Fanfics Brasil - Meu nome é... Quando o Helébore Florescer

Fanfic: Quando o Helébore Florescer | Tema: Crepúsculo


Capítulo: Meu nome é...

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Assim que terminamos de jantar e Esme sai do quarto, escovo meus dentes enquanto observo meu rosto no espelho. Olho para cada detalhe do meu rosto. Minhas sobrancelhas, meu nariz, bochechas, lábios, queixo. Eu deveria reconhecer esse rosto, saber cada detalhe sobre ele, enxergar o rosto dos meus pais em cada curva, mas para mim aquele rosto no espelho ainda é estranho. Por mais bonito que pareça para mim, não encontro conforto ou familiaridade nele.


Volto para o quarto e dou uma olhada em volta. As roupas novas no armário já estão perfeitamente organizadas. Não me lembro de ouvir Alice sair do quarto quando Esme chegou. Se bem que eu não teria notado nada naquele momento. Fecho a porta do closet com cuidado e arrumo os lençóis na cama, me preparando para dormir, mas na verdade não tenho um pingo de sono. Acho que talvez o ato de preparar tudo faça meu corpo entender que é hora de desligar.


Sento no sofá sobre a janela e encaro a cama feita. Apague as luzes falo para a pequena figura oval flutuando perto de mim. As luzes se apagam devagar e agora apenas a luz da lua entra pela janela.


Abraço meus joelhos e fico encarando o céu nublado. O cenário é deprimente com toda aquela névoa, mas monótono o suficiente para deixar minha mente em branco. É como se eu fosse a última pessoa no mundo. Apoio minha cabeça nos joelhos e fecho os olhos. Me imagino acordando na floresta novamente, procuro detalhes que perdi, ou sons que ouvi e esqueci. Procuro sentido até no caminho pelo qual escolhi correr. Porque escolhi aquela direção? Porque acordei nessa floresta? Foi tudo coincidência? O sono que antes me escapava parece acertar meu corpo em cheio. Minha mente está cansada eu mal consigo manter os olhos abertos. Me arrasto para a cama e me cubro dos pés a cabeça. Tento resistir ao sono, quero entender melhor o que aconteceu comigo. O fato de não entender exatamente o que é essa perda de memória me incomoda. Não é igual aos filmes. Uma batida na cabeça não vai resolver meu problema. Vou precisar de um computador. Esse é meu último pensamento antes de finalmente cair no sono.


Quando abro os olhos, outra manhã cinzenta esconde a luz do sol na neblina. Olho no relógio. Seis e meia. Cedo demais. Me levanto e lavo o rosto, escovo os dentes e faço a cama. Tento observar detalhes nos meus movimentos que me ajudem a lembrar de algo, mas só porque alinho meus lençóis de certa forma, não que dizer que nasci em um certo estado ou país.


Em Forks eu realmente me lembrei daquelas coisas (das informações sobre a cidade e sobre os filmes), mas agora só sigo hábitos que estão encravados no meu corpo e não tem como eu tirar deles algo que me ajude.


Mas o problema é que eu tenho que lembrar. A cena da briga de ontem ainda está clara na minha memória. Todo o desespero ainda está ali, pronto para me rasgar no meio mais uma vez se eu deixar. Eu não posso ficar sentada aqui como um peso morto. 


Escolho as roupas mais confortáveis que achei. A calça jeans e o moletom branco que provei ontem. A temperatura dentro da casa é sempre agradável, apesar do lado de fora ficar mais frio a cada dia, então não me preocupo em usar a nanotech hoje. Prendo o cabelo em um rabo de cavalo baixo e pratico em sorriso de bom dia na frente do espelho. Repito algumas vezes ´Bom dia Sra. Cullen´ no espelho, mas é uma sensação estranha. O sorriso é passável, mas não consigo me acostumar com o ´Sra. Cullen´. Talvez, só bom dia seja melhor.


Termino de me arrumar e já são mais de sete horas. Esme não parece do tipo que dorme até mais tarde então talvez ela já esteja acordada. Coloco a mão perto do acionador da porta e a imagem de Rosalie vem à mente. Não sei se consigo encarar ela de novo, pelo menos não agora. Eu não tenho nada para falar para ela. Me desculpar? Talvez sim, pelo incômodo, mas não quero me desculpar por precisar de ajuda. Não faz sentido. Ira ela falar alguma coisa? Ou só me encarar até que fique insuportável viver na mesma casa que ela? Será que ela nunca vai me aceitar? Estou suando frio quando Alice abre a porta de repente e me faz pular de susto.


