Fanfic: O leão e a Serpente | Tema: Harry Potter Drarry
Não tinha a certeza de quantas vezes conferi meu cabelo e roupa. Se bem que eu não tinha nenhum senso de moda e a única pessoa que tinha esse prazer em me vestir era Pansy, minha colega de apartamento. Pansy era um pouco mais adiantada do que eu, ela já cursava faculdade e eu ainda estava no ensino médio. Na verdade, era para eu já estar iniciando meu segundo ano na faculdade, mas por um evento inevitável eu deixei de ir à escola e me mudei de vez para Londres.
Calcei o tênis e conferi mais uma vez meu visual. Ao meu lado o relógio marcava seis e meia. A cada vez que o relógio contava um minuto, meu coração falhava uma batida, minhas mãos suavam e eu não conseguia manter elas quietas nem por um segundo. Respirei fundo e voltei a encarar os ponteiros até que...
– Ei o que está fazendo?– Questionei irritado por Pansy ocupar o campo de visão do meu relógio.
– Eu juro que vou quebrar esse relógio se você não parar de suspirar para cada minuto que passar – Ela diz irritada. – Draco levanta dessa cama antes que a sua roupa fique amarrotada e pelo amor de deus sai desse quarto.
Ela saiu do quarto como um furacão. Rolei os olhos e levantei, mas não antes de checar mais uma vez o relógio. Ainda tinha se passado meio segundo.
Desci as escadas. Pansy estava largada no sofá, o controle remoto em suas mãos e ela entediada passava os canais da TV. Sentei-me ao seu lado e passei a encarar os canais que eram passados quase que automaticamente.
– Você tem que parar em um canal para saber se é bom assistir ou não – Comentei.
Ela parou em um canal de culinária. Encarei-a com o cenho franzido. Desde quando Pansy gostava de culinária? Nem que Pansy tentasse não conseguiria fritar um ovo que não fosse queimado. Ela voltou a passar o canal e continuou até que retornar para o primeiro canal. Rolei os olhos e tirei o controle de suas mãos e desliguei a TV.
– Já chega – Digo irritado por vê-la tão entediada.
– Qual é Draco! Você vai ter um encontro e eu vou continuar aqui como uma... O que? Solteirona sem nada para fazer em plena sexta feira.
Ou seja, Pansy queria alguém para trocar saliva.
– Porque você não tenta organizar suas matérias ou sei lá, tenta ver se consegue fazer os deveres pendentes...
– Está brincando comigo? Você faria?
– Claro que sim – Respondo convicto.
Ela rola os olhos e cruza os braços.
– Você é um Nerd mesmo – Ela rir. – Um cara popular, gostoso e que é cobiçado por toda escola está querendo você e a única coisa que você pensa é em seus deveres de casa? Você é louco Draco!
Afundo-me mais no sofá. Não é porque eu só pensava em deveres de casa, mas porque minha vida, meus estudos e minha carreira bem pensada foram arrasados por um garoto idiota e agora eu não queria cometer o mesmo erro. Pansy pareceu notar meus devaneios e rapidamente me puxou para um meio abraço.
– O que aconteceu entre você e o babaca do Nott ficaram no passado – Ela Comentou. – Você deveria se perdoar pelos os seus erros e seguir enfrente. Harry não é o Nott e isso é perceptível pelo jeito dele. Você não é uma serpente Draco, não precisa se esconder e atacar quando alguém se aproxima. Deveria dar uma chance a ele.
Aconcheguei-me em seus braços. Por mais que eu detestasse pensar o contrário, sabia que Pansy estava certa e me doía todas as vezes que eu percebia o quanto afastava as pessoas de mim ou como eu as afastava. Afastei todo mundo que um dia quiseram meu bem e a única pessoa que suportou todo o veneno que eu lançava era Pansy e foi à única que suportou meu mau humor e a única que me entendeu. Desde então, Pansy fora a única pessoa por quem eu deixei entrar por minhas barreiras e a única que eu abriguei dentro dos meus muros de proteção. Por causa disso, Pansy sabia que Harry havia derrubado todas as minhas defesas e entrado na fortaleza a qual eu achava ser impenetrável.
O som de motor me chamou atenção. Tateei meu celular e quando olhei o visor tomei um susto quando visualizei as horas. Já eram sete horas. Que droga! As horas passaram correndo e eu mal havia notado. Esses tipos de conversa que eu tinha com Pansy sempre corriam com meu tempo e muitas vezes algo nos interrompia arrancando-me desse momento. Eu realmente não desejava que nossa conversa fosse interrompida.
Levantei-me e soltei um suspiro.
Antes que eu fosse até a porta Pansy me prende em um abraço apertado. Surpreendo-me pela demonstração de carinho, mas não a dispenso apenas aceito o abraço da minha melhor amiga.
– Você não precisa ir se não quiser – Ela sussurra para mim com a voz suave. – Mas se for eu quero que saiba que Harry não é Nott e se você for deverá dar a ele uma chance. Draco não faça com ele o que fizeram com você.
Eu me surpreendo com suas palavras. Não fazer com ele o que fizeram comigo. Aquelas palavras me tocaram de uma forma profunda e algo dentro de mim se remexeu desconfortavelmente. Automaticamente lembrei-me das vezes que evitei Harry de todas as formas. Lembro-me então das vezes em que ele tentou se aproximar e o quanto eu repudiava sua amizade ou qualquer demonstração de carinho. Senti-me imundo, nojento e triste.
– Ei! Não fique assim anime-se – Ela riu e limpou uma lágrima que até então eu não notei. – Seu príncipe está esperando.
A campainha tocou. Meu coração se apertou e minha respiração engatou em minha garganta. Andei até a porta e segurei a maçaneta. Eu estava suando e meu rosto parecia pegar fogo. Meu cabelo que eu passei horas tentando arrumar, agora se encontrava fora do seu penteado e caiam algumas mechas pela minha testa. O coloquei atrás da orelha.
Respirei fundo e abri a porta.
Meu coração passou a bater em um ritmo frenético, temi ele furar meu peito ou quebrar minhas costelas. Minha respiração pareceu se perder e por um momento, pensei estar prendendo a respiração. Borboletas se agitaram em minha barriga, fiquei enjoado e tonto de repente. Todas aquelas sensações vinham do homem logo a minha frente. Os olhos verdes nunca pareceram tão brilhantes e os lábios finos e rosados se esticavam em um sorriso dócil. A expressão era calma e revelava a inocência de uma criança. Desci o olhar para um boque de flores brancas e vermelhar em suas mãos. Eu senti vontade de rir, mas no lugar de risos um sorriso se abriu em meus lábios. As barreiras que eu pensei estar reerguendo foram demolidas tão depressa, que não deu tempo de pensar em me defender daquele sentimento que inundava meu interior.
– Oi – Sua voz era roupa e incrivelmente sedutora.
Eu continuei o encarando sem palavras para expressar o que eu sentia, porque nem eu sabia descrever aquele misto de sensações que sentia. Abri a boca, mas as palavras não vinham. Uma vez me disseram que quando nos apaixonamos pra valer nos tornamos idiotas e agimos de forma idiota. Céus eu era mais um idiota apaixonado.
Harry esticou o boque de flores e sorriu meio sem jeito. O olhar caiu para o boque e ele pareceu pensante.
– Eu não sei o que comprava para você, mas ai Hermione me disse que eu deveria dar um boque, mas... – Ele se interrompeu de repente como se tivesse dito algo que não devia. – Droga não era pare eu dizer isso. Está tudo errado.
Sem perceber eu estava rindo da expressão desesperada de Harry e do nervosismo mais que aparente dele. De alguma forma Harry viera usando uma blusa social preta e calças Jeans escura. Seu estilo de roupa não é de quem iria ao cinema.
Quando nos apaixonamos nos tornamos idiotas e fazemos coisas idiotas.
Será que Harry também se tornou um idiota? Espera isso significa que ele está apaixonado por mim também?
– Espero que goste de flores – Ele disse como se tentasse consertar o que acabara de dizer. Agora um sorriso desenhava os lábios finos e rosados. Diabos como eu queria beijá-lo. Mordi o lábio tentando conter o desejo que parecia me consumir como lenha jogada ao fogo. Eu nunca imaginei que desejaria desesperadamente alguém.
– Eu gosto – Respondo de imediato. – Eu vou colocá-las em um vaso. Quer entrar?
Harry apenas acena concordando e eu dou passagem para ele entrar. Quando o maldito leonino passa ao meu lado, sinto o seu cheiro parecer mais forte. Prendo a respiração e agarro as flores como um porto seguro que me ajudasse a deter a vontade de agarrar Harry e me derreter em seus braços.
Arrumo as flores no vaso e tento deixá-las mais diversificadas. Junto às brancas com as vermelhas e deixo um verdadeiro mexido de vermelho e branco.
– Flores? Que romântico – Pansy comenta a me ver arrumar as flores.
Sinto meu rosto pegar fogo. Viro para encarar as rosas e tento esconder a vergonha estampada em minha face.
Pansy é uma amiga que me conhece muito bem. Ela sabe que nem morto eu revelaria o quanto eu estava maravilhado pelas flores. No entanto, ela provoca ainda mais com seus comentários maliciosos e seu sorrisinho maroto.
– Quer dizer que nosso leonino ele sabe conquistar – Ela diz provocante.
Ignoro-a e vou até a saída da cozinha. Harry me esperava na sala de estar e eu precisava voltar para o meu leonino.
Não!
Preciso voltar para o encontro. Não há nenhum pronome possessivo, não coloque meu onde não tem. Lembre-se Draco, você é uma serpente e ele um leonino dócil vocês são opostos e...
Harry estava ao lado do sofá onde antes Pansy estava passando os canais da TV. Engulo a seco quando noto o seu corpo perfeitamente modelado. O tecido da camisa social preta marcava bem os músculos das costas, mas não foi isso que me tirou toda atenção. Não, com toda certeza não foi isso, também não foi exatamente o fato de Harry estar esticando os braços para o alto e moldando na camisa social seus bíceps e tríceps. Foi muito mais do que isso.
Nunca imaginei que Harry tivesse uma bunda lindamente redonda.
Quando ele esticou os braços na frente do peito, tive a visão privilegiada de sua bunda sendo empinada e perfeitamente marcada pelo jeans. Tento me recompor, respiro o ar e ao mesmo tempo tento solta-lo, mas isso só contribuiu para que eu me engasgasse. E para minha vergonha, Harry desperta de seu exibicionismo e vem até a mim com aquele seu jeito leonino preocupado. Penso em repudia-lo, mas a imagem de sua bunda empinada não sai da minha mente e só o pensamento me faz corar intensamente. Sinto-me um idiota pervertido, mas não consigo mudar as imagens que passam pela minha mente como um flash.
– Draco você está bem? – Ele pergunta. – Você esta vermelho! O que esta acontecendo?
Nesse momento Pansy entra na sala onde estávamos e sua expressão me traz ainda mais vergonha. Ela tem o cenho franzido e os lábios curvados em um sorriso malicioso. Ela solta no ar as palavras silenciosa que me irritam e me causam ainda mais vergonha.
"aproveita a noite."
– Draco? – A voz de Harry muda para um tom urgente, mas eu não consigo escuta-lo.
Estou perdidamente preso na minha vergonha e não sei é possível ficar mais vermelho. Continuo tossindo até que para a minha surpresa sinto um ar alheio invadir meus pulmões bruscamente. Ainda de olhos abertos encaro a silhueta de Harry me prensar na parede e me beijar, ao mesmo tempo em que ele joga todo o ar para os meus pulmões.
– Você está melhor? – Ele questiona assim que se desprende dos meus lábios. Quero dizer que não, mas estou sem palavras e por isso volto a beija-lo, ignorando a parte racional do meu cérebro que me titulava de pervertido.
Eu nunca me imaginei um pervertido, na verdade, eu nunca imaginei que tomaria a iniciativa de beijar alguém. E mesmo assim eu me sinto explodir por dentro em vários Dracos. Agarrava-me a Harry desesperadamente como se dependesse de cada toque dele. Novamente, eu não me imaginaria agarrando ninguém em minha casa, muito menos Harry Potter.
– É melhor nós irmos – Disse o meu leonino com o rosto corado, os lábios inchados e os óculos redondos tortos. Sorrio malicioso para ele e para a minha surpresa vi Harry corar intensamente. Se eu tivesse uma câmara naquele momento tiraria uma foto do seu rosto corado e guardaria para toda a minha vida.
Credo que pensamento leonino!
Apenas acenei para que ele seguisse enfrente, enquanto eu continuava a admirar a vista da comissão de trás de Harry. Lambi os lábios e ao mesmo tempo senti uma fisgada no meu íntimo. Balancei a cabeça tentando afastar os pensamentos obscenos que me viam a mente.
– Você tem certeza que está bem? – Harry perguntou mais uma vez antes de abrir a porta. Sua mão estava na maçaneta e as esmeraldas verdes me encaravam afiadamente. Harry tinha uma capacidade que me impressionava e ao mesmo tempo me deixava com medo. Ele era capaz de olhar o mais profundo da minha alma e confiscar qualquer mentira.
Corei rapidamente. No mesmo instante, virei o rosto e tentei esconder de sua visão minha face ligeiramente corada.
– Eu estou bem – Respondi mais confiante. Dessa vez Harry pareceu acreditar, ou então ele desistiu de tentar me fazer dizer a verdade. Nem morto eu diria o quanto estava admirado pelo o traseiro redondo daquele leonino.
Desistindo, Harry abriu a porta, caminhou sério e silencioso até o outro lado da rua. Imediatamente me preocupei, porque eu soube que havia feito algo de errado e rapidamente tentei voltar atrás, talvez mudar de assuntou ou então...
Parei abruptamente atrás de Harry. A linha de raciocínio sumiu de repente e eu não tinha mais ideia do que eu pensava. Encarei Harry assustado e voltei a lançar um olhar temeroso para a máquina mortífera vestida de um preto reluzente.
– Para que isso? – Perguntei apontando a máquina preta a minha frente.
Harry me estendeu um capacete e em silêncio ele colocou seu capacete e sentou-se na máquina mortífera.
– Vamos? – Ele perguntou.
– Subir nisso? – Questionei olhando meio temeroso para aquela coisa de duas rodas que reluzia a cor preta na fraca luz dos postes. – Nem pensar! Essa coisa vai me matar!
– Draco é só uma moto – Harry comentou. – Eu prometo que vou devagar, apenas suba na moto.
Agarrei-me aos ombros de Harry e ainda trêmulo, subi naquela máquina mortífera que Harry chamava de moto. Harry me ajudou a ajustar o capacete e assim que ouvi o motor da moto roncar fechei os olhos e me agarrei à cintura de Potter. Eu sentia que estava cada vez mais próximo de morrer e ainda assim, me agarrava à cintura de Harry como se aquilo fosse à salvação de me manter o mais distante possível das garras da morte.
Eu nunca andei de moto. Para mim aquela máquina mortífera era a causa de cinquenta por cento do índice de mortalidade no país. Eu juro que não é exagero, mas tinha certeza que aquilo poderia nos matar e toda vez que Harry acelerava eu apertava sua blusa e até mesmo o beliscava.
A viagem nunca pareceu tão longa. Eu não aguentava mais. Minhas pernas estavam bambas, eu suava frio, embora o vento frio da noite esfriasse o suor que escorriam pela minha têmpora. Aquele capacete era horrível. Abafado, e parecia quase sufocante. Inúmeras vezes tentei tirá-lo, mas toda vez que a moto dava um solavanco eu me agarrava a Harry. Ridículo, mas essa é a questão. Eu odeio motos.
A moto parou de roncar e Harry retirou o capacete. Seus olhos verdes me analisavam freneticamente. Senti-me um idiota o encarando por trás daquela coisa redonda sufocante.
– Draco você precisa descer – Ele me alertou e eu continuei o encarando admirado pelos os olhos verdes parecerem mais brilhantes atrás daquele capacete escuro. – É preciso você descer para que eu possa descer também.
E então volto do meu transe, acordando do efeito hipnotizando dos olhos de Harry. Desço da moto e Harry vem logo em seguida. O seu capacete é posto acima da moto, mas o meu, continua em minha cabeça. Tento puxá-lo, mas ele se agarra em meu pescoço e quase sou enforcado pela alça do capacete. Tento desafivelar aquela coisa demoníaca, mas ela parece se apertar ainda mais em minha cabeça. Automaticamente tento sinalizar Harry que aquela coisa ainda estava em minha cabeça, mas ele não me olha. Leonino idiota!
