Fanfics Brasil - Primeiros Passos Quando o Helébore Florescer

Fanfic: Quando o Helébore Florescer | Tema: Crepúsculo


Capítulo: Primeiros Passos

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Eu não faço ideia do que está acontecendo ou de onde estou. Olho ao redor tentando focalizar algo, mas minha visão está muito embaçada, muito confusa. Sinto o chão sobre meu corpo. Folhas molhadas e muitos galhos Grama? Penso enquanto me sento. Ainda não consigo ver muito bem, mas saber que estou do lado de fora me ajuda a notar algumas formas, como as árvores a minha frente. Sinto frio, muito frio. Tento me levantar do chão molhado, mas, como um bebê, caio algumas vezes antes de conseguir firmar os pés no chão.


Abraço o corpo tentando me aquecer e sinto a pele nua dos meus braços. Olho para meu corpo e minhas pernas também estão expostas. Estou usando apenas um tipo de tecido que parece borracha e lembra, em formato, um maiô. O que é isso?Penso sentindo algo mais gelado que o vento frio que sopra no meu corpo, preso a minha nuca. Um anel de metal grosso está preso ao tecido gelado. Sinto-me confusa e tento entender a situação O que estou fazendo aqui? Nessa… Floresta.


Os sons na floresta tiram minha a atenção da roupa. Esse lugar me dá arrepios. É tão silencioso, tão escuro. Somente alguns fracos feixes da luz da lua passam por entre as folhas das altas árvores ao meu redor. Alguns sons indistintos me assustam. Sons que provavelmente pertencem a algum animal que se movimenta apressado na mata, tentando se esconder da chuva, ou, talvez, fugindo de algum outro animal maior que ele. O silêncio é melhor. Esses sons indistintos me fazem imaginar coisas. A imagem de um animal selvagem se escondendo, esperando o momento certo para atacar me faz tremer. O medo é sufocante, então, sentindo que isso pode ajudar, começo a andar. O simples gesto de me mover é como uma forma de me acalmar.


Enquanto caminho, o frio se intensifica. Agora o vento gelado bate contra meu corpo e a chuva parece uma ponta de faca na minha pele. 


Caminhar fica cada vez mais difícil. A chuva está ficando mais forte e eu mal sinto meus pés. Eles provavelmente já congelaram por conta do frio. Contudo, mais difícil do que andar, é enxergar. Mesmo que agora eu consiga ver melhor, a chuva ainda me impede de ver qualquer coisa que esteja a mais de um metro do meu nariz. O frio, a escuridão e aqueles sons indistintos me deixam casa vez mais nervosa e me fazem andar rápido até finalmente começar a correr.


Corro por algum tempo até chegar a uma espécie de colina. Paro na base tentando recuperar o fôlego e olho para trás. A chuva e a névoa cobrem a floresta de uma forma sinistra. Eu não tenho a intenção voltar então não tem porque olhar para trás. Escalo até o topo da colina e de lá observo a vasta floresta em busca de uma saída. Aqui de cima fica mais fácil enxergar. Observo boa parte da floresta e como a névoa chega quase até o topo das árvores, mas, infelizmente, a colina não é alta o suficiente. As árvores mais altas ainda bloqueiam minha visão. Continuo vasculhando a floresta, procurando uma abertura entre as árvores quando, bem ali, como uma miragem, uma luz fraca parece brilhar através da neblina. Uma cidade? Não, uma cidade seria muito mais iluminada.  Uma casa? Mas, quem moraria no meio de uma floresta? Através daquela neblina densa tudo que consigo ver é uma luz fraca, uma luz que por mais irreal que pareça acende um pouco de esperança dentro de mim. Posso achar ajuda. Desço a colina e corro em direção a luz. Quanto mais perto chego mais luzes aparecem e mais brilhantes elas ficam, e de repente eu paro. Paro porque percebo que o que vejo não é uma miragem. Não. Está bem aqui na minha frente e é tão real quanto o frio que queima minha pele.


É uma casa. Uma casa enorme. Cheia de janelas e toda iluminada. As janelas altas enfileiradas uma após a outra, fazem o lugar parecer um castelo. Fico fascinada pela visão da casa, mas também intrigada. O que isso faz aqui? No meio do nada... A casa simplesmente não se encaixa naquele lugar. Uma casa desse tamanho deve ter custado uma fortuna, mas não têm nem uma cerca ou muros em volta dela?


