Fanfic: Quando o Helébore Florescer | Tema: Crepúsculo
—Animais? Pergunto confusa. Não sei exatamente o que pensar disso.
—Isso! Animais de fazenda e selvagens! Alice diz —Você vai adorar. Vamos!
Alice pega minha mão e me arrasta para a porta de entrada, a animação dela quase se compara a do dia de compras. Quase. Olho para trás e noto que Esme não está nos seguindo. Paro por um momento e ela nota minha hesitação.
—Só você e Alice hoje Anne. Eu tenho algumas coisas para fazer. Esme sorri. —Se divirtam, mas tenha cuidado com ela Alice.
Alice faz uma continência e fala Sim senhora de forma brincalhona para Esme e continua a me puxar para fora.
Eu subestimei o frio aqui fora. Saímos pela porta da frente e o vento frio me fez encolher. Mesmo que as roupas sejam quentes meu rosto ainda está exposto.
Não nevou, mas a água da chuva de ontem congelou sobre parte do caminho. É difícil andar sem escorregar, mas Alice me apoia pelo cotovelo até entrarmos no carro. Quando ela liga o motor, o aquecedor alivia o frio e esquenta meu nariz congelado. Tiro as luvas e coloco as mãos na frente da saída de ar tentando me aquecer mais rapidamente. Quando ouvi que iríamos visitar animais entendi o porque de não poder usar a nanotech. Animais não reagem bem as ondas emitidas pela tecnologia, sem bem que a criação de animais, além de animais de estimação, já foi banida a tanto tempo que estou bem curiosa para ver que tipo de animais ela adotou.
Alice passa a viajem toda falando sobre a fazenda de animais. Ela me disse que o dono do lugar construiu a fazenda há anos e anos atrás depois da regulamentação do governo sobre criação de animais em campo aberto foi aprovada.
Alice está falando do fato de que toda a carne produzida no mundo é feita em laboratório. Biomeat é o nome que deram, mas o sabor é melhor do que o nome. Ovos, leite e qualquer produto animal começou a ser produzido em laboratório depois do planeta quase virar um forno. Quando pessoas estavam desmaiando de calor na rua ou congelando até a morte em áreas remotas a humanidade finalmente decidiu que estava na hora de mudar. Banir a criação de grandes quantidades de gado foi apenas uma das mudanças feitas para regular a temperatura do planeta. Sinto que o único motivo de termos tomado medidas tão drásticas foi porque ninguém conseguiu encontrar um planeta para nos mudarmos. Então era esse planeta azul aqui ou nada.
—Achei que fazendas com animais não existiam mais… Falei curiosa como aquele lugar sobreviveu.
—Ele não cria animais para vender como comida. Alice explica. —Ele resgatou os animais de fazendas que tiveram que fechar e cuida deles. Quando eu ouvi falar da fazenda dele decidi adotar os animais para que ele não tivesse que fechar. As pessoas tem uma visão muito negativa de animais não domesticados ultimamente.
E não é atoa. Quando a temperatura do planeta subiu novas doenças apareceram e muitas infestaram principalmente os animais selvagens. Zoológicos e aquários fecharam e as pessoas se encolhem de medo ao encontrar um esquilo na rua. A situação foi controlada, mas o estigma nunca morre.
—Graças a mim e algumas outras pessoas que ajudam ele, a fazenda está funcionando há gerações. Alice disse com um sorriso no rosto.
A fazenda não fica muito longe. Uns 20min de carro por dentro da floresta apenas. Observo a floresta dar lugar para um vasto e plano horizonte conforme atravessamos o campo gramado. Alice para em frente há um enorme arco de madeira com as palavras “Welcome to the Land of Hope*” encravadas. O portão se abre quando nos aproximamos e seguimos por uma estrada de terra até um enorme celeiro vermelho, exatamente como aqueles que se vê nos filmes. Ao lado do celeiro uma pequena casa com fumaça saindo da chaminé parece uma casa de boneca perto da estrutura maciça atrás dela. Um enorme galpão de metal foi construído atrás da casa, provavelmente abrigo para os animais nos meses mais chuvosos e frios.
