Fanfic: Ísis - Estrela do Alvorecer | Tema: Fantasia, raças, anjos, demônios, vampiros
Passos ecoam pelo saguão do movimentado aeroporto de Seatle, caminhando com passos duros, uma linda loira arrancava olhares por onde passava. Seus lindos cabelos claros presos em uma trança, e seu corpo envolto em um vestido não deixava muito a imaginação.
Essa era Belvedere, uma mulher que chamava atenção onde passava sem se importar com nada, só com alguém.
Ela soube por seus contados dentro do clã que ele havia encontrando a Rainha novamente e isso era inconcebível aos seus olhos, ele só podia ser dele e de mais ninguém. Há muito tempo ela fez uma escolha e dessa escolha um ato ocorreu e as consequências do mesmo em sua alma ainda são pesadas, mas mesmo assim ela ainda persistia, não poderia admitir que ele fosse feliz com a Rainha.
Saiu nas portas do aeroporto e sorriu estava um lindo dia, pegou um táxi e pediu que a levasse a seu hotel preferido. Há muito tempo não se hospedava nele, mas se lembrava desde a primeira vez que vira a construção imponente, um dos poucos luxos em seus quase 600 anos de vida, esse pensamento fez seus lindos olhos azuis escurecerem, o tempo era forte demais e um inimigo auspicioso, havia feridas que nem mesmo o tempo curava.
Desceu e se encaminhou ao hall com suas poucas malas, levava apenas o necessário, nunca ficava muito tempo no mesmo lugar e ali não seria diferente, cumpriria sua missão, nesse circulo vicioso da vida. Ela o amava, ele amava outra, ela se livrava da outra, ele ficava só, ela voltava e ele a amava e novamente Belvedere se livrava dela e assim acontecia desde Micaela.
Ela sabia que era errado, mas sua mágoa era maior. Sua dor, sua frustração. Os Deuses eram intolerantes com ela e com razão, desistiu de tudo por ele. Pelo Rei e só havia conquistado dor.
Pegou a chave do quarto e sorriu para a atendente, uma linda moça de olhos escuros. Pensou em como sua vida daquela reles moça deveria ser feliz, os mortais tinham uma vida efêmera, como uma borboleta, num piscar poderiam morrer e isso transformava a curta vida tão bela, e como ela queria simplesmente poder morrer, mesmo só.
Entrou no elevador e seguiu rumo ao seu quarto, preferiu um simples, pois nunca foi adepta de luxos, mesmo na companhia da corte sempre preferiu o mínimo possível de atenção, até encontrar aqueles malditos olhos azuis, que a dominam há 600 anos.
Deixou suas malas no chão, tirou sua roupa e se encaminhou para o banheiro, ligou o chuveiro e sentando no chão deixou as lágrimas inundarem sua face.
Era a triste a decepção, era triste viver naquele círculo de sofrimento, ela queria ser livre, mas precisava dele para essa liberdade ser completa. Era como se fosse o ar que ela precisava.
Chorou pelo dia em que conheceu o Rei e se apaixonou, chorou pelo dia que conheceu Micaela o grande amor dele, chorou pelas escolhas que fez, e sabia que seu amor jamais seria correspondido.
Como ela queria que aqueles olhares que via para Micaela fossem apenas para si. Como queria ser desejado, ser amada. Um simples sorriso dele fazia sentir-se leve e feliz, mas as esmolas de afeto começavam a não serem suficientes.
Seu povo existia desde o começo dos tempos, descendiam de Caim. Seu povo viveu a espreita dos humanos desde sempre, e por isso temiam as Bruxas, pela ignorância dos anciões que tinham medo do que desconheciam, elas eram permitidas, mas longe do território da província.
A alimentação era controlada e esparsa, justamente para que todos pudessem viver em harmonia. Sangue não era difícil, mas deveria ser controlado e racionado e assim as famílias foram crescendo ao redor do castelo e a vida sempre seguiu seu rumo.
Os seres da noite não se misturavam com os seres da Lua, como eram conhecidas as Bruxas, e assim podiam viver em harmonia. Afinal de contas era inconcebível que um vampiro pudesse ter as habilidades de uma bruxa, pois seria um ser sem precedentes e controle. O medo pelo desconhecido era dominador nessa época.
E Belvedere soluçava alto enquanto lembrava de tudo que abandonara por ele, pelo seu Rei, lembrou de quando fugiu do castelo levada pelo ciúme e inveja cruzando o território das mulheres da Lua, chorou pelos sacrifícios e escolhas e de tudo que recebeu em troca: desprezo e rancor.
Em seu descontrole, não percebeu que o vidro do box começava aos poucos a trincar, uma pequena amostra do poder que escorria de seu corpo pela emoção latente, e se soltava ao redor.
E assim as emoções trancadas entravam em conflito se chocando, lembrou de como era há 600 anos atrás, de como conheceu o outro lado, de conheceu perdeu sua inocência, de como foi machucada, torturada e humilhada para conseguir fazer o pacto. De como se tornou uma mulher da pior forma possível e assim recebeu como dote seus poderes, de como era servir dois senhores ao mesmo tempo.
