Fanfics Brasil - Part I Why'd You Only Call Me When You're High?

Fanfic: Why'd You Only Call Me When You're High? | Tema: Glee


Capítulo: Part I

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Aquela noite estava perfeita. Nem muito quente, nem muito fria. Uma brisa suave invadia as janelas de meu pequeno, mas nada humilde apartamento. Me apoiei no parapeito da varanda, a cidade ao meu redor borbulhava, com seus gritos e buzinas. Diziam que em New York era impossível sentir-se sozinha, mas aquilo era mentira. Eu me sentia sozinha.


Ou melhor, tinha optado em estar sozinha.


Dei uma boa olhada no interior do meu apartamento, minha casa. Meu peito encheu-se de orgulho. Aquilo foi conquistado com o meu trabalho, com minha voz e meu talento. Pai e papai me ajudaram no começo, mas assim que comecei a ganhar bem nos musicais coloquei outro sonho na minha cabeça: eu mesma pagaria pelo meu apartamento. 


Fazia um ano que eu estava nele, que pensei em cada canto junto com Santana e Kurt. Eles queriam dar seus cinco centavos, no entanto não deixei. Aquele era meu lar, meu espaço, meu esconderijo para toda a bagunça fora daquela porta. E eu amava cada pedaço daquele lugar.


Entretanto não tinha imaginado o quão solitário seria ter tudo e ninguém para dividir.


Deixei a varanda e fui em direção ao meu piano. Não podia ter um lugar que não tivesse algum instrumento e foi uma pequena fortuna pagar por um lugar com espaço suficiente para caber um piano.


Droga, eu deveria estar feliz! Feliz por ser uma cantora de sucesso, por ter o mundo ao meu redor. Por que não estou? O que mais pode haver?


—“City of stars…”  - comecei a cantarolar. –“are you shining just for me?”


Ziiiiiip


Peguei meu celular do meu bolso. Não podia ser Santana ou Kurt, porque eles tinham um jantar de casais pra ir. Até ontem Santana tentou me empurrar alguém pra mim ir com eles, mas depois de áudios furiosos ela desistiu. Meus pais não eram porque já era 23:00 e estavam dormindo (ou é isso que eu prefiro acreditar). Quando abri o whatssap não fiquei tão surpresa em ler quem era.


QUINN FABRAY: Berryyyyyyyyyyy...T’á acordada?


Ai não. De novo não.


Pelo excesso de letras e erro na digitação ela estava bêbada.


Raquel: Quinn, são 23:00.


QUINN FABRAY:  Eu tenho relógio no meu celular, Rachl. Tô querendo saber se tá acordada.


Rachel: Primeiro: Não seja grossa comigo. Segundo: Se eu estou te respondendo É CLARO que estou acordada.


Quinn Fabray:Tá, to indo pra ai.


Rachel: Não. Eu não quero que venha.


Quinn: Não to pedindo, to informando. Até daqui a pouco.


Respirei fundo.


Como se não bastasse a minha melancolia de estar sozinha em um sábado a noite ainda terei que aguentar a Fabray vomitando em meu tapete.


Quinn e eu temos uma amizade complicada. Ficamos bem unidas depois da faculdade, ela se mudou pra New York e nos víamos quase todos finais de semana. No começo era fácil conciliar nosso tipo de entretenimento, Quinn ia os musicais comigo e eu a acompanhava nos restaurantes cheio de massa que ela adorava. Até que ela se contrabandeou pro lado da Santana nos bares mais podres de New York e bastou um tempo com Santana solteira e pronto, Fabray nunca mais abandonou a vida noturna.


Fico com raiva, é claro. Além de perder minha única companhia pro meus eventos que eu gostava tinha que aguentar Quinn bêbada e chorosa no meu apartamento pelo menos um final de semana por mês.


E quando não estava chorando, estava... Me fodendo com força.


Não... Eu não ficaria ansiosa por isso. Talvez ela nem viesse. Quantas vezes ela já disse que vinha e não veio? Não vou ficar esperando ela feito uma idiota e depois chorar ao acordar e perceber que ela tinha me dado cano.


Fui ao banheiro, tomei um bom banho e vesti meu pijama amarelo com gatinhos. Lembrava muito meus suéteres do ensino médio, do tempo que Quinn me odiava e nos duas brigávamos pelo Finn. Como foi que chegamos a essa situação? Acho que prefiro o tempo em que Quinn me odiava. Ao menos eu sabia o que ela sentia de verdade.


