Fanfics Brasil - Capítulo único Lost in the dream

Fanfic: Lost in the dream | Tema: Monsta X


Capítulo: Capítulo único

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Jooheon estava ensaiando pela quinta vez aquele mesmo rap. Um dos funcionários da empresa veio falar sobre novos trainees, mas ele não se importou, sequer olhou para a apresentação do garoto.


- Olá! Meu nome é Lee Minhyuk, minha especialização é em canto, estou aqui para melhorar e debutar como vocês. Sei que às vezes falo demais e que pode ser chato, mas me deem uma chance.


Minhyuk olhou para aquele garoto todo de preto, usando boné e fazendo um rap levemente agressivo, se sentiu intimidado. Porém quando seus olhares se encontraram, Minhyuk ficou boquiaberto, que gato. 


" Que menino inseguro, não vai durar nada nesse lugar." disse Jooheon depois de ouvir sua última frase e ver seu olhar inocente.


 


- Não acredito que tivemos que performar na chuva - disse Minhyuk, quase gritando


- Ué, você pensou em algum momento nesses 8 anos que essa empresa se importasse com a gente? Pelo menos rendemos algumas risadas para os monbebes


- Eu sei disso, Hyungwon. Mas a gente caiu…Várias vezes, poderíamos ter nos machucado. Isso entristeceria mais os fãs do que esperar a chuva passar.


- Você tá certo. Além de que não temos nem mesmo celulares. Devería…


Hyungwon foi interrompido pelo líder, ele veio até os dois, os abraçou e disse que ficaria tudo bem. Ele assegurou que eles melhorariam e ganhariam mais reconhecimento a cada dia. 


 


Enquanto isso Jooheon ouvia a conversa apenas de relance pois estava conversando com o melhor amigo, Changkyun, eles falavam sobre um machucado na perna de Jooheon, o amigo parecia preocupado. Depois que todos na mesa fizeram seu pedido ao garçom, Changkyun se levantou repentinamente e saiu do restaurante, 12 minutos depois voltou com algo em suas mãos. Ele segurava uma caixa de curativos e uma pomada. Sentou-se ao lado do amigo e ergueu a barra de sua calça.


- Você já higienizou o ralado, né? Perguntou Changkyun, ainda preocupado.


- Sim, antes de vir pra cá.


- Então agora vocês querem flertar? Exclamou Minhyuk com desprezo na voz após os encarar fortemente.


- Flertar? Eu tô machucado e é sobre isso que você fala? Sério? Como pode ser tão egoísta?


- Eu tô mal pelo grupo todo, diferente de você que só pensa no próprio cortezinho. Você não viu o vermelhidão na perna do Hyungwon? Aposto que tava preocupado demais com si mesmo pra isso, né?


- Só porque eu me preocupo com o meu machucado, eu não me importo com os outros? Além de que foi o maknae quem trouxe as coisas, não eu.


- Óbvio, ele precisava compensar depois de ter performado daquele jeito.


- Como você ousa falar que ele performou mal? Acha que ninguém percebeu os SEUS erros? Você cantou baixo demais e seus passos estavam pouco expressivos. Se você tivesse focado e se esforçado mais…


Minhyuk agora além de sentir ciúmes, estava com o ego ferido, ele sabia que tinha falhado na apresentação.  Ficou alguns segundos em silêncio, pensando em como refutar o amigo, mas só conseguiu reconhecer que a própria falha era o que estava lhe deixando tão irritado. Antes que ele pudesse pedir desculpas, eles foram interrompidos pelos dois membros mais velhos do grupo que voltaram do banheiro. 


Todos estavam, juntos na mesa novamente, um silêncio constrangedor perpetuou até a chegada do garçom com seus pedidos. Todos comeram, conversaram, riram e esqueceram daquela discussão boba, todos menos Jooheon.



