Fanfics Brasil - Traga-me Lírios Ísis - Estrela do Alvorecer

Fanfic: Ísis - Estrela do Alvorecer | Tema: Fantasia, raças, anjos, demônios, vampiros


Capítulo: Traga-me Lírios

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“Desejo que ao abrir teus olhos pela manhã, seja meu sorriso a primeira coisa a ver, que meus lábios sejam os primeiros e únicos a tocarem os teus, que meus olhos sejam os únicos a contemplar tua beleza e que meu corpo, mesmo mórbido, seja agraciado para tocar o teu, sendo o primeiro e único digno de teu amor e prazer, minha amada Deusa...”


Ísis despertou de seu sono ao som dessas palavras doces em sua mente. E por mais uma vez em sua vida, abriu seus olhos lentamente desejando que as mesmas fossem verdadeiras, e o dono daquela voz que lhe encantava se mostrasse para seus olhos.


E ao abri-los viu estar só e sua cama fria como sempre, e de um pulo deixou-a indo em direção ao banheiro. Abriu o chuveiro, deixando a água morna acalmar os nervos e dissipar seus sonhos mais secretos. Lavou cada parte de seu corpo desejando que aquele que a chama no sono estivesse lá. Em 10 minutos estava pronta, enrolada na toalha saiu do quarto.


Foi em direção ao espelho e viu o reflexo conhecido, deixou a toalha cair e avaliou todo seu corpo, procurando uma resposta ou mesmo alguma marca de que seus sonhos e que as vozes são verdadeiras.


Imensos olhos azuis voaram do reflexo para o corpo, ora questionando, ora analisando. As suas longas madeixas negras caíam molhadas em seus seios fartos, sua pele extremamente branca apresentava algumas manchas vermelhas em certos pontos da carne, algo que saltou aos olhos da garota.


Belas pernas torneadas e um corpo bem cuidado e saudável, no auge de seus 18 anos Ísis sabia o quanto era bela e mesmo assim a vaidade não deixava tomar conta de sua personalidade. 


Para ela beleza não era nada do que apenas uma embalagem, que poderia amassar ou ser rasgada com o tempo, e o que mais valia eram os sentimentos e olhos de cada ser. Afinal de contas ouviu há muito tempo, que olhos eram a janela da alma.


Saiu da frente do espelho e foi se trocar, pegou uma roupa leve regata branca, jeans preto e uma sapatilha simples. Escovou bem o cabelo e o prendeu em um rabo de cavalo alto, optou por brincos cumpridos e uma maquiagem leve. 


O último dia da escola merecia uma produção mais adequada, pegou sua bolsa de lado e um casaco. Antes de sair do quarto, fechou as janelas quando viu novamente a rosa vermelha ao lado da sacada, num banco. Pegou entre os dedos, maravilhada com o cheiro e o tamanho de suas pétalas, tomou cuidado com os espinhos e guardou na jarra próximo de sua cama, onde havia dezenas iguais a essa. Sorriu. Seu admirador estava apaixonado, rosas daquela cor carmesim significavam paixão, e ao longo dos últimos 4 anos, sua curiosidade era grande.


Já tentara de várias maneiras pegar seu admirador, mas nenhuma surtira efeito. Havia ficado preocupada na primeira visita, pois morava sozinha naquela cidade grande e algum homem com má intenção poderia ataca-la. Seus pais haviam se separado cedo e acabara por se emancipar e vivia de trabalhos artesanais para poder se sustentar.


Nunca fora amada por sua família e há muito deixara de chorar por isso, não trazia ninguém sua pequena casa e não tinha grandes amizades fora da escola. Sua vida era pacta e por isso não entendia a atenção de alguém, nunca tivera namorados e nem havia beijado algum garoto antes, toda vez que alguém se aproximava e houve épocas de serem muitos, ela sempre se esquivava simpaticamente, quando alguém tentava tocá-la uma onda de náuseas a invadia, e já havia aceitado que era fria e não conseguia amar ninguém.


Houve noites que tentou ficar acordado, mas sempre pegava no sono. Outras noites que deixou todas as janelas trancadas com correntes e as mesmas amanheceram abertas. Noites em que ficou na casa de um de seus pais para comemorar alguma data festiva obrigatória, apenas para testar e mesmo assim quando voltava às janelas estavam abertas e a rosa no mesmo banco.


