar alguma comida diferente e conversar sobre os cardápios com os chefes de cozinha. O que é entediante. Estou buscando um ar sombrio na cidade, para compor minha peça, mas tudo é muito colorido. É claro que não vai dar certo essa peça gótica. Estou arrependida de ter vindo. Oliver continua a conversar com o chefe e digo que vou dar uma volta e que ligo quando terminar. Ele apenas acena.


Continuo a caminhar e encontro um teatro antigo. Vejo que ele está aberto e vou até recepção, pedir informações. Não há ninguém e continuo andando. Encontro o auditório do teatro e vejo pelo menos 400 cadeiras de cor vermelha. Um palco ao fundo está iluminado. Fico maravilhada e vou até lá. Subo no palco e é como se pudesse ver a plateia olhando curiosa, para ver qual será o ato seguinte. Qual será o desfecho da trama. Sorrio e afasto as cortinas vermelhas, para ver os bastidores. Apenas há um corredor espaçoso com algumas portas. Aventuro-me em uma e o que vejo não era o que esperava.


Há um homem sentado em frente ao seu camarim. Ele está de cabeça baixa, encarando uma mascará branca na mão. É tão silencioso. Seus cabelos são negros e medianos. Está trajando uma camisa branca com um colete preto por cima. Ele parece tão desolado. Tenho vontade de tocá-lo e ver por que parece tão devastado. Contudo retrocedo, mas acabo batendo meu cotovelo na porta atrás de mim. Ele vira-se e me encara. O que vejo me assusta, profundamente. Um lado do seu rosto está marcado, cheio de cicatrizes, o olho azul repuxado. O outro lado é belo, mas seu olhar é cruel. Congelo no lugar, com medo. Ele não parece feliz por me ver.


- Eu sinto muito, não queria atrapalhar – digo, mas percebo que deveria ter dito em francês, para que ele pudesse entender.


Ele continua a me olhar, com uma expressão curiosa, contudo está sério.


- A porta estava fechada, você deveria ter batido – ele diz, sarcástico, com um leve sotaque francês.


Ah, graças a Deus, ele fala minha língua.


- Eu sinto muito mesmo – digo de novo – Eu acho que fui levada pelo mistério desse teatro e queria encontrar algum segredo.


Arrependo-me no mesmo instante de ter dito isso.


- Ah, você está interessada em segredos? – seu tom é ácido – Pois deveria tomar cuidado com o que está procurando.


Eu engulo seco, movendo-me para fora do camarim. Ele se levanta de um salto, chegando próximo de mim.


- Já está de saída? – ele pergunta, com tom despreocupado – Ainda não nos apresentamos.


Estou gelada. Este homem não parece normal. Ele domina o ambiente e parece feroz, ao mesmo tempo elegante. O que mais me assusta é seu rosto. Um lado é de anjo vingador e outro é de um monstro. Desculpo-me mentalmente por pensar assim, mas é realmente estranho.


- Ah, sim, estão me esperando – digo, virando-me para sair.


Ele segura meu cotovelo.


- Espere mais um pouco – ele sussurra, sua voz é suave. Parece um anjo – Não nos apresentamos.


Eu não me atrevo a virar.


- Ahn, meu nome é Emma – gaguejo – E o seu?


Ele faz uma pausa, como se estivesse saboreando meu nome em sua boca, pois escuto ele dizer Emma.


- Meu nome é Erik – ele murmura.


Quero rir, sinceramente. É muita coincidência o nome dele ser o do fantasma da ópera. Viro-me para encara-lo, mas ele não parece estar brincando. Encaro-o, com medo, mas estou tão curiosa sobre quem ele é, que permaneço firme.


- O que aconteceu com seu rosto? – pergunto.


Ele me fuzila com seus olhos azuis. Sua raiva é evidente.


- Nada – ele diz, se virando – Ao sair, feche a porta, por favor.


Fico pasma. Ele perdeu todo o interesse em mim, por eu ter feito aquela pergunta tola. Murmuro um desculpe-me e saio, fechando a porta com cuidado. Estou eletrizada. Ele não é o fantasma, mas quero conhece-lo, como farei isso agora?



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Autor(a): aline_lupin

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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 Estou correndo, sem olhar para trás, sinto tanto frio e medo que somente quero achar a saída desse teatro. Parece que errei o caminho e não consigo encontrar a recepção. Os pelos dos meus braços estão arrepiados e sinto o perigo eminente de estar nesse lugar. Não há ninguém aqui a não ser eu e ...



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