Fanfic: Criminal Holmes (+16, +18) | Tema: Romance, Policial, Drama, Suspense

Case 03         Criminal Profile

C.I.F.D 

ÚLTIMO NOME : Collins 

PRIMEIRO NOME : Samantha

A cautela furtiva sobre as escadas do sótão era a reação primordial. Imprescindível, a laterna fulgurou em baixo da escada, a localização suspeita da caixa de madeira. Impossível de haver o abrimento, a utilidade de uma ferramenta possibilitou um resquício de brecha. O trabalho seguiu com o apoio das mãos sobre a tampa. A carniça vaporizando não afugentou o tratador da descoberta. Arrumado em pares os quatro baldes brancos carregando o líquido carmesim de onde se tiraria a refeição de carne humana de preferência de um abutre. 

Lennon 

Era a segunda vez que eu estendia o oxigênio do meu diafragma. A máscara já não fazia uma boa serventia para o meu trabalho minucioso nos achados do quebra cabeça humano. Rui permaneceu com as anotações, as minhas últimas evidenciações foram do antebraço e o ajuntamento dos pedaços moídos para a reconstituição de um tarso. Eu já não sentia aflição de mergulhar as minhas mãos no líquido ascoso, minha alma não sofria em sangue frio e podre. As cócegas do deslize na minha testa foram interrompidas por Heaven, enrolando meus fios num coque samurai.

Do lado de fora da casa, retornei a respiração manual. Enxerguei Aidan em supervisão no tronco estirado ainda socorrendo a ânsia de Simon. Eu me aproximei no exato momento de outra regurgitação amarelada.

- É assim que você pretende ser um perito? - Reparei Aidan adiantar uma garrafa de água.

- Eu não sabia que eu precisaria ver uma anatomia profunda. - A língua dele peneirou os resíduos para fora de alguma coisa da refeição dele. 

- Deu pra você fazer um bom trabalho?- Aidan equilibrou o pé no tronco. 

- Nada de putrefação. Acho que a ausência de insetos foi favorecimento da última semana de frio da primavera. Não faz muito tempo que fizeram o esquartejamento. Estão recolhendo os baldes para a análise das digitais, que a pele ainda está intacta.

Nenhum galho encobria o sol resplandecente de Nova Belgrado. No meio da floresta, a casa com andar de madeira estava perdida em rastros circundos de terra. Com o rio inerte em frente completava o sinônimo de natureza morta. Ronald tinha rodeado a casa para enxotar a fumaça do cigarro. 

- Estou começando a me preocupar com as mulheres. A nossa espécie já tem fêmeos demais, estou com medo de virar um algum dia. 

- Não será o cigarro que matará ele. - Kalel continuava com o sorriso de manequim de seis anos atrás. 

- Está encarregado dos primeiros socorros? - Talvez, Ronald tivesse um problema sério com a alma de Aidan.

- Não despreze tanto assim o trabalho dele, ele pega o ritmo de qualquer coisa facilmente e até mais ocupado com a nova amizade virtual. 

- Como é isso? - Ronald desengonçou um ruído estranho na garganta com a inalação do fumo.

- Não é bem uma amizade, ela fala e eu respondo. - Momento oportuno para ele se desestabilizar.

- Ninguém vive só de fala e de respostas. - Findei a roçada dos meus dedos nos lábios.

- Eu tenho as amizades certas. - A batida positiva nas mãos de Ronald, adiantou que ele seria mais zombador. - Considerando que Kalel ainda não saí da casa da mãe e o Lennon que está arriscado a ter tendinite é o trio da pouca transa.

Aidan teve um lampejo de inocência. O maneio lascivo de uma das mãos de Ronald foi a forma mais clara para o entendimento dele. Tudo foi transportado para o departamento, eu autorizei o despacho de Heaven para o laboratório. Ela não se desprendia mais do jaleco. O período de Aidan se protagonizou no pavilhão de papiloscopia e Simon, eu não tive mais preocupação quando a intenção dele era contribuir em uma refeição no intervalo. Pairando nas instalações do departamento a minha alma ainda não abrandava as suspeitas da mudança de Julie.

