Fanfics Brasil - Um encontro com a música Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera

Fanfic: Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera | Tema: O Fantasma da Ópera


Capítulo: Um encontro com a música

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Uma semana se passou desde que vi Erik, no Palais Garnier. Não me atrevi a voltar e nem procurar o velho teatro que o encontrei. Minha escrita continua bloqueada e não consigo pensar em nada. Não escrevi nem uma linha sequer. O desejo que ir atrás da história do fantasma é maior. Apesar de ter encontrado sites que falam sobre isso, parece não ser o suficiente. Quero pisar novamente no Ópera Garnier e conhecer seu passado. Quero sentir aquele local e ver se realmente existem os túneis secretos que tanto falam. Era lá que o fantasma vivia e comandava a ópera. Preciso ver de perto essa história. Contudo, o problema Erik vem a minha mente. Ele disse que haveria consequências se eu insistisse na empreitada. Mas ele é só um louco e não vou ter medo dele. Comprei um spray de pinta e se ele ousar se aproximar, vai ficar cedo. Dou risada sozinha, da minha esperteza. Oliver, que está sentando ao meu lado no sofá, em nosso quarto de hotel me fita como se eu estivesse elouquecido.


- Você está bem? - ele pergunta, desconfiado.


- Estou sim, muito bem - respondo, com sinceridade - Já faz uma semana que não vamos até a Ópera, podemos ir hoje?


Ele coça a cabeça, parece não estar disposto a ir.


- Emma, não me leve a mal, mas não quero voltar lá hoje - ele diz, em tom de desculpas - Realmente estou cansado de ontem.


Ontem nós fomos a uma boate, no centro de Paris. Era tão vibrante e música era envolvente. Não sou escuto esse estilo de música, mas dessa vez foi diferente. Realmente me diverti. Conhecemos três franceses e uma indiana. Lógico que Oliver sumiu com ela pela boate, me deixando com três caras desconhecidos. No começo fiquei com medo de eles serem aproveitadores, mas apenas conversamos e dançamos. Até fiquei com um dos caras, um tal de Sebastien. É lindo, de olhos verdes e cabelos loiros, uns 15 centimetros mais alto que eu. Ele tentou me convidar para jantar, mas estou esquivando. Não quero nada com ninguém, ainda mais em Paris. Achei que tivesse visto Erik na boate, pois tinha visto um homem igual a ele na multidão. Procurei por toda parte, o que não deveria ter feito, mas minha curiosidade era maior. Não encontrei ele e ainda por cima fui agarrada por um cara que estava drogado. Provavelmente ecstasy. Para me soltar foi o problema. Ele parecia muito mais forte que eu. Tive que chuta-lo na virilha e sair correndo. Saí da boate e tomei um táxi. E bem, acordei agora, ao meio dia, elétrica. Quero uma aventura e isso vou conseguir voltando a Ópera.


- Então eu vou, estou realmente querendo dar uma volta - eu digo, me levantando.


Ele sorri para mim, com olhos maliciosos.


- Vai encontrar o Sebastien? - ele pergunta.


Reviro os olhos. É claro que não, não mesmo.


- Não, Oliver. Vou fazer uma pesquisa - digo, saindo do quarto, sem me despedir.


Escuto ele dizer o quanto sou mal educada e uma péssima amiga.Dou risada.