Assim que saímos do carro nem sei quantos cachorros de todo o tipo de raça e até filhotinhos vem correndo em direção ao carro, um mais fofo que o outro! Eles pularam nas minhas botas sujando-as de lama, mas como eu poderia ficar brava com a carinha doce deles? Faço carinho naqueles que parecem menos ameaçadores, mas os cães maiores não parecem gostar muito de Alice. O filhotes não parecem interessados nela e os mais velhos rosnam baixo para ela.
—Nunca gostei muito deles. Ela disse olhando de lado para os cães —E o sentimento é mutuo.
Sorri colocando a mão sobre a boca tentando disfarçar.
Alice acena para algum ponto no horizonte, chamando minha atenção. Da direção em que ela acena um homem se aproxima de nós. Ele é alto e magro e se move com uma certa calma, típica de pessoas mais velhas. O cabelo é curto e grisalho e a barba completamente branca cobre a metade de baixo do rosto dele completamente.
—Olá Srta. Cullen, veio fazer uma visita? Ele diz cumprimentando Alice.
—Olá Petterson. Vim ver como ela está. E trouxe outra visita também. Essa é Jullianne. Diga oi Anne.
—Olá. Prazer em conhece-lo. Falo.
—Olá mocinha. Vejo que meus cães gostaram muito de você. Ele disse rindo da fila de filhotes que ainda estava atrás de mim cheirando minhas botas.
—Ah sim... Eu gostei muito deles também Sr. Eu respondo sorrindo e acariciando um dos filhotes que insistentemente fica pulando na minha perna. Agora mais perto dele noto o profundo azul dos olhos dele e as rugas profundas no seu rosto. É como se cada experiência de vida estivesse encravada no rosto dele. Cada linha uma história. Cada olhar frio, uma lembrança.
Seguimos Petterson em direção a grande estrutura de metal atrás da casa. Ele vai nos mostrando a propriedade a medida que andamos. O campo aberto do gado, o pasto onde os cavalos ficam durante o verão, e o ponto onde o sol se põe. Ele disse —É como se Deus estivesse escondendo o sol entre as mãos quando descreveu o por do sol.
Tudo ali parece ter parado no tempo. Pelo caminho vemos muitas ovelhas, gansos e galinhas, além de alguns outros animais que estavam soltos para o passeio matinal e que não parecem se importar com o frio ou com a lama deixada pela chuva.
Entramos na grande estrutura de metal onde vários animais estão abrigados do frio. O corredor é longo e o cheiro, bem, é intenso. Petterson vai explicando para Alice várias coisas sobre a fazenda que eu não entendo enquanto andamos pelo corredor até uma rampa que leva a uma área aberta da estrutura. Alice e Petterson sobrem primeiro e eu sigo logo atrás deles. Quando chegamos ao topo a luz clara me faz virar na direção do horizonte. O sol não está mostrando a cara, mas o reflexo da luz nas nuvens faz o dia parecer mais claro e dá um leve tom alaranjado ao céu. Observo a cena mágica, absorvendo a luz e respirando fundo. O cheiro ainda é… intenso, mas a sensação é mágica. A voz de Alice chamando meu nome me distrai e eu vou andando até ela.
Ela e Petterson estão andando por um longo corredor one vários cavalos, um em cada baia, estão enfileirados. Algumas parecem vazias e em outras é possível ver apenas a cabeça dos animais penduradas no portão. Alice abre um largo sorriso e segue em direção a um deles. Quando alcanço os dois noto o cavalo mais próximo de Alice. O cavalo tem cor de caramelo com uma mancha que parece um prisma branco no centro da cabeça. Ele também reconhece Alice e deita a cabeça ao toque da mão dela.
—Os cavalos são a paixão da Srta. Cullen. Disse o Sr. Petterson se aproximando de mim. —Ela gosta de todos os animais, mas o que ela mais gosta é aquele cavalo.
A voz de Petterson parece distante nos meus ouvidos, como um eco. Sinto o mundo girar sobre meus pés. Olhar para aqueles cavalos, para aqueles olhos enorme e pretos que parecem um poço sem fundo. O tamanho de cada um deles. Os dentes amarelados e os cascos batendo no chão. Minhas mãos estão suando.
—Ahãm… Quantos animais o senhor tem? Perguntei tentando me acalmar. Mantenho meus olhos no chão, sinto o suor frio se formando dentro do meu casaco.
—Bem, o número dos animais de fazenda são bem estáveis já que o espaço é limitado, mas as vezes resgatamos animais selvagens. A maioria volta para a floresta, mas alguns simplesmente precisam ficar conosco ou vão morrer. Eu diria que no momento temos mais ou menos 2 mil animais conosco, um pouco mais da metade da capacidade desse lugar.
Ainda estamos há alguns metros de Alice e sinto que se ficar aqui posso controlar a tontura e náusea.
—Vem Anne! Alice me chama toda animada fazendo meu estômago virar.
Eu consigo. Vou prender a respiração. Vai ficar tudo bem. Vou andando devagar na direção dela tentando não tremer tanto, mas o suor no meu rosto é difícil de esconder.
—Tudo bem? Você está se sentindo bem? Alice pergunta quando chega mais perto de mim e percebe o suor e os tremores.
—Ãh? Ahm... é o frio, só isso. Falo tentando evitar o olhar dela. Não sejamos exageradas. É só um cavalo. Só um cavalo enorme com uma boca cheia de dentes e dois metros maior do que eu.
—Esse cavalo é o seu? Pergunto mudando de assunto rapidamente.
—Hum. Ela é linda, não é? O nome dela é Cinnamon. Alice parece gostar muito do cavalo. Ela fica acariciando a crina e a cabeça dela.
—Ela é muito bonita mesmo. Falo tentando me manter calma. A essa altura já é claro que a novidade do dia é que descobri que tenho medo de cavalos. Estar tão perto de um deles faz meu estômago revirar e minha cabeça girar. Não consigo prender a respiração por muito tempo e o cheiro dos animais faz tudo dez vezes pior.
Eu tento me controlar, mas o medo ainda é grande. Não quero fazer escândalo então tento me afastar lentamente do animal. Talvez a distância ajude.
—Por que você não acaricia ela? Alice disse me oferecendo a mão.
—Ãh? Não sei não... falo andando para trás mais rápido agora, mas Alice agarra minha mão e me puxa para mais perto, e agora eu estou frente a frente com o animal. A respiração de Cinammon bem nome meu rosto, os olhos negros me encarando, vendo o medo no meu olhar. Meu coração parece que vai explodir. Eu não aguento mais manter a calma e me afasto rapidamente quase tropeçando nos próprios pés, colocando o máximo de distância entre nós que a plataforma permite.
—O que foi? Alice pergunta preocupada enquanto tento me acalmar respirando com a cabeça entre os joelhos.
—Tudo bem mocinha? O Sr. Petterson também fica assustado com meu comportamento.
A voz deles ainda está longe, como um eco na minha cabeça. Os olhos de Cinammon na minha mente, o cheiro do hálito dela, o tamanho esmagador de seu corpo. Sinto meu corpo tremer.
—Anne? Você pode me ouvir? O rosto dela está fora de foco. Não sei se é a tontura ou o suor nos meus olhos. —Ela precisa descansar.
—Claro. Disse o Sr. Petterson. —A casa é por aqui. Vamos.
Alice coloca um dos braços sobre minha cintura e o meu braço sobre seus ombros e me ajudar a andar. Quando saio de perto dos cavalos começo a me sentir um pouco melhor. É bom descobrir algo novo sobre mim, mas eu preferiria não ter descoberto assim. Era melhor só me lembrar do medo ao invés de ter de experimentar para descobrir.
