Fanfic: SE LEMBRE NOVAMENTE... | Tema: Inuyasha

Capítulo 12 - Sem poderes

 ☙ ☙ ☙   INUYASHA ☙ ☙ ☙

Sinto meu corpo todo relaxado dificultando até que eu me mova, abro meus olhos lentamente e me deparo com um par de coxas belíssimas à minha frente, um arrepio percorre por meu corpo e junto as lembranças da noite anterior começam a retornar me deixando feliz e extasiado, ergo meu corpo e vejo ela aos meus pés dormindo profundamente, ainda estamos nús e naquela posição constrangedora.

Nunca em minha vida imaginei que sexo seria tão surpreendente! E que a cada encontro seria uma descoberta para nós, porque ontem eu descobri o quanto gosto de sentir o sabor de Kagome em minha boca, ainda bem que o monge não sabe ler pensamentos porque com certeza eu seria o mais novo pervertido em suas histórias, me peguei rindo com meus pensamentos.

Ouço barulho de grilos e dos animais noturnos e noto que ainda é madrugada, resolvo levantar e me vestir, quem sabe conseguia algumas frutas para nosso café da manhã antes de Kagome acordar, quando pegava meu manto para cobri-la, meus instintos me alertaram que algo estava errado, imediatamente segurei a Tessaiga e me posicionei em atenção, nesses momentos que sinto falta da minha audição e olfato apurados. 

Consegui perceber algo subindo pela parede atrás de mim, me virei, mas no mesmo instante fui atingido por fios grossos e brancos que me prenderam ao chão por uma das pernas, tentei cortá-los com a Tessaiga, mas a espada não se transformava comigo na forma humana, então novamente mais daqueles fios me acertaram me deixando totalmente imóvel.

– Esses fios… eu reconheço! - Olhei para cima e lá estava ela, uma Kumogashira*! – Mas como? Eu matei todos de sua laia, sua aranha nojenta! 

– Ahhhh hanyou desgraçado, aquela noite eu consegui me esconder e depois de ver você matar o meu mestre Oshō-sama, eu fugi! - disse se aproximando

– Esse tempo todo estive planejando a minha vingança! Achei que seria impossível conseguir te encurralar e pegá-lo desprevenido, você vivia cercado por seus amigos, principalmente na lua nova, mas hoje você abriu sua guarda, e posso dizer que te achar no dia em que fica na sua forma humana e vulnerável foi realmente meu dia de sorte, hahaha!  - ria sibilando aquelas presas enormes.

– Inuyasha… - Não! Ouvi Kagome me chamando e um terror se apossou de meu corpo.

– Kagome, fuja daqui agora! - Tentei alertá-la, mas a vi se levantar atordoada, ela ainda estava nua, e me olhou assustada quando me viu preso no chão naquele emaranhado de teias.

– O que está acontecendo… - Tentou se aproximar, mas um forte jato de teias a atingiu, fazendo com que fosse jogada contra a parede da cabana, deixando-a completamente presa e somente a cabeça livre.

Vi a aranha-youkai passar por cima de mim em direção a Kagome, me deixando desesperado.

– Não toque nela seu inseto desprezível ou eu juro que arranco sua cabeça se a machucar! - esbravejei e tentei me soltar, mas nessa minha forma humana era quase impossível, tentei raciocinar rapidamente, eu não podia ficar me lamentando, pois era agora Kagome que estava em perigo, então engolindo todo o meu orgulho gritei.

– Miroku, nos ajude aqui! 

– Hahaha, já está tão desesperado assim hanyou! Se estiver tentando chamar o monge lá fora nem perca seu tempo, já coloquei ele pra dormir! - falou e continuou se aproximando dela.

“O que será que ele fez com o monge?” - pensei tentando achar uma saída.

– Kyaaaaaaaaa! - gritou Kagome – Uma aranha Inuyashaaaa, mata! Mata ela!

“Será que ela não percebeu que era um youkai? Kagome nessas horas podia ser tão desligada…”

Senti meu pulsos sangrarem com a força que fazia na tentativa de me soltar, olhei para cima e vi o maldito chegando próximo a ela, eu não sabia mais o que fazer e comecei a me sentir em total desespero!

– Sua vingança é comigo seu maldito! Faça o que quiser, me torture, me mate! Mas deixe ela em paz! - Olhei para Kagome que nessas horas estava em lágrimas.

– Inuyasha… não… 

– Quietos vocês dois! Você! - apontou para mim - Eu vou cuidar depois… mas agora quero ver sua cara quando eu matar essa humana aqui, quero ver você sofrer e vingar meu mestre Oshō-sama! - quando o youkai abriu a boca e suas presas ficaram maiores, ouvi Kagome soluçando.