***


Caminho pelos ruas de Paris e vejo os transeuntes passar. Hoje o dia está nublado e mais frio do que o normal. Estou com uma jaqueta de couro para cortar o vento. Observo tudo ao meu redor e como cada coisa poderá compor a peça. Imagino a peça se passando no século XIX. Minha heroína forte e destemida. O antagonista é problemático, cheio de mistérios e rapta a a heroína, tornando-a sua prisioneira. Ele fará com ela decore peças de teatros e ensaie só para ele, em seu anfiteatro particular. Ele irá se apaixonar por ela e por sua doçura e ela terá apenas ódio do seu raptor, por um tempo. Ela começa o conhecer seu passado e vê o quanto ele foi injustiçado e trato com ódio por seus pares. Ele foi destituído do seu título como duque, devido a um tio invejoso e uma cláusula absurda no testamento do seu pai. Ele só poderia exercer o título e tivesse as suas faculdades mentais em ordem. E claro, seu tio forjou um atestado médico dizendo que ele era louco e ele foi internado em um manicomio. Então, dentro desse lugar é forjada sua identidade. Ele realmente fica perturbado e não tem noção mais da realidade. Quer vingança a qualquer custo. Consegue fugir do manicomio e com a ajuda de alguns artistas de rua, sobrevive. Com suas ideias avançadas cria uma companhia de teatro e passa a escrever peças, atuar, cantar e tocar piano. Cria uma nova identidade, outro nome e outra história. Alimenta sua vingança por 7 anos e quando descobre que seu tio se casou, rapta a enteada dele, que no caso é a heroína. Estou tão animada, pensando na história, que não vejo que estou andando, sem rumo. Paro em um café, peço um capuccino e abro minha bolsa, sacando meu tablete. Escrevo tudo que pensei e acrescento que a heroína passa amar seu raptor. Ele já estava amando-a e os dois se entregam a essa paixão. Faça duas cenas, mas penso como será o final. Será que minha heroína consegue seu final feliz? Será que seu pai vem resgata-la e mata o antagonista? São tantas perguntas que não consigo dar continuidade. Levanto os olhos e vejo uma cabeleira negra, algumas mesas a frente. Meu coração dispara e sinto um formigamento na boca. Não pode ser ele. Não pode ser. O homem virá de lado, para fazer o pedido a garçonete. Ele tem uma barba por fazer. Suspiro, aliviada. Não é Erik. Penso em suas palavras e suas advertências. Quero saber mais sobre ele, apesar de não ser uma boa ideia.


Pago o café e guardo meus pertences. Meus pés me levam até o teatro antigo. Vejo que ele continua vazio, como se não exibisse uma peça há anos. Entro no lugar, me aventurando mais uma vez. Vejo o auditório e palco com uma luz acesa. Algo está diferente, pois há um piano de calda. Fico curiosa e vou até lá. Sento em frente ao piano e observo as teclas pretas e brancas. Faz tanto tempo que não toco uma melodia. Coloco a ponta dos meus dedos, tocando uma sol. Quando percebo, estou tocando uma melodia que não conheço, como se estivesse sendo inspirada por algo, ou alguém. Como se estivesse sendo inspirada por um anjo da música. Sinto a euforia em meu peito, a vontade de tocar é tão grande, que não escuto que alguém toca o violino em algum lugar desse auditório. A melodia doce acompanha o piano. Como se soubesse como tocar uma música que nem mesmo eu sabia que existia. Tocamos juntos e vamos até o climáx da música. Quando ela encerra, lágrimas escorrem por minhas bochechas. Fecho os olhos, sentindo ainda vibração da música. Quando abro, encaro olhos azuis ternos. Reconheço sua face, está coberta pela mascará branca. Seu rosto é sereno. Ele está de frente para o piano, segurando o violino, como se fosse seu bem mais precioso. Ele me fita como se eu fosse alguém especial, como se fosse uma beldade. Tenho medo que ele diga algo, que me amaldiçoe. Faço menção de levantar, mas sua voz de barítono me impede.


- Fique, Emma, toque comigo.


Apesar de pedir com doçura, sua voz é de comando e me vejo mais uma vez mergulha em notas que não conheço. É como se alguém transmite a música em minha cabeça, sem ter uma partitura física a minha frente. É algo transcendentel. Cada nota é tocada como uma doçura divina, que nunca senti ao tocar peças conhecidas de Beethoven ou Chopin. Estou mergulha em extase. Levanto os olhos e vejo que ele também compartilha esse sentimento, pois está de olhos fechados. Sereno. Quero saber mais sobre ele, mais sobre sua vida. Quero me aproximar e me aconchegar em seus braços, mesmo sendo um desconhecido. Ele parece tão maravilhoso, diferente de quando nos conhecemos. As circunstâncias mudaram, consegui sua empatia. A música encerra e ele abre os olhos. Olha para longe, como se recordasse de algo, ou alguém muito querido. Um sorriso brota em seus lábios e ele me vê. O sorriso desaparece, mas seus semblante é apenas triste. Como se tivesse perdido sua musa, como se tivesse vendo uma miragem enquanto tocava. Eu não sou quem esperava ver, é isso que parece.


