Fanfic: Confiar em um Lobo - Vondy - TERMINADA

Dérick conhecia a dor que ela tinha padecido quando perdeu a sua mãe. Tinha-a aceito, ajudando-a a controlar a raiva que às vezes a rasgava como o vento ao papel molhado. Seu comportamento tranqüilo e aprazível era como um bálsamo que Belinda não tinha experimentado nunca com nenhum outro homem. E agora isto, igual seu pai, esta traição, outra nova traição. Sentiu como seu coração voltava a congelar-se.
— Aceito a seu campeão — declarou Belinda com frieza.
— Deixem espaço livre — ordenou Jacob. Todo mundo se afastando para trás, deixando uma zona vazia em que se enfrentarão Belinda e Dérick.
Sem nenhum tipo de vacilação ou vergonha, começaram a despir-se. Belinda sentiu dor no coração ao pensar nas vezes que se despiram antes, para atividades muito mais agradáveis. Apesar da resolução de lhe ocultar sua dor, sentiu-se obrigada a perguntar.
— Por que faz isto?
— Tenho meus motivos, Belinda. — Dérick lutou por manter um tom neutro. Conhecia-a. Ela o ocultava, mas sabia que estava causando dor. Sua besta interior uivou encolerizada, frustrada e com sentimento de culpa.

Manteve um forte controle sobre si mesmo. Sabia que era sua única oportunidade de encontrar uma verdadeira felicidade. Se a única maneira de conseguir que Belinda visse a verdade era causando-lhe dor, que assim fosse. Merecia a pena, já acalmaria sua dor e a faria feliz, embora tivesse que aprisionar sua garganta!
— Não pode ganhar, Dérick — lhe disse com serenidade.
— Não se preocupe por mim, Belinda. Quando isto terminar, ambos ganharemos — assegurou.
Ela se sentiu ainda mais desconcertada ante sua resposta, enquanto foram se despindo. Como não se deu conta antes dos firmes músculos que cobriam seu corpo? De algum jeito lhe via maior, mais imponente. Sua postura mostrava uma confiança que até agora não tinha estado presente. Belinda sentiu um leve tremor de apreensão, que rapidamente suprimiu.
Por fim, permaneceram de pé nus, esperando.
Jacob deu um passo para frente.
—Comecem.
Seus corpos se apagaram e trocaram em um movimento tão rápido que pareceu invisível. Os lobos se lançaram imediatamente à batalha.
Os grunhidos encheram o ar, enquanto dente e garras lutavam por encontrar a vulnerável carne do oponente. Carregaram e enganaram, equilibraram-se e retrocederam, girando e girando, procurando qualquer debilidade que terminasse a competição.
A pequena loba, rápida e ágil, aproximava-se e afastava-se deixando arranhões e cortes, para lentamente ir esgotando a força de seu inimigo. Procurava aproximar-se por seu lombo para assim incapacitar a sua presa.
O grande macho era o suficiente ágil para impedir que lhe causasse algum dano sério. Conhecia perfeitamente sua tática e procurava mantê-la à frente. Sua própria estratégia era dominar-la com toda sua força e levá-la à submissão. Seu objetivo era a garganta dela, não arranhar nem rasgar, mas sim controlar.

Os minutos passavam e o combate continuava. Belinda começou a dar-se conta de que se encarou com um formidável oponente. Dérick bloqueava facilmente cada um de seus movimentos, rebatendo-os uma e outra vez. Isto não era a singela competição que imaginou, e estava ficando sem forças. Dérick tinha mudado. Em certa forma, de algum jeito, tinha adquirido a suficiente habilidade física e determinação para submetê-la. Em seu interior se debatiam pela supremacia a fúria e a dor. Lutou por manter controladas suas emoções, sabendo que só a trariam dificuldades.
Belinda era consciente de que já tinha perdido Dérick — sua traição era imperdoável. Se perdesse essa batalha, também perderia seu lugar como beta na manada. Naquele momento observou Dulce no outro lado da clareira. Tudo isto era culpa da humana. A dor e a cólera a fizeram perder o controle e com um uivo atormentado se moveu atravessando o espaço que as separava.

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