Fanfic: O filho de Zatanna | Tema: Liga da Justiça

    Uma tempestade agressiva caía do lado de fora do grande palácio das esmeraldas, a casa real de uma das doze famílias do mundo de cristal, terra banhada por um grande e radiante mar que cercava todas as regiões continentais de uma das mais belas dimensões místicas. Zee estava lá fazia 10 meses, nessa época ainda era uma moça jovem, um tanto sonhadora, buscando encontrar seu pai desaparecido. Mas Zee não era mais ingênua, já tinha descoberto seus poderes, a história de sua descendência, e já estava sob a companhia de um dos mais celebres ocultistas do mundo, John Constantine, sua grande paixão. Depois de todo o sofrimento e cansaço ocasionado pela sua primeira grande batalha contra Allura, a entidade que aprisionou seu pai, John a convenceu a dar um tempo do seu mundo, para pensar e se autoconhecer melhor, prometendo leva-la para conhecer o belo mundo de cristal, uma terra até então pacífica, cinco anos antes do golpe do tirano Opala Negra.

- A bolsa dela estouro! – disse uma das servas da casa das esmeraldas, as pressas, no corredor do palácio, indo na direção de John.

- Ajudem ela com o que for necessário! – Respondeu Constantine, olhando pela janela, com muita preocupação – É normal chover forte no mundo de cristal?

- Não senhor, as leis físicas são diferentes aqui, mesmo assim, ainda é possível.

    John estava com um semblante preocupado, estava tendo um péssimo pressentimento. Em dos quartos do grande palácio das esmeraldas, Zee estava cercada de empregadas especialistas com partos, lá ela tinha tudo que precisava, não lhe faltava nada, de acessórios para um parto seguro até amor, carinho e torcida de quem estava ao redor, pelo filho que estava prestes a nascer, tudo estava indo bem, aquela noite seria uma das noites mais felizes de Zee, depois de tanto sofrimento, a esperança iria brotar em seu coração, ela daria luz a uma criança. Tudo estava muito bem encaminhado, mas o final, como sentia John, não foi feliz.

    De repente, deu para ouvir, em baixo do castelo, no vilarejo da tribo das esmeraldas, um grande tumulto, pessoas gritando, chorando, um soldado abriu de uma vez as grandes e pesadas portas de entrada do grande palácio, deixando o barulho da chuva tomar de conta do primeiro salão, até as portas fecharem atrás de si, ele gritou no corredor.

- John! Temos um problema sério!

- O que está acontecendo na vila?

- Estão dizendo... Que uma bruxa, que está aqui nessa dimensão, está dando à luz.

    John deu um soco forte no rosto do soldado.

- Tá chamando a Zee de bruxa? Ela é uma convidada real desse palácio!

- Perdão, não estou falando dela – corrigiu o soldado – dizem que é filho de um ser chamado Trigon.

- Tá de sacanagem! – Os olhos de John arregalaram, as pupilas dilataram – Não! Não! Justo nessa noite! Justo hoje! Aquele patife inventa de atacar o mundo de cristal!

- Estamos sob ataque senhor?

- Trigon, o devorador de mundos, usa seus filhos como portais para atravessar dimensões e destruir elas, não acontece nada de bom no nascimento dos filhos dele. Chamem todos os soldados e magos que nós temos e cerquem essa mulher que está tendo um filho dele, não deixem Trigon invadir esse mundo, acreditem, ele vai tentar, vão! Eu não vou abandonar a Zee, não essa noite.

    A tensão tomou de conta do palácio, o filho de Trigon nascia exatamente ao mesmo tempo em que o filho de Zee nascia. Naquela noite, destruição, tirania, dor e sofrimento, cairia sobre a casa das esmeraldas, Jared, a materialização do ódio, nascia. Todos os que nasceram naquela noite, no mundo de cristal, nasceram mortos, o que causou uma grande comoção que varou a madrugada, incêndios ocorreram, acidentes, o caos tomou conta do mundo de cristal. Um portal se abriu, um esquadrão de criaturas maléficas adentrou saqueando o palácio das esmeraldas, John se pões na porta do quarto de Zee, do lado de fora, ele derrubou cada uma das criaturas, se pões como um guarda fiel, protegendo o quarto ao qual Zee estava, mas não adiantou, seu filho, ao sair de seu ventre, não chorou, não reagiu, estava morto, sem batimentos, deu para ouvir os gritos de desespero da Zee ecoarem por todo o palácio, seu choro, seu pranto, estava inconsolável, o abraço apertado de John não fazia muita diferença, nada importava ali, deveria ser a noite mais feliz da vida de Zee, mas foi uma das piores, abandonada em suas velhas memórias, ela costumava ter pesadelos com essa memória, reviver esse momento traumático, mas resolveu esquece-lo, e jamais contar o ocorrido para outras pessoas, essas lembranças, causavam uma dor insuportável, e um aperto muito forte em seu coração, ela só queria esquecer o que aconteceu naquela noite.

