Fanfic: Os segredos da Ópera Garnier - O Fantasma da Ópera | Tema: O Fantasma da Ópera
Passei o dia inteiro na cama, com febre, depois de ontem. Adam me deixou no hotel, depois de sairmos do café La Flore e acabou ficando comigo no quarto. Não sei o motivo de estar tão mal, mas isso pelo menos está retirando minha atenção ao que aconteceu no café. Contei a Adam o que Sebastien fez comigo, contudo omiti que Erik foi meu salvador. Segundo ele, estava apenas passando por ali e por acaso me encontrou. Não quero que ninguém saiba da existência dele, também. Gosto da sensação de guardar esse segredo, como se fosse algo importante demais, frágil demais para cair em mãos erradas. Eu deveria estar com medo dele, mas depois que ele tocou minha alma com sua música, só sinto uma admiração.
Adam está trazendo um chá para mim e me deixou sozinha, de baixo das cobertas. Esfrego meus lábios constatemente, tentando retirar o toque da boca de Sebastien. Sinto raiva e nojo ao mesmo tempo. Não quero vê-lo mais, ou eu sou capaz de cometer um homícidio, com intenção de matar violentamente. Ele não foi digno ao me forçar aquela situação e não sei como suportei isso. Sinto lágrimas escorrerem dos meus olhos, mesmo não tendo acontecido nada de grave. Mas feriu meu coração, feriu minha dignidade. Não pode reagir, não ter forças para me afastar me causou pânico, tanto que não quero ser tocada por mais ninguém. Meu novo amigo entra, empurrando a porta com o cotovelo, trazendo uma bandeja de chá fumegante. Ele coloca ao meu lado e serve para mim, eu bebo a bebida de cor ambarina e sinto gosto de alho e mel. Quero vomitar na hora.
- Opa, engula tudo - ele pede, percebendo meu enjoou - Vai lhe fazer bem.
Engulo de mau grado, sentindo a bebida descer minha garganta, quentinha e até reconfortante. Mas o meu paladar não achou agradável o alho.
- Quando Oliver volta? - pergunto com voz rouca, recostando minha cabeça nos travesseiros. Sinto meu corpo mole e cansado.
- Ele disse que vai passar o dia inteiro com Maya, então vou ficar aqui com você - Adam responde, levantando-se da cama e procurando seu notebook na mala - Vou aproveitar para trabalhar em um site de um cliente. Você se importa?
Apenas faz que não com a cabeça, não tenho forças para falar. Ele sorri para mim, apertando minha mão.
- Você precisa dormir, quem sabe isso não revigorará suas forças - ele aconselha.
Vejo Adam sair da cama e sentar no sofá, ao lado da sacada. Ele abre seu notebook e começa a digitar de forma veloz. Sinto meus olhos pesados e eles estão fechando, mesmo eu tentando permanecer acordada. Não quero me sentir inútil hoje. Queria continuar escrevendo, fazendo minhas pesquisas, mas hoje estou imprestável. Sinto o sono me vencer, deixo que meus os olhos se fechem e mergulho na escuridão.
***
Estou caminhando apressada, que minhas pernas não vão aguentar. Estou levando um bilhete da minha ama para seu amante. Contudo o local que ele se encontra é de difícil acesso. Não sei como vou adentrar a passagem. Olho para a construção antiga e não vejo uma maneira de conseguir acesso. Minha ama deu as intruções de como entrar e informou que a entrada não é pela porta da catacumba, é por uma passagem no chão. Procuro por todo o terreno do cemitério e não consigo descobrir. Então meus olhos encontram a estatua de uma anjo. Posso ver escondida sobre suas asas uma alavanca. Só pode ser isso. Dou alguns passos e me aproximo da estatua. Odeio anjos, com os odeio. Tem um olhar sereno, tranquilo, mas ao mesmo tempo estão julgando seus pecados mais intímos. Assim como aquele homem, de olhos penetrantes. Odeio ainda mais ele, pois ele é cruel e sádico. Não consigo acreditar que minha ama possa ama-lo tanto, pois como se pode amar uma criatura horrenda como aquela? Era melhor extinguir sua existência da face da Terra. Se sou uma pecadora, ele é o demônio.
