Fanfics Brasil - Eu te perdoo Você está sozinho, parceiro!

Fanfic: Você está sozinho, parceiro! | Tema: The Walking Dead


Capítulo: Eu te perdoo

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Lee esperava pacientemente para Clementine sair do quarto de Crista, ainda era muito cedo, mas as pessoas estavam começando a se levantar pouco a pouco, e de longe, ele pôde ouvir os resmungos de Omid por ter dormido em um sofá duro enquanto sua esposa o trocava por uma garotinha em uma cama confortável. Ele até riria do homem, se não estivesse um tanto preocupado.


Sua mente vagava pelas palavras que o homem no rádio havia falado, pelo que entendeu, ele havia enganado Clementine dizendo que ele estava com seus pais, Lee sabia que isso era mentira, ouviu pelo gravador de voz na casa da garota, seu pai, Ed, havia sido mordido por algum zumbi quando tudo isso começou e sua mãe estava indo o visitar no hospital.


Depois disso, ela apenas mandou uma mensagem dizendo que a amava, com uma voz fraca e um tom choroso, e ele até pôde ouvir alguns grunhidos ecoando de fundo.


A cada segundo que passava, ele ficava mais preocupado, se aquela situação se alargasse ele simplesmente pegaria a garota e sairia dali.


Alguns minutos se passaram, Crista e Clementine finalmente saíram de seu quarto temporário, se Lee foi em direção a elas quase que imediatamente.


Lee- Ei, bom dia garotas.


Desejou, tentando parecer o mais normal possível, o que deu certo, ele era ótimo em mentir quando precisava, apesar de não gostar de usar essa sua “habilidade”.


Crista- Bom dia Lee.


Clementine- Ei Lee!


Respondeu, Clementine, claramente mais animada ao vê-lo, tinha um largo sorriso no rosto, e agora parecia bem mais próxima de Crista. Pelo visto, elas tinham mais em comum do que pensou, ou Crista apenas era muito boa com crianças.


Lee- Se importa em eu pegá-la emprestada por um tempo?


Olhou para Crista, que alternou seu olhar entre ele e Clementine algumas vezes, desconfiada, talvez? Hesitante? Não sabia dizer o que, mas Crista parecia ser muito desconfiada com algo, talvez fosse apenas a natureza dela, desde que, pelo que entendeu, ela e seu marido haviam sobrevivido esse tempo todo sozinhos.


Crista- Fique à vontade Lee, eu não sou mãe dela.


Disse gentil, lhe mandando um sorriso amigável um pouco antes de caminhar em direção ao seu marido, que ainda resmungava algo.


Lee- Clem, ah, nós temos que conversar.


Apontou com a cabeça, começando a andar em direção ao escritório do segundo andar, ignorando o olhar confuso que a garota tinha em sua face. Ao entrarem, ele fechou a porta de vidro atrás de si e se sentou no sofá, observando a garota se sentar a sua frente.


Clementine- O que foi?


Perguntou, e Lee deu um leve suspiro, pensando em como começar com aquele assunto.


Lee- Clem…


Seu tom não era irritado, não de repreensão, um pouco desapontado, cabisbaixo. Clementine notou seu tom e sentiu uma sensação ruim em seu peito ao olhar para o rosto desapontado de Lee, e seus olhos dourados se arregalaram ao ver o mesmo colocar seu rádio entre eles.


Ela encolheu seu corpo, da mesma forma que uma criança faz quando é pega fazendo algo errado. Seus pequenos olhos encaravam o rádio sem graça, e ela evitava olhar para a face de Lee, não querendo ver aquela expressão novamente.


Lee- Clem, eu não estou irritado, mas você precisa me contar a verdade agora.


Colocou sua mão sobre o ombro da garota gentilmente, dizendo com uma voz suave, tentando deixá-la o mais confortável possível, assim, seria mais fácil de ela confessar tudo.


Lee- Quem é esse cara?


A garota soltou um pequeno resmungo envergonhado, percorrendo o chão do local com seus olhos nervosos.


Clementine-...Ele é...um amigo, eu não acho que ele quer fazer mal pra gente.


Começou, hesitante em suas escolhas de palavras. Lee suspirou, seja lá quem aquele homem fosse, já conseguiu fazer algum efeito na garota.


Lee- Clementine, me escuta, esse homem não é amigável, você não pode confiar nele.