Olhei para o relógio da cozinha 00:45. Ela não vem.


Agora chega! Não vou ficar pensando em Quinn a noite toda. Que patético!


Com meu pijama e uma pipoca de micro-ondas coloquei La La Land no Netflix. Um bom musical de romance trágico em uma cidade agitada... Acho que não consigo me distrair tanto assim.


O filme começa e nem consigo prestar atenção na letra. Começo a lembrar da primeira vez que ela me beijou, ainda morava com Kurt e Santana. Ela chegou bêbada com Santana, as duas mal conseguiram abrir a porta sem cair em cima da outra. Santana logo foi pro quarto, dormir. Enquanto sobrou pra mim cuidar da Fabray gargalhando e agitada na sala.


“-Vamos, Rach — chamou com um sorriso enorme no rosto. —Dança comigo. Santana roubou todas minhas parceiras de dança.


Revirei os olhos, mas cedi ao seu pedido. Não tinha nada demais distrair ela um pouco. Quem sabe fazendo o que ela quer ela cansa e vai dormir?


Ela segurou minha cintura e eu entrelacei nossos dedos. Tinha algo estranho. Não era a primeira vez que dançava com Quinn, mas era a primeira vez que ela me segurava daquele jeito e aproximava nossos corpos... E espere... Ela está cheirando o meu cabelo.


—Você tem um cheiro tão gosto, Rach —sussurrou com os lábios rocando em minha bochecha.


—É o meu shampoo novo —respondi corando. —Você já usou ele, não lembra?


—Não é a droga do shampoo, Rachel. É você —Seu nariz encostou a volta de meu pescoço. Fiquei toda arrepiada. —Eu adoro o seu cheiro.


—Quinn, o que você está fazendo? – sussurrei assustada.


Eu queria que ela parasse, no entanto não consegui afasta-la. Meu coração batia tão forte no meu peito. O que estava acontecendo?


—Você sempre me fascinou, Rachel Berry —Um beijo foi dado em meu ombro. Isso me fez fechar os olhos. —Escondi isso o tempo todo, mas venho me sentindo bem corajosa pra dizer agora.


—Está bêbada —sussurrei negando com a cabeça. —Não é verdade.


—Nunca ouviu que quando estamos bêbados falamos aquilo que queríamos dizer sóbrios? —Quinn passou a língua do meu ombro o lóbulo da minha orelha. Tive que fazer força para me manter de pé. —Eu sempre quis você.


Ela se afastou e encarei seus olhos verdes. Não tinha nenhum humor ali, nenhuma brincadeira. Não era mais um flerte descompromissado, nem mesmo um elogio carinhoso. Se tinha algo ali, era desejo. Quinn me desejava.


—E sei que você também me quer.


Abri e fechei minha boca. A resposta devia ser não, devia afasta-la e dizer que éramos amigas. Aquilo não podia acontecer.


—Se você negar, Rachel, vai me impedir de fazer o que eu quero fazer.


Não tinha coragem pra dizer que não.


—O que vai fa...


Antes mesmo de terminar a boca dela invadiu a minha, com urgência. Não levou dois segundos até que eu estivesse retribuindo também. Enfiei minha mão em seu cabelo curto e ela segurou minha cintura com mais força.


Eu não tinha certeza se queria que Quinn tivesse me beijado. Porque eu só tinha certeza de uma coisa: Quinn  podia me querer, mas eu a amava.


E não sabia se podia amar por nós duas.”


 


TIRIRILIM


 


Acordei em um solavanco. Demorei um pouco pra reconhecer que era meu interfone que estava tocando. Em algum momento acabei dormindo e sonhando com Quinn. Como se fosse novidade... Fui até ele um pouco tonta de sono.


—Senhorita Rachel? —perguntou Gordon, o porteiro. -Desculpa incomoda-la tarde da noite.


—O que houve, Gordon? —não consegui impedir de bocejar enquanto falava.


—É ela de novo, Senhorita. Sua amiga —o homem tremeu ao continuar. —Está aqui na portaria  Das outras vezes você me avisou que ela vinha, e eu a deixei subir direto. Mas como não disse nada dessa vez eu a barrei e ela esta me ameaçando. Quer que eu a mande embora?


Céus, Quinn!


Por um momento cogitei a ideia. Provavelmente Quinn não encontrou ninguém pra transar e por isso veio até aqui. Eu era sua transa fácil, sua segunda opção. Se Gordon a expulsasse isso daria uma boa lição nela e eu não teria um coração machucado de manhã para tratar.