– Harry! – Grito, mas minha voz está abafada e Harry está se dirigindo para a entrada do restaurante.
Tento puxar aquela coisa, mas sou sufocado pela alça do capacete e quando tento mais uma vez apertar a fivela, ela se abre. Puxo o capacete e ao tirá-lo, vejo a noite ao meu redor parecer mais clara. Tudo parecia perfeitamente brilhante e o ar da noite me atinge em uma brisa suave. Sinto até então que estou respirando pela primeira vez e isso me deixa aliviado. Nunca mais vou colocar aquela coisa e se eu puser, eu juro que mato Harry se ele não tirar aquela coisa da minha cabeça.
A entrada do restaurante era incrivelmente brilhante. Lustres se dividiam em uma fila brilhosa. De todos os restaurantes da cidade, aquele era o primeiro que eu conhecia e ainda assim, nunca vi um restaurante tão bonito. Os brilhos dos lustres contrastavam a pintura vermelha do local que se dividiam por toda a extensão. Logo à frente, uma moça bem vestida recebia com um sorriso os clientes e o encaminhavam para outra moça que os levava até as suas mesas já reservadas.
O ambiente transmitia paz e harmonia. A cor das paredes vermelha em contraste da luz dos lustres dava a sensação de um ambiente aconchegante e luxuoso. No mesmo momento em que o ambiente parecia incrivelmente luxuoso, parecia que todos os móveis foram polidos e lustrados. O ambiente me proporcionou uma harmonia que até então eu não imaginava ter.
Quando chegou a nossa vez, Harry informou seu nome a recepcionista e automaticamente fomos encaminhados a uma mulher simpática que nos levou até uma mesa. O nome de Harry estava escrito em uma pequena placa que ocupava o centro da mesa. Sentamos-nos um ao lado do outro. A mesma moça que nos levou até a mesa, retirou a placa e nos entregou dois cardápios de capa escura.
– Quando precisar é só chamar um dos garçons para vir atendê-los – Disse a moça. – Com licença – Ela nos deixou com o um sorriso simpático e um aceno educado.
Abri o cardápio curioso para saber o que tinha de especial. O restaurante exalava luxúria por onde andávamos, então acredito que as opções do cardápio fossem comidas caras e especiais. Talvez uma lagosta, ou quem sabe pato assado? Eu não fazia ideia e a empolgação só me fazia querer abrir aquele cardápio e vasculhar qualquer comida que existisse ali. No entanto, antes que eu pudesse desfrutar das informações no cardápio, uma mão agarra a minha e só então percebo que estou em um encontro. Coro ao lembrar-me o quão desesperado eu estava para abrir o cardápio. Esqueci completamente do leonino ao meu lado.
– Eu queria falar uma para com você – Harry comentou.
Virei de encontro a Harry encarando profundamente aquelas esmeraldas e pacientemente esperei pelo o que ele tinha a dizer.
No mesmo momento em que me virei, Harry corou, os olhos caíram para os seus polegares que travavam uma pequena briga. Ele lambeu os lábios e os mordeu. Tive de manter todo o meu autocontrole para não avançar e beijá-lo. Respirei fundo e tentei manter minha mente afastada dos pensamentos pervertidos e tentei me concentrar na briga que era travada pelos os polegares de Harry.
– Draco eu sei que é muito recente – Harry começou. Por breves minutos juro ter visto uma gotícula de suor escorrer pelo seu pescoço. – Mas a gente se conhece há algum tempo.
Aquele início da conversa de Harry me deixou enjoado. Inúmeras borboletas agora sobrevoavam e batiam furiosamente na parede do meu estomago. A comida que até então eu estava louco para apreciar se foi junto com o apetite que outrora eu sentia.
– Mesmo que desde o início tenha sido só amizade...
Eu queria dizer que foi o contrário, Harry me forçou a ter uma amizade com ele e essa mesma amizade se tornou a droga de uma amizade colorida que eu não conseguia escapar nem se eu quisesse.