Deixou seu tom um pouco mais sério, mas ainda com certa gentileza em sua voz. Clementine o olhou, surpresa, confusa, com um leve toque de irritação no fundo dos seus olhos dourados.


Clementine- O que? Por que diz isso? Ele só quer ajudar, ele disse que encontrou meus pais, e que eles estão aqui.


Retrucou, elevando um pouco o tom de sua voz e ficando um pouco mais inquieta.


Lee- Clementine, os St John também pareciam ser pessoas boas, pareciam querer ajudar, nós decidimos confiar neles, e olha no que deu. Esse cara Clem, NÃO é confiável, você tem que parar de falar com ele.


Dessa vez seu tom foi mais duro, mais sério, não tinha raiva em sua voz, mas o olhar que Clementine lhe deu, incrédula, foi como ter diversas facas perfurando seu coração, mas ainda sim, ele continuou com sua face séria.


Clementine- Isso é diferente! Eles são meus pais, por que está dizendo isso?! Nós temos que salvá-los!


Se levantou, lágrimas nervosas rolando pelo seu pequeno rosto, ela começou a tremer levemente e a ficar mais ofegante, enquanto olhava para Lee como se não estivesse acreditando no que ele estava dizendo.


Lee- Clementine, eu sinto muito por isso, sinto mesmo, é impossível que esse cara esteja com seus pais princesa, eles...bom, no dia em que eu encontrei você, eu ouvi sua mãe dizer no gravador de voz que seu pai havia sido mordido, desculpa Clem, mas eles estão mortos.


Não se levantou, tentou dizer em uma entonação mais suave, mas ainda a olhando fixamente com olhos sérios, e uma face igualmente séria.


Clementine devolveu seu olhar, estática, agora com grossas lágrimas escorrendo pelo seu rosto, sua mente não entendia o problema com Lee, não entendia o motivo de ele falar aquelas coisas tão cruéis. Ela acreditava firmemente que seus pais estavam vivos, e aquele homem no rádio prometeu ajudá-la a encontrá-los, por que Lee não conseguia enxergar isso?


Clementine- Como...como você pode dizer isso?


Perguntou baixinho, seu tom choroso causando um aperto no peito de Lee, que se levantou.


Lee- Clem…


Tentou se aproximar, mas a garota recuou de si, como se ele fosse um estranho, como se ele fosse simples alguém que havia acabado de encontrar, alguém que não cuidou dela nesses últimos meses, alguém que ela não confiava. E isso, junto com a face triste, desesperada e raivosa da garota, fez Lee sentir seu coração se apertar ainda mais.


Colocando suas mãos em seu rosto, tentando impedir que mais e mais lágrimas pingassem no chão, Clementine soluça por alguns segundos, antes de sair pela porta apressada, e dizer palavras nas quais Lee nunca iria esquecer.


Clementine- Eu te odeio.


Aquilo doeu mais do que qualquer soco, faca, bala já havia o ferido, sua garganta se fechou, sentindo aquela forte vontade de chorar subir pelo seu pescoço, sentiu como se seu coração sangrasse, e que havia sido baleado no peito inúmeras vezes. Ele ficou ali, parado no meio do quarto, sua mente vendo e revendo a cena de Clementine correndo para longe de si, e ouvindo, de novo e de novo a voz dela ecoar pela sua mente. Sabia que ela havia dito apenas por causa do calor do momento, mas doía do mesmo jeito.


“Eu te odeio”.


 


Depois daquilo, Clementine não quis mais conversar com ele, muito menos olhar em sua direção, e foi impossível para os outros não notarem o enorme clima que se formou entre os dois, mas ninguém realmente teve a coragem de perguntar, não era problema deles, e sentiam que nenhum dos dois queriam falar sobre aquilo.


Carley foi a única a questionar Lee sobre isso, confortando-o ao ouvir seu lado, e apoiando sua decisão ao saber sobre o cara no rádio, dizendo que ela superaria aquilo, e que logo logo eles voltariam ao normal.


Lee quis acreditar nisso, quis mesmo, mas simplesmente não conseguia ter tanta certeza sobre aquilo.


Nem mesmo quando Ben encontrou um barco na garagem no quintal da casa o clima pareceu amenizar, na verdade, apenas Kenny pareceu ficar feliz de verdade, e no momento, ele se encontrava verificando o barco.


