Fanfic: Você está sozinho, parceiro! | Tema: The Walking Dead
Carley encarava a cena a frente com um olhar neutro, tentada a simplesmente dar meia volta e sair dali, tentaria a sorte sozinha, pelo menos, tinha certeza que teria mais chances do que ser liderada por um homem como Kenny.
Ele gritava em plenos pulmões, alto o bastante para Deus e o mundo ouvir sua voz acoando pelas ruas desertas de Savannah. A mulher não sabia como havia sido convencida a acompanhar ele naquela ideia maluca de conseguir um barco, talvez ainda se preocupasse com Duck. O garoto não falou quase nada nesses últimos dias, apenas seguia seu pai, prestava atenção quando ele falava consigo e apenas isso, ainda estava chocado com a morte da mãe e ela entendia isso, mas aos poucos, parecia que não era apenas esse caso.
Mas ela não sabia identificar, ou entender o que se passava na cabeça do garoto.
- Quer falar mais baixo?! Vai atrair a cidade inteira pra cima de nós desse jeito!
A mulher, na qual haviam conhecido a poucos dias, ralhou com Kenny. Carley gostava dela, era uma mulher forte, e não cedia ao tom irritado e ameaçador de Kenny, onde muitas vezes ela o ameaçava de volta. Ela e Crista estavam se dando muito bem.
Seu marido, um homem calmo e com um ar leve ao redor de si, era, infelizmente, a única coisa que impedia a mulher de voar no pescoço de Kenny. Omid até tentava acalmar um pouco os ânimos com suas piadas e seu jeito espontâneo de ser. Carley e Ben decidiram ficar fora disso, e Carley meio que queria que Kenny apanhasse um pouco, talvez isso iria colocar a cabeça dele no lugar, fazê-lo abrir os olhos e se concentrar no que realmente importa.
Kenny ignorou a mulher, colocando os braços atrás da cabeça e suspirando forte.
Aquela foi a primeira vez que Duck levantou sua cabeça com um olhar neutro em seus olhos, correndo seus olhos caramelos no rio a frente, observando todos aqueles barcos quebrados e a deriva.
Duck queria gritar com seu pai, em nenhum momento o garoto se esqueceu de quando o mais velho abandonou o restante do seu grupo para morrer, além de que, ele ouvia a conversa que sua mãe teve com seu pai antes dela…
Ele queria perguntar a ele por que ele havia feito aquilo, queria respostas, tirar aquele sentimento horrível, de culpa, perda, e aquela dor de dentro de seu peito. Mas se conteve, não era burro o bastante para fazer aquilo naquele momento, não era a hora certa, e ele sabia que já havia perdido várias oportunidades que apareceram nesses últimos dias.
Carley- Olha, acho que está na hora de pensarmos em um plano B, de preferência, longe dessa cidade.
Disse, chamando a atenção das outras pessoas, e recebendo um olhar leve de Crista, que se simpatizou com o que ela disse.
Crista- Isso é algo que eu apoio, nunca deveríamos ter vindo aqui em primeiro lugar.
Se juntou com Carley, ficando ao lado dela enquanto esperava o grupo para voltarem por onde vieram.
Kenny- De que porra vocês estão falando?? ESSE é o plano que nós temos, o único que precisamos!!
Exclamou irritado, fazendo as duas mulheres revirarem os olhos incomodadas, aquela teimosia do Kenny iria matar todos eles se continuasse, ou ele acordava para a vida, ou eles seriam forçados a deixá-lo para trás.
Crista- Acho que você não está pensando direito, não tem nenhum barco por aqui, essa cidade está morta e nós temos que sair daqui o quanto antes.
Tentou ficar calma, ser razoável com homem, ao menos ser civilizada, mas parecia que ele via as coisas de um jeito diferente. Era como se ele visse que todos estavam contra ele, e que tudo era motivo para começar uma discussão.
Kenny- EU não estou pensando direito?! Então o que VOCÊ sugere, em? Já que é tão esperta!
Se aproximou da mulher com um semblante irritado. Omid ficou entre os dois, tentando evitar que mais uma briga começasse ali, no meio da rua.
Porém, nem foi preciso, a briga foi interrompida por um barulho alto de um sino de igreja, vindo da mesma rua em que estavam, um pouco mais a frente.
Eles pararam e observaram ao seu arredor, assustados e confusos pelo súbito barulho, até que seus olhos se arregalaram ao verem a enorme quantidade de zumbis que se aproximavam pela sua frente, e alguns poucos que caminhavam pela sua traseira, começando a encurralar o grupo no meio da rua.
Omid- A gente tem que sair daqui, agora!!
Gritou meio desesperado, pegando no braço de sua esposa e correndo de volta pelo caminho que vieram.
Carley correu logo atrás, pegando sua pistola e atirando nos zumbis mais próximos, liberando uma passagem mais segura para eles. Seus olhos se arregalaram ainda mais ao verem uma horda de zumbis se aproximando da rua ao lado, eram muitos, parecia que toda cidade havia se acumulado em um só lugar.