– E eu ainda não o conheço o suficiente para ser um melhor amigo – Harry começou. Potter estava vermelho e suava. Seus polegares agora travavam uma briga feroz. – Mas quero conhecê-lo melhor e não vejo alternativa senão – Harry fez uma pausa. Meu coração retumbou e juro ter o visto abrir uma fresta pelo o meu peito e espiar aquele homem que enlouquecia todos os meus sentidos – Você aceitaria namorar comigo?
A resposta era um sim com todas as letras. Quem não queria namorar Harry Potter, um menino popular, carismático, cheio de amigos e gentil? Instintivamente eu sorri para aquele leonino idiota. Mas as coisas não são como os felizes para sempre dos contos de fadas.
Pelo menos para mim não havia contos de fadas e felizes para sempre. Nunca existiu.
O sorriso de Harry sumiu assim que minha expressão mudou. Eu não poderia namorar Harry. E quando eu pensei que estivesse dizendo um sim, o não fora dito de forma impulsiva. Não tive chance de dizer mais nada, porque assim que eu disse não, Harry sussurrou que precisava ir ao banheiro.
– Eu vou ao banheiro.
Harry saiu em disparada e eu não tive alternativa a não ser continuar sentado na mesa e encarar o vazio ao meu lado. Apoiei as duas mãos na cabeça. Tive vontade de xingar, brigar, gritar e chorar. A sensação que me arrebatou fora insuportavelmente dolorosa. Senti vontade de ir até o banheiro e chamar por Harry e dizer: Sim, eu namoraria aquele leonino que eu amo e odeio. No entanto, o pensamento de namorar de novo me trazia calafrios e uma pontada dolorosa no peito. Era uma ferida não cicatrizada, ou talvez tenha sido cicatrizada, mas de alguma forma eu a sentia doer, embora não sangrasse mais.
Harry voltou alguns minutos depois. Ele parecia abalado e mais descabelado que o normal. Sua bochecha estava corada e seu olhar encarava seus sapatos sociais bem engraxados. Era como se ele estivesse com vergonha do seu pedido, ou se sentindo um idiota. Eu só tinha uma certeza, que se havia um idiota, esse idiota era eu.
Tentei agir normalmente, mas era difícil. O clima ficou tenso. Harry vasculhava freneticamente o cardápio. Seu olhar estava tão preso ao cardápio que imaginei até que ele estava hipnotizado. Eu por outro lado me sentia um idiota por tentar prestar atenção no cardápio, mas na verdade eu não conseguia tirar o pedido de namoro da minha cabeça e isso só me fazia levantar olhar e o admirar tão concentrado lendo o seu cardápio. Foi nesse momento que Harry tirou o olhar de seu cardápio e me encarou. As esmeraldas pareciam sem o brilho que eu amava. Harry parecia meio abatido quase como um gato acuado.
– O que você vai pedir? – Harry perguntou revesando seu olhar entre mim e o cardápio. – Eu não faço ideia do que sejam essas coisas aqui – Ele apontou para os tipos de comidas especificadas no cardápio.
Inconsequentemente eu sorri quando ele arqueou os cenhos e depois os franziu. Suas bochechas inflaram levemente. Era quase como se uma criança birrenta estivesse a minha frente. Senti uma súbita vontade de beija-lo, mas então o pedido de Harry ecoava pela minha mente. Meus pensamentos fugiram e se esconderam dentro da nova barreira que eu criei.
– Você come carne não é? – Perguntei.
Eu não conhecia muito sobre Harry e antes de sugerir ou pedir algo que ele não goste, preferi perguntar.
Harry acenou que sim.
– Então temos Filé Mignon com... – Minha respiração engatou quando Harry encostou seu ombro no meu. Seu cheiro inebriou todos os meus sentidos e a sua presença era tentadora. Senti uma vibração em meu íntimo com aquele contato entre nós. Tive de resistir à vontade de me abrigar em seus braços ou então de beijá-lo.
– Temos o que? – Harry perguntou. Seu hálito quente foi jogado contra meu rosto. Seus olhos pareciam me despir e explorar todo meu interior. Senti um calor subir pelo o meu rosto.
– Preciso ir ao banheiro – Comentei sem pensar.
