Fanfic: Quando o Helébore Florescer | Tema: Crepúsculo
Me sinto tonta antes de abrir os olhos, e a sensação só piora quando realmente os abro. O teto de seda branca parece rodopiar acima da minha cabeça. Me sento na cama colocando as mãos sobre o rosto. Esme está sentada bem ao lado da cama olhando para mim.
—Você está se sentindo melhor? Ela pergunta. Quando olho para ela é claro que ela também está girando, o que responde à pergunta. Fico mais alguns segundos de olhos fechados esperando alguma melhora e assim que consigo focar a imagem do rosto dela, consigo falar.
—Não exatamente. O que aconteceu? Só me lembro de entrar no carro com Alice, meu corpo doendo como se estivesse pegando fogo e depois nada. Olho para Esme e sinto que voltei a estaca zero. No mesmo ponto em que comecei, só que desse vez Esme não está sorrindo. Ela está longe disso. Ela parece cansada, exausta. Os olhos fundos não tão brilhantes como antes parecem quase escuros de mais para serem dela. Sinto algo estranho dentro de mim. Algo que parece borbulhar no meu peito.
—Parece que você passou mal no carro e teve uma leve febre, mas agora está tudo bem. Carlisle disse que foi só uma gripe. Esme olha para mim analisando minha expressão a cada palavra. Ela sempre faz isso.
Uma febre? Penso sem acreditar. Uma febre não faz o seu corpo queimar e sentir como se seus membros estivessem sendo arrancados do seu corpo. Aquilo não foi uma febre. O borbulho fica mais intenso dentro do meu peito. Não é medo.
—O Sr. Cullen está em casa? Pergunto séria. Preciso de uma explicação melhor que febre.
—Não. Ele já voltou para o hospital. Assim que você chegou em casa ligamos para ele vir te examinar. Esme respondeu colocando um fio de cabelo meu no lugar e sorrindo sem força. Ela parece mais exausta do que eu me sinto. As palavras dela intensificam a sensação no meu estômago e sinto ela se espalhando pelo meu corpo. Estou sentindo… raiva?
—Então, quem me carregou até aqui em cima? Alice? Não reconheço meu próprio tom de voz.
—Ah… Claro que não. Emmett está lá em baixo. Foi ele quem te carregou.
Esme já não me olha diretamente. Ela olha para os lençóis da cama.
—Deve ter sido cansativo para o Sr. Cullen vir até aqui. Alice podia ter me levado para qualquer outro hospital.
Se foi só uma febre como ela disse porque Carlisle se deu ao trabalho de sair do centro da cidade para vir até aqui? Eu não entendo exatamente o porquê deles não terem agido de modo mais prático. Perguntas que eu nunca fiz, ou evitei fazer, inundam minha mente. Como ele me admitiu no hospital da primeira vez? Porque forjou meu nome? Porque nunca me levaram até uma delegacia de polícia?
—Carlisle estava no intervalo dele então não foi problema, e também Alice e eu ficamos nervosas com você naquele estado e meio que esquecemos de todo resto. Você está certa, deveríamos ter levado você para um hospital. Esme sorri estranhamente enquanto se justifica. Um alarme soa na minha mente. Eu nunca duvidei dela antes, mas algo parece entranho com ela, e algo muito mais entranho parece estar acontecendo comigo. Me preparo para fazer novas perguntas, mas Alice entra no quarto.
—Anne você acordou! Está melhor agora? Alice pergunta sentando perto de Esme.
—Sim. Agora me sinto melhor, mas o que realmente aconteceu? Alice estava comigo o tempo todo. Não acredito que ela achou que foi só uma febre.
—Como assim? Alice pergunta em um tom de mais alto que o normal.
—Quero saber o que aconteceu de verdade. O Sr. Cullen disse que foi uma febre, mas ainda acho que deveríamos investigar mais. Alice, a dor que eu senti… Não foi… normal.
Essa situação me incomoda. Eu melhorei depois do susto com o cavalos. Não tinha nada de errado comigo antes de entrar no carro.
—Que isso Anne não precisa ser tão séria! Alice diz rindo alto. —Não foi nada demais e além disso, se fosse algo realmente sério Carlisle saberia.