 


Mais de dois anos se passaram, o grupo estava crescendo cada vez mais, já haviam conquistado seu first win com a faixa principal de seu álbum mais recente. Contudo, nem todos os membros estavam felizes como aparentavam. Minhyuk já havia aceitado seu amor não correspondido e se manteve próximo apenas como amigo. Enquanto isso, Jooheon, apesar de estar vivendo o ano mais feliz de sua vida, possuía um vazio em seu coração.


 


- Tem certeza de que quer vir comigo? Você não parece muito bem - disse Wonho olhando para Jooheon com os olhos calmos e a mão esquerda em seu ombro.


- Tenho. Preciso relaxar um pouco, desestressar…Não sei, só sair daqui um pouco.


Os dois amigos foram até a balada preferida do mais velho. Ao chegarem lá, Jooheon se sentou no bar e já pediu por um copo de soju e Wonho disse que iria dançar, mas que estaria de olho nele.


Um, dois, três, parou apenas no sétimo copo, o barman nem aguentava mais ouvir as reclamações do cantor, pediu que ele fosse dar uma volta. Wonho, ao ver o amigo quase cair ao descer do banco, correu até ele e o ajudou a ir até o banheiro.


 


- O que tá havendo com você???? Você não é desse jeito.


- Que mentira, eu sempre gostei de soju - Wonho mal pôde entender.


- Beleza, tá na hora da gente voltar pra casa.


- Voltar?? Mas eu nem me diverti ainda, tinha visto uma gatinha olhando pra mim lá na pista de dança.


- Para de ser ingênuo, no estado que você tá, a única coisa que vai conseguir é vomitar nela.


 


Jooheon não deu ouvidos e se levantou do chão do banheiro bruscamente, tão bruscamente que sentiu seu estômago se embrulhar, foi até a privada e vomitou tudo que havia tomado naquela noite. Já estava mais lúcido quando saiu da cabine, lavou as mãos e a boca na pia, pegou um chiclete de seu bolso e se virou para Wonho. Disse a ele que agora não vomitaria mais na garota e saiu do banheiro antes que seu amigo pudessse impedir.


Jooheon ainda aparentava um pouco bêbado para a garota, mas ela o reconheceu da televisão e deu uma chance a ele. Eles conversaram por alguns minutos, se beijaram e ela o chamou para algo mais fora dali, mas ele recusou com o resto de senso que tinha em sua mente confusa, pegando apenas o número dela.


Wonho, assistiu a despedida dos dois e se aproximou chamando o mais novo para ir embora, mas ele recusou mais uma vez, veio com aquele papo de que a noite é uma criança e entrou no meio da multidão.


Jooheon, apesar de ter demonstrado interesse na garota que acabara de sair da balada, já estava olhando para outra pessoa. Um homem loiro de camisa verde, disse poucas palavras a ele, antes de beijá-lo. Durante o beijo, pensava numa garota que havia visto a alguns metros do rapaz e em como o beijo dela poderia ser melhor que o que estava acontecendo naquele exato momento. Pensava em pedir pro Wonho ir embora pra poder beber mais. Pensava em como aqueles beijos sem gosto, paixão ou conexão poderiam ser mágicos se os lábios beijados pertencessem a uma pessoa específica. Um homem loiro, com camisa verde, porém com um sorriso mais radiante que o sol e a voz mais doce que seus ouvidos já viram.


Enquanto isso, Wonho a procura de sinal e, principalmente, de silêncio, saiu da balada. Ligou para Shownu, pediu para ele ir até lá, porque Jooheon estava bêbado, chateado e teimoso. Apesar de ser 3 da manhã, o líder se levantou de sua cama e foi ajudar seus, praticamente, filhos.


Quando Wonho entrou novamente na balada, viu Jooheon passando dos limites com um homem aleatório e o puxou pela jaqueta até o lado de fora.


- Você tá doido??? E se algum fã ou agente da Dispatch te ver???? Acabou pra você!!