Puxo a alavanca com meus dedos finos e pequenos. Não tenho forças e preciso usar a duas mãos. O mecanisco começa a funcionar e a porta da catacumba se abre. Está escuro lá dentro e tremo de medo para entrar. Não quero e não desejo entrar. Mas sou uma serva obediente e meus pés me guiam a entrada. Puxo do meu casaco uma vela e um fosfóro. Acendo-a para que ilumine o local e começa uma descida. Posso ver um corredor extenso. Não é como minha ama explicou, pois a entrada é de baixo da terra. Contudo, continuo caminhando. Não consigo enxergar quase nada, apenas paredes cobertas de caveiras. Constato tarde demais essa visão e solto um grito, que reverbara pelo corredor. Meu coração está acelarado e sinto um frio intenso, que sacode todo meu corpo. Estou tremendo e não consigo caminhar. Não posso, quero voltar. Mas se eu não entregar esse bilhete, estarei na rua. Fecho os olhos, pedindo a nossa senhora que me ampare e continua a descida. Encontro uma bifurcação e não sei para qual lado devo seguir. Olho para o chão e posso ver uma tampa. Talvez seja por ali que devo adentrar o covil do diabo. Tento levantar a tampa, mas ela é muito pesada, parece de ferro fundido.
- Inferno! - grito, em desespero.
Procuro algo entre as paredes, alguma coisa que indique o caminho ou que possa levantar a tampa. Contudo, não encontro. Entre uma fenda na parede, posso ver uma alavanca, igual a que vi na estatua do anjo. Só pode ser isso. Empurro-a para cima e a tampa levanta. Suspiro aliviada e vejo um breu na passagem que a tampa cobria. Não sei qual é sua profundidade, nem se ao menos essa passagem chegará no lugar que preciso ir. Encontro uma pedra no chão e jogo no buraco. O som que ela faz ao cair parece ser alto. Então queda não deve me machucar. É que espero. Sento na passagem, colocando minhas pernas primeiro. Não sinto o chão, então dou um impulso para que eu possa cair em pé. Acontece rápido, pois me vejo estatelada no chão, de joelhos. Meu corpo está todo dolorido e me sento. Minha calça está rasgada nos joelhos e há feridas pequenas. Não parece grave, mas a ardência é grande. Levanto-me com dificuldade, depois de um tempo e ajeito meu vestido por cima da calça. Minha vela rolou para o lado e ela esta iluminando a passagem. Parece que cai de dois metros de altura, constato. Pego a vela no chão, para que ela possa iluminar o caminho. A minha frente a uma perde de pedra e viro para o outro lado e vejo uma passagem. Caminho com dificuldade e parece que se passou horas, até eu encontrar uma elevação no terreno arenoso. A cima de mim a outra tampa. Odeio essas passagens, odeio aquele homem e estou odiando minha ama, mais que tudo. Tento empurrar, mas parece impossível. Até que ela se abre, sem que eu faça nada. Do lado de fora posso ver uma mão estendida. Aceito a ajuda, sem pestanejar. Quero sair dessa inferno. Consigo sair e vejo uma túnel enorme. Vejo o contorno de um homem, encapuzado. Só pode ser ele.
- Finalmente - ele diz, trovejando - Esperei a sehorita por duas horas.
Reviro os olhos, irritada.
- Desculpe-me, senhor - digo, tentando ser o mais educada possível, mas quero esgana-lo - Tive dificuldades para encontrar a passagem.
Ele gesticula com as mãos, como se descartasse minhas desculpas.
- Trouxe a carta? - ele pergunta, com ansiedade. Sua voz se torna macia.
Procuro entre os bolsos internos e encontro o envelope. Entrego para ele, tentando não me aproximar demais.
- Muito bem - ele diz, abrindo a carta. Ele lê e não consigo ver sua expressão, o capuz não permite - Ilumine um pouco mais com sua vela, por favor.
Faço isso, tentando não chegar tão perto.
- Mas com mil demonios! - ele grita,me sobressaltando.
Afasto-me para longe, escorando na parede. Ele está irascível, parece um animal enjaulado. Anda de um lado para o outro, amassando a carta com força. Não sei o que está escrito, pois não sei ler. Minha ama apenas entregou a carta e parecia muito nervosa.
- A senhorita sabe o conteúdo desta carta? - ele pergunta, em tom ácido - Imagina o que minha bela disse?
- Nã..ão senhor - gaguejo, nervosa.
Ele ri, sarcasticamente. Parece estar espumando de ódio. Não sei como agir ou o que falar. Estou tremo de frio, medo e não quero irrita-lo ainda mais, por isso resolvo ficar calada.
- Ela diz que vai me deixar - ele diz, lentamente, com escárnio - Ela já me traiu uma vez, partindo e agora resolveu sair da minha vida dessa forma - ele parece pensar, pois permanece quieto - Vou ter que pensar em um plano para consegui-la de volta.
Engulo seco, com medo do que ele possa fazer.
- A senhorita vai me ajudar, é claro - ele afirma, como se eu tivesse concordado com algo.
- Eu? - exclamo, assustada.
- Você, com quem mais acha que estou falando? - ele diz, rispido - Você é mais próxima dela do que qualquer um pode ser.
Respiro fundo, tentando controlar o medo.
- Não posso ajuda-lo - eu digo - Não quero fazer parte disso.
