Fanfic: O Duque e Eu - Evansson - 3° Temporada | Tema: Scarlett Johansson, Chris Evans, Evansson
15 de abril de 1816
Somerset, Inglaterra
Christopher e Scarlett
Ao chegarem em casa, Christopher notou que o ambiente estava praticamente vazio. Provavelmente Jeremy tinha pedido para que todos se retirassem, como estava indo muito mais rápido, acabou chegando alguns minutos antes que o casal. Daquela forma seria melhor, ela poderia se limpar, comer e descansar um pouco sem que todos ficassem em cima.
— Um banho e comer primeiro — Evans sugeriu, a guiando para o quarto deles.
— Uhum — Se deixando levar por ele, Scarlett só queria ir para cama e chorar pelas próximas horas.
No quarto, uma banheira de água quente a esperava. Com a ajuda de Christopher, ela se despiu e entrou na água.
— Vou à cozinha e já volto — A deixando sozinha no quarto, Evans fechou a porta para dar privacidade enquanto ela tomava banho.
Sozinha no quarto, Scarlett deixou que as lágrimas saíssem mais livremente. Nem quando achou que tinha perdido Simon a dor tinha sido tão grande. Ainda não sabia o que era ter um bebê em seus braços, vê-lo crescer e amar aquela coisinha fofa.
Perder aquele bebê sabendo como poderia ser criá-lo, causava uma dor dilacerante em seu peito. E era ainda pior saber que teria de passar pelo parto e não ouviria o choro ao final, que não seguraria o bebê em seus braços e o anunciaria para o mundo.
Terminado o banho, Scarlett se secou e se enfiou no hobby felpudo e fofinho que, muito provavelmente, Anne tinha deixado na poltrona, junto com um de seus vestidos e roupas de baixo. As coisas que costumava usar diariamente em sua rotina estavam dispostas sobre a penteadeira como sempre deixava, assim ela fez o que costumava fazer após o banho, passando o creme no corpo, escovando os cabelos e os prendendo em uma trança, colocando os anéis e trocando o colar que Christopher havia lhe dado em seu aniversário com as iniciais dos filhos, ela colocou uma correntinha de rubis.
Se olhando no espelho ela esperava sentir alguma coisa além da melancolia ao ver seu reflexo.
— Trouxe comida — Christopher entrava no quarto com uma bandeja cheia de coisas, dentre elas tinham empanadas e peixe com fritas — Consegui convencer a Berta a colocar o Trifle do jantar para você — Mostrando a travessa pequena com a sobremesa de pão de ló, creme, gelatina e morango.
— Parece delicioso — Forçando um sorriso, ela foi até ele, passando o dedo no chantilly que cobria o doce. — Chamou o Doutor Stephen?!
Antes de entrarem em casa ela já havia pedido para que ele chamasse o senhor para examiná-la. Stephan era a o último resquício de esperança para saber se poderia continuar a bordar as peças do enxoval para o bebê.
— Basset foi chamá-lo, logo ele estará aqui — Colocando a bandeja em cima da mesa de cabeceira, ele esperava que Scarlett se sentasse para comer o que tinha trazido. — Ele fez algo com você? — A ajudando a se deitar.
— Não exatamente — Respondeu um pouco cautelosa. Christopher não era violento, mesmo quando estava nervoso ele era comedido. Porém, a forma como ele encarava Romain, como havia pedido que o irmão o colocasse em um quarto fechado… a fez ter certeza que ele não seria tão comedido ao tratá-lo e o que ela dissesse poderia agravar a situação.
— Não exatamente? — Repetiu, fixando o olhar no dela.
— Ele tentou me beijar algumas vezes. — Entregou, sentindo o estômago revirar ao se lembrar do toque de Romain em sua pele. — Mas acho que ele não fez mais do que isso pelo bebê. — Completou com um pouco de dificuldade.
Christopher assentiu, se sentando ao lado dela na cama. Deixando o assunto Romain para outra hora, ele se concentrou em Scarlett.
Não sabia se era algum tipo de punição divina, mas quando estavam bem, algo sempre acontecia para acabar com a harmonia que tinham em suas vidas.
— Os meninos? — Sentindo falta dos barulhos de Simon e Scott, além de estar com saudades dos pestinhas.