Lee estava escorado na parede que dava para a cozinha, braços cruzados e uma expressão séria no rosto, seus olhos olhando fixos para o chão, não se sentia daquela forma a muito tempo, triste, irritado, preocupado, havia se esquecido de como era horrível ter aqueles sentimentos dentro de seu peito.


Carley percebeu isso e o deixou sozinho, sabia que o homem precisava de espaço, um tempo para pensar.


Crista fazia um leve cafuné na garota que estava deitada sobre seu colo, a consolando, não sabia o motivo da garota estar com raiva de Lee, havia perguntando e ela não quis responder, mas sabia que foi algo relacionado a conversa que tiveram hoje mais cedo, e não pôde evitar de se sentir, no mínimo, curiosa.


Algum tempo depois, a porta dos fundos se abre, e Kenny caminha até a sala com uma expressão cansada.


Kenny- Bom, vocês querem a notícia boa, ou a ruim primeiro?


Omid- Estamos precisando de uma boa.


Kenny- A boa notícia, é que essa belezinha está quase pronta para ir, praticamente intacta, a má notícia, é que falta gasolina e uma bateria para ela funcionar.


Seu tom não parecia muito animado, mesmo com a boa notícia, talvez Kenny estava com tanta fé naquele plano quanto o restante das pessoas.


Ben- Ahm, onde a gente encontra isso?


Lee- Talvez dê para pegar a bateria de um dos barcos quebrados que vocês viram, não? Eu ajudo, se quiserem.


Se ofereceu, olhando especialmente para Kenny, que pareceu tentar evitar seu olhar, talvez envergonhado, sem graça, ou talvez culpado.


Kenny- Você...quer vir comigo…? Depois de tudo…?


Perguntou, ou tentou perguntar, não conseguindo encontrar as palavras certas, muito menos a coragem para dizer em alto e bom som.


Lee- Ken, eu disse, eu te perdoo, e eu apenas estou oferecendo ajuda, pessoalmente, eu preferiria que viessem comigo, mas eu não vou impedi-lo, se essa é sua escolha.


Usou um tom mais gentil com o ex amigo, ignorando os olhares que Crista e Carley adquiriram em suas faces, ainda tinha raiva de Kenny, e como disse, o mataria se fosse preciso, mas Lee ainda era um homem bom, e não conseguia guardar rancor por muito, além de acreditar em segundas chances.


Por exemplo, sua chance de redenção, foi cuidar de Clementine depois de ter assassinado sua mulher e aquele senador.


Kenny-...Ok, bom, eu agradeço a ajuda, é uma boa sairmos agora para vasculhar, antes que fique muito tarde.


Ben- Querem que eu vá? Eu posso ajudar.


Lee- Não, obrigado Ben, quanto menos pessoas saírem, mais fácil será de voltar caso dermos de cara com uma horda novamente, não vamos demorar.


Explicou, verificando a munição de seu fuzil e de sua pistola, ajeitando a bainha de seu facão. Lee deu uma última olhada em Clementine antes de sair, triste por ela nem ter se virado em sua direção, depois, seus olhos caíram em Carley, que tinha uma expressão preocupada em seu rosto, mas Lee mandou um pequeno sorriso para ela, como forma de conforto.


Kenny já havia saído pela porta dos fundos, logo depois de ter conversado com Duck, Lee o acompanhou, porém, antes de sair, ele se virou para o garoto, meio incerto do que faria. Ele pegou a pistola de sua cintura e a estendeu para Duck, que o olhou meu confuso.


Lee- Caso algo dê errado por aqui Duck, você é um dos únicos homens restantes do grupo, tem o dever de proteger o resto.


Duck pegou a arma com certo receio, mas acenou confiante para Lee e a guardou em sua cintura, da forma que ele havia mostrado.


Duck- Pode deixar.


Satisfeito com a atitude do garoto, Lee sai para o quintal, fechando a porta logo em seguida.


 


Eles caminhavam silenciosamente em direção ao porto da cidade, atentos a qualquer movimento ao seu redor, esperando não dar de cara com uma horda, como o dia anterior. Lee sabia que as chances de se encontrarem com uma eram baixas, visto que um sino de igreja badalava longe dali, no lado contrário da cidade, então, aquela área estava mais limpa, pelo menos, por enquanto.


Apesar de Kenny ter aceitado a ajuda, era claro o desconforto dele perto de Lee, mas ele não parecia querer começar uma conversa, o que fez Lee suspirar.