- A nova fase de boa mulher é o que me assusta mais. A minha infelicidade é que ela não saía mais de lá. 

- Uma maneira para que ela se apresse é ter uma vassoura virada para cima atrás da porta. - Eu visualizei mentalmente o retrocesso que deformou a minha face. - No Brasil, se usa essa crença de que adianta a saída da visita. 

- De onde é que vocês tiram tanta bizarrice? - Meus olhos desapareceram com o encarquilhamento do meu nariz.

- Dos nossos avós? - A falta de conhecimento manifestou na erguida dos ombros. - Não dá pra esconder. Eu tenho um primo que mora no Brasil. 

- Por que você só menciona a minoria? Metade da sua família é do Brasil. - A transição da recepção espelhada e térrea se encontrava em superlotação.

- Não é todo mundo que eu me dou bem. 

- É por isso que você não se dá bem com o Simon? Não tenta esconder, ele tem a mesma formação que a sua e uma cabeça muito melhor. - Acionei o transporte do elevador.

- Eu vou adiantar o meu crescimento pra você pegar ele no colo e amamentar. - Esperamos o torrente de pessoas evacuar. 

Meu isolamento foi silencioso no pronto atendimento. Eu precisava encarar o complemento da ligação com coragem. Frio e apressado, eu faria o impossível para encerrar com a voz dela. 

- Não tenho muito tempo, só me passe notícias rápidas do Jens. 

- Eu me lembro que é o horário do seu intervalo. 

- Mas eu continuo trabalhando numa perícia. 

Enjoado e febril, praticamente nada melhorou desde que saí. Esperei os últimos minutos para retornar a rotina. Creio que no final das quatorze horas se completou o horário da perícia. Aidan me entregou o registro do banco de dados. Eu dividi a identificação com Ronald. A identidade registrada de Samantha. Praticamente, Kalel prosseguia na investigação do ex marido, Ian. Estava abandonado a duas semanas, segundo o depoimento inicial, Samantha decidiu se retirar de casa até mesmo sem o filho, tudo feito pelo impulso de uma discussão. Sendo notificado a cinco dias pela irmã de Samantha do seu desaparecimento. Assim foi o apurado para toda a investigação do dia. 

Não tive muita maestria em abrir a geladeira. Tive muitas suspeitas de que Julie me espionou recolhendo uma lata de cerveja.

- Não vai subir com isso para o quarto do Jens. - A faca para o descasque da laranja foi a primeira coisa que se direcionou para mim. 

- Estou subindo para a varanda e só me chama se ele estiver morrendo. 

A corrente de ar confundia muito com a ventania de uma maresia. Transferindo os meus pés para a grade de ferro, os nós da tornozeleira trançada não paravam de sacudir. O estado da letargia desencadeou rapidamente em mim e as pisadas na escada estavam muito longe de um sonho. 

- Aproveitando que a farmácia pode ainda estar aberta, você poderia comprar um xarope para o Jens. Apenas se estive com condições para sair. 

- Por que não me avisou para comprar antes?

- Porquê eu não sabia que ele começaria a tossir. Achei que estava vomitando. Desliguei o ar condicionado. 

Na outra rua esquerda, a recepção mais brilhante era da drogaria. Minha intenção foi imediata nas prateleiras. Afundei a carteira na bermuda sem averiguar a segurança do bolso largo. 

A apatia perpetuava com a movimentação da estrada. Sobressaiu na curvatura a ventania acelerada e a desordem embaraçando o rosto. As distorções inertes como adesivos presos em seus olhos, impossibilitou a precaução. Na reviravolta de um redemoinho agressivo arremassou os destroços de um capote. Na estagnada do chão desaparecia as distorções inertes, inanimado diante das mãos ajudadoras, nenhuma resistência contra o feixe de luz da lanterna. Na avaliação adiante dos olhos anisocóricos, já não se percebia consciência.