- Relaxa aí. Pensei que você descontasse essa raiva na musculação - disse Jooheon com a voz arrastada e tom de deboche - Esse foi o terceiro apenas hoje, quinto se contarmos as duas garotas. Uma delas era nossa fã, acredita?


- UMA MONBEBE? Você realmente enlouqueceu!!


Shownu viu toda a cena, deu um sinal para Wonho e os dois colocaram Jooheon a força dentro do táxi.


 


Alguns meses se passaram, Jooheon não foi mais para balada com Wonho e tentou se focar mais no trabalho. Estavam preparando um álbum novo que tinha tudo para ser tão bom quanto o anterior ou até melhor. Jooheon parecia muito focado na letra de uma música específica, nomeada de “Lost in the dream”. Parecia estar a usando para se expressar, já que não respondia aos outros membros. Depois de trabalhar por horas nas composições, almoçaram e ensaiaram a dança principal. Era difícil demais. Jooheon precisava respirar, pediu aos staffs para terem um intervalo, se despediu dos amigos e foi até seu parque preferido.


Pediu por um bubble tea no caminho, se sentou em um banco e refletiu sobre como a letra da música se relacionava com sua própria vida. Encarou o céu e ficou pensando sobre os acontecimentos de anos atrás e mais recentes em sua vida. Encarou o céu pensando sobre como deveria respeitar seus sentimentos e aprender a superá-los, se necessário, da forma correta, com ajuda. Encarou o céu pensando sobre uma briga que teve com o homem que amava, a primeira briga, o começo de várias discussões desnecessárias; o começo do fim. O começo de sua desilusão, de sua ausência de esperança e tristeza profunda. Encarou o céu até o sol se pôr. Até ele ficar tão escuro quanto seu coração.


 


Caminhou pelas ruas escuras da cidade, com as mãos nos bolsos ouvindo algumas músicas tristes. A cada passo dado, Jooheon pensava em como não tinha certeza se queria voltar. Todos os dias olhando a pessoa que ele amava sem poder tocá-la era um tormento constante. A cada passo dado, Jooheon pensava em dar meia volta e ir para outro lugar. Quando estava a duas quadras de seu dormitório, parou subitamente na rua, encarou os prédios por alguns segundos antes de se sentar próximo a uma árvore e pegar seu telefone. Era um início de noite numa terça feira, não iria numa balada agora, mas queria parar de pensar na dor que estava sentindo, queria ignorar que ela estava lá. Por isso, ligou para a garota que beijara na balada, os dois nem mesmo conversaram direito, ela passou-lhe seu endereço e ele foi até a casa dela. Lá ele bebeu mais uma vez e descontou toda a dor que sentia em seu coração no corpo da mulher, foi algo frio, breve e nebuloso. Apesar disso, ele pediu para dormir com ela, pois não queria voltar para casa naquela noite.


Ele foi para a empresa às sete, na hora em que começariam a praticar. Não deu explicações a ninguém, apenas não dizia uma palavra quando lhe perguntavam sobre a noite passada. 


 


Jooheon, apesar da conclusão em que havia chegado, continuava a ignorar sua dor. Terminou a letra de sua música e passou a focar numa música mais animada para tentar distrair-se. Nessas duas semanas após estranhas duas horas que Jooheon ficou fora, Changkyun, como seu melhor amigo, se via no dever de descobrir o que estava acontecendo, mesmo que essa fosse sua décima tentativa de conversa.


Jooheon, eu quero que você fale comigo. Por favor. Eu sei que algo está te chateando e que isso não é de hoje. Seja sincero comigo, por favor. Não foi a toa que fizemos uma música para nossa amizade, você pode confiar em mim.