Ainda sim, ela era minha amiga. Será que ela me perdoaria se eu dissesse não?


—Senhorita Rachel? Está ai?


—Sim, Gordon. Deixe-a subir —Droga. De novo sendo idiota. Você não cansa, Rachel?


—Tem certeza? São 3:00 da manhã e ela está tão...


Bêbada? Eu sei.


—Não se preocupe, Gordon, eu cuido dela. Mas se ela for incomodo pra você faça-a usar o elevador de serviço — o pobre homem não merecia ouvir reclamações dos outros moradores por minha causa.


Assim que coloquei o telefone no gancho corri pra geladeira. Precisava esconder qualquer coisa com teor alcoólico, até mesmo meu licor. Na pior hipótese Quinn não transaria comigo, se embebedaria mais e vomitaria no meu tapete, como já aconteceu. Claro que ela enviou um tapete novo no outro dia, mas o evento foi traumático o suficiente para nunca mais querer vive-lo novamente.


Quando terminei de esconder a ultima garrafa de vinho no armário a porta foi esmurrada.


Antes de abrir respirei fundo. Olhei para meu pijama de gatinho, com certeza ela iria rir. Das outras vezes eu até me trocava para recebe-la. Teve uma vez que até vesti uma lingerie sexy para impressiona-la, mas ela não veio e nem me avisou que não viria.


Dei de ombros. Ela que ature eu e meus gatinhos.


Abri a porta e um furacão loiro adentrou meu apartamento.


—Aquele Gordon não gosta de mim! -disse apontando pra ninguém. Demorou alguns segundos pra se virar e me encontrar fechando a porta. —Ele me jogou dentro do elevador de serviço e ainda fez todo aquele draminha pra me deixar subir.


—Ele não pode permitir livremente a entrada de visitantes – respondi cruzando os braços.


—E por acaso eu sou visitante agora? Por que não avisou que eu vinha?


—Porque eu não sabia se era um alarme falso dessa vez —passei por ela e fui em direção ao sofá.


Quinn ficou parada por alguns instantes, isso me deu tempo pra observa-la. Nossa, ela estava linda. O cabelo solto e rebelde, a jaqueta preta, a calça jeans colada e rasgada. Um visual punk. Um estilo um pouco mais envelhecido do tempo que ela se revoltou e aderiu a moda punk na escola. Pra mim, aquele período foi quando descobri que tinha atração por garotas. Porque me vi atraída por ela.


E agora era inegável que eu ainda continuava atraída.


—Desculpe pelas outras vezes, Rach —Quinn veio e se ajoelhou na minha frente. -Você é a ultima pessoa que eu quero magoar.


—Eu sei – acariciei seu rosto. Eu sabia que ela nunca quer me magoar, só não consegue um jeito de parar de fazer isso.


Quinn inclinou-se, pronta para tocar meus lábios. E no ultimo segundo desviei o rosto e ela tocou minha bochecha com seus lábios entreabertos. Voltei a encarar seus olhos e encontrei confusão neles.


—Desculpa, hoje eu não estou no clima.


—Aconteceu alguma coisa? Você esta bem? —Quinn estava legitimamente preocupada.


Ela queria me foder. Ela queria ser minha amiga. Aquilo me lançava em uma montanha russa emocional.


—Não aconteceu nada... É só um pouco de dor de cabeça.


Quinn abriu um sorriso iluminado.


—Que mentirosa, Rachel Berry! Se fosse dor de cabeça estaria em um hospital agora, fazendo um escarcéu pra ser examinada dos pés a cabeça. Você odeia ficar doente.


—Certo, Quinn, eu não estou com dor de cabeça! -joguei os braços. Não consigo mentir pra ela de qualquer forma.


—Tá, então por que não prepara aquela pipoca com bacon pra gente? Vim fazer companhia pra você.


—Sei bem que tipo de companhia veio ser... —Revirei os olhos e fui para cozinha.


Quinn sentou no meu meu sofá e apoiou o rosto em sua mão enquanto me observava. Ela não estava tão bêbada quanto esperava, apesar de sentir um cheio forte de cerveja quando tentou me beijar. Quando estava muito bêbada ela não conseguia ser tão paciente ao ponto de ficar quieta em um lugar. O furacão Quinn estava contido naquela noite.


—É primeira vez que te vejo com esse pijama... —disse pensativa,


—Eu sei que você detestou.