—Isso mesmo querida. Esme continuou. —Porque não descansa mais? Ainda parece estar cansada.
Sinto o palavrão se formar, mas mordo meu lábio. Nada faz sentido. Minha situação, minha reação, o que estão falando. Elas sabem de alguma coisa e não pretendem me contar, mas o que é? Será que tem a ver com o motivo de eu não ter ido ao hospital? Será que eu não deveria aparecer lá? Elas sempre foram evasivas assim? Eu sempre fui agressiva assim?
—Eu.. eu não sei não. Acho melhor ir no hospital. Não me sinto confortável com o que aconteceu. Insisto testando a reação delas.
—Não existe necessidade Anne, além do mais achei que você não gostasse de hospitais.
Xeque e mate penso ouvindo Alice falar com a voz mais firme agora. Ela tem razão. Sou eu quem não queria ir no hospital de jeito nenhum apenas alguns dias atrás.
—E quero saber os resultados dos exames que fiz. Já faz bastante tempo desde que fiz aquele monte de exames. Tento outra tática. Talvez ver os exames me ajude a entender o que aconteceu, apesar de não entender absolutamente nada de medicina.
Nesse momento Alice se levanta e sai do quarto sem dizer nenhuma palavra. Esme observa ela sair do quarto de boca aberta como sem acreditar no que a filha fez. Eu também estou confusa.
—Vai ficar tudo bem. Esme fala segurando minha mão mais forte. Pela primeira vez olho de verdade para ela. Nunca vi Esme daquele jeito. A raiva em mim se dissipa um pouco olhando para a pessoa que salvou minha vida. A pessoa que eu mais quero ver sorrir. É minha culpa que ela está assim. Minha atitude não ajuda ninguém, nem a mim mesma, mas eu preciso de respostas.
Me preparo para levantar da cama enquanto Esme continua a tentar me convencer a descansar. Meus pés já tocam o chão quando Carlisle e Alice entram no quarto.
—Carlisle não tinha saído ainda. Ele estava no escritório. Agora você pode perguntar o que precisa. Alice fala. A expressão dela é séria e desafiadora.
Esme parece surpresa em ver Carlisle e eu também estou. Ela me disse que ele já estava no hospital. Se ela pensou que ele já tinha chegado no trabalho, pelo menos uns 20 minutos se passaram, mas agora ele está de volta assim do nada? E pior, ele “não tinha saído ainda” ?
—Dr. Cullen. O senhor não estava no hospital? Pergunto cautelosamente.
—Não. Eu estava procurando alguns documentos antes de sair e Alice veio me ver. Disse que você parecia agitada. O Sr. Cullen me olha com um sorriso pequeno no rosto, provavelmente o sorriso que ele usa para acalmar seus pacientes.
—Não estou agitada. Respondi firme. —Estou curiosa. Quero saber o que aconteceu e porque ainda não vi nenhum dos resultados dos exames.
—Alice, Esme, vocês poderiam nos deixar a sós? Carlisle ainda tem o mesmo sorriso nos lábios, mas a voz dele soa diferente agora, eu não sei exatamente como a voz mudou, mas ele parece estar mais sério.
As duas saem do quarto imediatamente e sem dizer uma palavra. Agora só eu e Carlisle estamos no quarto encarando um ao outro. Admito que me sinto desconfortável, mas não sei realmente o que fazer. Não é como se ele estivesse se preparando para me bater... não é?
Nunca senti que eles fossem… perigosos. Me sentia segura naquela casa. Nunca me senti amaçada ou pressionada a nada, e mesmo nesse exato momento, não sinto que preciso sair correndo ou gritar por ajuda.
—Você sabe porque não foi para o hospital. Ele diz.
—Não, eu não sei. Respondo sem desviar o olhar. Os olhos dele parecem queimar com uma cor amarelada intensa.
—Claro que sabe. Esme te disse que foi só uma febre. Porque ir ao hospital por causa de uma febre leve?
—Não foi uma febre. Meu corpo estava.. queimando.
—Soa como uma febre para mim.