- Você não tem escolha - ele diz, lentamente, se aproximando de mim. Sinto sua respiração próxima ao meu rosto. Vejo apenas seus olhos penetrantes. Ele parece o próprio diabo - Se quer sair viva daqui, sugiro que colabore.
Estou tremendo. Não sei o que fazer. Será que vale a pena morrer por minha ama? Será que vale a pena também vender minha alma e ter que colaborar com os planos sordidos dele?
- Tudo bem, mas por favor, me deixe ir embora - concordo, me sentindo covarde.
Ele se afasta, parecendo satisfeito.
- Preciso de informações da mansão da sua ama. Como os horários de trabalho dos empregados, a planta da casa e o horário que o marido dela está lá. Quero também detalhadamente a rotina dela, o que ela faz - ele vai ditando e eu apenas assinto. Não sei qual é o objetivo, mas pressinto algo ruim.
- O que pretende fazer? - pergunto, com medo da resposta.
Ele gargalha, maquiavélico.
- O que você pensa que pode ser? - ele devolve a pergunta, com tom sarcástico.
Eu apenas fico calada. Não quero chegar a nenhuma conclusão.
- Não consegue colocar sua cabeça para trabalhar? - ele provoca.
Está mais irritado do que todas as vezes que tive que vê-lo. Quero ir embora, mas não me movo.
- Vou explicar para que a senhorita posso entender seu papel nisso tudo - ele diz, com calma - Para que eu possa ter minha amada, preciso conhecer sua rotina, seus hábitos e também os de quem a rodeia. E preciso entrar na casa para rapta-la. Mas com a segurança desse lugar, é muito mais difícil e sem ter uma brecha, não poderei executar o plano com perfeição. E é nesse ponto que a senhorita é crucial. Preciso dessas informações e no final, você irá fazer algo por mim, para que não haja falhas.
Ele permanece em silêncio e estou esperando que diga o que farei no final. Temo sua resposta, temo o que vem a seguir.
- A senhorita irá colocar um pó na bebida do caríssimo marido da minha amada - ele diz, como se não fosse nada, com tanta traquilidade que não consigo acreditar. É pérfido, cruel - E ele sumirá para sempre de nossas vidas. Você será bem recompensada se obter êxito, se não terá um acidente. E todos nós estão sujeitos a acidentes, não é mesmo?
Não posso acreditar. Não quero aceitar que farei algo tão horrível.
- O senhor quer que eu mate lorde Chagny?
- Exatamente, minha cara - ele diz, me parabenizando - Exatamente.
***
Acordo suada, sentindo todo meu corpo doer. Esfrego os olhos e tento identificar onde estou. Meu coração está acelerado. Vejo o quarto do hotel e Adam sentando no sofá, concentrado. Nunca havia sonhado aquilo. Parecia um conto gótico, saido das profundezas do meu inconsciente. Sento-me, com dificuldade e tento sair da cama. Preciso escrever esse sonho ou pesadelo. Preciso registra-lo, entende-lo. Contudo, não tenho forças.
- Adam? - chamo.
Ele me olha, com o cenho franzido.
- Poderia digitar algo para mim em seu computador? - eu peço.
- Que pedido estranho - ele diz, rindo - O que seria?
- O que vou dizer parece loucura, mas venho sonhando com um homem misterioso - respondo, tentando explicar o que está acontecendo. Ele me olha, como curiosidade - Ele parece cruel, pérfido. Parece um psicopata. Ele não tem misericórdia por ninguém e suas decisões são baseadas em seu próprio proveito. No sonho sou apenas uma serva, alguém que obedece a uma senhora, que é amante dele. Então entrego suas cartas de amor e sou a que mais sofre nesse processo - paro para respirar, omitindo o fato de sonhar com um túnel, onde estou correndo para salvar minha vida. Não sei como termina, mas acredito que seja com a minha morte - Enfim, quero ditar o que sonhei. Quero entender essa história.
- Você sabe que são somente sonhos, não sabe? - ele pergunta, com calma.
- Sim, eu sei, mas parece tão real.
Ele me olha com ternura. Parece preocupado.
- Escute Emma, vou fazer isso por você, mas por favor, não leve isso tão a sério - ele pede.
Apenas assinto e passo a ditar o sonho. Quero encontrar uma resposta para isso, quero entender o que está acontecendo. Contudo, tenho medo do que possa vir a ser esses sonhos.
Autor(a): aline_lupin
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Pesquisei incessantemente sobre a história do fantasma da ópera, em sites franceses. Com a ajuda de Adam, encontramos informações diversas. Não sei se são confiáveis, pois é só uma lenda e uma história criada por Gaston Leroux. Contudo, há um escritor de um blog que jura ter visto o fantasma na &Oac ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo