Fanfic: Quando o Helébore Florescer | Tema: Crepúsculo
E lá vamos nós. Respiro fundo enquanto Esme me empurra para fora do quarto com um toque gentil. Admito que sair do quarto me deixa ansiosa. Essa é a primeira vez que saio desse quarto e não tenho certeza sobre o que esperar. Um longo corredor se estende a minha frente e minha cabeça está girando a mil quilômetros por hora.
Eu sabia que a casa era enorme. Ontem eu só vi uma parte dela, mas o foi o suficiente para ter uma ideia do quão grande ela realmente é. O corredor se entende pelo que parece metros sem fim. Janelas e mais janelas se alinham ao longo da parede. Assim como o quarto a casa é decorada em tons brancos e cor de madeira. As paredes são de um branco puro que reflete a pálida luz que entra pelas janelas. O reflexo também faz o chão cor de madeira escura brilhar. Os sons dos nossos passos ecoando por todo lado. A nossa direita várias portas enfileiradas, todas fechadas, vão passando, cada uma com um padrão diferente desenhado na frente.
Mais à frente o corredor fica mais largo, dando espaço para duas escadas que dão acesso ao andar de baixo. Cada uma de lados opostos formam uma curva suave e que se encontram, formando uma só até finalmente alcançarem o andar de baixo. Esme e Alice continuam andando sem hesitação, mas sinto o forte impulso de parar e correr de volta para o quarto. A mão de Esme nas minhas costas mantém meus pés andando, mas meu coração bate a mil por hora. Uma hora dessas vou tem um ataque cardíaco penso lembrando a quantidade de vezes que meu coração ´quase parou´ nos últimos dois dias.
Chegamos ao primeiro degrau e eu seguro firme no corrimão. Um pé na frente do outro tentando não tropeçar e quebrar o pescoço, desço a escada com cuidado. Um enorme candelabro ilumina o hall. Os cristais brilhantes sobre a luz lembram estrelas cintilantes. Vasos de flores brancas em altos pedestais decoram o final de cada corrimão da escada. Á nossa frente uma enorme porta branca, a entrada principal penso admirando a magnitude daquele lugar.
Paro sobro o último degrau e continuo a observar o candelabro enquanto Alice mexe em alguma coisa no meu cabelo, não presto atenção nela, estou ocupada demais bancando a idiota boquiaberta. Esme passa por nós se dirigindo a um cômodo a nossa direita.
Uma sala de estar com um belíssimo piano, foi decorada para receber visitas ou apenas passar o tempo e tomar chá na larga mesa de vidro rodeada de cadeiras e sofás. Lindas cortinas cobrem a janela enorme que provavelmente dá para a floresta, uma visão maravilhosa, imagino, quando o tempo está aberto. Noto a ligeira cor azulada que reflete nas cortinas. Como é o nome mesmo? Tento me lembrar do nome da tecnologia que irradia essa cor azul. Reconheço rapidamente que tipo de vidro era aquele. Ele absorve a luz durante o dia como uma bateria e distribui para o resto da casa à noite. Não consigo lembrar o nome por nada. Carlisle está em pé perto da janela e se vira quando Esme anda na direção dele.
Atrás dos sofás, o piano com a tampa aberta brilha levemente sobre a luz que as janelas absorvem. A cor marrom escura se destaca das paredes brancas como algo majestoso. O piano parece tanto com um dos modelos antigos que sinto que se eu olhar dentro vou ver milhares de finas cordas e martelinhos produzindo o som. Só que isso não existe mais... não tem como isso ser um piano autêntico.
—Pronta! Alice exclama. Ela começa a caminhar em direção a porta, mas se vira para a escada novamente e eu ouço a voz baixa dela falando —Jasper…
Alice se vira e olha para o topo da outra escada que desce do segundo andar. De lá, um homem de expressão séria nos encarada do topo da escada. Ele desce degrau por degrau mantendo os olhos em Alice até chegar ao último e parar perto do vaso no lado oposto ao meu. Apenas quando Jasper alcança o final da escada vejo sua expressão.
Jasper é um homem alto e de curtos cabelos loiros. Ele tem a mesma pele branca de todos ali, e sua figura é como a de um modelo. Cada passo parece bem calculado e balanceado de certa forma. Jasper tem um ar diferente dos outros. Existe uma certa frieza na energia em volta dele, como se ele estivesse deixando claro que a distancia entre nós não deve ser cruzada. Nossos olhos se encontram por um breve momento. O olhar duro e frio dele me deixa desconfortável. Ao contrário de Esme, Alice e Carlisle, Jasper não pare interessado em me fazer sentir confortável. Desvio o olhos. Não sei exatamente o que dizer para aqueles olhos vazios e o desconforto me deixa tímida demais para falar com ele primeiro, então me viro e falo com Carlisle.
—Desculpe a demora Sr. Cullen. Ele e Esme se aproximam de nós assim que Jasper aparece.
—Não se preocupe querida ele disse, e então levantou uma das mãos e educadamente apontou para Jasper:
—Este é Jasper. Ele fala. —Ainda não apresentei minha família formalmente para você não é? Esme e eu somos casados. Jasper e Alice são nossos filhos. Temos outros 3, mas eles estão viajando por algum país distante. Carlisle dá uma gargalhada fraca quando explica a ausência dos outros filhos.
Assim como suspeitava eles são uma família. A beleza é genética penso enquanto noto pequenas semelhanças entre eles, como a cor dos olhos, da pele, e… aham tenho certeza que vou achar outras.
Não quero olhar nos olhos de Jasper novamente, mas não sou tão mau educada a ponto de não falar com ele.
—Muito prazer em conhecê-lo Jasper falo baixo e o cumprimento enquanto tento não olhar diretamente nos olhos dele.
—É um prazer conhecê-la, ele responde acenando coma a cabeça de leve. —Espero que se sinta melhor.
—Sim, já me sinto muito melhor. Obrigado. Respondo mais uma vez mantendo a voz baixa e evitando seu olhar.
—É bom ouvir que está melhor. Eu espero que se recupere completamente logo.
Finalmente percebo o porque do olhar de Jasper me deixar tão desconfortável. O jeito que ele se move, a forma como fala e me olha é exatamente como eu tenho agido com Esme e os outros até agora. É como olhar no espelho gelado da minha própria face. E eu achando que estava sendo educada. Penso fazendo uma nota mental de sorrir de vez em quando.
Jasper me observa dos pés à cabeça e depois olha na direção de Esme. A expressão dele é dura, mas Esme não retribui o olhar, ao invés disso trata de nos apressar:
—Então, já podemos ir? ela pergunta meio agitada enquanto chega perto de mim. Ela toca minha cintura de leve e me guia até a porta sem se despedir de Jasper.
Não sei o que pensar sobre o que quer que tenha sido essa interação entre eles.
Esme coloca um casaco grande sobre meus ombros e eu coloco os braços dentro de cada manga. Alice coloca um par de sapatos brancos na frente dos meus pés e eu coloco um de cada vez tentando não atrasar ninguém.
A grande porta da entrada principal se abre e o ar gelado que sopra no meu rosto me lembra daquela noite. A noite que parece ter acontecido em um passado distante, a noite em que minha vida deu um reset. Respiro fundo quando o ar toca meu rosto e sinto o frio queimar dentro de mim. A chuva parou, mas meu corpo ainda sem lembra da ponta de faca cutucando cada pedaço da minha pele. Cruzo meus braços como se estivesse me escondendo do frio, quando na verdade tentava abafar as memórias e o sentimento de pânico.
Assim que passamos pelas portas vejo o vasto jardim da casa. Várias árvores e arbustos bem cuidados desenham uma paisagem bela e que é capaz de se misturar com a floresta. Não sei dizer onde o jardim termina e onde a floresta começa. Alguns bancos e balanços foram colocados sobre um palanque no centro do jardim. O gazebo tem sinais de um tipo de planta que se espalha por todo lado, mas que sobre esse céu cinzento e frio está adormecia, esperando a briza da primavera voltar para que possa mais uma vez preencher o espaço de flores coloridas. Tenho certeza de que no verão ou na primavera aquele deve ser o melhor lugar da casa para passar o tempo. A decoração do lado de fora é rústica e dá um ar atemporal a casa. O tijolo vermelho se espalha por todas as paredes. Longos galhos de trepadeira se agarram as elas e escalam a casa chegando até o segundo andar.
Olho para a floresta além do jardim. As árvores altas e a grama verde brilhando com uma fina camada de orvalho fazem a floresta parecer uma pintura de um conto de fadas. Mal lembra o lugar perigoso e mortal que está gravado na minha mente. Aquele cenário tão bonito de alguma forma se completa com o céu cinzento e cheio de nuvens acima de nós. O sol ainda se escondendo dentro da névoa faz o ar ao redor de nós pesado. Se não tivesse checado o relógio esta manhã não saberia se são 8 da manhã ou 5 da tarde.
Um caminho de pedras que parte da porta e se estende por alguns metros nos leva até o carro estacionado e pronto para embarcamos. Carlisle primeiro no banco do motorista, Alice no passageiro e eu sentada no banco de trás atrás dela e Esme do meu lado.
Carlisle dirige por uma estrada que corta a floresta por alguns quilômetros. Fileiras de árvores altas passam por nós enquanto Alice me conta a história do lugar para me distrair, ou entreter a si mesma. De qualquer forma, aprecio a conversa.
—Essas são uma das poucas florestas naturais restantes no nosso país. Nada como os aglomerados geneticamente modificados que nos mantém respirando. Esse lugar está vivo. Ouvir ela falar da floresta como algo precioso e indispensável ainda soa entranho. Tudo que eu consigo imaginar é o medo que passei naquele lugar enquanto vejo as árvores passando.
—Nossa família mora naquela casa a gerações. Quando quiseram fechar a floresta tentaram nos tirar de lá, mas considerando tudo que gerações passadas fizeram por aquele lugar e pela cidade conseguimos manter a casa. As árvores dão lugar a uma estrada ampla e que segue muito além dos olhos para a direita e para a esquerda. Mesmo depois de entramos em uma rodovia Carlisle continua usando o controle manual. Ele parece confortável, como se aquele fosse um velho hábito seu, enquanto dirige ao lado de outros carros claramente em piloto automático mantendo uma distância perfeitamente simétrica um dos outros. Ele dirige tão rápido quanto o controle manual permite e logo avisto os arranha-céus da cidade crescendo no horizonte, como se estivessem brotando da estrada para o céus.
Você está em Forks, no estado de Washington querida. As palavras de Esme flutuam na minha mente enquanto observo os prédios crescendo mais e mais no horizonte.
—Nem acredito quando olho para Forks agora. E imaginar que esse lugar era uma cidadezinha no meio do nada. Alice fala observando a cidade. As palavras dela soam estranhas aos meus ouvidos. De alguma forma tenho certeza de que o que ela disse não está certo. Antes de perceber estou questionando ela.
—Forks sempre foi uma cidade maior que a maioria em Washington por… séculos.
Fico supresa de saber isso. Tento me lembrar de one sei essa informação, mas não consigo entender como ou porque sei disso.
—Ahm… eu li nos livros de história claro. Eu te falei que nossa família vive aqui por gerações… Fotos da cidade estão… por toda parte no álbum da… ahm… da família… Alice responde tropeçando nas palavras.
—Claro… desculpa. Foi um comentário desnecessário. Porque tentei desmentir ela daquela forma? Além do mais, como eu sei disso?
—Não se desculpe por ser mais esperta que Alice querida Esme fala piscando para mim. O sorriso dela faz meu corpo esquentar. Uma de suas mão pousada sobre meu braço.
—Ei! Alice fala como quem está ofendida pelo comentário. Carlisle tenta disfarçar uma gargalhada com um ataque de tosse.
De cabeça baixa sinto o calor reconfortante se espalhar. Não sinto meus lábios se moverem, mas tenho certeza de que me sinto feliz.
Em poucos minutos entramos na cidade de Forks.
A cidade não parece particularmente especial. Nada diferente do que eu imaginava na verdade. Vejo algumas pessoas em grupos caminhando e segurando grandes bandeiras. Não consigo ler o que está escrito, mas elas também projetam palavras em suas camisetas. Só consigo ler a palavra Já! se movendo na camiseta de um dos homens mais perto do carro. O trânsito vai ficando mais lento a medida que a multidão vai ficando maior.
—Outro protesto? Esme pergunta para Carlisle e Alice no banco da frente.
—É o que parece Carlisle responde. —Vamos fazer um desvio.
Carlisle sai da rodovia tumultuada e dirige por ruas menores evitando o tráfico. Após virar aqui e ali uma rua mais ampla se abre e em nossa frente um conjunto de 3 prédios enormes construídos um do lado do outro como um dominó tem as palavras ´Hospital Regional de Forks´ passando pelas janelas.
Várias pessoas usando uniformes brancos e azul claro caminham pelo pátio. Carlisle dirige até a entrada da garagem e posiciona o carro sobre o elevador. Com um bipe curto o carro começa a subir. Passamos por um túnel fechado por alguns segundos até finalmente chegarmos aos andares da garagem. Vários carros posicionados verticalmente estão alinhados nas paredes por vários andares. De repente, o elevador para e o carro desliza para uma plataforma onde dois homens e uma mulher estão em pé, como se estivessem esperando para receber todas as pessoas que estacionam ali.
Carlisle desce do carro primeiro eu posso ouvir um dos homens falar —Bom dia doutor Cullen. Carlisle responde com um bom dia. O outro homem abre a porta de Alice e a porta do passageiro do meu lado. Ele estende a mão para mim para me ajudar a sair do carro. Esme já está saindo pela outra porta. Aceito a mão dele e saio do carro também e logo volto para o lado de Esme. Minha mente está em branco.
A mulher vem em nossa direção e fala com Carlisle.
—Não estávamos esperando o senhor hoje doutor Cullen. Alguma coisa errada?
—Não Brandy. Só trouxe uma convidada para exames de rotina. Carlisle aponta na minha direção quando fala convidada. A mulher ergue uma sobrancelha e olha para mim. Sou quase da mesma altura de Esme, mas tenho certeza de que pareço uma criança de 5 anos agarrada no braço dela. A mulher olha para Carlisle novamente.
—Convidada? Ela pergunta meio que confirmando se Carlisle usou as palavras certas.
—Exatamente. Ele responde sorrindo. Trate-a como uma, por gentileza Brandy.
Brandy acena levemente e nos guia até o elevador.
—Eu tenho que organizar algumas coisas antes do exames então preciso que vocês façam o registro dela primeiro e me encontrem na recepção ok? Carlisle desce do elevador em um andar cheio de pessoas de jaleco branco andando apressadas. Alice responde —Claro. A gente se vê mais tarde. Carlisle dá um sorriso para mim e outro mais longo para Esme até que a porta do elevador se fecha.
A garagem fica no andar mais alto então a viagem até o térreo foi mais longa do que eu imaginava. Talvez fosse meu coração batendo violentamente no meu peito que fez a viagem mais longa. Ou a ansiedade que a palavra registro me fez sentir, que parecia apertar minha garganta. Acho que estou respirando rápido demais pois Esme coloca uma mão no meu ombro e tenta me acalmar.
—Vai ficar tudo bem. São só exames. Nada demais. Ela fala com a voz doce de sempre. Tento relaxar ao toque dela. É fácil sentir que tudo vai ficar bem, mesmo que eu não acredite nisso, quando Esme está perto de mim desse jeito. É como se ela fosse minha camomila pessoal, só que mil vezes mais forte.
Alice também sorri e tenta me acalmar. —Carlisle provavelmente vai fazer exames de sangue e um CAT scan. Nada demais. Além do mais, assim que você terminar vamos comer uma refeição deliciosa no meu restaurante favorito. Balanço a cabeça para ela tentando parecer calma. Penso em forçar um sorriso, mas talvez seja melhor me concentrar em não vomitar.
Quando as portas do elevador se abrem um mar de médicos e pacientes flutuam de uma lado para o outro da recepção. Andamos devagar até a mesa principal e Esme para antes de chegarmos até o guichê de atendimento. Alice anda sozinha até a mulher na recepção, aponta para Esme e para mim e volta a conversar com a recepcionista. As vezes ela olha para mim e Esme, ainda com o braço sobre meus ombros e de então olha de volta para Alice.
Minha respiração fica rápida novamente e Esme aperta meu ombro de leve. —Vai ficar tudo bem. Ela fala baixinho. Eu esperava sentir algum nervosismo vindo até o hospital. A sensação que tive quando Carlisle sugeriu pela primeira vez que viéssemos até o hospital foi desagradável o suficiente para me fazer entender que mesmo que não me lembre, meu corpo se lembra de alguma experiencia traumática no hospital. A pergunta de Alice antes de sairmos do quarto volta a minha mente. Porque você disse que não tem um cartão de identificação? Ela perguntou. Não sei. Só sei que naquele momento falei o que estava sentindo. Não senti que perdi ou esqueci o cartão. Tinha certeza de que não tinha um, em lugar algum. Talvez seja por isso. Não é o hospital, é a idéia de ver outras pessoas. Pessoas com perguntas sobre quem eu sou. Pessoas que não pensariam duas vezes antes de me mandar para o posto policial mais próximo e me denunciar como um cidadão irregular.
Aperto o casaco de Esme e tento me acalmar. Vai ficar tudo bem. Os Cullen nunca questionaram minha história. Eles não fizeram perguntas, só me aceitaram. Vai ficar tudo bem. Respiro fundo três vezes, exatamente com fiz no quarto as três da manhã. Sinto meu corpo relaxar um pouco e olho para Esme. Ela está me olhando preocupada enquanto tento me acalmar. Solto o casaco dela e coloco as mão na frente do corpo.
Alice volta depois do que pareceu horas com três crachás com a palavras visitante escrita em cada um.
—Carlisle já tinha falado com eles então foi mais fácil. Aqui… coloque o cartão no lado esquerdo e é só passar pela entrada que a porta vai abrir. Alice pendura o cartão sobre meu casaco do lado esquerdo e Esme faz o mesmo com o dela.
Alice acena para algum ponto atrás de nós com um sorriso largo. Esme e eu nos viramos e vimos Carlisle , agora completamente uniformizado com o jaleco branco, andando em nossa direção.
—Foi tranquilo pegar os cartões de visita? Ele pergunta olhando para o crachá no meu casaco.
—Sem problemas doutro Cullen. Esme fala sorrindo.
—Tudo bem então. Carlisle fala. Vamos até o quarto para ela trocar de roupa.
Nós quatro seguimos em direção a porta de entrada da ala hospitalar, além da recepção. A entrada são vários guichês pequenos com portas de vidro que se abrem automaticamente quando alguém com autorização se aproxima. Passamos casa um pela abertura entre guichês disponíveis e entramos em um corredor.
O novo corredor ainda está cheio, mas menos barulhento que a recepção. Médicos e enfermeiras passam por nós e cumprimentam Carlisle.
Paramos em frente a uma porta onde duas enfermeiras de uniforme azul claro estão esperando por nós. Carlisle as cumprimenta e entrega um tablet para uma delas dizendo:
—Ela vai fazer esses exames. E ela tem uma certa… fobia de hospital então sejam extra gentis com ela ok? Carlisle pisca para mim. Tenho certeza que ele acha que me fez um favor, mas desejo que ele não tivesse falado nada, agora elas acham que eu sou uma bebêzona com medo de agulhas.
—Entendido. Se a senhorita puder nos acompanhar... A enfermeira de cabelos longos fala com uma voz extremamente aguda e me olhando como se eu fosse um bebê. Ignoro a expressão rídicula no rosto dela e tento me acalmar.
Respiro fundo mais uma vez e sinto o toque de Esme no meu ombro quando ela me vira para olhar para ela.
—Não fique nervosa. Vai dar tudo certo. Vamos ficar aqui te esperando ok?
—Parece que ela vai pra uma cirurgia ou sei lá… Alice fala rindo. —Ela só vai fazer exames Es... hã, mãe.
Esme está respondendo ao meu medo. Não quero que ele fique preocupada comigo então coloco a minha melhor(?) cara de corajosa e falo:
—Eu sei. Vejo vocês daqui a pouco. E sigo as enfermeiras através de porta.
Assim que passamos pela porta vejo um quarto enorme de hospital. Uma cama e sofás alinhados em frente a uma janela com flores decorando a mesa de centro. Olho para trás esperando ver Esme, mas uma vez, mas a outra enfermeira, essa tem cabelos curtos e loiros, já fechou porta. Ela está encostada de braços cruzados olhando para mim. O sorriso que ela tinha nos lábios sumiu assim que Carlisle saiu de vista.
—Aqui. Vista isso. Você pode ficar com a roupa debaixo, mas remova a nanotech ahm… Ela para olhando para o tablet que Carlisle a entregou e fala Srta…. Cullen?
Se eu não estivesse com elas o tempo todo diria que não são as mesmas pessoas. A enfermeira de cabelos longos jogou um monte dobrados de roupas para mim e o sorriso largo dela deu lugar a uma cara de tédio e o tom de voz desceu pelo menos 3 oitavos. Fora que ela me chamou de Srta. Cullen. SRTA. CULLEN?? Encaro ela com a boca meio aberta tentando processar o que ela disse. Talvez tenha ficado calada tempo demais. Ela fica brava comigo e estalada os dedos caminha frente. —Oi?????
—Desculpa Falo rapidamente. Onde eu… falo olhando em volta procurando o banheiro para me trocar.
—Naquela porta onde está escrito ´banheiro´.
Só faltou ela falar ´dãh´. O sarcasmo na voz dela começa a me irritar.
Sigo para o banheiro e começo a trocar minhas roupas. A parede a minha direita tem duas grandes aberturas uma do lado da outra. A minha direita ´Out´ a minha esquerda ´In´. Tiro as roupas com cuidado e as coloco na abertura da esquerda e ouço a máquina se mexendo. Alguns segundos depois minhas roupas dobradas e em sacos plásticos aparecem na abertura da direita. Coloco o roupão do hospital.O tecido fino me faz sentir exposta.
Recolho minhas roupas e estou prestes a sair do banheiro, mas quando chego mais perto da porta posso ouvir a voz das duas conversando.
—… não acredito. Disse uma delas. A de cabelo longo? Ou curto? Não tive tempo de memorizar a voz delas.
—Mas nome dela está como Cullen. Será filha dela? A outra responde.
Me lembro de como ela me chamou de Srta. Cullen. Não achei que Carlisle realmente iria falsificar um nome para mim. Na recepção ninguém me perguntou nada ou pediu qualquer documento. Foi isso que ele quis dizer com ´vai ficar tudo bem´.
Uma delas, ainda não sei qual, ri alto antes de responder. —E você já viu aquela mulher grávida?
—Mas eles tem o quê, cinco filhos não é?
—Ela não tem cara de ter mais de 30 anos. Onde ela arrumou tempo de ter cinco filhos que já estão formados no ensino médio, TODOS AO MESMO TEMPO?
—Verdade… bem ela deve ser adotada então? Mas é estranho. Ela é tão diferente dos outros….
Sinto a raiva borbulhar dentro de mim. A pequena irritação se transformou em algo maior e quente dentro de mim. Essas duas estavam especulando na vida pessoal dos Cullens, e não pouparam sacarmos ou comentários mal educados.
—Então… OH! O Dr. Cullen pulou a cerca??
—Como assim?
—Você sabe... Ela pode ser filha de uma amante.
Quase soltei um ´HÀ!´ irônico. Carlisle? Traindo Esme? A idéia era tão maluca que não conseguia ser engraçada, na verdade, o comentário só aumentou a raiva. Ouço um baque no meio da conversa.
—Ai! Porque fez isso?
—Você fala demais.
—Então o que? Ela adotou todos os filhos dela? E somente aqueles que parecem com ela e Carlisle? Para que? Tentar enganar todo mundo?
—Não me interessa os motivos.
—Não estou fofocando. Só estou… curiosa. Ela anda pra lá e pra cá como se fosse a mulher perfeita e me dá nos nervos. Um dia eu vou….
Não aguento mais ouvir essa baboseira e abro a porta forte. As duas pulam de susto com o barulho. Seria melhor se tivessem caído no chão.
—Estou pronta. Falo séria. Nenhum gaguejo, nenhuma timidez. Sinto a raiva fervendo dentro de mim.
—Vamos logo então. A enfermeira de cabelo longo. Foi ela falou que não estava interessada na vida de Carlisle ou dos Cullens. Então a outra foi que falou toda aquela baboseira sobre Esme penso encarando a loira de cabelos curtos. Ela encontra meu olhar e parece desconcertada. Ela olha para os lados como que se perguntando se é com ela, e quando finalmente entende meu olhar de raiva sorri debochadamente e levanta o queixo levemente como que me desafiando.
Reúno toda paciência que me resta e sigo para fora da sala com calma.
Não acredito no que elas disseram! Penso nervosa em uma das maquinas de exame. Quem elas acham que são? Não sabem de nada e ficam falando besteira. E elas falaram em alto e bom som, queriam que eu ouvisse. Aff! Que raiva!
Passo de um exame para o outro com a raiva borbulhando dentro de mim.
Amante. Há! O Sr. Cullen? Elas falam isso porque não viram o jeito que eles se olham. E quem disse que Esme não é mãe da Alice e do Jasper? Eles têm os mesmos olhos e.... e…., e se eu procurar vou achar mais semelhanças sim! Não tem ninguém que tenha dois olhos funcionando que se atreva a questionar o parentesco deles!
Os médicos fazem muitas perguntas também. Muitas das quais eu não sei responder e o tempo parece se arrastar. Não vejo a hora de sair desse lugar. A ressonância magnética foi o exame mais longo. A máquina é silenciosa, mas ficar parada sem mexer um músculo é difícil.
O exame da sangue foi… interessante. Vi o enfermeiro preparando o disco e metal para que entrasse em contato com minha pele. Senti as pequenas agulhas fazendo cócegas no meu braço enquanto gentilmente sugam o sangue para dentro do disco, que vai dobrando de tamanho com o volume do sangue. Assim que o enfermeiro tentou esconsar o disco de minha pele, como um reflexo, afastei meu braço e bati o cotovelo na mesa derrubando algodões e curativos para todo o lado. Estamos meio nervosos hoje hein? Ele fala brincalhão. Eu ajudo ele a recolher os curativos e tentamos mais uma vez. Dessa vez ele me pergunta se estou pronta antes de tentar mais uma vez. Respiro fundo e respondo que sim, lutando contra meu corpo que ainda quer afastar meu braço o mais rápido possível. Observo o disco se encher de sangue e respiro devagar tentando me acalmar. Quando ele termina, apenas três pequenos pontos sobram no meu braço. Ele coloca um curativo e eu finalmente termino com todos os exames.
Sigo as duas enfermeiras até o quarto onde começamos nossa jornada de exames ao redor do hospital. Ando direito até o banheiro e me troco o mais rápido que consigo. Assim que abro a porta Esme, Alice e Carlisle já estão lá me esperando. Suspiro aliviada quando vejo Esme. Ela está sorrindo para mim como sempre. Caminho rápido na direção dela e posso sentir meus braços levantando. Como um tapa na testa percebo o que estou fazendo e paro. Não posso abraçar ela assim do nada. Paro na frente dela e Esme coloca as mão em meus ombros.
—Como foi? Doeu muito? Esme pergunta me observando. Ela parece uma mãe preocupada.
—Não. Foi tranquilo. Respondo. Esqueço toda a raiva e cansaço quando olho para Esme. Não tinha notado o quanto senti falta dela. O que realmente destruiu meu humor foi ter que ficar longe dela tanto tempo. Com ela ali sorrindo para mim foi como se nada de ruim tivesse acontecido.
—Ainda bem. Esme responde.
—Seus exames estão ótimos também. Carlisle fala. Todos na sala se viram para ele. —Ainda faltam alguns resultados, mas estou otimista. O sorriso dele é discreto. Sei o que ele quer dizer. Ele está otimista de que vão descobrir porque eu perdi a memória. Claro que ele não ia falar nada na frente das enfermeiras. Aceno de leve para ele.
—Bem eu tenho outras coisas para fazer. Vejo vocês hoje a noite. Carlisle dá um beijo em Esme e toca meu ombro de leve antes de sair da sala. As enfermeiras seguem ele com os mesmos sorrisos irritantes no rosto.
Estou faminta. Agora que a tensão no quarto se dissolveu sinto meu estômago vazio reclamar. Andei por todo o hospital por duas horas e não tomei café da manhã direito, de fato, a única coisa que eu toquei naquela bandeja que Esme me trouxe foi o copo de água.
—Você deve estar com fome Alice disse —Vi que você não tocou no seu café da manhã.
—Tenho certeza que sim. Vamos, tem um restaurante aqui perto. Esme diz com um sorriso.
Alice, Esme e eu seguimos para o elevador de volta para a garagem.
Os mesmos homens que nos cumprimentaram quando chegamos estão agora preparando o carro para nossa partida. Alice senta atrás do volante, mas Esme senta comigo no banco de trás mais uma vez.
—E o Sr. Cullen? eu pergunto pensando em como ele vai voltar para casa sem o carro.
—Não se preocupe, quando Rosalie e Emmett voltarem vão levá-lo Alice me responde enquanto arruma o cabelo no espelho. O carro já está descendo pelo o elevador.
Emmett e Rosalie. Penso nos nomes que Alice falou. Minha mente tenta juntar as peças. Os Cullens tem cinco filhos. Já conheci Alice e Jasper. Emmet e Rosalie podem ser os outros dois. Tenho certeza de que são alguma coisa deles já que vão se dar ao trabalho de levar Carlisle de volta para casa. Deduzir o grau de parentesco ou proximidade é difícil. Será que eles moram na casa dos Cullens? Os pensamentos voando na minha mente são estranhamente analíticos. Como se eu precisasse saber exatamente quem eles são e qual o relacionamento deles com os outros. Balanço a cabeça tento afastar as preocupações inúteis. Não interessa quem eles são. Admito que estou preocupada com a reação deles a mim, mas talvez, se eles não forem da família, Esme vai apenas contar uma história qualquer com fizeram no hospital.
Estou cansada e pensando demais. O stress dos exames deixa minha cabeça pesada. A fome só piora meu humor.
—Eu conheço o melhor restaurante da cidade. Você vai adorar a comida! Alice fala enquanto dirige pela cidade. Ela, como Carlisle, tem o estranho hábito de dirigir em modo manual. Alice passa rapidamente pelos carros mudando de faixas a todo o momento.
Pessoas e carros passam pelo vidro enquanto Alice coloca música no rádio. Passamos do lado contrário a manifestação de mais cedo. A pista ainda continua com tráfico pesado e vários carros estão parados enquanto os manifestantes vão andando juntos e balançando bandeiras holográficas.
—Eles ainda estão nisso... Alice fala observando a cena.
—Eles lutam por uma causa nobre... mesmo que sem futuro. Esme também observa a cena da passeata acompanhada de inúmeros policiais e máquinas de controle de multidão.
—Bem o nosso almoço é a causa nobre pela qual eu luto no momento. Alice fala descontraindo o clima. E o nosso restaurante está logo em frente!
Alice aponta para um prédio cintilante no meio da avenida lotada de pessoas. O prédio é tão alto quanto pode ser e coberto de um vidro que brilha como se a o sol estivesse sobre ele apesar do céu ainda estar cinzento acima de nós e algumas poucas gotas de chuva começarem a cair.
Dessa vez não entramos em uma garagem como antes. Alice estaciona o carro na frente do prédio e um valet leva o carro para o outro lado do prédio. Uma mulher alta vem em nossa direção com um largo sorriso no rosto.
—Bem-vinda Srta. Cullen. A mesa de sempre? Ela pergunta a Alice.
—Obrigado Ana. Seguimos Ana até o elevador do prédio. O restaurante fica no último andar.
Assim que começamos a subir conseguimos ver toda cidade e as pessoas na avenida. De cima elas parecem apenas formigas e o carros parecem de brinquedo.
Chegamos ao vigésimo andar e a porta se abre. Ouço uma música delicada vindo de fora do elevador. Seguimos em frente até uma porta automática que dá acesso a um andar cheio de mesas postas de forma a apreciar a vista das janelas. Garçons apressados anda para lá e para cá seguidos de perto por pequenas esferas metálicas carregado bandejas e mais bandejas de comida.
A ´mesa de sempre´ de Alice é um espaço reservado logo em frete a uma janela enorme. É como estar flutuando. Não quero olhar para baixo por isso mantenho o olhar no horizonte. A chuva vai ficando mais forte e neblina mais alta. Não consigo ver a estrada ou as pessoas no chão, apenas o topo de prédios mais altos que o nosso flutuando sobre as nuvens.
Um simpático garçom entrega um cardápio para cada uma de nós, mas Esme não me deixa abrir o meu.
—Pode deixar que eu escolho. Você prefere carne ou peixe? Esme pergunta sorrindo e devolvendo o cardápio para o garçom.
Então é caro assim? Penso deduzindo o motivo de Esme ter tirado o cardápio da minha mão.
—Não tenho preferência. Vou comer o mesmo que vocês. Eu tento espiar os preços, mas Esme logo fecha o cardápio e faz o pedido.
A refeição é ótima, mas a atenção dos garçons é sufocante. Meu copo mal fica meio vazio e eles já completam a bebida novamente. Durante todo o curso da refeição eles trocam todos os pratos não importa se eu os usei ou não e também os copos e talheres.
Alice e Esme estão conversando sobre nada em particular durante toda a refeição. As vezes Esme me faz uma pergunta e eu dou respostas curtas, sem saber exatamente o que falar. Uma leve vibração na mesa interrompe a conversa. Alice olha pra o pulso e solta um suspiro alto.
—Parece que tenho que resolver umas coisas, mas vou deixar tudo preparado antes. Só preciso que você me fale quais foram as melhores. É uma pena. Não queria deixar vocês sozinhas. Alice faz um biquinho e olha para mim e para Esme várias vezes.
—Não se preocupe e faça seu trabalho com calma. Vamos esperar por você. Esme fala segurando a mão da filha.
—Eu vou terminar rápido. Alice fala sorrindo. —Vamos então?
Olho rapidamente de Esme para Alice sem entender nada do que está acontecendo. Como que finalmente percebendo que estou completamente perdida na conversa, Esme me explica o que está acontecendo.
—Alice tem algumas coisas para resolver no trabalho dela. Nós estávamos planejando fazer algumas compras juntas, mas parece que vai ser só você e eu por algumas horas.
—Ah… falo finalmente entendo a situação. A idéia de passar um tempo sozinha com Esme faz cócegas na minha garganta.
Dirigimos pela cidade mais uma vez, mas dessa vez paramos em uma espécie de shopping e a recepção é totalmente diferente.
Assim que desço do carro várias mulheres de uniforme estão enfileiradas de cada lado de um tapete vermelho. Assim que Alice sai do carro uma mulher com um traje mais formal e de óculos entrega uma pasta na mão dela e a cumprimenta.
—Bem-vinda presidente.
Logo depois dela falar todas as outras mulheres enfileiradas repetem juntas “Bem-vinda presidente” sorrindo e com as mãos postas sobre a barriga e eu apenas fico ali boquiaberta, exatamente a mesma expressão que tenho feito o dia todo, de idiota.
Autor(a): purplehelebores
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
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—Já disse que não preciso dessa recepção Jenny. Alice fala olhando para a pasta que a secretária lhe entrega. —É uma formalidade e uma questão de respeito. Também, faz algum tempo que a senhorita não vem até o escritório então achei que uma recepção calorosa a ...
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