—Pelo ao contrário —Quinn levantou e veio até mim em passos lerdos, como uma leoa perto de sua caça. Até mesmo seus olhos brilhavam. -Acho que ficou deliciosa com ele.


Revirei os olhos e continuei cortando o bacon. Não demorou muito até sentir alguém nas minhas costas, Quinn obviamente, e suas mãos massageando a minha cintura.


Meu corpo começou a esquentar. Ela sabia que ali era meu ponto fraco.


—Se eu me cortar ai sim teremos que ir ao hospital -minha voz saiu rouca. Era impossível fingir que não estava excitada, meu corpo inteiro me dedurava.


—Eu seria sua médica —Quinn passou sua mão por todo meu braço, até chegar a minha mão e me fazer soltar a faca.


Apenas observei quando ela colocou um dedo meu em sua boca, e o chupou lentamente. Tremi dos pés a cabeça e minha calcinha já começou a umedecer. Abri a boca, querendo pedir para parar, e então ela enfiou outro dedo e o prazer me fez fechar os olhos.


—Por que você ainda luta, Rachel? —Quinn então lambeu meu pulso. Tentei abafar um gemido. —É tão claro o quanto você está entregue a mim, o quanto também quer isso.


Eu me odeio. Odeio por ela ter tanta certeza do quanto me domina, de que pode me ter fácil. Se ela soubesse o quanto eu fico magoada quando acordo no outro dia e ela não está. O quanto fico olhando o numero dela indecisa se ela é uma pessoa que eu posso contar.


Não. Eu não cederei fácil essa noite.


—Quinn — pedi juntando todas minhas forças. Abri meus olhos e puxei minha mão. —Você não me terá essa noite.


Fabray parou e me encarou profundamente por alguns instantes. Foi magoa o que eu vi nos olhos dela. Eu nunca tinha a recusado antes. Relutado sim, mas dito não tão diretamente a fez recuar um pouco o jogo de sedução que estava fazendo. Ela assentiu algumas vezes e foi direto para a geladeira.


—Foi rápida em esconder a bebida hein, Rach – pelo tom dela já dava pra ver que isso a irritou. —Vou escutar uma musica já que é a única coisa que não me proíbe de fazer nessa casa.


Enquanto fazia pipoca vi Quinn procurar algo no spotify. Ela destoava o ambiente todo cleam do apartamento com suas roupas de roqueira. Mas eu tenho que confessar que gosto de vê-la aqui, é como se ela fosse a parte que faltava pra tudo ficar perfeito.


Meus objetivos mudavam conforme o tempo, no entanto o desejo de ter Quinn continuava sempre o mesmo.


Ela finamente encontrou uma música, e eu já tinha terminado sua pipoca no processo. Quinn estava de pé, na frente da TV quando sentei no sofá, atrás dela. Adorava vê-la de costas.


Que isso, quem estou querendo enganar? Adorava Vê-la de qualquer forma.


—Você não escuta muito indie, não é? Nunca deve ter ouvido falar de Artic Monkeys, eu te dei o CD deles no seu aniversario há uns dois anos.


—Foi há três anos. E só deve ter umas três musicas que eu goste —Era mentira, eu gostava do álbum todo. Mas não queria admitir. Porque o álbum todo me lembrava ela.


—Acho que essa música é praticamente o hino da nossa relação —Quinn selecionou a música e logo os primeiros acordes começaram.


—Sério? -perguntei aborrecida. —Você não podia ser mais óbvia?


—Só curte e canta, Rachel —Quinn virou-se com um sorriso animado e meu controle na mão, servindo de microfone. —Como nos velhos tempos do Glee Club.


 


The mirror's image


Tells me it's home time


But I'm not finished


'Cause you're not by my side


 


Quinn cantava de forma animada, com o olhar preso em mim. Era claro que estava cantando pra mim e talvez não estivesse tentando ser, mas estava mais sexy que nunca. Sua voz mexia com algum canto bem profundo do meu útero. Um canto que implorava ser explorada pela boca dela, ou seus dedos.


And as I arrived I thought I saw you leaving
Carrying your shoes
Decided that once again I was just dreaming
Of bumping into you


Quinn deu alguns passos até parar na minha frente. Com a mão no seu “microfone”, a outra estava livre e ela a ocupou prendendo meu cabelo em algumas voltas e me forçando a olha-la debaixo. Mordi meu lábio inferior. O controle da situação que eu tomei na segunda estava sendo tirado de mim. Maldita Fabray! Vadia sexy e maldita!