Lee- Se tem algo a dizer Ken, pode o fazer, só tem nós dois por aqui.


Disse suave, observando o homem a sua frente suspirar, pensativo.


Kenny-...Eu...ah porra Lee...eu nunca fui bom com esse negócio de desculpas, e sinceramente, eu duvidava que um dia você aceitaria...caralho, pensando agora, o que eu fiz foi…Katjaa disse que isso iria me assombrar, eu não quis acreditar nela no momento, pensando que o que eu fiz foi o certo...mas...


Lee sentiu a honestidade em suas palavras, e os movimentos inquietos, junto com a voz trêmula, evidenciou a culpa que Kenny estava sentindo. O que era bom, significava que ele estava arrependido do que fez, e preparado para mudar, pagar pelo seu erro e se tornar uma pessoa melhor com ele.


Era exatamente isso que Lee queria, dar a ele uma chance de redenção, apenas isso, se sentia feliz pelo amigo finalmente perceber os seus erros, e era isso que importava.


Lee- Kenny, eu não vou esquecer o que você fez, nem você, nem Duck, nem Clem, mas todos nós te perdoamos cara, eu aceito suas desculpas, como eu disse, eu acredito em segundas chances, e se você aprendeu com seu erro, e está disposto a mudar, então que ótimo, apesar de tudo Ken, nós só queremos que você melhore, eu garanto que Katjaa ficará feliz com isso, todos nós ficaremos.


Confortou o amigo, colocando sua mão gentilmente em seu ombro, o relacionamento entre os dois não seria a mesma coisa, mas já era melhor do que ficarem tentando se matar o tempo todo, e muitas pessoas já morreram para se preocuparem com algo do tipo.


Kenny olhou em seus olhos pela primeira vez em muito tempo, ainda envergonhado pelo que fez, mas grato pelo perdão e pelas palavras de Lee, sabia que iria conviver com aquele fardo o resto de sua vida, mas ao menos teria a chance de dar a volta por cima.


- Não se mexam.


Eles foram surpreendidos por uma voz masculina vindo atrás deles, ambos sentiram algo frio pressionar contra suas nucas, e um frio correr pelas suas espinhas.


- Larguem as armas.


- Ah deixa disso porra, vamos logo matar eles.


Uma segunda voz, também masculina, se fez presente, ao lado da primeira, do homem que pressionava a arma contra a cabeça de Kenny.


Lee- Vocês não querem fazer isso, deixem a gente ir.


Tentou ser razoável, mas sentiu a arma ser pressionada mais forte contra sua cabeça.


- Eu deixei você falar?


- Nós não temos tempo pra isso cara, coloco uma bala na cabeça dos dois e pegamos as armas!


- Eles podem ter mais com eles, dois homens sozinhos nessa cidade? Deixa de ser burro cara, eles podem nos levar para o resto do grupo, depois voltamos para Crawford.


- Tá, matamos um, mais seguro assim.


Lee estava apenas esperando uma abertura, Kenny parecia pensar a mesma coisa, os dois estavam tão entretidos em discutir entre si, que eles tinham uma chance de revidar.


Um tiro ecoou pelas ruas desertas da cidade, alertando os quatro homens parados na rua, e, instintivamente, os dois homens armados olharam para trás.


- Mas que merda…


O homem que apontava a arma para Lee perguntou, virando uma parte de seu corpo para trás. Lee aproveitou essa abertura, pegando seu facão e o fincando no estômago do homem, que gemeu surpreso, e de dor. Antes que o segundo homem se virasse para ele, Lee jogou o corpo do bandido em cima dele, fazendo com ele se desequilibrasse momentaneamente.


Tempo o suficiente para Kenny pegar sua pistola, mirar na cabeça do homem, e puxar o gatilho.


Kenny- Mas que merda, quem eram esses caras?!


Perguntou, olhando para as roupas dos dois homens. Eles estavam muito bem, para falar a verdade, pareciam bem alimentados, roupas limpas, armas não muito desgastadas, e ambos tinham a mesma tatuagem no pescoço.


Lee- Eles podem ter mais com eles, estão muito bem para serem pessoas passando fome.


Um grito ecoou pelas ruas, aparentemente, não muito longe dali, Lee e Kenny trocaram rápidos olhares, antes de correrem em direção ao grito pelas ruas desertas, desatentos aos zumbis que começavam a se juntar logo atrás de si.


 


 



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Autor(a): louiz_st

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