Jooheon agradeceu pela iniciativa, de acordo com ele, depois de pensar tanto em como se abrir com alguém, era apenas disso que ele precisava. Ele liberava uma sombra de seu coração a cada frase que dizia. Foi sincero em cada palavra. Disse ao melhor amigo que não sabia mais o que fazer, pois estava apaixonado há anos por outro membro do grupo que não correspondia ao seu amor. Tinha que, depois de uma fase de brigas que só lhe desgastavam cada vez mais a alma, se satisfazer apenas com uma amizade. 


- Você tem certeza que ele não sente o mesmo por você?


- Tenho sim, Tenho certeza disso há muito tempo. Já desisti há muito tempo, só não sabia como lidar com essa frustração. Já que é impossível esquecer alguém que vemos todos os dias, alguém com quem trabalhamos, alguém tão importante pra mim…


- Não importa se vocês convivem juntos ou se precisam fingir um romance para alguns fãs bobos aquecerem o coração. Você pode esquecê-lo. A forma mais fácil de esquecer de algo, é a substituindo.


- O que você quer dizer com isso? 


- Eu posso fazer você esquecê-lo. Vai me dizer que nunca percebeu o que eu sinto por você?


- Na verdade não… Mas você é meu melhor amigo, então não vejo motivos para não tentar.


Os dois se olhavam intensamente durante as últimas frases ditas. Como estavam sozinhos no dormitório, o mais novo se aproximou lentamente e olhando fixamente para a boca de Jooheon até beijá-lo. Jooheon, entretanto, manteve os olhos abertos com uma expressão de surpresa em seu rosto. Não sabia o que pensar daquele gesto, mas sabia que queria que ele acabasse. Changkyun parecia ter sentido seu desconforto ou estava se sentindo estranho também, pois se afastou rapidamente gaguejando algumas palavras confusas. Jooheon ainda estava processando o que acabara de fazer, quando Changkyun se levantou e disse com a voz trêmula que precisava muito sair. Jooheon se levantou para se despedir dele, eles tentaram um aperto de mão, um abraço, mas após ambos falharem se olharam com um sorriso amarelo e os ombros contraídos. Jooheon tentava disfarçar a expressão de nojo estampada em sua cara ao dizer adeus para o amigo que saía pela porta.


 


Jooheon saiu do quarto alguns minutos depois e foi até a cozinha e lentamente tomou um copo de água lembrando do beijo mais estranho que já teve. Decidiu tomar um banho gelado para voltar à realidade. Após alguns minutos deixando a água escorrer pelo seu corpo, se sentou no chão gelado e chorou. Talvez fosse disso que ele precisasse de verdade, não de outra pessoa ou de beijos forçados. Chorou por mais alguns minutos e saiu do banho quase desesperado para achar seu celular. No meio daquelas lágrimas que se perdiam com as gotas de água fria, ele sentiu brotos de esperança renascerem dentro de si. 


Pegou seu celular e ligou para o Minhyuk. Ligou de novo e de novo e mais uma vez. 12 chamadas perdidas depois, ele chegou a conclusão de que aquela amizade que tinham era apenas uma farsa, nem mesmo esse sentimento por parte de Minhyuk deveria ser real.


 


Ele jogou o celular agressivamente em sua cama e foi até uma loja de conveniência onde comprou 7 garrafas de soju. Voltou ao dormitório e bebeu uma por uma enquanto tentava ligar para Minhyuk mais algumas vezes. Ele, depois de três garrafas, deixou o celular de lado e deitou em sua cama, olhou para o teto por minutos, sem quase piscar. Olhava ao redor e pensava em simplesmente fugir daquele lugar, mas não desistiria de sua carreira e de seus fãs por uma paixão boba. Ele olhava o dia pela janela, via o céu com um azul tão cintilante e um sol radiante, mas só conseguia pensar em como estava calor e em como logo logo aquele céu azul se tornaria cinza e choveria, molhando todos que pensavam ser um dia feliz. Ele olhava pela janela e pensava que ele era o dia feliz. Ele usava uma máscara para todos pensarem que estava bem, mas na verdade ele estava cheio de nuvens dentro de si, só não chovia porque o vento da correria do dia a dia não deixava. 