— Hayley os levou para um passeio — Informou, acariciando a mão dela com o polegar — E esse bebê? Estava com saudades das conversas de madrugada.
O brilho no rosto de Christopher foi o que faltava para a loura voltar a desabar, as lágrimas escorrendo silenciosamente pelo rosto ao sentir o toque dele em sua barriga, sabendo que a resposta não viria.
As memórias das falas dele sobre como eram as perdas com Emily, como ele se sentia após cada aborto e imaginava como ele se sentiria ao contar que o bebê já não estava mais entre eles, que seria ainda mais doloroso.
— Senti saudades de você, neném — "Conversando" com o bebê, Evans se inclinou na barriga a beijando.
— Christopher…e-eu… — Organizar as palavras estava mais difícil, a garganta parecendo fechar a cada segundo
— O que foi? — Assustado ao erguer o rosto e vê-la as lágrimas, Christopher segurou o rosto dela entre as mãos. — Te machuquei? — Scarlett negou ainda chorando, mas de alívio. — O que foi, então?
— O bebê não se mexeu o dia todo e e-eu… — Um soluço escapou, enquanto ela tentava continuar. Entendendo a angústia dela, Evans se ajeitou na cama a envolvendo em seus braços.
— Shhh, tá tudo bem. Vai ficar tudo bem, meu amor — Garantiu, a ninando, querendo guardá-la dentro de seu peito. O coração se despedaçando a cada segundo que entendia o que aquilo significava. As lágrimas dele molhando os cabelos dela, assim como as dela lhe molhavam a roupa. — Por isso que você pediu para chamar o Doutor? — A loura assentiu, ainda chorando.
Romain e Jeremy
— Vai me deixar aqui de verdade? — Chegando a casa, Jeremy deu algumas instruções para os empregados, para que não se agitassem com a chegada de Scarlett e seguiu seu caminho com Romain para o tal quarto.
De fato, era um quarto totalmente fechado. Provavelmente para guardar coisas que não teriam mais uso ou coisa do tipo. Naquele momento, tinha apenas alguns móveis de um quarto comum.
— O que acha? — Rebateu, soltando ad amarras. — Isso aqui até que está confortável, cama, escrivaninha… — Enumerou, olhando o quarto. — Espero que aproveite porque a cadeia de Somerset não é tão confortável. Isso é se você não for para a forca.
— Será? — Duvidou com um sorriso convencido. — Legalmente ela é minha esposa.
— Legalmente ela é viúva — Corrigiu, retribuindo o sorriso.
— Acho que qualquer médico atesta que eu estou vivo.
— Não por muito tempo. — Replicou.
— Acha que a Vossa Graça vai me matar? — Indagou divertido, fingindo uma expressão relaxada, enquanto se recostava no colchão.
— Eu gosto de pensar que não pelos meus sobrinhos e pela minha irmã. Porem, justamente por isso, eu acredito que sim, ele te mataria — Ponderou, gostando de ver o incômodo no olhar dele. — Por que voltou? Não podia simplesmente continuar com sua vida nos Estados Unidos?
— E deixar Christopher vivendo a vida boa com a minha esposa? Não obrigado.
— Ela deixou de ser sua esposa no momento em que você deixou Scarlett ir para os braços de Christopher — Disse categórico. — Mas acho que ela já tinha te dito isso.
— É claro.
— Você foi um idiota em não confrontar meu pai — Disse sério, o encarando com a cara fechada.
— O que queria que eu fizesse?
— Qualquer coisa que demonstrasse sua vontade de ter uma família com ela, de ser o marido que Scarlett esperava que você fosse. — Despejou, lançando um olhar reprovado ao ex-cunhado.
— Já tinha conversado com ele e a resposta foi bem categórica, bem clara — Respondeu sem muita vontade.
— O que seria mais claro do que os seus direitos de casamento? Você sendo o marido dela deveria ter dado a cartada final. — Opinou.
— Parece que não está tão feliz com o Duque na família. — Deduziu venenoso.
— Confesso que no começo Christopher não era a minha pessoa favorita — Revelou, deixando escapar um sorriso debochado. — Mas ele não é de todo ruim… — Continuou pensativo — Melhor que você com certeza.