Duck corria praticamente no meio do grupo, olhando para os lados e vendo todos aqueles rostos deformados olhando para si, por mais incrível que parecesse, ele não sentia medo deles, não sentia raiva, nada, apenas sabia que não podia ser pego por um deles, e só por isso estava correndo.
Era como se, para ele, aquelas criaturas não fossem nada mais do que um certo tipo de inconveniência, uma inconveniência que podia te matar.
Depois de alguns minutos correndo, o grupo foi forçado a parar, visto que a rua a frente também estava repleta de zumbis que se aproximavam.
Carley atirava nos primeiros que viam, eram muitos para ficar preocupada em errar, então ela apertava o gatilho o mais rápido que conseguia, sentindo um certo desespero tomar conta de seu corpo.
Ben- Ah merda merda merda merda merda!!!
Resmungou baixo, mais para si mesmo, sentindo o nervosismo percorrer seu corpo, o medo o dominar e suas pernas travarem, ele realmente acreditava que iriam morrer naquele lugar.
Crista e Omid não tinham armas de fogo, Omid tinha um machado pequeno enquanto Crista tinha um pé de cabra, mas isso não era o suficiente.
Por estarem um pouco mais afastados do grupo, eles estavam ficando encurralados com velocidade, a medida em que mais zumbis se aproximava, mais difícil ficava para eles correrem, e eles tinham que se aproximar, de costas para um ao outro, e tentar aguentar o suficiente para que algum milagre aconteça e eles saiam vivos dali.
Matando o zumbi a sua frente, Crista se vira rapidamente para Omid, checando na situação do marido. Ele estava tendo problemas em lidar com dois zumbis que avançavam sobre si ao mesmo tempo, e, ao lidar com esses zumbis, o mesmo não notou a presença de um terceiro cadáver que se aproximava logo atrás de si.
Crista- OMID!!
Gritou, porém, o zumbi já estava muito perto do pescoço de seu marido, e todo seu corpo se enrijeceu ao ver aquela boca em decomposição chegar cada vez mais perto da pele do homem.
Porém, antes que o zumbi pudesse morder Omid, mais um barulho de tiro foi ouvido ao seu lado, acertando o zumbi em cheio na cabeça, e seu corpo em decomposição caiu para o lado.
De início, Crista pensou que havia sido Carley, e se virou em direção ao barulho para agradecer, porém, se surpreendeu ao ver uma garotinha segurando uma pistola em direção a onde o zumbi estava.
Ela ficou confusa, sua mente tentou raciocinar no que a garotinha fazia ali, como ela havia conseguido aquela arma?
Suas perguntas foram interrompidas ao ver um homem ficar ao lado da garotinha, com um fuzil de assalto em suas mãos, mirando em direção aos zumbis.
Lee- SE ABAIXEM!!
Gritou, e ninguém pensou duas vezes antes de o fazer.
Lee apertou o gatilho e uma chuva de balas voou em direção aos zumbis, onde mais e mais corpos foram caindo no chão, imóveis e com balas encravadas em seus crânios.
Lee não soltou o gatilho até que ficou sem munição, jogando o pente vazio para o lado e pegando um cheio em sua cintura.
Lee- Venham logo!
Gritou de novo, ignorando os olhares de surpresa que eram lançados em sua direção e voltando a atirar nos zumbis que os seguiam. Se focando em seu trabalho, o mesmo ignora as pessoas correndo ao seu lado, apenas perdendo seu foco quando uma voz muito familiar se fez presente perto de si.
Kenny- Você deveria estar morto.
Disse, não em um tom irritado, não em um tom desgostoso, apenas um tom surpreso. Lee não precisou se virar para saber a expressão que o ex amigo fazia.
Lee- E você vai estar daqui alguns minutos se não passar por essa porra de portão!
Rosnou irritado, esperando ele correr para o quintal da casa atrás de si.
Clementine havia ficado ao seu lado, o ajudando a atirar nos zumbis e mantê-los longe. A cada dia que passava, Lee se surpreendia mais com a garota, ela realmente aprendia rápido, e o melhor, é que ela era uma ótima atiradora. Sentiu até mesmo um sentimento caloroso em seu peito ao observar a garota, apesar da situação horrível e perigosa, ali estavam os dois, armas em punho, enfrentando um exército de mortos.
Ao se certificar que todos haviam passado, ele puxou Clementine para trás e fechou o portão, passando uma corrente que havia encontrado no chão ao redor da abertura do mesmo. Era um portão grande, parecia ser bem resistente, eles ficariam bem se não fizessem mais barulho do que já haviam feito.
Ao se aproximar do grupo, Lee é surpreendido por uma figura pequena que correu em sua direção e pulou sobre si para um abraço. Ele logo reconheceu Carley, e um sorriso aliviado e nostálgico brotou em seus lábios, devolvendo o abraço.
Carley- Eu pensei que você tinha morrido.