Dou um passo em direção à casa observando as janelas e vejo algo se mover. Tem alguém ali, de pé, na frente de uma das janelas. Escondo-me por instinto atrás de uma das árvores, meu coração batendo forte nos ouvidos e com a respiração acelerada. Será que me viu?  Penso assustada com a ideia de que a pessoa possa sair da casa para checar quem está invadindo sua propriedade. Calma. Fica calma. Você não sabia que era a casa de alguém. Tá tudo bem. Penso enquanto tento me acalmar. Tudo bem. Pensa primeiro. O que temos até agora? Penso fazendo uma lista mental da minha situação atual e já preparando uma desculpa caso o dono da casa tenha me visto.


Primeiro (obviamente), eu estou completamente perdida. Segundo, na minha frente tem uma casa. Uma casa enorme, mas que está no meio de uma floresta aterrorizante e gelada.


Quem moraria num lugar desses? A resposta dessa pergunta não é a mais agradável. Alguém morando no meio do nada assim, sem cercas ou outra proteção. Talvez eles suponham que não precisam de proteção. Por mais seguro que esse lugar seja eles têm que ter problemas com animais. Não faz sentido. Talvez tenham armas penso sentido o suor frio descer pelo meu rosto. Não sejamos apressadas. Toda história tem dois lados. Eles podem ser pessoas normais. Quantas pessoas cabem numa casa dessas? Eles devem ser aquele tipo de família que gosta de privacidade ou de mostrar que tem dinheiro. Isso. Eles devem ser só uma família normal.


Eu não tenho absoluta certeza de que pessoas ruins moram ali, logo, poderia estar errada. Espio de volta para as janelas procurando a sombra da pessoa que havia visto. Eles podem ser pessoas boas, educadas e podem me ajudar e.... Ele já me viu! Meu corpo inteiro fica paralisado quando percebo que o vulto na janela está virado na minha direção. Posso sentirque ele está me olhando diretamente. Respiro fundo e resolvo sair de trás da árvore. Se ele já me viu... Aceno para ele tremendo mais de medo do que de frio. O vulto então desaparece. Talvez, eu penso, ele tenha pensado que eu fosse a pessoa suspeita. 


Alguns segundos depois uma porta se abre e de lá sai uma mulher. A pele branca como mármore brilhando levemente sobre a luz que sai da porta. Os cabelos castanhos caindo perfeitamente ondulados sobre os ombros dela. Contudo, são seus olhos que me impressionaram. São de um castanho tão claro que chegam a ser quase amarelos. Os lábios rosados formam um leve sorriso. Ela carrega um guarda-chuva branco e a luz que sai da porta forma uma espécie aura atrás dela. Nunca pensei que alguém como ela pudesse existir por que nunca pensei que um ser humano de verdade poderia ter aquela aparência. Minha cabeça fica em branco quando olho para ela. Tudo o que quero é chegar mais perto, saber se ela é real. 


Hipnotizada, dou alguns passos na direção dela, levantando os braços devagar e com minhas mãos frias esperando poder tocar as dela, só para ter certeza de que ela não é uma ilusão. Ela vem na minha direção e nossas mãos se tocam. Ela... ela é um anjo, eu penso. Sei que é ridículo, mas não consigo descrever ela de outra forma. A visão dela, aquele brilho que a pele dela tem. Tudo tão irreal, tão bonito, tão... calmo.


— Quem é você? Falo baixinho sentindo que se falasse alto ela poderia desaparecer.


Quando a voz doce dela ressoa nos meus ouvidos, sinto meu corpo esquentar e é como se o frio fosse desaparecendo.


— Você está bem?


Aquelas simples palavras fizeram meu corpo amolecer e de repente eu não consigo mais ficar de pé.


 — Calma. Peguei você. Ela disse me segurando pelos ombros evitando que eu caísse no chão. — Venha, deixa eu te ajudar. 


Essas palavras são a última coisa da qual eu me lembro sobre essa noite. Eu fecho meus olhos e simplesmente me deixei mergulhar em um sono tranquilo e profundo. Eu me senti segura, mesmo nos braços de uma estranha.


 



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Autor(a): purplehelebores

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

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—Eu morri. É a primeira coisa que vem a minha mente quando recupero a consciência.  Imagens da noite anterior ainda dançam na minha mente. O rosto angélico, o frio cortando minha pele, a mão estendida para mim. Foi tudo bom demais para ser verdade. —Não, eu não morri. Ainda não. Eu não morri, mas ...



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