Fanfic: Sakurayu | Tema: Sekaiichi Hatsukoi

Estável. Se lhe dissessem para descrever seu atual estilo de vida em uma palavra essa seria a palavra que Takano Masamune escolheria naquele momento. Sua profissão dificilmente seria vista desta forma por outras pessoas, sendo o editor chefe de uma revista com periodicidade de vinte dias era como viver em uma montanha russa, mas Takano era apaixonado pela profissão que havia escolhido, era emocionante e a satisfação de um trabalho bem feito no final do ciclo era recompensadora.

Seu estilo de vida já havia passado por várias fases. Como havia visto em um filme estrangeiro, eram os momentos de impacto na vida de uma pessoa que a definiam como ela é. Ele havia sido um garoto apático na infância, cada vez que suas expectativas com seus pais eram frustradas, ele mesmo tentava negar o impacto que sofria. As feridas causadas por esses momentos receberam um breve alívio quando encontrou seu primeiro amor, ao perceber que até ele poderia ser amado de forma pura, despretensiosa e também a retribuir esse amor. Aprendeu a ter um namorado e ser o namorado de alguém, a ser romântico e a fazer planos para o futuro. Depois veio a fase mais difícil, os impactos vieram em ondas e varreram sua vida. Foi abandonado por seu namorado, por seu pai e por sua mãe. Ainda descobriu que seu pai não era realmente seu pai, nem que seu namorado era realmente seu namorado, mas o noivo de outra pessoa.

Nesses dias de escuridão o que ele mais temia era a solidão, e para fugir da solidão convidava para sua cama qualquer um que quisesse dormir como ele, até o dia em que levou para sua cama até seu único amigo, que em uma tentativa desesperada de resgatá-lo, faria qualquer coisa para juntar seus pedaços. Esse também foi um momento de impacto, quando percebeu que seu ato egoísta em algum momento acabaria machucando a única pessoa que se importava como ele, pois ele sempre soube que Yokozawa Takafumi não era o tipo de pessoa que dormiria com alguém sem que isso significasse nada. Foi com o apoio dos ombros de Yokozawa que Takano se levantou, talvez tenha sobrecarregado o amigo, talvez tenha sido insensível ao depender tanto daquela mão que lhe havia sido estendida.

E agora, depois de tudo o que tinha passado, ele finalmente tinha estabilidade. Ir para o trabalho todos os dias, ele era bom e dedicado ao que fazia. Cuidava dos serviços domésticos e fazia sua própria comida, saía com Yokozawa e visitava Sorata, o gato que havia perdido o direito de chamar de seu quando estava perdido demais para cuidar até de si mesmo.

No passado, sonhou com os dias felizes que vivera, a imensa alegria durante o sonho em acreditar que acordara de um pesadelo era pequeno se comparada à dor ao acordar do sonho e voltar para o pesadelo. Agora, ele raramente tinha esses sonhos, em alguns deles encontrava Ritsu perdido entre as estantes de livros da biblioteca, enquanto lia algo que tinha nas mãos para vê-lo sorrir como fazia e chamá-lo de “senpai”. Por maior que fosse a alegria encontrada dentro do sonho, um sonho era apenas um sonho, efêmero. A realidade durava uma eternidade, e Takano não fugiria mais dela, mesmo que não pudesse mudá-la para a forma que desejava. Sua realidade era sua vida estável, sem grandes perdas e sem grandes ganhos. Apenas estável.