 


Virou-se de costas para a janela e pegou seu celular novamente. Ficou cerca de 10 minutos rolando o feed de suas redes sociais, estava ali pacificamente. Olhava, mas não via nada, escutava, mas não ouvia nada, achava um post engraçado, mas não ria. Percebeu que do jeito que estava vivendo sua vida, não estava realmente vivendo-a, apenas existia. Sentou-se na cama, se apoiando na cabeceira, parecia que ele estava desconfortável demais internamente para achar uma posição confortável. Encarou o histórico de chamadas de seu celular mais uma vez , e, antes de pegar a próxima garrafa de soju, cogitou que ele poderia estar com o Hyungwon, visto que eles haviam saído juntos após a prática de dança. 


 


Ligou, então, para Hyungwon dessa vez e teve resposta. Como ainda estava em sua terceira garrafa, sua voz ainda estava normal e sua mente pouco instável. Hyungwon respondeu sem preocupações onde ele estava com Minhyuk, ele parecia feliz ao falar sobre a última hora que passaram juntos. Feliz demais. Jooheon sentiu ciúmes, então era por isso que ele nunca olhou pra mim? É óbvio, sempre foi ele. Sempre. A recente suposta descoberta de Jooheon o fez virar a seco mais duas garrafas de soju antes de sair do dormitório.


 


Jooheon vai até o shopping em que eles estavam e ao ver os dois rindo sentados numa mesa na praça de alimentação, não consegue controlar sua mágoa e já chega gritando com Minhyuk.


- COMO VOCÊ PODE ESTAR AQUI RINDO QUE NEM UMA GAZELA E NÃO TEM A CAPACIDADE DE ATENDER UM TELEFONEMA????


- VOCÊ TEM NOÇÃO DE QUANTAS VEZES EU TE LIGUEI?


- TEM NOÇÃO DO QUANTO EU PRECISAVA DE VOCÊ?????


- MAS NÃO, ÓBVIO, TOMAR ESSA PORRA DE SUCO DE MORANGO É MUITO MAIS IMPORTANTE QUE UM AMIGO, NÉ?


- EU SEI QUE É, POIS NEM MEU AMIGO VOCÊ É DE VERDADE, NÃO É??


- ADMITA, FALE NA MINHA CARA QUE VOCÊ APENAS FINGE QUE HÁ UMA AMIZADE ENTRE NÓS PARA NÃO “PEGAR MAL” COM OS FÃS.


- EU NÃO SEI COMO FUI TÃO BURRO PARA NÃO TER PERCEBIDO ANTES A PESSOA ESCROTA QUE VOCÊ É.


- FODA-SE VOCÊ, SEU SORRISO FALSO E VOCÊ TAMBÉM, HYUNGWON


- VOCÊS SE MERECEM


Jooheon, enquanto fazia seu monólogo gritado, chamou a atenção do shopping todo. Alguns riam da situação, outros estavam boquiabertos, outros gravavam, mas Minhyuk, Minhyuk chorava. Hyungwon, que nunca havia visto Jooheon agir daquela maneira, levantou depois de ouvir os soluços do amigo que se debulhava em lágrimas ao seu lado. Jooheon ainda soltou alguns xingamentos e palavras soltas já sem voz enquanto Hyungwon gritava pedindo para que ele saísse. Jooheon olhou ao redor e ao ver uma multidão o encarando checou a posição da máscara em seu rosto para ter certeza de que não seria reconhecido e saiu do recinto.


- CHANGKYUN, ISSO É TUDO CULPA SUA


- O que é culpa minha? Você me ligou pra gritar comigo??? Tá pensando que eu sou quem? Se acha que tem o direito de falar assim comigo só porque eu sou mais novo ou porque nos beijamos, está muito errado. Seja lá o que você fez com essa voz de bêbado, a culpa foi inteiramente sua. Me desculpa se o confundi com aquele beijo, também percebi que estava confuso, Acho que nunca gostei de você, somos apenas amigos, o beijo me ajudou a notar isso.