A expressão maliciosa de Harry se desfaz. Ele se afastou com um pigarro. O calor de sua presença sumiu e a falta do contato de antes me fez sentir um súbito frio. Encolhi-me um pouco e pensei que talvez Harry não notasse, mas ele notou.
– Está sentindo frio? – Ele questionou.
Apenas concordei em um aceno.
Harry virou-se para sua cadeira, buscou sua jaqueta e a colocou por cima dos meus ombros. O toque de suas mãos calejosas me fez arrepiar. Senti uma leve pontada na barriga e novamente corei.
– Melhor? – Ele sussurrou em meu ouvido e apenas concordei com um aceno rápido.
Harry riu e tive de manter meu autocontrole para não beija-lo ou pedir que ele me possuísse. Balancei a cabeça espantando as imagens e os pensamentos eróticos que invadiam a minha mente.
– Que tal pedirmos um vinho? – Perguntei tentando quebrar aquele clima.
– Eu sou menor de idade – Alegou Harry.
– Mas eu não.
Realmente eu era o adulto ali, embora eu fosse apenas um ano mais velho que Harry.
– Tudo bem, o que você me recomenda? Algo não muito forte porque estou dirigindo.
Certamente eu não gostaria de morrer por aquela máquina mortífera de duas rodas.
E, no entanto, não tinha a mínima ideia de que vinho deveria pedir. Estávamos a um tempo sentado naquela mesa do restaurante e até então não pedimos nada. Harry ainda parecia magoado pelo o pedido de namoro negado e por isso, ele estava tentando de todas as formas me seduzir. Eu, no entanto, estava desesperado tentando manter o controle da minha sanidade, enquanto minha mente fantasiava momentos eróticos junto a Harry.
Respiro fundo e enterro todos os pensamentos eróticos para o fundo da minha mente. Harry pareceu notar uma mudança brusca em minha expressão. Ele se manteve estático em sua cadeira e claramente eu podia ver a musculatura dos bíceps e o tríceps contraído
– Eu sei que meu pedido foi um tanto idiota ou inusitado – Ele encarou seus polegares que agora voltaram a travar uma nova luta. – Mas eu realmente gosto de você Draco e quero que você se sinta bem ao meu lado e não como se estivesse sendo forçado a ficar comigo.
Meu deus! Leonino são tao dramáticos! Eu jamais pensei dessa forma. Harry não conhecia meu passado e o que ele conhecia era de quando estávamos no primário. No entanto, meu receio não era estar com Harry e não sentir nada por ele, até porque eu sempre fui perdidamente apaixonado por aquele leonino estupidamente gentil. Meu receio era me machucar de novo, era amar e me ferrar mais uma vez.
Mas Harry não sabia disso.
– Eu sei e esse não é o problema – Digo.
Harry se aproxima. Meu corpo reage a sua aproximação e sinto o toque de seus ombros nos meus parecer queimar. Agora estou ofegante e não sei o porquê, mas meu coração parecia saltar alegremente com aquela aproximação tão inocente.
– Então qual o problema? – Ele acaricia com seu polegar minha bochecha e como se trilhasse um caminho, ele percorre seu polegar do meu queixo até a curvatura do meu pescoço.
Sinto que sou capaz de derreter e isso me faz se sentir vulnerável, mas nesse momento eu não odeio me sentir assim, porque Harry está comigo e apenas isso que importa.
– Eu não quero me machucar de novo – Digo ainda apreciando aquela maravilhosa carícia.
Ele para com as carícias e parece abismado. Harry agora me encara com descrença. As sobrancelhas arqueadas e os lábios comprimidos em uma linha fina. Ele estava irritado.
De repente, algo em mim desperta e sinto a vontade de me afastar. As mãos de Harry voltam até a mim e por alguma razão eu me encolho. Sou assombrado por lembranças e imagens que correm como flashes por minha mente, me arrancando da realidade. Agora estou de frente com Theodoro Nott e seu sorriso maléfico me trás arrepio. Encolho-me ainda mais e choramingo.
– Draco?
A voz, no entanto, não é de Theo. A imagem se torna um borrão e agora estou de frente a Harry tão atordoado quanto eu.