    Mas... Zee estava completamente enganada, a alma daqueles que morrem durante os ataques de Trigon, vão para uma prisão interdimensional, uma espécie de inferno, um lugar assombrado, terrível, onde Trigon escravizava e torturava suas almas por toda a eternidade. Um inferno, um campo de concentração do império de Trigon, lugar sem alegrias, sem prazeres, apenas sofrimento e dores eternas. O filho de Zee foi parar lá, cresceu lá, banhado de ódio e sofrimento, não conheceu alegria, não conheceu nada de bom, e lá ele cresceu, mas... ele era diferente de todos os outros que eram escravizados dia e noite por Trigon, ele era curioso, não demorou para perceber que algo diferente corria em suas veias, a magia primal, a magia pura, em sua essência, o sangue dos ancestrais de Sindella percorria em suas veias, e com suas próprias mãos, ergueu a bandeira dos Homo Magi no meio da prisão de Trigon, o desafiando, e com suas próprias mãos, escapou de lá, prometendo a todas as almas que ali estavam, que um dia voltaria, e transformaria o império de Trigon em pó, e pela primeira vez, na história do mundo místico, as colunas do inferno de Trigon tremeram, aquela forte criança, deixou para trás esperança, coisa que jamais aquele lugar teve.

    Livre daquele lugar de dores, iniciou uma jornada de alto conhecimento, e descobriu quem era, e quem eram seus ancestrais, foi até o palácio das esmeraldas, onde nasceu, lá, foi educado por uma simpática senhora, que o ensinou, mostrou a ele as coisas boas da vida, lá ele se enturmando espertamente, o mundo de cristal, conheceu a todos ali, inclusive a heroína ametista, mas mantendo em segredo seu verdadeiro passado, surpreendeu a todos, vestindo o manto das esmeraldas, marchando rumo a uma cruzada contra Trigon.

    Naquela noite, nasceram duas crianças, uma, filho do devorador de almas, a outra, precisou ainda lutar para sobreviver, mas o que Zee menos esperava, é que essas duas crianças, que nasceram ao mesmo tempo, estavam destinadas a serem grandes inimigas, trocando grandes confrontos ao longo da história.

    Zee tinha pesadelos de vez em quando com a aquela horrível noite, mas depois do Batman ter desmascarado o seu segredo, os pesadelos voltaram com maior intensidade, ela acordou mais uma vez no meio da noite, caminhou devagar até a biblioteca da grande ShadowCrest, sentou em uma das cadeiras, se protegendo do frio com um velho cardigan, sentiu uma mão pesada em seu ombro, seu velho amigo, Bruce Wayne, também tinha levantado da cama.

- Me desculpe Zee, por mais cedo, mas... precisávamos de respostas.

- O Batman pede desculpas? Essa é nova.

- O Bruce Wayne pede as vezes – Sorriu Bruce, falando de si mesmo.

- Não existe a menor possibilidade de ser o meu filho, é só mais um mago jovem metido a valentão.

- Tem certeza disso Zee?

- Eu ainda lembro do peso daquela criança em meus braços, aquele corpo sem vida, a dor em meu coração.

- O túmulo de sua mãe ascendeu, alguém supostamente entro aqui, e sabemos que ninguém entra aqui, tem um mago por aí que pode parar o tempo, controlar os astros, e fazer grandes dores de cabeça, telepatia. Você realmente não faz a mínima idéia?

- Não faz idéia de como eu quero saber quem é, para acabar logo com isso. Mas... ele quer acabar com Trigon, deve ter boas intenções, além do mais, não tem como ser o meu filho, se não teria que falar como eu de trás para frente quando tivesse que conjurar feitiços.

- Sendo suas intenções boas ou más, precisamos saber quem ele é, não sabemos qual a sua história, não sabemos se ele pode se virar contra nós ou o nosso mundo em algum momento por algum motivo.

- Ele vestiu o manto das esmeraldas, será que a ametista o conhece?

- Billy foi com o John até o mundo de cristal, fazer perguntas sobre ele, e saber porque ele entregou aquela pedra para Ravena.

    De repente, um portal se abriu onde estavam conversando.

- Quem tá chegando?

- Deve ser o John.

    John e Billy pularam para fora do portal, Billy anunciou.

- Galera, temos um problema.

- O que aconteceu? – Questionou Bruce. 

- O mundo de cristal, sumiu – respondeu John.

- Como assim sumiu? – Perguntou Zee.

- Por algum motivo, nenhum portal está se abrindo para lá, eu tentei rastrear com a minha magia a localização do mundo de cristão entre as dimensões, e ele não existe.

- O que? – Zee ficou intrigada.

- É como se não existisse mais, está muito bem camuflada no espaço interdimensional, como estivesse fechado, selado, ninguém entra, ninguém nem encontra.

- Ainda não entendi direito – comentou Bruce.

- É como criptografia – explicou Billy – a galera não criptografa algo para esconder, como uma senha? Pois é, é como criptografia mágica, o mundo de cristal está se escondendo por algum motivo.

- Mas isso é impossível de fazer, a não ser que você tenha... – Zee foi interrompida por um outro portal que se abriu na biblioteca de ShadowCrest, todos se armaram na expectativa de alguém sair.

- Pensei que só eu entrava aqui assim – comentou Constantine.