Now it's three in the morning
And I'm tryna change your mind
Left you multiple missed calls
And to my message you reply


Quinn me deitou no sofá, e o controle deve ter ido para o chão porque senti uma mão separando minha perna para poder se encaixar.


"Why'd you only call me when you're high?"
"Hi, Why'd you only call me when you're high?"


Cantei aquela estrofe. Aquela frase era minha. Aquela pergunta sem resposta que me atormentava por tanto tempo. Se Quinn sentiu a indireta eu não sei, mas seu sorriso aumentou em seu rosto ao ver que eu sabia a letra.


Com uma mão presa em meu cabelo, Quinn praticamente me obrigou a apoiar a cabeça nas costas do sofá, olhando para o teto. Ela puxou uma alça do meu pijama para baixo e seus lábios encontraram meu pescoço.


Somewhere darker
Talking the same shite
I need a partner
Well are you out tonight?


Alex Turner continuava cantar sozinho, porque estávamos ocupadas demais para acompanha-lo. Quinn beijava e lambia, eu suspirava e tentava não gemer alto. Aquilo a excitava demais, saber que eu estava totalmente nas suas mãos. E mesmo que fosse difícil me concentrar em não expressar o quanto gostava daquilo eu não lhe daria aquele gostinho.


It's harder and harder to get you to listen
More I get through the gears
Incapable of making alright decisions
And having bad ideas


Ela desceu aquela boca safada até meu seio já desnudo. Ela o mordiscou um pouco mais violento e depois o beijou, como se desculpasse.


—Você é tão gostosa, Rach, eu nunca vou parar de me surpreender com isso.


Não podia responder gemendo seu nome, então cravei minhas unhas em suas costas.


—Hoje você está arrisca, gatinha —Quinn me encarou com divertimento. —Estou começando a achar que seu problema é comigo.


Sort of feels like I am running out of time
I haven't found what I was hoping to find
You said you gotta be up in the morning
Gonna have an early night
And you're starting to bore me, baby
Why'd you only call me when you're high?


Não respondi. E depois de alguns segundos de silencio ela perguntou:


—Está com raiva de mim?


Sai debaixo dela, e arrumei minha blusa. Ela estava bêbada, eu não queria ter uma DR agora. Só que não dava pra continuar fazendo aquilo. Com certeza a gente iria transar, e o ciclo iniciaria novamente.


Aquilo me fazia mal. Estragava o amor de amiga que eu sentia por ela.


—Rachel —Quinn tocou meu ombro e tentou me olhar. —Conversa comigo.


—Por que? —Me virei para encara-la. —Por que você só me procura quando está bêbada?


—É sério essa pergunta ou você está falando sobre a música?


—Que se foda a música, Quinn —Peguei o controle e desliguei a TV. —É sobre nós. Já faz um ano que estamos nessa e eu não sei o que você quer.


—Porra, Rachel, precisa dar nome a tudo —Quinn irritou-se e encostou no sofá. Uma carranca fechada dominou seu belo rosto.


—Não é dar nome, Quinn. Eu preciso entender. Nós duas precisamos se entender. Não pode continuar aparecendo aqui, me tendo como você quer e depois ir embora pra fingir que nada aconteceu.


—Eu venho aqui pra te ver —insistiu magoada.


—Não tanto quanto vem pra transar – cruzei os ombros. -Diga, Quinn, quanto tempo faz que não jantamos juntas? Ou que apenas assistimos filmes?


—Tá desculpa, se eu não consigo mais só assistir filme do seu lado. —Quinn bufou.


—Não se trata do filme. Trata da nossa relação.


—Que relação, Rachel? —gritou e aquilo me assustou um pouco. —Eu nunca disse que queria ter qualquer tipo de relacionamento com você.


—Relação de amigas, Quinn —As lagrimas escorreram dos meus olhos e tentei limpar rapidamente para que não visse.


Aquela era a Quinn babaca da escola. Que magoava as pessoas para esconder seus sentimentos. Ela sempre aparecia nas discussões e por isso que eu evitava brigar com ela.


Porque eu odiava essa Quinn, e mesmo odiando confessar, tinha uma parte que sentia medo da destruição que ela poderia me causar com suas palavras.


—Mas pelo visto não temos nada a discutir mesmo —Levantei. —Nem mesmo temos qualquer relação pra salvar.


Corri pro banheiro, como uma covarde, e me tranquei lá.