–Me desculpe – Percebo a confusão em seu olhar, mas ele não pergunta o que aconteceu. É um alívio não ter Harry questionando meu pequeno ataque de lucidez e o agradeço mentalmente por isso.
O jantar se tornou silencioso e por fim jantamos uma porção bem recheada de frutos do mar com vinho suave. Acabamos por optar por qualquer vinho. O momento de antes se tornou distante e agora estávamos mais afastados e silenciosos. Harry não disse uma palavra durante o jantar e por mais que eu comentasse da comida ou do vinho, Harry respondia; "uhum" e voltava a comer. Eu sabia que era de propósito e se eu fosse ele faria o mesmo.
Eu imaginei que tivesse aquela briga de quem pagaria a conta, mas não foi o que imaginei. Harry pegou a conta da mão do garçom e antes que eu pudesse me inclinar para conferir o valor, ele entrega um cartão ao garçom que depois de passar o cartão na máquina ele agradece e sai rapidamente do restaurante.
– Quanto foi?
Harry me ignora até sairmos do restaurante. Lanço mais um olhar a fachada do restaurante. O restaurante permanece brilhantemente luxuoso e com seu estilo sofisticado. Aquela comida foi o olho da cara. Só o pensamento me deixa enjoado. Harry gastou tempo e dinheiro comigo e a única coisa que eu lhe devolvo é um não e uma noite terrível. Eu sou tão idiota.
∞
– Quanto foi? – Pergunto mais uma vez assim que desço da moto.
Olho a fachada da minha casa e estou incrédulo por perceber que já havíamos chegado. O caminho foi trilhado silenciosamente. Eu mal notei que já estava em casa.
Harry tira seu capacete e o meu. Aproveito que aquela coisa demoníaca saiu da minha cabeça e o questiono novamente.
– Quanto foi?
Harry respira fundo como se estivesse impaciente.
– Porque quer saber?
Harry parecia irritado. Ele corria as mãos pelo o cabelo e rodava de um lado a outro. Eu tinha total certeza que ele estava irritado. Permaneci calado por um tempo. Harry merecia a verdade. Ele merecia saber quem eu sou, Harry merecia atravessar as minhas defesas e conhecer meus tormentos.
Antes que Harry voltasse a correr as mãos pelo seu cabelo mais uma vez, eu as peguei e juntei com as minhas. As esmeraldas agora me tinham hipnotizado. Eu estava tão hipnotizado que não percebi quando me inclinei e o beijei. Foi um beijo suave e tão lento que eu podia sentir a maciez de seus lábios. Sua língua travessa parecia explorar minha boca como se a conhecesse pela primeira vez, ao mesmo tempo em que molhava meus lábios. As mãos de Harry estão na minha cintura, cercando-as de forma tão protetora que eu mal notei quando fui jogado contra a porta da minha casa. Sinto o beijo ficar mais feroz. Penso em explorar seu corpo, em correr minhas mãos por cada pedaço de pele até eu memorizar, para então um dia poder traçar o caminho pelo seu corpo de olhos fechados. Mas eu não poderia aquele não é o momento.
– Harry – Me separo relutante. – Vamos entrar.
Harry ergue o cenho e me lança um olhar de incompreensão. Rolo os olhos e gentilmente o afasto com a mão apoiada em seu abdômen que se contrai com meu toque. Definido. Seu abdômen bem definido me faz pensar em como seria correr minha mão ou minha língua... Foco Draco! Dispenso os pensamentos pervertidos e volto a completar a minha frase.
– Precisamos conversar e é apenas conversar.
Leonino idiota. Ele apenas acena um sim e me segue porta adentro.
Harry merecia saber que eu era um garoto quebrado. Harry merecia conhecer meus demônios.
Autor(a): 0alpha
Esta é a unica Fanfic escrita por este autor(a).
Prévia do próximo capítulo
Londres: Alguns anos atrás; Era um dia nublado como qualquer outro dia de inverno. A neve caia solenemente. O frio ainda persistia, mas eu não me importava porque o inverno sempre foi o melhor dia do ano para mim. Mas aquele foi o pior ano de todos e o frio nunca pareceu tão desagradável. Nunca existiu um inverno pior que esse. Pelo meno ...
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