Jooheon permanecia sem dizer uma palavra, pensando que nem mesmo ele sentia algo por si. Ele era uma pessoa tão horrível assim? Não podia ser amado? O que estava fazendo de errado?


- E se você está se perguntando sobre o que fez de errado em relação ao Minhyuk, você sabe muito bem o que é. Só finge que não sabe porque quer sair como o certo da história. Você sabe muito bem que errou todas as vezes que comprou briga com ele por motivo nenhum. Errou cada vez que levantou a voz pra ele. Quem ama uma pessoa que a trata assim?


Jooheon, se despediu de um jeito confuso e desligou a ligação.


 


Durante dias Jooheon tentou se aproximar de Minhyuk para lhe pedir desculpas, mas ele nem mesmo olhava em seus olhos. Hyungwon também o ignorava o máximo possível sempre o olhando com uma expressão de desprezo. Os outros membros sabiam do ocorrido, mas não haviam escolhido um lado, estavam dispostos a ajudar ambos.


Jooheon, depois de falhar numa tentativa de conversa profissional com Minhyuk decide falar com o homem mais experiente do lugar com relacionamentos


- Eu preciso da sua ajuda, de verdade, Kihyun


- Você pode sempre contar comigo, sabe disso. Mas você errou feio com os meninos no shopping.


- Não, eu errei feio com o Minhyuk. Você está agora no seu segundo relacionamento há mais de 2 anos, por favor, me dê alguma dica.


- Então minhas suposições estavam certas a respeito de vocês dois? Bom, sim, eu tenho experiência, mas nunca, sem ofensa, fui tóxico como você foi. Sempre tratei a Dahyun como uma princesa, desde o nosso primeiro encontro.


- Tá, tá, eu sei. Me ensine a ser um cavalheiro também. 


- Okay, vamos começar com o álcool. Você precisa parar de beber quando está triste. Já está muito evidente que é ele que te desestabiliza e te faz tomar as piores decisões.


Eles conversaram por pouco mais de uma hora sobre mudanças de comportamento que devem ocorrer e sobre novas atitudes que devem ser tomadas. Durante duas semanas, Jooheon não bebeu sequer um gole de álcool, mesmo quando saía com o resto do grupo. Ele foi a um grupo de apoio recomendado por Kihyun e até mesmo ao psicólogo.


Ao narrar os acontecimentos com Minhyuk e suas falas para o psicólogo, ele chegou a conclusão de que o amor provavelmente era recíproco. Jooheon só estava frustrado e irritado demais para perceber e Minhyuk muito afetado pelas brigas para perceber ou admitir. Ele deu dicas ao confuso homem mergulhado em arrependimento e culpa de como reacender as chamas dessa fogueira quase apagada pelos gritos do mais novo do casal.


 


Todo o grupo foi até um restaurante do lado de um rio comemorar que começaram as gravações do novo álbum, meio caminho andado. Jooheon e Minhyuk já estavam quase se falando normalmente, Minhyuk até sorria para ele de vez em quando. Jooheon, depois dos conselhos de Kihyun, parecia mais confiante, alegre e espontâneo em suas ações, todo seu semblante havia mudado e Minhyuk percebera isso. Enquanto esperavam a comida chegar, os meninos falavam sobre suas ambições, mas Jooheon não tirava os olhos de Minhyuk que tentava não olhar de volta para ele. Eles até trocaram sorrisos, os olhos de Minhyuk começaram a brilhar, ele passou a olhar para baixo e antes que Jooheon pudesse questionar algo, Minhyuk se levantou da mesa, se direcionando a ponte do rio ao lado. Jooheon, olhou para Kihyun procurando algum sinal de aprovação que foi dado pelo mais velho. Ele então se levantou e seguiu Minhyuk pela ponte. Chamou seu nome mais de uma vez, mas não foi respondido.


