Fanfics Brasil - Aonde quer que você vá Ísis - Estrela do Alvorecer

Fanfic: Ísis - Estrela do Alvorecer | Tema: Fantasia, raças, anjos, demônios, vampiros


Capítulo: Aonde quer que você vá

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A cada noite desde o dia em que ela abriu os olhos, eu sigo seu perfume aonde quer que esteja.


Fui eu a primeira pessoa que aquela pequena criança viu, fui a primeira que tocou com suas pequeninas mãos.


Seus dedos miúdos passavam pela minha face envelhecida sem maldade, olhando com a curiosidade e inocência de sua espécie.


E assim foi nos últimos 18 anos, a cada noite eu estava lá, viajando e cuidando. Amparei cada pesadelo, e colhi cada suspiro adormecida dela e mesmo assim ela ainda não sabe quem sou.


Eu a esperei por muitos e muitos anos, a cada possibilidade daquele perfume se tornar real, eu fui atrás da pista, procurando e caçando aquela que poderia ser a mãe dela, a mulher que geraria a minha alma, a minha metade que se perdeu entre meus dedos por tanto tempo.


E por tanto tempo busquei, então seu Deus foi generoso e me concedeu a dádiva de conhecê-la.


Foi em uma noite de Setembro, eu já sabia que a mulher estava grávida e a poucos momentos de dar a luz, mas mesmo assim eu fiquei esperando.


Acompanhei os pensamentos dela e soube quando ela nasceu e esperei até ela ser levada para a casa nos braços da mãe.


E ali ao cair de Setembro eu vi, um montinho de carne clara envolto em cobertores rosa largado ao vento dentro de um berço, eu caminhei através da janela e fui ao seu encontro.


É uma força estrondosa, como se fosse um imã que guiasse meus pés até ela.


Eu não respirava, não piscava, apenas apertava meus dedos de nervoso. Chegando a seu berço, aqueles imensos olhos azuis se abriram para mim e ali eu chorei. 


Lágrimas de alegria e alivio, pois ela estava finalmente ali perto de mim. Seus olhos se perderam nos meus por um instante e senti aquela brisa ecoar, foi como se tudo tivesse parada e sorri.


Ela finalmente havia voltado para mim, beijei sua testa e desejei que crescesse logo e pudesse me conhecer.


Ouvi um barulho na escada e fui embora, não sem antes memorizar seu cheiro, que já estava impregnado em minha alma, alucinando meu coração.


E assim o tempo foi passando...


Eu voltei todas as noites para velar seu sono, enquanto aqueles que deveriam ser responsáveis por ela apenas brigavam e se ausentavam.


Muitas vezes cantei canções do meu povo para que pudesse dormir e muitas outras velei seu sono, e em todas essas noites beijei seu rosto.


Eu vi aquela criança crescer e se tornar uma garotinha, dona de imensos olhos azuis, vi mexer nos pincéis e redescobrir um dom há muito tempo esquecido, o da pintura.


Era como na primeira vez que eu a vi, linda pintando com seu coração, era outra época, outro tempo. Éramos outras pessoas, mas a sua beleza continuava na sua alma e isso nunca se perderia, e nunca perderia o encanto para mim.


Vi sua idade chegar e se tornar uma garota independente e a guiei para se refúgio, longe de quem não há queria bem.


A fome e a necessidade que eu sentia dela, crescia a cada dia que passava, antes eu conseguia controlar devido a sua tenra idade, mas agora acaba se tornando mais forte do que eu.


A vontade que eu tenho dela, de tocar sua face e lhe dizer o quão bela é está me matando, eu não posso deixar que me veja, não sei como será.


Mas a necessidade de apenas chegar perto, mais perto e sentir seu cheiro acaba por me vencer, e desde seu nascimento é a primeira vez que ouso chegar perto de seu corpo daquela forma.


Ela mora só agora, num quarto com imensas janelas e cortinas de sedas, bom gosto sempre foi um de seus pontos fortes, dentre tantos.


Esperei seu sono ser profundo e entrei grande janela que dava acesso direto a sua cama, a lua cheia iluminava seus contornos e pude ver seu corpo curvilíneo deitado sobre os lençóis de seda creme, a cada passo que dava sentia meu pobre coração bater descompassado, tinha medo que ela pudesse acordar.


Dei quatro passos e cheguei em sua cama, fechei meus olhos e inspirei seu perfume aquele que havia me cegado, o perfume de sua docilidade, de sua alma cristalina, aquele que me fez amá-la por tanto tempo e me faria amá-la mesmo depois.


