Fanfic: Confiar em um Lobo - Vondy - TERMINADA

Quando entraram no escritório, Christopher rezou para que os sentimentos de Dulce para ele fossem o suficientemente fortes para aceitar o que ia lhe revelar. Fê-la sentar-se no sofá, enquanto que ele sentou-se à mesa do centro, tomando suas mãos. Olhando profundamente em seus olhos, começou:
— Os incidentes desagradáveis que queremos evitar são do tipo do que te passou ontem à noite. Foi drogada, Dulce.
A confusão encheu seus olhos.
— Drogada? Mas, por quê? Como?
— Belinda Shull — revelou Christopher, com um claro tom condenatório —. O como, suspeito-o, simplesmente colocando uma substância em seu chá, enquanto estávamos em O’Neal. Lembra quando deixou cair a bolsa? Todos nos distraímos. Quanto ao por que, um pequeno ciúmes. Leva tempo tentando me acrescentar a sua lista de troféus e eu não coopero. Realmente o sinto, Dulce. Fez-te mal por minha culpa.
Dulce pôde ver cólera mesclada com remorso e, como não, ansiedade? Certamente não pensaria que lhe ia culpar?
— Não é culpa tua — lhe consolou, apertando suas mãos —. Mas não deveríamos comunicar à polícia?

 Christopher se levantou e começou a caminhar com passos largos e pausados.
— Só há um problema com isto, amor. Não temos nenhuma prova. Nenhuma testemunha, nenhum “foi pega com as mãos na massa”, nenhuma impressão digital em seu copo, nada. Só seria nossa palavra contra a sua.
Colocou-se diante dela, seus olhos estavam cheios de seriedade e preocupação, coisa que nunca lhe tinha visto antes.
— Há outra razão pela qual não quereria comunicar isto, embora tivéssemos provas. — Ante o perplexo cenho franzido de Dulce prosseguiu —: E é devido ao que é.
Pequenas pontadas de ansiedade começaram a criar-se dentro dela.
— O que quer dizer com o que é? — perguntou Dulce baixinho.
— Belinda é uma mulher lobo, Dulce. Como eu.
Dulce contemplou Christopher enquanto inumeráveis emoções buliam em seu interior. Uma divertida incredulidade começou a se destacar.
— É um homem lobo — declarou rotundamente. Uma repentina cólera começou a percorrê-la dos pés a cabeça. – Isso soa como a terminar uma relação, mas estou um pouco perplexa porque me parece que perdi a brincadeira. — Levantou-se e andou com compridos passos enquanto Christopher a olhava silenciosamente. Não podia acreditar no que ele acabava de contá-la. Mas então, por que o diria? Uma dor aguda começou a formar-se em seu interior. Parando-se atrás do sofá, fixou o olhar sobre Christopher. Sua voz tremeu com a emoção contida —. Disse que poderia confiar em ti, e te acreditei. Acreditei em você, mas desde o começo só estiveste esperando o momento para me pôr em ridículo. — Fez uma pausa, respirando com força, rechaçando as lágrimas que ameaçavam sair —. Bom, pois tiveste êxito. Só que não entendo o por que. Por que esta desculpa tão elaborada?

Incapaz de esperar uma resposta, deu a volta cegamente, deixando sair as lágrimas que nublavam seus olhos. Dano. Confusão. Cólera. Desilusão. Todos misturados dentro dela como um guisado borbulhante. Caminhou até a porta, desesperada por afastar-se da fonte de sua dor.
Quando chegou à entrada, ele a segurou pelo pulso.
— Não vá.
Sua voz era tranqüila, controlada.
— Me deixe ir, Christopher.
Ela não pôde lhe enganar, notou sua confusão.
— Não posso, Dulce, é minha companheira — lhe comunicou.