—Doeu… muito.
—A sua temperatura estava alta.
Mudo a direção das perguntas. Estamos dançando em círculos. Carlisle sorri mais abertamente agora, mas eu ainda não desvio o olhar. Eu não sei se estou enfrentando ele ou com medo de perder algum movimento suspeito. Não consigo tirar os olhos dos dele.
—Tudo bem então, mas e sobre os exames?
—Estou analisando os resultados. Não quero te dar um diagnóstico equivocado porque apressei as coisas.
—O que o senhor sabe até agora?
—Tenha calma. Tudo tem seu tempo.
Tenho que ser muito mais direta do que isso. Carlisle vai desviar de todas as perguntas ligeiramente vagas que eu fizer.
—E a polícia?
—Hum?
—A essa altura imagino que existe um boletim de ocorrência. Eles estão procurando pela minha família. Isso é, se eles sabem que existe uma pessoa sem identificação na cidade. Minha respiração está alta agora e meu coração bate forte. O que diabos eu estou falando? Eu não quero ir até a polícia!
—Porque você acha isso? Carlisle pergunta ficando mais perto de mim. Ele fica apoiado em um joelho logo ao pé da cama.
—Porque ninguém age como se estivessem procurando minha família. Meu coração bate tão forte que sei que ele pode ouvir. Sinto minhas mãos suadas e a tonteira voltando. O quarto começar a girar novamente, eu abaixo o olhar. O que eu tô dizendo? Porque estou questionando ele assim?
—Olhe nos meus olhos Anne. O Sr. Cullen coloca os dedos frios no meu queixo e levanta meu rosto. Os olhos dele parecem ondas douradas no oceano. Tudo que eu sinto são os dedos frios dele na minha pele. —Não tem ninguém escondendo nada de você. Nós sabemos tanto quanto você no momento. Por isso eu quero que você se acalme e durma. Durma até esses pensamentos sumirem da sua cabeça. Até você deixar a desconfiança de lado. Durma até toda essa confusão desaparecer, até você esquecer esse momento. Você me entende?
A voz de Carlisle parece estar penetrando meu corpo. Sinto como se algo estivesse segurando meu coração e fazendo com que ele bata mais devagar, mais calmo. Sinto meu corpo leve e mole, a única coisa que evita que eu caia são os dedos frios dele no meu queixo. Tudo que ele fala faz tanto sentido e é tão... certo.
—Eu… entendi. Respondo me deixando levar pela leveza do meu corpo.
—Ótimo. Agora descase. Nos vemos mais tarde, tudo bem? Carlisle tira os dedos do meu queixo e meu corpo se deita levemente na cama.
—Hum… até mais Dr. Cullen. Eu respondo fechando os olhos e finalmente deixando meu corpo cair sobre a cama e nadar no oceano dourado dos olhos de Carlisle.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Carlisle sai do quarto assim que Anne fecha os olhos. Esme e Alice então do lado de fora esperando.
—Vai ficar tudo bem. Carlisle diz. Ele não se sente bem com que fez, mas foi necessário. Confundir as memórias de Anne é tudo que ele pode fazer para acalmá-la agora. Não é uma ciência exata, mas ele fez isso algumas vezes e sempre deu certo. Só basta torcer para o melhor.
—Não havia outro jeito? Esme pergunta.
—Ela estava muito agitada. O comportamento dela mudou completamente, até as batidas do coração dela pareciam diferentes. Eu não sei o que… Carlisle não termina de falar. Todos percebem a presença de um grupo se aproximando da casa e se dirigem a porta da frente.
Esme abre a porta para Sam, Jacob e Seth. Os três lobos aparecem para uma visita não tão inesperada na casa dos Cullens.
Autor(a): purplehelebores
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
—Vocês vieram. Carlisle diz recebendo Sam, Jacob e Seth. —Entre e sintam-se à vontade. Todos os três entraram na casa, e como de costume, se reunem na sala de estar. —Vocês sabem porque estamos aqui. Sam fala decidido. Não tem ninguém naquela sala que não saiba o motivo da visita. O odor no ar responde à ...
Capítulo Anterior | Próximo Capítulo