Como sou idiota. Antes do beijo eu já queria Quinn, só que nunca tentaria nada porque não queria que ela me tratasse como tratou as conquistas da vida dela. Depois que ela perdia o interesse nem mesmo lembrava dos nomes das mulheres com quem ficou.


Achei que seria diferente porque éramos amigas. E de uma certa perspectiva eu era diferente. Porque fui tonta o suficiente para aguentar mais tempo que elas.


—Rachel, abre a porta, por favor —Quinn tentou girar a maçaneta.


—Vá embora, Quinn. Vá procurar a próxima idiota e me deixa em paz.


—Você não é mais uma, Rachel Berry. Eu nunca quis que pensasse isso. Você é mais especial que qualquer uma. É minha amiga. Minha melhor amiga.


—Bela amizade que você oferece hein, Fabray?! —Soquei a porta. —Daqui a pouco vai voltar a me bater como antigamente.


A resposta não veio como eu esperava. Aquilo foi pesado e eu sei que falar do tapa era o calcanhar de Aquiles de Quinn. Eu já tinha a perdoado faz muito tempo, e repetido isso pra ela cem vezes. Ainda sim Quinn não se perdoava.


E eu usava isso contra ela sempre que podia.


Talvez não era só ela que de feria afinal.


Abri a porta lentamente e encontrei uma Quinn encostada na parede. Ela não emitia nenhum barulho mas lagrimas molhavam seu rosto. Sua voz estava emaranhada quando me olhou e disse:


—Você sabe que eu não sou mais aquela Quinn.


—Eu sei — sussurrei.


Fiquei de frente a ela na parede. Por um tempo, apenas olhamos uma pra outra.


—Falo sério quando digo que você é a ultima pessoa do mundo que quero magoar, Rachel. —Quinn agarrou os cabelos, desesperada. -Porra, eu estrago tudo nessa vida. Não queria jogar nenhuma merda pra cima de você.


—Eu sei —já não suportando vê-la assim fui para os braços dela e a apertei em um abraço.


Eu a amava demais para vê-la magoada, ela me amava demais para não querer magoa-la. E ainda sim nosso envolvimento físico atrapalhava o objetivo das duas de fazer a outra feliz.


—Acho melhor então acabarmos com o que quer que temos -sussurrei em seu ouvido. Senti Quinn enrijecer. —Seremos apenas amigas, então. Assim é mais fácil.


Quinn inverteu nossas posições e eu fiquei encurralada na parede. Não esperava quando senti sua boca invadindo a minha. Logo me entreguei também ao beijo e entrelacei minhas pernas no seu corpo, enquanto duas mãos me erguiam pelas minhas nádegas.


—Eu não consigo, desculpa —pediu beijando meu colo. — Não consigo ficar sem você.


—Então me tenha. Me tenha essa noite, Quinn.


Sem preliminares e contra a parede, Quinn afastou o tecido do meu shorts, deixando minha vagina pronta para ser penetrada. Ela me ofereceu seus dedos e eu os engoli, lubrificando-os.


Com um sorriso pervertido e estranhamente hábil em me manter erguida, Quinn me penetrou com os três dedos de uma vez. Me agarrei a ela. A cada estocada eu gemia mais alto em seu ouvido e isso a deixava mais voraz.


Mordidas foram distribuídas em meu pescoço e aposto que encontraria um chupão pela manhã. Isso não importava naquele momento.


—Rachel, eu... —antes que continuasse tomei sua boca com um beijo.


—Não me dá desculpas, não fala nada. Só...


—Continua te fodendo até gozar? —perguntou sorrindo.


—Isso —retribui o sorriso.


Eu enfrentaria meu coração quebrado naquela semana. Encararia o arrependimento por um mês. Choraria por Quinn talvez a vida toda.


Ainda sim, valia a pena. Ela valia a pena. Porque eu preferia ter fragmentos dela do que não ter nada.


Ela mordeu meu queixo e senti que meu orgasmo estava chegando.


—Eu te amo, Rachel. Lembra disso. Eu te amo.


Meu coração apertou tanto que senti que quase não iria respirar. Será? Ela finalmente estava confessando o que sentia? Será que finalmente eu poderia confessar o que sentia?


Até que uma vozinha sussurrou na mente:


Não se engana não, queridinha. Ela está bêbada. Ela só te quer quando está bêbada e isso nunca vai mudar.


Droga. Era verdade. Ela nunca falaria isso senão estivesse bêbada.


Mas então... Por que ela só me quer quando está bêbada?



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Autor(a): blacksweetheart

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