Até que chegou a conclusão que se fosse para lhe fazer algum mal já teria sido feito, então resolveu aceitar os mimos e a atenção, nunca alguém se importou tanto com ela sem dizer uma palavra do que agora e preferiu deixar da forma que estava.


Havia deixado cartas, com sua caligrafia bem feita, mas as mesmas nunca foram respondidas, mas também nunca foram devolvidas. Sempre sumiam e em seu lugar a rosa aparecia.


Com o pensamento das cartas, resolveu pegar um pedaço de papel e escrever. Sabia que ele não vinha de dia, mas não podia esperar.


“Não posso dizer que não tentei lhe esperar, pois mentirei. Posso dizer apenas que sentirei sua falta durante o dia e aguardarei ansiosa pela noite. Um dia terás que se mostrar a mim, cavalheiro. E esse dia não tarda a chegar. Hoje é meu último dia no mundo juvenil, logo hei de me tornar uma mulher e você não poderá fugir mais de mim. Honre seus desejos, aqueles que seduzem meu sono.


Traga-me Lírios, eu também adoro essas flores.


Com amor...Ísis”


Sorrindo deixou o papel em cima de seu travesseiro e saiu sem fechar as janelas. Queria saber se seu admirador também a visitava durante o dia.


Saindo de seu prédio em direção a escola, colocou seus fones. Devoted da banda Lacuna Coil, fazia seu coração bater mais forte e sorriu quando os primeiros acordes encheram seus ouvidos.


Sua escola ficava perto de casa, quando se emancipou optou por uma cidade que sempre quis conhecer, Seatlle. Seu pai comprou o apartamento para ela quando completou 15 anos, idade necessária para emancipação. Passou por momentos difíceis no começo, principalmente sem apoio da família, mas quando descobriu que o arte seria uma ótima fonte de renda, aperfeiçoou suas técnicas e hoje seus quadros rendem um valor considerado no mercado.


Ísis começou a pintar aos 5 anos, em meio as constantes brigas de seus pais, a pintura tornou-se um refúgio para sua sanidade, seus quadros sempre abstratos. Inspiravam no começo ares infantis, como cenários de desenhos animados e muitas florestas, mas com o passar o tempo foram se tornando mais tristes e complexos.


Aos 15 anos, quando já morava em seu apartamento acabou deixando um dos quadros perto da janela  no 4º andar e acidentalmente um deles acabou caindo, se espatifando aos pés de uma moça que passava chamada Camile, que acabou mudando a vida de Ísis.


Era era uma consultora que a recém tinha mudado das grandes metrópoles para Seatlle, a fim de curar um amor mal resolvido e estava para gerenciar uma galeria no centro da cidade. Ficou encantada com os quadros da jovem e após algumas semanas de conversas, uma bela amizade e uma parceria lucratividade nasceu entre ambas.


Camile vendia os quadros de Ísis, e quanto maior o valor, maior sua comissão. Sempre dizia que a amiga era uma artista e que podia expandir seus horizontes, ficou horrorizada quando ouviu sua história e soube de sua tenra idade.


A acolheu em seu coração como uma irmã caçula, mas nunca entendeu porque tão jovem se mostrava tão independente e anti social. Nem os próprios quadros assinava, o que deixava a amiga triste. Pois, era uma forma de ser conhecida pelo nome, mas Seatlle conhecia-a apenas pelo nome “Devotada”, era assim que Ísis assinava.


Nunca entendeu essa postura da amiga, mas como também era profissional e através dela conseguiu algumas economias substanciais, não questionava mais suas esquisitices. E assim durante os últimos 4 anos Camile vende os quadros de “Devotada”, sem poder contar que as pinturas que muitas suspiram e se encantam com o sentimentalismo carregado em cada pincelada, era criação por uma garota de lindos olhos azuis do colegial, que morava há duas ruas dali.


Naquela manhã fria Camile sabia que era o último dia de Ísis na escola, não conseguia compreender porque a amiga não queria uma festa ou mesmo comparecer a própria formatura, mas acatou seu desejo.


Passou em sua padaria preferida cedo e comprou um bolo de chocolate, preferência da amiga e saiu as pressas para a galeria, após o expediente iria à casa de Ísis e comemorariam sua pseudo formatura, junto de uma garrafa de um bom vinho para espantar o frio. Afinal de contas, a amiga merecia um primeiro porre na vida decente.


E com esse pensamento, Camile foi em direção ao bolo sorrindo.



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Autor(a): akalyana

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