- Toca muitíssimo bem, Emma - ele elogia, colocando seu violino em cima do piano.


Ele se aproxima de mim, com passos elegantes, sentando ao meu lado. Sinto sua presença preencher o lugar, me envolvendo como se fosse teias de aranhas. Sinto o medo novamente voltar, medo que ele vá fazer algo contra mim. Apesar de tocarmos juntos, isso não quer dizer que ele tenha apresso por mim.


- Obrigada? - digo, em tom de pergunta. Quero me bater agora.


Ele sorri enigmático.


- Tenho que dizer que você é muito teimosa - ele diz, começando a tocar uma melodia no piano. É algo triste, carregado de sentimentos e algumas notas deixam um tom de raiva. Como se ele estivesse triste e ao mesmo tempo com raiva de algo, ou de alguém. No caso, eu.


- Não entendo o que quer dizer - desconverso, observando ele tocar.


- Eu disse para você ir embora de Paris, pequena Emma - ele canta, com sua voz melodioso - Disse que deveria partir, mas você insiste em me assombrar.


Quero rir, eu assombra-lo? Ele é quem me assombra. Apesar que estou perseguindo-o, esse fato não posso negar.


- Eu não estou fazendo nada disso - discordo, irritada - Não sei por que você está com tanta aversão a mim.


Ele para abruptamente de tocar. Seus dedos batem nas teclas, em som de agonia. Ele mira seus olhos azuis para mim, com raiva. Ele é intempestivo. Em um momento parece doce e no outro quer me matar.


- Não se faça de tola - ele sibila - Está aqui de novo procurando uma história. Já disse para parar de buscar os segredos que não pertecem a você.


Eu não quero escutar suas lamurias, estou cansada desse homem. Realmente, ele acha que vai me deter? Alias, isso tudo não passa de uma história, invenção de um escritor do século passado. Então qual o problema eu buscar mais sobre isso?


- Sei o que está pensando - ele mumura, olhando para longe - Todos pensam que nada disso é real, mas posso provar que é.


Os pelos dos meus braços se arrepiam. Ele não pode estar falando sério?


- Erik, não você realmente precisa se tratar - digo, me levantando. Minhas pernas estão bambas, parece que estou sem energia - É só uma história, de algo que não existiu e não sei o motivo para você dar tanta importancia.


Ele me fita, com amargura.


- Se soubesse o quanto há verdade nisso tudo, saberia que estou sendo sincero - diz, amargo - Mais uma vez peço que pare de remexer no passado e cuide da sua vida.


Dou de ombros e estou saindo do palco, quando ele segura meu braço, com força.


- Não apareça mais, Emma - ele ordena, com frieza - Se aparecer novamente, se a vir aos arredores desse teatro ou do Palais de Garnier, terá que pagar as consequências de seus atos.


Ele solta meu braço e eu massageio o local que ele apertou. Realmente doeu muito e deixou as marcas dos seus dedos longos. Olho para trás e não vejo mais. Sinto meu corpo tremer e muita fraqueza. Tenho dificuldade de deixar o teatro e achar a saída, mas a encontro. Se ele pensa que vai me amendrontar, está muito enganado.


***


Estou terminando o terceiro ato da peça, onde Althea, minha heroína, encontra Louis, o antagonisa. Ela está atuando em uma peça, escondida do seu padastro e ele a vê no palco e reconhece, mesmo ela estando vestida de homem. Louis já está elaborando um plano de intercepta-la nos bastidores e leva-la consigo. Estou tão ansiosa que digito veloz cada fala. Oliver me chama algumas vezes, mas fingo não escutar. Ele se irrita e joga uma bola de papel em minha cabeça. Levanto, com raiva e vou até ele. Bato em seu ombro com força.


- Ai, você está muito agressiva - ele diz, massageando o ombro, com uma careta de dor - Só queria saber se podemos sair hoje. Vou ver a Maya hoje e queria que você fosse junto. Por favor.


Ele está de joelhos, e cima da cama, imploro. Eu dou risada e apenas assinto. Procuro uma roupa no guarda roupa do quarto e encontro um vestido vintage. O vestido tem caimento um pouco acima do joelhos, preto com uma gola branca. As mangas são curtas. Apesar de estar calor, essa noite está fresca e resolvo colocar minha jaqueta de couro por cima e uma sapatilha vermelha para combinar. Miro minha imagem no espelho do guarda roupa e vejo uma mulher de cabelos escuros e longos, com olhos acinzentados, em graça. Sinto meu animo baixar. Não sou nada, não sou ninguém. Para minha família, não sou uma dramaturga de sucesso e sou uma mancha, em uma família que é famosa pelas peças de teatros. Não só meu pai que tem talentos com isso, minha mãe é atriz, meu irmão é um diretor de cinema e minha irmã mais velha é cantora e bailarina. E eu, sou apenas um roteirista. Que nem é muito conhecida. Estou afundando em alto piedade quando Oliver diz para eu sair da frente do espelho e acompanha-lo.


Vamos até um café teatro, desconhecido, em uma parte mais afastada de Paris. Maya, Sebastien, para meu desgosto e Adam estão no carro. Maya está conduzindo, então Oliver embarca na frente, sobrando para que eu vá no meio. Sebastien me fita, com olhar de desejo, o que me causa nojo. Me aproximo mais de Adam, que me encara como se eu fosse louca. Apenas imploro com o olhar e ele parece entender tudo. Deixa que eu me aproxime mais e fico segura.


- Então, Adam, quando vamos conhecer seu namorado? - Maya pergunta, olhando para a estrada.


Ele se mexe, ao meu lado, parecendo descofortável.


- Ele disse que viria até ao La Flore - ele responde, desanimado - Mas não sei, parece que ele não quer nada sério.


Então ele é gay. Não vou conseguir despistar Sebastien, que droga!


- Calma, Adam, vocês estão há dois meses juntos. Relaxe - diz Maya. Vejo ela sorrir para ele, no retrovisor.


Ele suspira. Coloco a minha mão na dele, tentando encoraja-lo. Ele me fita, surpreso. Eu apenas sorrio.


- Eu te entendo - digo.


Ele sorri, cansado, apertando minha mão. Sebastien nos olha, irritado.


- E como você pode entender, Emma? - Adam pergunta, curioso.


- Pelo simples fato de eu ter um ex namorado que nunca me levou a sério, pois cinco anos - respondo.


Ele me olha com pena.


- Então é uma das minhas.


Nós contamos tudo sobre nossas vidas. Ele diz que conheceu seu namorado em uma festa organizada em uma fazenda, fora de Paris. Adam se apaixonou perdidamente por Lui. Contudo, ao que tudo indicava, não era reciproco. Adam também saiu de casa muito cedo, pois seus pais são muito conservadores e religiosos. Então houve várias brigas entre eles e Adam resolveu partir e morar sozinha em Paris. Ele é um ótimo designer, então cria sites, propagandas e consegue viver se ajuda de ninguém.


- Bela Emma, então, tem alguém especial em seu coração? - ele pergunta, com seu sotaque francês acentuado.


Eu dou risada.


- Não, não mesmo. Estou aqui nessa cidade para escrever, apenas.


Maya olha para mim do retrovisor, curiosa.


- Você escreve? O que você escreve? - ela pergunta.


- Escrevo peças de teatro. Já apresentei algumas em Londres - respondo. Realmente, somente em Londres. Minha fama não é tão grande assim.


- Uau, aposto que você é famosa - diz Sebastien.


Sinto o desanimo me abater.


- Quem me derá - sussurro.


Sinto o olhar de Oliver sobre mim, me repreendendo. Ele sempre diz que tenho talento. Algo em seu olhar, diz que vamos conversar mais tarde.


***


Chegamos ao café La Flore. Estou sem animo para ficar aqui, mas mesmo assim entro. O ambiente é com iluminação baixa, criando um local aconchegante. Por ser de noite, estão servindo vinho e champanhe nas mesas. Se for querer outra bebida, é só pedir no balcão. Aceito uma taça de vinho e observo o lugar. É acolhedor, com estilo rústico, mas ao mesmo tempo moderno. Adam sento ao meu lado, como se tivéssemos um acordo tácito de me proteger de Sebastien. Ele parece frustrado e não tenta mais nenhuma gracinha. Maya e Oliver não param de se agarrar e estou começando a ter nauseas de vê-los assim. Adam também me olhar com essa cara e resolvermos dar uma volta, enquanto não começa uma representação da peça de Romeu e Julieta no café. Eles tem um grande palco no fundo do café. Sempre há uma peça a noite, para entreter o público. Ele me puxa pela mão e subimos uma escada, e encontramos a parte de cima do café, onde tem mais mesas e está rolando clipes de música em um telão. Há várias mesas e pessoas sentadas. Saímos para uma varanda e ele se encosta na grade. Posso ver os carros passando e o céu escuro, sem estrelas. Adam puxa um cigarro do bolso e acende. Dá algumas tragas e me oferece. Recuso, pois não fumo há pelo menos cinco anos. Não vou cair nesse vicio mais uma vez.


- Diga alguma coisa sobre você, Emma - ele pede, com um sorriso nos lábios.


Não quero dizer, mas ele está sendo tão legal comigo que sou sincera.


- Não sei bem o que dizer, Adam - começo - Sou um fracasso. Minha família é conhecida no mundo da arte, do teatro, do cinema. Eu sou apenas Emma, a roteirista. Não sou ninguém, sou apenas conhecida no meio underground de Londres. Só isso.


Ele me fita. Seus olhos castanhos parecem doces e compreensíveis.


- Não acho isso de você. Parece alguém incrível - ele diz - Você pode não ser conhecida pelo mundo, mas é conhecida por quem interessa. Quem disse que a industria do cinema, do teatro, da arte em si produzi algo bom? Muitas vezes não. Quando se é conhecido demais, é por cair no gosto popular, sem conteúdo. Um vazio total de ideias, apenas entretenimento. Já você, parece ter algo de especial.


Fico muda, diante da sua afirmação tão eloquente. Não sou especial, mas não vou discutir isso hoje. É bom ouvir um elogio que seja em tanto tempo.


- Posso concordar com você sobre a produção em massa de filmes, roteiros ou enredos de massa. E que muito lixo é consumido pela maioria das pessoas, sem apreciar a arte. Mas não me sinto especial.


Ele sorri, soltando aneis de fumaça na minha cara. Tusso, e me afasto.


- Emma, não se deprecie - ele pede - Ou vou jogar fumaça em você.


Dou uma gargalha e ele acompanha. Não sei quando foi isso, mas ficamos amigos.


- Quero ler uma peça sua, pode me enviar por email - ele fala, em tom autoritário.


Reviro os olhos.


- Vou pensar.


Permanecemos em silêncio, até escutamos a voz de alguém. Sebastien.


- Ai estão vocês - ele diz, alegre demais.


- Quanto você bebeu hoje? - indaga Adam, em tom cínico.


Sebastien conta nos dedos.


- Uns 3 copos, só isso - ele diz, enrolado - Alguém está procurando você lá em baixo. Um tal de Lui.


Adam se sobressalta e pede licença para mim. Fico sozinha com Sebastien. Dou uma passo para fora da varanda e ele me segura pela me preensando na grade da varanda. Sinto vertigens. sei que seu eu dar um passo em falso, ele vai me empurrar, mesmo que seja por acidente.
- Não vá embora agora, Emma - ele pede, enrolando com as palavras - Quero conhecer você melhor.
Ele se aproxima, depositando um beijo em meus lábios. Tenho vontade de gritar, limpar minha boca com força, mas não consigo. Ele está prendendo meu braço e com a outra mão está segurando a grade, me deixando presa.
- Olha Sebastien, o que tivemos foi legal, mas não quero nada com ninguém. Ok? - digo em tom lento, tentando ser o mais gentil possível.
Sebastien me olha com dor nos olhos. Ele os fecha e abre e sorri maliciosamente.
- Eu não sei qual é sua, mas não precisa jogar comigo - ele diz, aproximando sua boca do meu ouvido, causando arrepios involuntários - Eu sei que você me quer. E eu te quero muito também. Então vamos parar com esse papo.
Fico irritada. Sinto meu sangue ferver nas veias. Quero chuta-lo, mas tenho medo de não conseguir e ele ficar mais irritado. Tentando alcançar minha bolsa, e lembro que deixei ela na mesa, no primeiro andar. Droga, o spray!
- Escuta Sebastien, não é isso. Eu não quero você - tento explicar.
Ele beija minha bochecha, se aproximando da minha boca.
- Por favor, Sebastien, não faz isso - eu imploro, com agonia.
Ele me fita, irritado.
- Eu só vou te dar um beijo, tá legal. Relaxa - ele beija minha boca, mas eu não retribuo.
Então algo acontece, que não imaginava. Ele se afasta. Estava de olhos fechados e não vi o que houve. Abro meus olhos e vejo que ele foi atirado no chão por alguém. Mas quem?
- Nos encontramos de novo - diz uma voz de barítono, na sombra da varanda.
Não consigo ver ele, mas sei que é Erik.
- Não precisa me ajudar, está tudo sobre controle - digo, irritada.
Contudo, não estava, eu não sei o que faria. Talvez eu gritasse, o que chamaria a atenção de todo mundo. Então estava tudo sobre controle. Sebastien se levanta, e procura seu agressor, parece desorientado. Ele me olha, com vergonha e se afasta. É um covarde.
- Você tem um péssimo gosto para homens - Erik zomba. Ele se aproxima e posso ver seu rosto esbranquiçado. Ele não está usando a mascara hoje.
- E você vive aparecendo em todos os lugares que vou - rebato.
Ele sorri, mas seu olhar é frio.
- Eu sinceramente não estava perseguindo você - ele diz, em tom sarcástico - Não me interessa estar por perto. Apenas vim pela arte.
Dou de ombros. Quero que se dane. Ele é maluco e não vou ficar aqui escutando. Saio da varanda e ele não me acompanha. Desço as escadas e encontro Oliver e Maya na mesa delas. A peça ainda não começou.
- Cadê o Adam? - pergunto.
Eles me olham confusos.
- Não sei, ele não apareceu aqui - responde Oliver.
Saio porta a fora, buscando ele. Encontro-o brigando com Lui. Estão discutindo.
- Você é que não entende - explodi Lui, com raiva. Está falando francês, então não consigo compreender muito bem o que estão falando.
Lui chuta o chão e soca o capô do carro, que estão está estacionado do lado dele. Parece uma ruptura. Ele deixa Adam falando sozinho e entra no carro e parte. Adam senta na calçada, com as mãos entre o rosto. Está chorando. Corro até ele e sento ao seu lado. Abraço-o com força pelo ombro. Não digo nada, pois não há o que dizer.
- Vê como não é só você que é ferrada?
Dou uma risada forçada.
- Não diga isso, você não é tão ferrado quanto eu - aperto sua mão - Sabe o quê? Vamos lá dentro encher a cara. E vamos pegar alguns carinhas, ok?
Ele assente e entramos. Não penso em Erik, não penso em Sebastien. Só penso no meu amigo, no momento ruim que ele está passando. Assistimos a peça, rimos e choramos no final, apesar de eu ter assistido inúmeras vezes. Estamos abraçados um ao outro e parece que assim podemos curar nossos corações. E enquanto isso, sinto a presença enervante de Erik, como se ele estivesse rondando por aí. Vejo sua silhueta, parada perto do palco, observando. Ele se virá para mim, com seus olhos enigmáticos. Perco-me no seu magnetismo, no seu encanto. Ele desaparece e não o vejo mais pela noite inteira. Quero mais dele, mais da sua história. Quero conhecer sua profundide. Quero mais um encontro com a música.



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Autor(a): aline_lupin

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

Passei o dia inteiro na cama, com febre, depois de ontem. Adam me deixou no hotel, depois de sairmos do café La Flore e acabou ficando comigo no quarto. Não sei o motivo de estar tão mal, mas isso pelo menos está retirando minha atenção ao que aconteceu no café. Contei a Adam o que Sebastien fez comigo, contudo omiti que Erik ...


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