- Não é hora pra ser metido John – cortou Zee.

- Quem será dessa vez? – Bruce estava apreensivo.

Uma figura linda e alegre saiu do portal, a doce e gentil Ametista, princesa do mundo de cristal, amiga da liga da justiça, estava com um semblante preocupado.

- Preciso da ajuda de vocês, estamos nos escondendo, Trigon pode nos atacar a qualquer momento.

- Como conseguiram camuflar toda uma dimensão? – Perguntou John, intrigado.

- Um amigo nosso, da casa das esmeraldas, está nos defendendo na linha de frente.

- O guardião do manto das esmeraldas – disse Zee – é sobre ele que queríamos conversar com você, ele esteve na torre dos Titans quando Jared atacou Ravena, quem ele é?

- Um amigo, ele não é da casa das esmeraldas, ele diz ter crescido em Azarath, é um mago muito super dotado, surpreende a todos onde vai.

- Isso não explica como ele camuflou uma dimensão inteira – insistiu John.

- Foi ele, ele fez isso para nos proteger de Trigon, ele está liderando nossas defesas.

- Ele é confiável? – Perguntou Bruce.

- Super confiável! – afirmou seguramente Ametista – pra ter magia suficiente para camuflar o mundo de cristal, ele dever ser um...

- Portador de magia primal – interrompeu Zee – mas todos já estão mortos, morreram antes mesmo de minha mãe nascer.

- Aquele garoto parece bem vivo – respondeu Bruce.

- Não temos tempo – continuou Ametista – Trigon quer a pedra da Esmeralda, é um artefato poderoso, capaz de sintetizar magia primal.

- Afinal de contas o que é magia primal? – Perguntou Bruce.

- Magia em sua essência – explicou Zee – A magia pura, da alvorada do universo, seus portadores não precisavam de nada para conjurar feitiços, nem totens, nem palavras, fazia parte deles, estava vinculada a alma deles, uma magia que não pedia nada em troca, muito poderosa, porém, poucos tiveram o privilegio de experimentar tal poder, algumas lendas diziam que era transmitida através de gerações, como genética, minha mãe Sindella, pertencia a linha de um dos primeiros magos, mas a magia primal nunca se expressou em mim, mas seu grande poder e intensidade sim, mas sempre precisei conjurar feitiços falando de trás para frente, como meu pai me ensinou.

- Quer dizer que o tal mago misterioso é da linhagem dos primeiros magos? – Perguntou Billy – Será que não é um Homo Magi também?

- Foi a minha primeira suspeita – Respondeu John – Já a minha segunda...

- É qual? – Questionou Billy.

- É que é o seu filho Zee. Os poderes dele fariam todo o sentido, partindo da idéia de que o sangue dos ancestrais de Sindella percorrer suas veias.

- Ele morreu John, ele morreu, assim como todas as crianças que nasceram naquele dia, eu não tenho outro filho, deveria ser ele.

- Porque Trigon quer essa pedra de Esmeralda? – Questionou Bruce.

- Porque ela é um artefato de magia primal, com ela, ele teria chance contra o guardião do manto das esmeraldas, dessa forma, ele se livraria dele, e entraria no mundo de cristal para destruí-lo – explicou Ametista.

- Então o nosso mago misterioso deu para Ravena, porque Trigon não é doido de querer tomar dela – conclui John.

- Na verdade ele é doido sim, ele só não é burro, ele sabe que Ravena já não é mais tão fraca como da última que ele tentou usa-la – disse Billy.

- O que faremos? – Perguntou Zatanna.

- Vamos chamar o tal mago misterioso, se ele realmente está interessado em derrotar Trigon, vamos traçar um plano junto com ele – Determinou Bruce – Vou reunir a liga, tem certeza que ele não é seu filho Zee?

- PAREM DE UMA VEZ POR TODAS DE PERGUNTAR SE ELE É O MEU FILHO! – Zee bradou na sala, abaixou a cabeça e suspirou – Quem dera que fosse, quem dera que eu tivesse um filho, quem dera ensina-lo assim como o meu pai me ensinou, a magia, honrado sua memória, minha vida seria outra, mas não foi assim, eu passei a minha vida toda, fugindo de cada desastre que tendia a acontecer comigo, a única coisa que eu quero agora é transmitir paz e alegria para as pessoas. – Zee terminou de falar e saiu da biblioteca.

- Eu ainda não engoli essa história – Comentou John.

- Eu também não – completou Bruce.

- Uma vez... a muito tempo atrás – continuou John – eu li uma história em um livro, o diário de um membro do conselho dos magos, escrito por um dos anciãos, ele contava histórias, difíceis de se acreditar, lendas dos mundos místicos, tinha uma no livro, sobre a prisão de Trigon, onde ele escravizada as almas dos que morriam em seus ataques, ninguém nunca, jamais, em nenhum momento da história, conseguiu escapar de lá, mas no diário desse ancião, ele afirmou ter conversando com uma alma que estava presa lá, e de acordo com ela, uma criança escapou de lá, fugiu daquele inferno, zombando e desafiando o império de Trigon.