Disse com a voz um pouco abafada, estava com seu rosto afundado no peito de Lee, apertando-o fortemente contra seu pequeno corpo e tentando impedir que as lágrimas desçam pelo seu rosto, sem muito sucesso.
Ben- Cacete Lee, como é bom te ver. Foi uma entrada em tanto.
Cumprimentou com um sorriso, genuinamente feliz por ver Lee ali, e até mesmo aliviado, com ele ali, Kenny não seria mais um grande problema. Embora ele também tenha ficado um pouco preocupado.
Omid- Cacete! Vocês tem uma menina armada!! Que foda!!!
Gritou, muito animado por sinal, enquanto olhava para Clementine com um sorriso largo. A garota o olhou meio sem graça, mas lhe devolveu o sorriso e deu um aceno tímido para ele.
Lee- É bom te ver também Ben, pensei que nunca mais viria vocês novamente.
Cumprimentou de volta, se afastando de Carley lentamente, ainda com uma mão em sua cintura, olhando para o rosto aliviado e desorientado da mulher.
Carley- Ah, Clem…
Chamou a garota, tão aliviada quanto antes, a puxando para um abraço apertado, no qual a pequena correspondeu.
Carley- Como…?
Tentou perguntar, mas sem conseguir encontrar as palavras certas para perguntar. Lee apenas lhe deu um sorriso caloroso, como se indicasse que estava tudo bem.
Lee- Eu explico depois. Clem, você se lembra da nossa conversa na farmácia?
Chamou a atenção da garota, que parou de prestar atenção na conversa que Omid tinha com Crista, e voltando seu olhar para Lee. Ela encarou seus olhos por alguns instantes, depois, os focou em Kenny.
Clementine- Só...tenta pegar leve, você disse que o perdoou.
Disse, se afastando alguns passos e abaixando a cabeça, sabendo exatamente o que Lee queria dizer com aquilo.
Crista a encarou por um tempo, olhando para Lee alguns instantes depois com um olhar confuso.
Lee soltou seus braços de Carley, e a passos largos e pesados, ele caminha em direção a Kenny. Com um movimento rápido, Lee dá um soco em sua face, um soco forte, o impacto ecoou pelo local, e Kenny foi lançado ao chão com certa violência.
O espanto foi geral, mas ninguém decidiu se intrometer, nem mesmo Duck tentou defender seu pai, ou se incomodou com o fato de ele ter levado um pouco, no fundo, sabia que ele merecia.
Crista pareceu gostar do que viu, e apenas deu um sorriso de lado, colocando uma de suas mãos na cintura, apesar de não saber exatamente o motivo daquilo.
Kenny- Mas que…?
Tentou se levantar, mas foi de encontro ao chão novamente, com uma forte pressão em seu peito. Ao olhar para cima, ele observa a face irritada de Lee.
Lee- Você vai ouvir e não vai dizer nenhuma palavra! Eu to pouco me fodendo se a gente não se dá bem, to pouco me fodendo se você não gosta de mim, saiba que o sentimento é recíproco! Mas Kenny, o que você fez, eu nunca faria, o que você fez, foi algo que o deixou igual aos St John, igual aos bandidos que nos atacaram…
Começou, pisando mais e mais forte sobre o peito de Kenny, que começava a ficar cada vez mais se ar, se debatendo para sair de baixo de si.
Lee- Mas apesar disso tudo Kenny, eu te perdoo.
Kenny parou de se debater ao ouvir aquelas palavras, olhando fixamente para os olhos, ainda irritados, de Lee, enquanto o mesmo suavizava a pressão que fazia sobre o tronco do mesmo.
Lee- Mesmo que você tenha tentado me matar, mesmo que você tenha abandonado Clementine pra morrer, eu te perdoo.
Crista e Omid trocaram olhares arregalados ao ouvir isso, Omid caiu seus olhos sobre a garota armada, na qual o nome era “Clementine”, e Cristo focou seus olhos em Kenny, pensando no quão ruim era aquele homem e o quão baixo chegaria.
Lee- Mas entenda isso Kenny, eu nunca vou esquecer o que fez. Então eu te aviso, você pode tentar me matar o quanto quiser, me xingar, odiar, foda-se, mas se você deixar aquela garotinha em perigo novamente, eu juro por Deus Kenny, eu vou te matar!
Ele fez questão de dizer aquelas palavras olhando fundo nos olhos de Kenny, e ele falava aquilo com o coração, seu tom sério fez com que ninguém duvidasse de suas palavras. Lee estava pronto para matar Kenny, se fosse necessário, apesar de todo seu interior ser contra esse pensamento.
Autor(a): louiz_st
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Crista- Então, seu nome é Clementine, quantos anos têm? A mulher se sentou ao lado da garota, que estava sentada no sofá observando Lee vigiar a janela. Eles estavam esperando os zumbis esquecerem da sua existência e saírem de frente da casa, caminharem para algum outro lugar mais ao longe, ou talvez, o sino de igreja toque novamente ...
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