Mas a dor maior foi o retorno, e o olhar de pena do Rei em sua condição, ele sabia de seus sentimentos, não havia quem não soubesse naquelas terras. E mesmo assim, um pedido de afastamento foi feito. Ele não podia tê-la em seu castelo, tendo em vista os problemas que estava causando com seus novos poderes.
Ela se lembrou de como seu coração, ou o que tinha sobrado dele, havia quebrado dentro de si, era possível ouvir os estilhaços daquele amor e como ele se tornava ódio em meros segundos e quando explodiu sua ira contou porque havia feito o que fez.
Horrorizado o Rei a baniu de seu convívio e de suas terras, proferindo palavras que ela nunca pensou em escutar, chamou-a de monstro e aberração, que ele não poderia ser dela, pois já havia encontrado sua Rainha, seu par e não podia e não faria nada contra isso.
Belvedere urrou e tudo enegreceu, as paredes do palácio real começaram a tremer, seus poderes eram ligados a sua emoção, era assim com todas as irmãs da Lua, quanto maior o desgaste do coração, mais fatal era seu poder, principalmente movido pelo ódio.
Era inconcebível em sua mente ficar sem o Rei, já era duro não tê-lo para si, mas sem as migalhas de sua existência, ela não poderia viver.
A guarda real conseguiu segurá-la a tempo de que ficasse incontrolável, e prenderem todos os seus membros e a levaram de volta ao território do povo da lua, informando que não era mais bem-vinda entre eles, pois não eram mais seus irmãos.
Com o rancor latente em seu peito Belvedere foi de encontro a sua sacerdotisa e pediu mais poder, ela riu da agonia em seus olhos e lhe deu mais poder, mas com uma condição: que ela fosse escrava do mestre e sempre o atendesse, e o mestre não queria a união do Rei e da Rainha, o tal mestre tinha mais planos para todos.
E com o consentimento de Belvedere, o mesmo entrou em seu corpo através da luxúria de sua mente, durante meses ela ficou num estado de semiconsciência, sendo vitimizada por todos que queriam seu corpo enquanto sua mente e coração eram quebrados pela força do mestre.
Não sabia se estava delirando ou não, horas sentia mãos e bocas em cada parte de seu corpo, sentia ser rasgada e dilacerada, por dentro e por fora. Sentiu prazer e dor ao mesmo tempo, e depois o nada a abraçou.
E antes do fim lembrou-se dos olhos azuis do Rei, aquele que tanto amava e que a repudiou, aquele por quem havia desistido de tudo, aquele que era o dono de seus sonhos e também de seu ódio e sua amada Micaela, que roubou seus sonhos dourados.
Em sete luas após o nada, Belvedere acordou, se sentia diferente. Estava mais forte e mais bonita. Mas sabia que seu coração e sua alma não eram mais os mesmos, que agora era do Mestre.
Vestiu-se e ao cair da noite foi ao encontro da única que poderia acalmar sua ira Micaela. E com um pretexto mentiroso, elas se encontraram e Belvedere até hoje não se lembra direito do que houve, apenas que a maldade escorria de dentro de si e um grito de mate ecoava em sua mente.
Nos poucos minutos que olhou dentro dos imensos olhos de Micaela, ela soube e se arrependeu de tudo que sentia até ali, queria fugir de si mesma, mas era tarde demais. Alguns minutos depois sua mente apagou e o que se recorda é apenas de abrir os olhos e ver Micaela aos seus pés sem vida.
Aqueles sinceros olhos azuis vazios e brilhantes, com lágrimas não caídas. Ela havia amado seu Rei e havia lhe roubado a chance de ser feliz, mas a culpa jamais iria abandonar Belvedere.
Gritou como se sua vida dependesse disso, urrou pela culpa que sentia e pelo mal que causaria ao Rei, seu precioso Rei. E uma voz macabra percorreu sua mente”Esse é meu preço, minha cara criança. Você é minha para sempre, e sua tortura começa agora. Quando a Rainha abrir os olhos novamente, você irá tirá-la de seu Rei e assim será a cada novo mundo que ela nascer, você sempre estará lá e até o fim dos tempos seu amado Rei sofrerá. És minha criança e sua vingança cumprirá a minha...”
E em meio a todas essas lembranças, de vidas e memórias. De todo o arrependimento e culpa que Beldevere sentia, ela nunca se lembrava de como, mas sempre estava lá quando a Rainha nascia, e assim como a profecia daquela noite ela lhe tirava dos braços do Rei.
As paredes de vidro do box já bastante rachadas pela enxurrada de poder solto pelas suas memória, se estilhaçou e ela se lembrou de quando sentiu seu coração quebrar pela primeira vez.
Seus olhos ficaram negros automaticamente com essa lembrança e a mágoa invadiu sua mente e não importava quantas vezes fossem necessárias, se o Rei não poderia ser seu, jamais seria de outra. E continuou seu banho, sem se importar com os cacos no chão.
Se você pudesse olhar Beldevere agora, veria sua dor e sua mágoa estampados em cada lágrima. Aquela menina de lindos olhos azuis de outrora, havia se tornado uma mulher triste, mas, ao mesmo tempo má.
Autor(a): akalyana
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