— E o que faz o excelentíssimo duque ser melhor do que eu?
— Ele a ama. — Respondeu assertivo, sendo bem sincero. — De um jeito torto, do jeito Christopher de ser, mas ele a ama — Assegurou. — E ela teria te amado, caso você tivesse feito o mínimo por vocês.
Scarlett e Christopher
Os dois ficaram longos minutos em silêncio, apenas sentindo aquela dor que se alojava de forma lancinante no peito.
— Aí! — Scarlett praticamente gritou assustada, sentindo uma pontada na barriga.
— O que foi? — Assustado, ele a inspecionava, enquanto a própria Scarlett tentava entender o que acontecia. — Scarlett, o que você está sentindo?
— O bebê. Mexeu?! — Explicou sorrindo em meio às lágrimas, olhando a barriga, sentindo os movimentos tímidos.
— Mexeu?
— E-ele não tinha mexido o dia todo. E-eu achei que… que tinha perdido. — Afirmou, chorando de alívio. — O bebê costuma mexer assim que eu acordo e já tinha acontecido tanta coisa e nada dessa criança aparecer. — Contou, sentindo o alívio e a felicidade do toque ser correspondido. — Estava tão quietinho que… foi horrível pensar que ele ou ela não estava aqui, foi horrível te contar. — Voltando a se encaixar nos braços dele, ela deitou a cabeça em seu peito, ouvindo o coração bater.
— Já passou, meu amor. — Murmurou contra os cabelos dela. — Quando Stephen chegar, vai dizer que está tudo bem e é só esperar pela hora de vê-la.
— Ainda não sabemos se é menino ou menina — Provocou com um sorrisinho.
— Não estrague meu desejo — Pediu, se fazendo de pobre coitado.
— Querido, não se trata do seu desejo e sim do que irá acontecer. Pode ser que seja um terceiro menino — Ponderou.
— Você acha que é um menino?
— Não sei, sou péssima nisso. — Replicou frustrada, brincando com o botão da camisa dele. O bebê mexendo e se ajeitando na barriga a deixando mais calma. — Com Simon sempre achei que fosse uma menina e só acertei o de Scott porque tive os mesmos comportamentos da primeira gravidez. E você, teve algum palpite?
— Com Simon, não. Scott eu queria muito uma menina, mas no fundo eu sabia que seria um menino — Relatou, distraindo-se com a barriga dela, sentindo-se mais aliviado do que nunca por sentir o bebê. — Mas agora eu tenho certeza de que é uma menininha. — Assegurou. — Vamos comer antes que o Doutor chegue?
— Não estou com muita fome — Resmungou manhosa, se aconchegando ainda mais a ele, evitando que ele se afastasse.
— Mas está com fome. — Ressaltando a parte que lhe interessava, Christopher a ajeitou na cama, colocando a bandeja no colo dela — Coma pelo manos o peixe — Pediu, aproximando um garfo com um pouco de peixe da boca dela. — Vai, abre a boquinha… olha o trenzinho — Falando como eles costumavam incentivar os filhos para comer, ele brincava com o garfo à frente da boca dela.
Scarlett tentava não rir, enquanto aceitava a garfada do peixe empanado. A boca enchendo de água, ao sentir o sabor de algo que não fosse dos biscoitos amanteigados sem graças e o chá água. Aceitando as garfadas seguintes dos
Deixando que Christopher cuidasse dela, Scarlett comeu a maior parte do que ele tinha trazido, dividindo o triffle ao final.
— Para quem não estava com fome — Entregando a última colherada da sobremesa a ela, Christopher debochou satisfeito por vê-la comer tudo o que tinha sido oferecido. — Satisfeita? — Ela assentiu ainda mastigando, deixando que o corpo caísse satisfeita na cama. — E a mocinha aqui, continua agitada?
— Acho que esse bebê está com preguiça. Está mexendo bem pouquinho — Levando a mão dele junto a sua a um lugar específico da barriga.
— Ei, neném, o dia foi agitado, é? — Se aproximando da barriga dela, Christopher voltava a conversar com a barriga.
Sorrindo aliviada, a loura passou a acariciar os cabelos do Duque, enquanto ele conversava com o bebê. Estava em casa a apenas algumas horas, mas já estava se sentindo mil vezes melhor.
— Pois não? — Scarlett perguntou um pouco mais alto ao ouvir batidas na porta.
— O Doutor Stephen está aqui — Anunciou a pessoa do outro lado da porta que, pela voz, deveria ser Anne.
— Diga que pode subir. — Autorizou a loura, se arrumando na cama enquanto Christopher arrumava a pequena bagunça que tinham feito.
— Pode entrar — Christopher autorizou, ouvindo batidas na porta.
— Vossas Graças — O senhor de cabelos grisalhos entrou no quarto com sua típica maleta de couro. — Em que posso ser útil hoje?! Vejo que estão esperando o bebê número dois? — Sorrindo, ele seguiu para próximo da cama.
— Terceiro. — Evans respondeu envaidecido, fazendo Scarlett sorrir.
— Meus parabéns pelo bebê…
— Scott — completou Scarlett.
— Pelo Scott. — Repetiu, começando a organizar seus objetos de trabalho. — Em que posso ser útil hoje?
— O bebê ficou muito tempo sem mexer. Agora ele já mexeu, mas está um pouco preguiçoso — Disse a loura, colocando as mãos instintivamente na barriga.
— A senhora teve algum sangramento, desconforto ou incômodo? — Questionou a avaliando. Scarlett fez que não.
Um hábito que tinha vindo do pequeno susto com Simon é que ela sempre olhava os lençóis quando se levantava.
— Muito bem, se não há nenhum sangramento anormal, pode não ser tão grave. — Tirando alguns dos instrumentos da maleta, ele se aproximou com o estetoscópio, utilizando um longo tubo de papel laminado para canalizar o som do útero, ele procurava pontos em que poderia ouvir o coraçãozinho do bebê — Onde costuma mexer, Vossa Graça?
— Estava mexendo por aqui — Apontando um lado da barriga, Scarlett esperou que o doutor colocasse o instrumento e desse uma resposta positiva para acalentar ainda mais o seu coração.
— Os batimentos do coração estão bem fortes, dentro do esperado — Garantiu — O que aconteceu ontem?
— Acho que foi porque fiquei até tarde importunando o pobrezinho — A loira se entregou — Mas hoje pela manhã passamos por algumas fortes emoções e ele continuou parado. — Relatou aos ouvidos atentos do médico.
— Fortes emoções devem ser evitadas na gravidez, Senhora Evans — Disse o médico repreensivo. — Como a senhora aparenta boa saúde e o bebê também, só vou recomendar uma semana de repouso leve.
Scarlett assentiu cabisbaixa, sabia que uma das recomendações do médico seria o descanso. Pelo menos, daquela vez, seria apenas uma semana.
Doutor Stephen deu mais algumas orientações, antes de deixar o casal a sós mais uma vez.
— Ouviu que ele disse repouso leve, não é?! — Enfatizou, sabendo que, se dependesse de Christopher, ela só veria o lado de fora do quarto depois que o bebê nascesse.
— Eu ouvi repouso — Provocou, voltando a se sentar com ela na cama. — O que acha de tirar um cochilo agora, hein? Daqui a pouco os meninos estarão de volta e eu tenho certeza de que não vão querer desgrudar da mãe deles — Sugeriu, a acomodando em seus braços.
Scarlett foi, sem contestar. Estava morrendo de saudade de dormir abraçada a ele, de sentir o cheiro, os músculos, o coração batendo…
Ela estava tão cansada e com tanta falta de casa, dos cheiros conhecidos dele, que em poucos minutos já estava dormindo tranquilamente.
Se certificando de que ela estava dormindo, Christopher a admirou por alguns minutos, finalmente aliviado por tê-la ali, em segurança. Beijando-lhe a testa, ele saiu do quarto, a deixando dormir.
Saindo do quarto com todo o cuidado para não acordar a mulher, Christopher saiu dando de cara com Anne que o encarava apreensiva.
— Como ela está? — O tom meio trêmulo denunciava que ela estava nervosa, assim como a forma que ela apertava as mãos.
— Está bem, só precisa descansar um pouco — Replicou, dando um meio sorriso.
— Que bom! — Afirmou com um sorriso nervoso — Se quiser, posso ficar aqui até que ela acorde.