Sentei em sua cama calmamente, esperando algum movimento de sua parte e na ausência aproximei meu rosto do seu, com medo toquei sua pele e senti a mais preciosa sede sobre meus dedos.


Senti o ondular de sua pele contra a minha e se arrepiar no mesmo instante, sorri. Mesmo depois de tanto tempo seu corpo ainda reagia como o meu, e aos poucos passeei meus dedos por toda a extensão de seu corpo.


Queria me lembrar de antes e gravar com o agora, o tempo havia sido generoso com suas formas, nunca como agora ela havia ficado tão linda.


Seus braços eram mais rijos por causa das extensas horas na pintura, suas pernas torneadas e longas, seus seios volumes e apertados contra a blusa, e os longos e fartos cabelos espalhados pelo travesseiro.


Vi seus lábios tremerem de leve, e sua cabeça abaixar e não resisti, mais uma vez vencido pelo meu desejo, abaixei minha cabeça aos poucos e encostei meus lábios nos seus. E como um choque, senti aquela eletricidade percorrer cada célula do meu corpo, senti a força em cada músculo, senti cada amor, cada toque, cada sorriso desde que nascemos até quando morremos.


E as lágrimas desceram, eu revivi em um segundo todas as dores e alegrias que aquela alma havia me proporcionado desde sua criação, fechei meus olhos e desejei que mais uma vez fosse minha e que não acabasse jamais aquela felicidade.


Desejei que não houvesse reencontros, que não houve separação apenas que ela continuasse viva em sua vida para todo o sempre.


E em meio as minhas lágrimas vi dois pontos azuis olharem pra mim, e foi então que despertei para a realidade. Ela não poderia me ver não mais do que já estava, então me lembrei de que a única claridade era da lua lá fora e mesmo assim era baixa dentro do quarto, ela não conseguira ver todas as formas.


E assim me deixei perder naquele oceano, vi quando a surpresa deu lugar a outra emoção naquela olhar e como eu desejei beijá-la, mas não podia, a amava demais para lhe tirar tudo de novo, não seria justo consigo. Ela merecia mais, mais do que ele poderia dar mais uma vez, mais do que alguma vez ele tentou dar.


Ela merecia uma vida completa, merecia alguém que pudesse dar o que ele não podia, merecia alguém que amasse e que lhe desse filhos e esse pensamento o machucou. Mesmo sabendo que deveria ser assim, ele não queria que fosse.


Aproveitou-se do momento de surpresa dela e beijou sua orelha e sussurrou palavras pequenas, que a fariam esquecer-se de tudo, esquecer-se dele mais uma vez, e com elas os olhos azuis se fecharam mais uma vez, se aninhando nos lençóis como se nada tivesse acontecido.


Ele beijou sua testa e se lembrou de certas palavras ditas, há muito tempo. Tempo demais para seu coração, que marcaram momentos parecidos com aquelas vezes, demais para sua sanidade e aquelas palavras ganharam vida e mais uma vez, pronunciadas ao luar.


“Desejo que ao abrir seus olhos pela manhã, seja meu sorriso a primeira coisa a ver, que meus lábios sejam os primeiros e únicos a tocarem os teus, que meus olhos sejam os únicos a contemplar tua beleza e que meu corpo, mesmo mórbido, seja agraciado para tocar o teu, sendo o primeiro e único digno de teu amor e prazer, minha amada Deusa...minha Ísis”


E com lágrimas nos olhos, o visitante deixou o quarto desejando nunca mais voltar, mesmo sabendo que isso jamais aconteceria.


Não poderia desistir dela, não depois de tudo. Mesmo que fosse só de janela, queria poder vê-la, queria poder senti-la, pelo menos uma vez.


E assim foi...todas as noites desde aquela fatídica, ele a visita. A beija, a acaricia, diz palavras doces e vai embora antes do amanhecer.


As vezes senta na poltrona em frente a cama, e vela seu sono por horas a fio. Outras acaricia seu cabelo, em outras deita ao seu lado na cama e desenha o contorno de seus lábios com os dedos.


E em todas as noites a mesma coisa aconteceu, a cada toque de lábios ela acorda e não se lembra de nada, e por 3 anos o sonho doce toma forma em seus pensamentos.


Ela sempre acorda quando ele a deixa, minutos antes do amanhecer. Ansiosa, com a sensação de perda, ela agarra o travesseiro que ele usa e mesmo sem saber de nada, pede para sonhar com aquele cheiro mais uma vez...



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Autor(a): akalyana

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