- MINHYUK - gritou Jooheon cansado de ser ignorado - Me responde, por favor, não quero brigar de novo, apenas conversar.


- Você ainda é capaz de ficar a sós comigo sem levantar a voz? - disse Minhyuk de costas para o mais novo com uma voz baixa - Faz tanto tempo que não temos aqueles momentos felizes, momentos que pareciam sonhos.


- Eu sei, apesar de não demonstrar, eu estou sempre perdido nesses sonhos


- Não demonstra mesmo, você faz parecer que eu sou apenas uma pedra no seu sapato… Sabe, você foi quem me mudou. Eu era super inseguro quando cheguei à empresa. Fiquei tão afetado com o No mercy, mas você sempre esteve lá, sempre me convenceu de que eu era capaz, de que era incrível, talentoso e que merecia tudo de bom que o mundo pudesse me oferecer. Sempre me disse que eu era único e valioso. Sempre até tudo mudar… Me desculpe por iniciar nossa primeira briga, mas as que vieram depois dela só me afastaram cada vez mais de você. Eu não sei mais o que fazer em relação a isso. Por que você me trata assim? Era mentira as coisas que você me dizia antes? Era tudo mentira?


- Não, Minhyuk. Era tudo a mais pura verdade - disse Jooheon ao virar Minhyuk para si por uma pegada leve em seu ombro direito - Você é  talentoso, único e muito valioso, principalmente pra mim


- Pra você? - Minhyuk agora estava com as bochechas coradas e tentava desviar o olhar.


- Sim, pra mim. Me desculpe por ser tão horrível pra você. Me desculpe por minhas palavras no shopping. Me perdoa? Me perdoe por não saber reconhecer e respeitar meu amor por você. Me perdoe por ser um tolo ao tentar demonstrá-lo pra você. Mas principalmente, me perdoe por não tratar você da forma que você merece.


- Eu também não te trato como alguém que amo há muito tempo, me desculpe por ter tanto ciúmes de você e o Changkyun, não tenho o direito de interferir no relacionamento de vocês


- Relacionamento? Do que você tá falando? Não tem relacionamento algum. Eu que não tinha o direito de interromper o encontro seu com o Hyungwon para gritar com você por causa de crises pessoais.


- Encontro? - perguntou Minhyuk quase se jogando no chão de rir - Naquele dia o Hyungwon queria conversar comigo sobre uma nova dançarina da Starship estrangeira por quem estava começando a se apaixonar - disse Minhyuk ainda rindo


 


Jooheon se sentiu envergonhado e ainda mais culpado pelo ocorrido, riu de nervoso e pensou em apenas voltar para a mesa como se nada tivesse acontecido. Porém Minhyuk segurou sua mão e o questionou de sua saída repentina. Jooheon, finalmente, depois de enrolar muito e, mesmo deixando bem óbvio, foi direto. Chegou mais perto do mais velho e disse alto e enfaticamente: “Eu te amo” Viu o sorriso se formar no rosto do outro e tentou pedir desculpas pela sinceridade ou pela conversa, ou por tudo pelo que já havia se desculpado. Nem sabia mais do que deveria se desculpar, mas não teve tempo de completar nenhuma de suas frases, pois Minhyuk colocou suas mão em sua nuca e prendendo seus dedos entre os fios de seu cabelo o puxou para um beijo.


“Então um beijo verdadeiro é assim? Sabia que seria mágico. Agora posso finalmente parar de sonhar e viver um sonho com ele.” Pensou Jooheon nos primeiros segundos do beijo. Durante os outros segundos, pensou apenas no momento em que estava, apenas na pessoa que beijava. Sem culpa, ódio ou tristeza, apenas alegria e amor. Apenas o presente.



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Autor(a): gatinhadolino

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