— Anne, não precisa. Ela está bem, você pode relaxar — A tranquilizou. — Tá tudo bem.
Anne assentiu, saindo pelo corredor. Christopher sorriu, vendo Anne desaparecer pelo corredor.
Voltando ao seu objetivo, Evans deixou a bandeja na cozinha e seguiu para o corredor do quarto dos criados até o último, que era onde tinha orientado Jeremy a deixar Romain.
Na porta do quarto, um dos capatazes fazia a segurança. Pedindo a passagem para o homem, ele entrou no quarto, encontrando Romain sentado na cama e Jeremy em uma cadeira. Ambos levantaram automaticamente ao verem o Duque.
— Como ela está? — Jeremy foi o primeiro a se pronunciar. Por mais que tivesse a visto no caminho, não era o suficiente.
— Está bem. Está dormindo — Contou sem encará-lo, o tranquilizando. O olhar impaciente sobre Romain, tentava decidir se mataria o homem a sua frente. — Você pode sair, quero conversar com ele a sós — Pediu.
— Você não vai matá-lo, certo? — Enfatizou.
— Eu não pretendo, mas… — Respondeu sem deixar muita confiança a Jeremy.
— Lembre-se que você tem dois filhos e um a caminho — Advertiu.
— Pode ter certeza de que eu não vou me esquecer disso — Assegurou, desviando rapidamente o olhar de Romain para Jeremy.
Scarlett chorando pela perda do bebê era uma imagem que ele não apagaria da cabeça tão cedo e Romain deveria pagar por isso.
Um pouco a contragosto, Jeremy saiu do quarto deixando os dois a sós.
Ouvindo a porta ser fechada atrás de si, Christopher, foi até a parede, ela se recostou ali, cruzando os braços, deixando o silêncio preencher o momento.
— É isso? Ficaremos aqui nos encarando até alguém enjoar? — Provocou Romain. — Se for por isso, já pode dar meia volta, Vossa Graça.
— Você não está em uma posição em que se pode fazer muita gracinha, senhor Dauriac — Respondeu ainda em um tom bem calmo.
— Será? — Duvidou ainda com um sorriso cínico. — Sei que é formado em advocacia, senhor Evans, e, pelo que me lembro das leis inglesas, Scarlett é legalmente minha.
— Ela continuaria sendo se não houvesse aberto mão dela com tanta facilidade — Relembrou com um sorrisinho irônico.
— Pelo acordo, ela seria sua amante até nascesse o filho homem que você tanto precisava — Retomando o acordo feito, ele destilava certo ódio a cada fala.
— É, de fato — Concordou, olhando despretensiosamente o quarto. — Mas Scarlett é uma jóia rara, não é mesmo?
— É, ela é.
— O que pretendia voltando, Romain? — Perguntou, tentando entender o outro. — Além de infernizar a minha vida, é claro.
— Nesse caso, estou apenas retribuindo o favor — Retrucou, dando uma leve risada. — Ainda mais agora que tenho três crianças na minha conta.
— Ah, você tem filhos? — Disse cínico, começando a caminhar pelo pequeno espaço do quarto.
— Acho que eles são seus, então eu levo Scarlett, como o combinado, e vamos seguir como deveria — Sugeriu.
— E o que a Scarlett faria com você? Afinal, imagino que ela não sinta ou queira qualquer tipo de relação com a sua pessoa — Opinou, parando na parede oposta a porta, do outro lado do quarto.
— Olha, não é bem o que ela quer e sim o que ela deve fazer. — Pontuou e Christopher esperou pela continuação — Como minha esposa, ela deve fazer o que eu mandar, certo? — Apesar da resignação, Christopher assentiu, ainda esperando — E eu tenho certeza de que ela seria uma ótima debutante na temporada social. Imagina o sucesso que seria em um bordel? — Fantasiou.
O olhar fascinado de Romain, junto com a fala doentia, foi o suficiente para o autocontrole de Christopher ir pelos ares. Os dias longe de Scarlett, os filhos sofrendo, ver o sofrimento da loura por achar que tinha perdido o bebê.
Depois do primeiro soco, Evans não soube mais como se controlar. Só parou quando sentiu uma mão em seu ombro e a voz de Jeremy o chamando.