Chegando na casa do Sr. Petterson, Alice me ajuda a sentar em um sofá na sala e tira o meu casaco mais pesado, minhas luvas e as botas. A casa tem aquecimento, mas não é nada comparado com a casa dos Cullens. O frio diminuiu, mas nem de longe me permite ficar confortável.
O Sr. Petterson prepara um chá e Alice coloca um cobertor sobre meus ombros.
—Você está bem? Alice pergunta.
—Hum… estou melhor respondo ainda tremendo e com a cabeça girando.
—Aqui, tome um pouco de chá. Logo, logo você vai melhorar. O Sr. Petterson colocou um copo fumegante nas minhas mãos. O chá tem um cheiro doce e relaxante. Tomei um gole e senti meu corpo esquentar. Como ele disse, estou me sentindo melhor.
—Fique aqui descansando. Eu ainda tenho que resolver mais algumas coisas, mas assim que terminar vamos para casa, ok? Alice disse passando a mão no meu cabelo e me abraça de leve. —E vamos conversar sobre isso quando voltarmos ela sussurra no meu ouvido.
—Não se preocupe. Eu estou bem, não precisa se apressar. Falo concordando com a cabeça. Eu geralmente não falo nada quando parece que meu corpo lembra de algo, mas aconteceu bem na frente de Alice. Não tem como não falar sobre isso. Talvez falar sobre essas coisas é exatamente o que eu preciso penso tomando mais um gole do chá.
—Aqui. Se sentir fome pegue um desses O Sr. Petterson colocou um prato de biscoitos na mesinha na minha frente. —Minha mulher faz eles especialmente para minha filha. Coma alguns quando se sentir melhor.
—Obrigada Sr. Petterson. Eu agradeço.
—Vamos Petterson. Anne precisa descansar. Vamos terminar rápido hoje. Alice fala se levantando e indo em direção a porta.
—Claro Srta. Cullen.
Alice e o Sr. Petterson saem da casa me deixando sozinha no sofá. Agora que estou sozinha me sinto mais confortável para pensar e lidar com o que aconteceu. Ainda sinto meu corpo mole, mas fora isso estou bem melhor.
Quem diria. Cavalos? Estou com mais raiva de mim mesma do que preocupada sobre a descoberta. Sinto raiva da cena que fiz e de não conseguir controlar meu próprio corpo. Quando aquele cavalo ficou de frente para mim eu nem tentei, simplesmente corri dele. Sinto que se tivesse me controlado não teria passado tanta vergonha, mas também sei que o medo que senti foi tão novo para mim que seria impossível me preparar para ele. Provavelmente não é tão ruim, mas experimentar o medo pela primeira vez foi mais intenso do que esperava.
Observo a casa do Sr. Petterson enquanto espero por Alice. A casa dele é como a fazenda. As duas pararam no tempo. A televisão dele, o telefone, as cortinas, quase tudo aqui parece ser do século passado.
E esses cobertores? Eu já estou sentindo coceira com tanto pêlo de animal. Mas esses desconfortos não mudam o fato de que esse lugar é incrível. Não apenas pelo fato dele cuidar de todos esses animais por conta própria, mas por manter viva uma forma de vida que eu achei ter morrido há tantos séculos atrás.
Não sinto mais tontura então me levanto e coloco minhas roupas mais grossas novamente. O frio aqui dentro ainda é demais para mim.
Espalhados pela casa estão vestígios da família que mora ali. Alguns casacos e sapatos no chão, uma caixa de costura, alguns livros empilhados fora da estante.
Em uma parede a foto da família está pendurada dentro de uma moldura de madeira. O Sr. e a Sra. Petterson no meio e mais alguns adultos e crianças sentados no chão e em pé atrás deles. Netos e bisnetos junto com filhos e primos, provavelmente a família toda. Todos sorrindo para câmera e de braços entrelaçados. Os Cullens devem ter uma foto assim não? Todos reunidos. Talvez até fotos de criança de Esme. Mas eu nunca vi foto alguma na casa. Nada além dos quadros abstratos no meu quarto na verdade. Talvez eles coloquem as fotos em um dos outros inúmeros quartos na casa.
Quando olho para essa foto penso que eu devo estar em uma também. Com meus pais e parentes ao meu lado todos sorrindo. Mas também pode ser que não seja o caso. Pode ser que eu estivesse sozinha desde o começo. E se eu não tiver ninguém? E se não tiver ninguém para me levar para casa?
—Anne! Voltamos. A voz de Alice tira minha atenção das fotos. Ela entra na casa junto do Sr. Petterson.
—Está se sentindo melhor moça? Ele perguntou.
—Ah… Sim. Obrigado pelo chá. Respondo sorrindo um pouco. Ainda sinto algum desconforto, mas não é tão ruim quanto antes.
—A sua cor voltou. Ainda bem. Alice disse me analisando mais de perto. Nessas horas ela parece muito com a mãe.
—Nós vamos embora agora. Obrigada por tudo Sr. Petterson. Alice disse enquanto saímos da casa em direção ao carro.
—Claro Srta. Cullen. Espero vê-la novamente em breve.
Alice acenou adeus e continuou andando até o carro. Dessa vez os cachorros não apareceram, para minha decepção. Queria vê-los mais uma vez antes de ir embora.
Assim de entramos no carro a chuva começou a ficar mais grossa.
—Melhor voltarmos logo. Com essa chuva a estrada vai ficar alagada. Alice disse já preparando o carro para sair.
Alice ligou o aquecedor, mas acho que o frio ainda vai demorar para passar. Mesmo com as roupas ainda sinto calafrios.
Seguimos pela estrada enquanto a chuva ia ficando mais forte e o carro vai balançando sem parar. Minha cabeça começou a girar com todo aquele vai e vem e podia sentir o suor frio na minha testa. Encostei a cabeça no vidro frio do carro tentando melhorar a tontura, mas nem o toque frio ajudou. Começo a sentir meu braço direito doer. No início apenas uma pequena dor, como uma cãibra, mas rapidamente a dor cresceu e se espalhou para minha perna.
—Alice… meu braço. Falo entre os dentes, tentando não gritar.
—Seu braço? O que tem sem braço? Alice pergunta colocando a mão na minha testa. —Vocês está queimando de febre Anne!!
—Meu braço… minha perna…. Alice, está doendo. Alice… me ajuda. A dor não parece ter fim. Vai crescendo e crescendo, a febre vai borrando minha visão, apagando minha consciência. Tenho a impressão de gritar, mas não tenho certeza. Em algum momento sinto meu corpo sendo carregado, o vento frio e a chuva no rosto. Meus cabelos molhados no meu rosto. Um sonho que a febre me deu. Uma ilusão.
Quando finalmente consigo acordar vejo o teto da minha cama, branco como as nuvens no verão, exatamente como naquela dia, no primeiro dia em que cheguei aqui.
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*Toda vez que uma linha pontilhada aparece a perspectiva da cena muda para um dos personagens e/ou a do autor*
Alice se sente inquieta durante todo resto da visita. Ela não tinha visto nada. Nada. Ela estava preocupada com o fato de não ter visto o futuro de Anne, mas estava ainda mais preocupada com a reação de Esme. Esme vai me matar. Ela pensa preocupada enquanto tentar terminar a vistoria com Petterson o mais rápido possível. Essa visita era para ter sido um esforço para ajudar Anne a recuperar a memória, mas tudo foi por água a baixo agora.
Quando a inspeção termina ela quer voltar a casa o mais rápido possível, mas ela ainda tem que acompanhar a velocidade de um humano, mesmo que ela corra ela tem que controlar a velocidade o suficiente para não parecer estranho, o dono da fazenda ainda está logo atrás dela.
Para seu alívio Anne está de pé e vestida quando entra na casa do Sr. Petterson. A cor do rosto dela voltou ao normal e a temperatura e os batimentos cardíacos parecem normais. Ela vai ter que falar sobre isso com Carlisle já que ele pediu que todos a monitorassem durante o tempo que passarem com ela.
Depois de se despedir do Sr. Petterson ela e Anne voltam com pressa para o carro. Alice sabe que a chuva que vem por aí vai bloquear a estrada se elas não saírem agora e ela não quer ter que chamar ajuda se o carro atolar. Ela sempre resolve essas coisas sozinha, mas levantar o carro e colocá-lo longe da lama pode ser demais para Anne. É só manter os olhos na estrada e evitar os pontos que vão se tornar um problema.
A viajem segue sem complicações até que Alice ouve Anne chamar seu nome. Ela está encharcada de suor e reclama do braço. Alice toca a testa dela e mal acredita no tamanho da febre dela. Alice fica confusa por um momento. Quando? Como isso aconteceu? Porque ela ficou assim? Eu tenho certeza que a viajem ia terminar bem.... Eu perdi alguma coisa? Não... eu não cheguei a ver isso acontecer! Mais uma vez o futuro lhe escapava. Alice estava cada vez mais preocupada e confusa com a situação.
Alice se acalma e continua dirigindo. Não falta muito agora. Não parece sério, talvez uma gripe? Tenho que ligar para Carlisle de qualquer forma. Alice avisa Carlisle que imediatamente se prepara para voltar para casa.
Assim que ela termina de falar com Carlisle Anne começa novamente. Dessa vez é o braço e a perna. O corpo dela começa a tremer. Os olhos parecem escuros e fundos. Mas o pior ainda está por vir. Anne começa a gritar. Gritar não é exatamente o som. Ela está urrando de dor. Como se os membros estivessem sendo arrancados do seu corpo. Ela segura o braço com força e pede ajuda. Alice não pode mais esperar. Ela para o carro e tira Anne do passageiro e carrega ela até a casa o mais rápido que consegue.
Quando Alice chega na casa, Esme já está com Carlisle na porta da frente esperando por ela. A expressão de Esme não é nada boa. Alice passa Anne para Esme que a carrega para o quarto. Carlisle segue junto enquanto analisa a condição de Anne.
Carlisle analisa a condição de Anne cuidadosamente. O stress parece o principal motivo, mas a causa do mal estar é um mistério.
—Ela vai ficar bem. Ele disse para Esme e Alice. —Não tenho certeza do motivo dela ter passado mal, mas ela está se recuperando. Melhor ficar de olho nela, não sei dizer como ela vai acordar.
—O que isso quer dizer? Pergunta Esme temerosa enquanto segura a mão de Anne. Esse é o pesadelo pessoal dela.
—Quero dizer que ela é diferente. Não tem motivos para ela ter perdido a memória, mas ela não se lembra de nada. Nenhum dos testes no sangue dela foram… conclusivos. Ela pode ser alérgica a alguma coisa, mas não sei dizer ao o quê. Eu te disse. Por algum motivo, não consigo analisar a estrutura do DNA dela. Ela pode acordar e não se lembrar de nada novamente, ou de tudo.
Carlisle sai do quarto e deixa Alice e Esme cuidando de Anne. Ele precisa de mais respostas, mas todos esses anos como médico não parecem o suficiente agora.
A imagem de Anne na primeira noite em que passou na casa lhe vem a mente. Alice avisou Esme que Anne não era quem ela pareceria ser, mas não foi o suficiente. Esme caiu de cabeça na vida de fantasia que Anne representava para ela. Carlisle não quer deixar a esposa triste, mas a possibilidade de Anne ser mais do que aparenta é perigosa para toda a família. Notícias ruins viajam rápido. É só uma questão de tempo até que eles venham.
Autor(a): purplehelebores
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Me sinto tonta antes de abrir os olhos, e a sensação só piora quando realmente os abro. O teto de seda branca parece rodopiar acima da minha cabeça. Me sento na cama colocando as mãos sobre o rosto. Esme está sentada bem ao lado da cama olhando para mim. —Você está se sentindo melhor? Ela pergunta. Quando olho par ...
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