Nossa… que foi? Alice ri me vendo assustada daquela forma. Tento me recompor e parecer um pouco mais calma antes de falar.


 Nada, falo tentando parecer normal —eu ia sair e você abriu a porta antes e eu me assustei... só isso, falo com um sorrisinho nervoso no rosto tentando disfarçar.


Hum... Alice me olha dos pés à cabeça e então continua —Tudo bem então. Eu ia te acordar, mas como você já está pronta então já pode descer. O café da manhã está pronto. Só falta você...


Claro! Vamos. Achei que tinha acordado cedo, mas aparentemente fui a última a levantar. Sigo Alice pelo corredor até as escadas. A cada degrau mais perto do hall principal fico mais ansiosa. Fico observando em volta, tentando olhar dentro da sala de estar e fico aliviada quando não vejo Rosalie em lugar algum. Agora não tenho que me preocupar em lidar com ela (pelo menos não por agora).


Ontem a noite decidi que deveria entender melhor sobe minha perda de memória, ou em termos médicos, amnésia. A única forma de estudar o assunto sem incomodar Carlisle é usando a internet, mas eu preciso de um ponto de acesso.


O cheiro no ar é delicioso. Sigo Alice passando pela sala de estar e depois pela mesma porta que Rosalie usou quando saiu indignada ontem à noite. 


Eu não notei essa porta antes. Ela fica muito mais no fundo na sala de estar e atrás dela uma sala de jantar e uma cozinha foram montadas. Uma mesa grande que parece madeira com várias cadeiras está posta de frente a uma enorme janela, de onde é possível ver o jardim e a chuva fina que parece não ter fim.


Um pouco mais afastada da mesa, a cozinha moderna quebra um pouco o rústico da cor da mesa. Ela é feita toda em metal e com uma ilha com cadeiras altas ao redor.


Atrás da ilha, duas geladeiras enormes estão decoradas com ímãs de bonecos coloridos.


A parede a minha esquerda tem um armário grande com várias porta que parecem feitas para armazenar comida e outros utensílios.


—Bom Dia! Esme fala sorrindo para mim. Ela coloca um prato em frente a uma das cadeiras na ilha e eu me sento. Torrada com ovos e mini salsichas e um copo de suco de laranja.


A ilha não é fria ao toque. Não é metal penso reconhecendo o toque suave e ligeiramente aquecido. Essa mesa aguentaria a batida de um carro a toda velocidade de frente sem nem piscar.


Bom dia! Alice senta ao meu lado e distraidamente mexe no celular enquanto aprecio a deliciosa refeição que Esme preparou. A comida dela é muito melhor que a do restaurante.


Estive pensando Alice fala. Eu não desvio minha atenção da comida, que está deliciosa demais para distrações. —Acho que até o Jasper voltar deveríamos pensar em um nome pra você Quase me engasgo com a comida.


Jasper? Isso não é exatamente o que eu pretendia perguntar, mas...


Onde ele foi? Eu pergunto depois de evitar uma bagunça quase cuspindo a comida da minha boca com o susto.


É que.. ele tem alguns conhecidos que podem ajudar a descobrir alguma coisa sobre você Alice fala enquanto olha para Esme e de volta para mim. —Mas enfim, pensei que Julianne seria um nome bonito e Anne seria o apelido perfeito porque é estranho só te chamar de "você" o tempo todo e.... bem, depois dessa minha mente ficou em branco. 


Me sinto confusa e feliz ao mesmo tempo. Ela pensou em um nome? Então ela não está brava com o que aconteceu ontem... o pensamento faz meus pêlos do braço arrepiarem Ela... ela não se importa então? Ela não está esperando pelo dia em que eu vá embora daqui? Esme? 


Olho para ela esperando ver sua reação. Ela está sorrindo. Esme já sabia sobre isso, ela já sabia da ideia de Alice e concorda com ela. O arrepio só aumenta e agora parece que um vento um frio sopra no meu estômago. Então todos os outros devem saber também não? Até Rosalie? E eles concordaram? Eles não estão me vendo como um ‘problema’ então? Nesse momento o que eu sinto é felicidade. Esse arrepio e o frio no estômago é o jeito do meu corpo reagir a felicidade que estou sentindo, e mesmo que eu saiba que não é tão simples assim, mergulho nessa sensação boa e um sorriso enorme aparece no meu rosto. 


—Hey… você sabe sorrir! Alice fala. É a primeira vez que ela me vê sorrir.


Só acordo dos meus pensamentos quando Alice estala os dedos na frente do meu rosto e me pergunta o que eu acho do nome. —É muito bonito, muito mesmo. Eu.... Eu adorei. 


Jullianne. Eu sempre tive consciência de que Esme, Alice e Carlisle tomavam cuidado para usar apenas pronomes quando falavam comigo e nunca me importei. De fato achei que seria assim até o dia em que eu mesma me lembrasse do meu nome. Achei que estava correndo contra o tempo para recuperar a memória, mas o gesto de Alice me faz sentir mais leve e menos ansiosa pelo fato não me lembrar de nada.


Esse nome, mesmo que não seja meu nome verdadeiro, me deu uma identidade. Eu sei que um nome falso não é muita coisa perto de uma vida inteira perdida de memórias, mas isso é o suficiente para me dar mais confiança, como se eu finalmente fosse alguém agora. Agora tenho um nome pelo qual responder.


Reúno toda a coragem que meu novo nome me deu e pergunto se existia um ponto de acesso na casa que eu pudesse usar. Alice é quem responde a minha pergunta:


Claro Anne! Vem, o dispositivo principal está na sala de TV, posso de dar acesso de lá, mas não se assuste que o Emmett tá lá e ele é meio barulhento quando tem jogo.


Obrigado! respondo satisfeita pelo plano estar indo bem.


Sigo Alice passando novamente pela sala de estar e atravessando o hall de entrada até ficarmos de frente a uma porta fechada.


Passando pela porta vejo que ali um espaço mais reservado foi montado para a família se reunir. Sofás mais confortáveis e espaçosos enchem o espaço em volta de uma tela de projeção enorme. Uma mesa verde redonda montada para jogos foi colocada ao lado de algumas máquinas altas e de aparência velha com várias luzes piscando em volta de alguns desenhos coloridos e bolinhas amarelas com caras sorridentes. Perto de uma janela uma mesa de chá feita toda de vidro e delicadamente decorada por flores. No centro na mesa a cor metálica reflete a luz de forma mais brilhante, o ponto de acesso principal.


Quando entro na sala Emmett está concentrado na TV, mas me cumprimenta quando passo por trás do grande sofá onde ele está esparramado: E aí baixinha? Ele diz dando um grande sorriso para mim. Não tenho certeza de qual foi a reação de Emmett ontem a noite, mas a julgar pelo tom dele, ele não parece bravo comigo. Meio intimidada respondo com um sorriso tímido:


Bom Dia.


O nome dela é Julianne Alice explica me fazendo ficar ainda mais tímida.


Ela se lembrou? Emmett pergunta meio confuso desviando a atenção da TV para mim e Alice.


Não. Alice respondeu. —Esqueceu que falamos disso ontem?


Ah! É verdade. Mas não ia ter uma votação? Ela não ia escolher ou alguma coisa do tipo? Emmett pergunta ainda mais confuso.


O meu ia ser o melhor mesmo, então já está decidido. Alice dá um sorriso do tipo “eu venci” para Emmett.


Ah… Claro. Pra que eu perguntei... Emmett suspira fundo e volta a prestar atenção na TV.


Depois da breve... bem o que quer que aquilo entre ela e Emmett foi, Alice me leva até a mesa onde está o computador. Naquela posição é possível ter uma visão completa da sala. É um bom lugar para observar a movimentação e como fica perto de uma janela, dá até para apreciar a vista. 


Sento em uma das cadeiras e Alice me cadastra no sistema principal. Alguns teste de voz e impressões digitais depois tenho acesso ao sistema que controla a casa e a internet é claro. Assim que terminou o cadastro Alice fala ´se divirta´ e sai da sala, me deixando sozinha com Emmett. Fico aliviada por ela não ter perguntado o porquê da minha súbita vontade de usar um computador já que eu meio que não quero explicar.


Começo a pesquisa com o básico, como: o que é amnésia e suas principais causas. 


O mais provável no meu caso seria um trauma físico ou psicológico. Também é uma amnésia em que eu não me lembro do que aconteceu antes do trauma, mas me lembro do que aconteceu depois. Encontro um tipo que se encaixa no meu caso, mas aqui diz que mesmo perdendo trechos da vida permanente é possível lembrar por fotos ou rostos familiares, então quando eu me visse no espelho eu deveria lembrar de algo não? Ou tem que ser fotos de quem eu deveria conhecer? Argh... é tão confuso… Em dois minutos de pesquisa eu já me sinto frustrada.


Meu caso é diferente dos tipos que eu acho online. Comigo é mais como alguma coisa editada, como se só algumas partes especificas tivessem sido apagadas, mais precisamente memórias pessoais. Do jeito que a coisa anda vou ter que me conformar em esperar os resultados dos exames que fiz com Carlisle. 


Olho em alguns outros sites, mas nada me parece exatamente com meu caso. Mesmo os que começam bem parecidos, no final tem características que os descartam completamente. 


Muitas notícias e propaganda piscam na tela enquanto eu leio os resultados da pesquisa. Não sabia se estava tudo bem ou se as coisas pioram, mas nem tudo que aparece na tela é notícia ruim e a cidade parece bem organizada então não acho que devo me preocupar em ficar a par das notícias. A manifestação de ontem também está no jornal eletrônico. Demonstração de direitos humanos é o nome que eles deram.


Por curiosidade dou uma olhada nos sistemas da casa. Me sinto estranha olhando os detalhes da casa deles, mas não consigo evitar. Dois andares. O hall principal, a sala de estar, a sala de TV… não é nem 1/4 da casa. Quartos e mais quartos espalhados por todo lado. Duas salas de jogos, duas garagens, uma biblioteca ou sala de estudos? O que tem dentro desses quartos? Tento ler a planta mais detalhadamente, mas estranhamente não existe uma planta 3D da casa. Nenhum sistema de segurança? Câmeras? Cercas? Puxo o mapa da propriedade e estou prestes a abrir o arquivo quando o barulho da TV me chama atenção.


Noto a multidão na TV, mas são as flores na mesa que prendem minha atenção. São hortênsias e pela aparência foram recém-colhidas. Elas têm um aroma doce e agradável. O cheiro das flores traz algo como uma memória, ou a névoa de uma memória. Perfume? Não... uma… pintura. 


Um lamento alto tira minha atenção das flores. Emmett parece muito ansioso vendo o jogo. Um time de amarelo e branco e outro de azul e preto se enfrentam em uma partida de futebol americano. Não tenho nenhuma opinião pessoal sobre futebol e nem sei se já vi um jogo, mas sei como funciona. Não me assusta muito. Depois do que aconteceu na cidade é de se esperar que eu saiba de coisas aleatórias assim…


O jogo está lotado de fãs e segue acirrado. Não é mais uma questão de estratégia e sim de habilidade. É injusto, mas o trabalho duro não pode superar o talento e, com o tempo se esgotando, alguém precisa garantir a vitória. O time azul está confiante com a diferença de pontos, mas pelo que vejo ainda não estão seguros. Um erro pode acabar com tudo. Eles não estão tentando jogar, só querem esperar o relógio parar, e com tanta pressão assim o outro time com certeza vai tentar uma jogada desesperada.


Olho para Emmett e ele com certeza está torcendo pelos amarelos. Ele fica muito nervoso quando eles perdem uma jogada. Comparado com o fracasso da minha pesquisa o jogo de futebol americano parece mais interessante. Fecho tudo no computador e só para garantir limpo os logs de acesso Não quero que eles achem que estou… sabe… espionando? De alguma forma, não questiono mais, sei exatamente como apagar os logs. Eu me levanto e me aproximo da TV. Quando Emmett percebe minha presença ele me oferece um lugar do lado dele.


Gosta de futebol baixinha? Ele pergunta animado, mas sem tirar os olhos da TV onde uma discussão entre o técnico do time amarelo e seus jogadores está acontecendo.


Bem… o jogo parece... emocionante. Respondo sem estar realmente interessada. Só preciso de uma pausa.


Quando o tempo técnico acaba, o técnico do time amarelo coloca um jogador novo em campo. Emmett parece bem animado com a entrada dele. Os comentaristas destacam a agilidade e velocidade do jogador, mas estão preocupados por que ele ficou pouco tempo se recuperando de uma lesão. Como eu previ, um movimento desesperado. Um jogador machucado. 


O jogo recomeça e os segundos finais no relógio aumentam a pressão. O jogador novo é um corredor, logo a única esperança é colocar a bola na mão dele e esperar que ele consiga um touchdown, mas ele está machucado.


Bem, isso é o que eles disseram, mas quando a bola chega nas mãos dele eu diria que os comentaristas mentiram. Mesmo que seja verdade e ele tenha uma lesão não é possível perceber na forma como ele corre e desvia dos jogadores azuis e vai seguindo pelo campo como se ele estivesse correndo sozinho. No relógio os quarenta segundos finais colocam Emmett na ponta do sofá encarando a TV até que na marca dos dois segundos finais o jogador marca o touchdown, vira o placar e, como se fosse mentira, dá a vitória ao time amarelo. Emmett se levanta animado e eu comemoro junto com algumas palmas, sem muita energia, tentando parecer tão animada quanto ele, mas ele se empolga um pouco demais. Emmett é o tipo de homem que gosta de comemorar em conjunto e eu aprendi isso do jeito difícil quando ele me pegou e me pendurou no ombro dele e começou a girar pela sala cantando eu sei lá o que.


Esme aparece do nada e muito aflita manda Emmett me colocar no chão. Não sei se eu vou vomitar ou minha cabeça vai explodir ou os dois ao mesmo tempo. Eu sinto como se tivesse algodão nos meus ouvidos e estou simplesmente tonta demais para ficar em pé e caio no chão na hora que Emmett me solta. Bum! Com tudo de bunda no chão.


Coitadinha ela parece um tomate Emmett! Esme reclama com Emmett do estado em que ele me deixou enquanto eu já não sei o que é pior, a dor na bunda ou a tontura ou o mal-estar, mas foi divertido, como andar de montanha russa. Tenho que tomar cuidado com Emmett daqui em diante. Nada de ficar perto dele quando tiver jogo.


—Foi… divertido... eu falo sorrindo para Emmett que completa com um high-five enquanto a sala ainda se distorce a minha volta.


Já são quase 10 horas quando Carlisle finalmente volta para casa, ainda usando o jaleco do hospital. Estou subindo para meu quarto depois de um rápido jantar quando o vejo entrando. Ele está com uma cara séria e parece cansado, talvez tenha tido algum problema no hospital ou apenas um dia cheio. Ele segue direto para a sala de estar, e provavelmente para a cozinha onde Esme e Rosalie estão. 


Rosalie havia voltado para casa um pouco antes dele e ficou na sala de estar desde então. Ela falou com a mãe, mas não comigo o que não me incomodou já que não é como se eu quisesse falar com ela de qualquer forma. Ela me viu ali sentada com Esme, mas agiu como se eu não estivesse ali, a única coisa boa foi ver que ela voltou a falar normalmente com a mãe, o que me deixou mais aliviada.


Enquanto observo Carlisle dos degraus da escada caminhando apressado para a sala de estar sem nem mesmo me notar, me lembro do fracasso da minha pesquisa de hoje sobre minha amnésia. Talvez eu deva perguntar dos exames... penso descendo as escadas novamente, mas Alice, que caminha logo atrás de Carlisle, me faz um sinal pedindo para que eu vá para meu quarto. A expressão dela é estranhamente séria então sinto que é melhor falar sobre isso um outro dia.


Tomo um banho longo e quente tentando esvaziar a mente. Por alguns momentos tudo que sinto é a agua quente batendo no meu rosto, mas logo minha mente começa a repassar os acontecimentos do dia, mais especificamente os problemas. Por mais feliz que me sinta agora, com o nome e todo resto, eu não posso esquecer do que realmente está acontecendo. Esse não é meu nome e essa não é minha família. Quando eu me lembrar de tudo não vou mais responder a esse nome, não vou mais morar aqui e talvez nunca mais fale com nenhum dos Cullens.... Nem com Esme.


Tento afastar esses pensamentos depressivos e me concentrar no agora. Não existe muito que eu possa fazer além disso. Só porque não tenho um passado não posso condenar meu futuro a um mar de tristeza. Um passo de cada vez. Recuperar a memória pode não ser tão ruim assim. Pelo menos já estou tentando. Penso tentando me manter positiva. Como dizem: Não é necessário ver toda a escada. Apenas dê o primeiro passo. Bem... seja lá quem que diz isso.


Uso meu ponto de acesso no meu robô pessoal para me atualizar sobre notícias mais recentes. Apenas vou passando por jornais aleatórios até finalmente cair no sono. Meu corpo parece mais leve do que antes, mais calmo, relaxado. Prevejo uma boa noite de sono, a primeira desde que me lembro, ou seja, dois dias atrás.


Sinto meu corpo pesado sobre a cama e mesmo consciente não quero levantar. Navego na maravilhosa onde de preguiça até que finalmente estou acordada demais para ficar deitada.


Abro os olhos e encaro o teto por alguns segundos antes de me sentar. Observo o teto da cama imaginando se um dia vou ver o céu de Forks limpo e ensolarado Provavelmente nunca. Assim que me sento Esme entra no quarto, provavelmente estranhando a minha demora.


Hey! O frio te deixou preguiçosa? Ela diz sorrindo enquanto eu me espreguiço e sorrio de volta para ela.


Frio? Não sei, mas acho que dormi demais não? Falo me sentando na borda da cama.


Não se preocupe. Esme responde olhando para o relógio no pulso. Ainda são 10hrs.


Sério?? Eu fico de pé assustada. Dormi 2hrs a mais do que o normal.


Não precisa se preocupar, não é como se você tivesse compromisso. Esme diz rindo.


Ah… é. Ela tem razão. Esme não menciona nada sobre a noite anterior. Tenho a impressão de que algo está acontecendo, mas não sei como perguntar qual o problema.


Mas já que você levantou porque não se arruma? Alice quer te levar para um passeio. Mas não se preocupe, não envolve roupas ou compras então não precisa fazer essa cara de cansada. 


Aparentemente não consigo mais controlar minhas expressões perto de Esme.


—Tudo bem. Vou me arrumar então. Um passeio com Alice e Esme parece uma boa idéia. Ver lugar novos, novos estímulos, tudo que eu preciso para me ajudar a recuperar minhas lembranças. 


Vou esperar lá em baixo. Esme responde saindo do quarto.


Tomo um banho quente pensando em como Esme consegue me ler tão facilmente. A atenção e cuidado que ela me dá são, de certa forma, perigosos. Todo o carinho que eu recebo dela me faz querer ficar com ela ainda mais. Toda vez que ela sorri eu quero sorrir também. Quando ela fica triste eu também me sinto triste. Essa ligação é perigosa e vai me machucar quando a hora do adeus chegar.


Deixo a água quente lavar esses pensamentos da minha cabeça. Tenho que trabalhar na minha convicção de viver cada dia sem pensar no adeus. ’Apenas dê o primeiro passo’. Eu já estou fazendo o que posso, isso é o suficiente por agora. Mas sério, isso é um provérbio chinês ou o que? De onde eu tirei esse negócio??


Termino meu banho e logo que passo pela porta vejo um conjunto completo de roupa organizada em cima da cama. Todas elas roupas que ganhei de Alice.


Uma bota de cano alto marrom, uma blusa branca com mangas compridas, um moletom verde escuro, uma calça jeans e um casaco grande em um tom de verde mais escuro que o do moletom. E para finalizar, protetores de orelha.


Suspiro alto. Alice passou por aqui antes do que eu previ. Mesmo que eu ache demais para um passeio não é como se eu fosse recusar. Alice tem um ótimo gosto para roupas e também não ignora minha necessidade de me sentir confortável. Alice adicionou um bilhete extra em cima da cama que diz ´Nada de nanotech´. Não entendi o motivo, mas segui as instruções dela e pulei a camada de roupa térmica hoje.


Desço as escadas e Alice está me esperando bem na porta da frente, provavelmente querendo ver como a roupa vai ficar.


Linda! Eu sabia! ela diz orgulhosa de si mesma.


Eu sorrio e concordo com ela.


É verdade. E confortável também.


Seguimos juntas para a cozinha e faço, novamente sozinha, a refeição que Esme preparou. Eu devo ser sempre a última a acordar...


Agora que você terminou Alice diz —Podemos ir.


Aonde vamos? Eu pergunto me levantando. Esme é quem me responde.


Alice vai leva-la para conhecer os animais que ela adotou.



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Autor(a): purplehelebores

Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).

Prévia do próximo capítulo

—Animais? Pergunto confusa. Não sei exatamente o que pensar disso. —Isso! Animais de fazenda e selvagens! Alice diz —Você vai adorar. Vamos! Alice pega minha mão e me arrasta para a porta de entrada, a animação dela quase se compara a do dia de compras. Quase. Olho para trás e noto que Esme não está n ...


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