— Christopher, para! — Foi o eco que ele ouviu longe, o puxando para longe — Você prometeu que não iria matá-lo.
— Ele ainda está respirando — Replicou, ainda cheio de raiva. Os punhos fechados e as narinas dilatadas denunciavam que se Jeremy não estivesse ali, ele teria continuado.
— Hayley chegou com os meninos, acho melhor você ir com eles — Orientou, o levando para a porta e o trancando do lado de fora.
Ouvindo as vozes dos filhos, Christopher tentou se acalmar antes de ir até eles.
Christopher, Scarlett, Simon e Scott
— Mamãe!!! — Scott exclamou sorrindo, vendo a loura. Correndo até a cama, o pequeno quase saltou no colo da mãe, mas Christopher o impediu.
— Com calma, rapazinho — O colocando sentado ao lado da mãe.
— Oi meus amores! — Sentindo o coração bater com mais calma, Scarlett abraçou os filhos, beijando cada um dos dois. — Mamãe sentiu saudades.
— Eu também estava com saudade, mamãe — Simon disse, se ajoelhando ao lado da mãe.
— Também tava, mamãe — Scott se pronunciou, deitando a cabeça na lateral do peito da mãe.
— Eu estava morrendo de saudades dos meus meninos travessos. — Com os olhos ardendo pelo chororó de mais cedo, começavam a ficar irritados de tantas lágrimas que voltavam a lacrimejar.
— Mamãe, a Tia Marple tá melhor? — Simon perguntou com uma carinha séria e preocupado.
— Tia Marple? — Confusa, Scarlett se virou para Christopher em busca de uma resposta.
— Esses dias que você ficou fora foi para cuidar da Tia Marple, uma tia distante que ficou doente. — Explicou, se juntando a eles na cama.
— Ah, sim — Entendendo a justificativa do motivo por ela ter sumido tão repentina, ela confirmou. — A Tia Marple está boa agora.
— Papai disse que não podemos mais brincar com você — Continuou o menino cabisbaixo.
— É claro que podem, meu amor. — Se apressando em corrigir a situação, ela envolveu o filho mais velho, a loura fuzilou o Duque com o olhar.
— O médico disse que a mamãe tem que ficar de repouso por alguns dias — Reforçou, não se intimidando com o olhar. — Então, brincadeiras só sentados.
— Vão ser só alguns dias, Simon — Assegurou a mãe. — Seu pai é exagerado.
— Só estou cuidando de vocês — Corrigiu, se inclinando sobre ela, beijando-lhe a testa.
Pelas próximas horas foram apenas os quatro.
20 de abril de 1816
Inglaterra, Somerset
Christopher
— Não me olhe assim, sabe que são ordens médicas — Advertiu Evans, a ajudando a se secar após o banho.
— Isso eu consigo fazer sozinha, bonitinho — Replicou irônica, apertando a faixa que usava nos seios para dar sustento, já que odiava os espartilhos para grávidas.
— Por que não usa os espartilhos?
— Porque não cabem na minha barriga e porque eu não gosto dos de gravidez. — Explicou, vendo as opções de vestidos que teriam para aquele dia. Ainda estava frio, mas a gravidez a fazia sentir muito calor. — Eles me apertam.
— E não é essa função?
— Me apertam e incomodam mais que o normal — Respondeu já ficando sem paciência, que estava se tornando cada vez mais escassa naqueles dias com ele Christopher estava especialmente chato com aquela coisa de repouso.
— Já vi que o humor hoje não está dos melhores — Observou, a abraçando por trás e a beijando no pescoço. — Ontem foi uma massagem nos pés para compensar o mal humor, o que será que teremos hoje?.
— Que tal sair para buscar o café, enquanto eu termino de me arrumar? — Sugeriu, pegando o vestido amarelo com mangas três quartos.
— Já volto — Deixando o quarto, ele saiu dando de cara com Hayley.
Indo para a sala de jantar, ele desejou bom dia a família que fazia o desjejum. Simon e Scott estavam dormindo, já que não estavam a mesa.
Fazendo uma bandeja para Scarlett, ele subia as escadas assobiando uma música distraidamente. Chegando ao topo da escada, o Duque levou um pequeno susto ao se deparar com Hayley prestes a descer.
— Bom dia! — A morena desejou surpresa por vê-lo subindo as escadas com a bandeja, quase a derrubando. — Quer ajuda? — Indagou, fazendo menção de ajudá-lo.
— Bom dia — Retribuiu educadamente, terminando de subir as escadas. — Não precisa, foi só um susto.
— Scarlett?
— Está terminando de se aprontar. — Informou, seguindo seu caminho de volta para o quarto. Não estavam no quarto principal da casa para o casal, que ficava perto do patamar da escada.
— Ela está vestida ao menos? — O segundo pelo corredor, Hayley parou a porta do quarto com a mão na maçaneta.
— Está. — Afirmou, assentindo para que ela abrisse a porta.
Os dois entraram no quarto, encontrando a loura de costas para a porta sentada na penteadeira terminando de escovar os cabelos.
— Querido, me ajuda com o colar — Ainda sem se virar, Scarlett pediu, colocando, pegando o acessório.
— Que bom que voltei a ser sua querida — Brincando, Hayley se aproximou da irmã, a ajudando com o colar.
— Trouxe seu café. — Se fazendo presente, Christopher deixou a bandeja na mesinha em frente a lareira. Scarlett olhou para os dois por um segundo, tentando captar alguma coisa entre os dois, mas Christopher foi até ela como sempre, como sem se importar com a presença de Hayley.— E é para comer, Scarlett, sei o quanto tem. — Advertiu, beijando a testa dela antes de sair. Diferente das outras vezes, Scarlett estava com dificuldades para comer.
— Vou comer — Afirmou, lançando um olhar sobre o ombro para alcançar as comidas, que eram da maioria das coisas que ela gostava.
— Farei com que ela coma, Vossa Graça — Garantiu a morena, antes que Christopher deixasse o quarto.
— Como está hoje? — Atenciosa, Hayley passou a ajudá-la.
— Mau humorada — Declarou, deixando que a irmã penteasse seus cabelos. — Não ria. — Pediu, vendo o sorriso contornar o rosto da irmã.
— Tudo bem, não irei fazer mais — Prometeu, tossindo para "esconder" a risada
Scarlett a olhou desconfiada, mas riu também. Se olhando mais uma vez no espelho, satisfeita com a imagem.
Hayley fez companhia para a irmã por aquela manhã, enquanto Scarlett tomava o café.
Mais tarde naquele dia
— Humm, alguém está de péssimo humor, bebê — Conversando com o bebê, Evans estava deitado no colo de Scarlett. — A mamãe está com uma carinha… — Continou, provocando a loura.
— E você está cooperando para isso — Disse sem olhá-lo, continuando com seu bordado. — Bebê, seu papai também não é nada fácil, viu?
— Quer parar de cutucar a minha barriga? — Pediu impaciente. Christopher riu, se sentando ao lado dela na cama.
Scarlett já tinha passado parte da tarde no andar de baixo com a família e estava de volta ao quarto com Christopher, enquanto os filhos estavam ocupados se preparando para o jantar.
— Meu amor, o que está acontecendo? — Perguntou já imaginando qual seria a resposta.
Ela estava grávida, mais uma vez acamada, Hayley em casa… era quase revirer um momento.
— Só a gravidez que está me deixando irritada — Deduziu, voltando a bordar nervosamente.
— As últimas semanas não foram as mais calmas. — Acrescentou, tirando gentilmente o bordado das mãos dela — Mas acho que isso tem um pouco a ver com a sua irmã, não acha?
— O que tem a Hayley? — O tom esganiçado da voz dela, assim como o interesse excessivo pelos cabelos lindamente penteados, fez com que Christopher soubesse que tinha acertado.
— O que têm é que isso lembra muito a gravidez de Simon e tudo o que aconteceu não foi tão bom depois que a Hayley voltou e você precisou ficar de repouso. — Disse em um tom gentil, a envolvendo em um abraço. — Sei que essa situação não te trás lembranças boas, mas não vai acontecer nada. — Assegurou, pegando a mão direita com o anel de noivado e a beijou. — Eu amo você. Lembra disso, tudo bem?
— Eu amo você — Respondeu como confirmação, encolhendo no abraço dele.
Autor(a): lety_atwell
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