– Me desculpe Inuyasha… - ouvi ela falar baixinho, porque ela estava se desculpando? 

– Kougaaaaaa!!!! Socorroooo!!!! - berrou a plenos pulmões.

Olhei para Kagome atordoado, ela estava chamando o lobo? 

– Cale-se humana imprestável, ninguém virá te resgatar! - Assim que vi o youkai pulando em cima do pescoço de Kagome me senti impotente, ela não aguentaria se ele a mordesse, seu veneno era muito forte, eu quase não resisti na época quando o mestre deles me envenenou com sua mordida. 

Foi quando ouvi um estrondo e a porta da cabana ser arremessada longe, junto um surgiu um ciclone com ventos muito fortes formando muita poeira no ar, o que impossibilitou minha visão por alguns segundos, depois disso ouvi barulho de aço e logo após vi um clarão.

– Ahhhhhhhh maldito! Quem é você?! - Ouço a Kumogashira gritar e logo após a cair próximo onde eu estava preso, desacordada e sangrando muito.

O ciclone de poeira foi se desfazendo e Kouga surgiu no meio com sua Goraishi* e logo em seguida suas garras de aço desaparecem.

– Cara de cachorro, o que está acontecendo aqui? Ouvi Kagome me cham… - perguntou, mas assim que olhou para frente e viu Kagome presa ainda à parede ele rapidamente se aproximou dela que estava coberta de teias, mas essas mesmas por serem muito finas claramente se percebia que ela estava nua por baixo – Kagome… você… - engoliu em seco – Você está bem? 

Eu não estava acreditando, ele estava olhando pra ela daquele jeito?

– Ei lobo pervertido, tire esses olhos de cima dela, ou eu te mato! - meu sangue começou a ferver.

– Cala a boca seu inútil! - Se virou para mim, vi seus olhos estavam trêmulos e avermelhados – O que você fazia que não estava protegendo ela?! - gritou irado.

– Kouga?! - ouvi-a chamando – Estou muito feliz que veio nos ajudar, e grata por ter salvo a minha vida… mas por favor, solte o Inuyasha - seus olhos estavam baixos, eu percebi que ela estava constrangida com toda a situação.

    O príncipe dos youkais lobos suspirou e se aproximou, suas garras de aço novamente apareceram então ele cortou as teias que prendiam meus braços e pernas, e rapidamente me pus de pé.

    – Vou soltar Kagome agora… - disse Kouga.

    – Nem pense nisso, se não quiser perder sua cabeça - rosnei, mesmo sem minha energia demoníaca eu lutaria com esse lobo se ele chegasse mais perto de minha fêmea.

    – Por favor, não briguem… - ouvi Kagome falando baixinho e olhando para baixo – Inu, pegue seu manto e a espada, e venha me soltar - eu concordei e assim fiz, peguei meu manto e a Tessaiga, cheguei até ela e com muito cuidado cortei as teias que estavam ao seu redor, assim que se soltou ela caiu em meus braços e logo em seguida a cobri com meu manto.

    – Você está bem? - perguntei olhando em seus olhos.

    – Eu preciso de um banho - sussurrou para mim e depois me deu um sorriso que fez minha pernas amolecerem, eu sou totalmente apaixonado por essa mulher!

    Eu e Kagome saímos da cabana abraçados, Kouga veio logo atrás de nós, então comecei a sentir a Tessaiga vibrar em minha cintura e ela também percebeu, logo após o céu começou a colorir em vários tons de rosa e laranja e um tímido sol despontou no horizonte, senti a mão dela na minha firme, virei meu rosto e vi ela me presentear com um deslumbrante sorriso, chego a dizer que ser mais belo até que o alvorecer que estava acontecendo à nossa frente. Uma corrente elétrica passou pelo meu corpo e pude novamente sentir minha energia demoníaca voltando, minhas garras crescerem e meus cabelos voltaram a sua cor original.

    – Seus olhos - ouvi Kagome sussurrar – São meu sol particular… - senti sua mão em meu rosto e tudo ao meu redor pareceu ficar envolto em uma névoa, como se estivéssemos parados no tempo e nossos corações batendo no mesmo ritmo, mas nessa hora meus ouvidos, que estão normais agora, ouviu um sibilar conhecido e silenciosos passos chegando próximo de nós, eu já sabia quem era e tive que pensar muito rápido, pois Kagome estava bem na linha de frente onde teria que o atacar.

    Então deixei meu orgulho de lado e a empurrei com força, o que fez ela parar nos braços de Kouga, não tive tempo de ver sua reação, saquei a Tessaiga e me posicionei.

    – Kaze no Kizu!!! - eu já estava acostumado a usar esse golpe, logo consegui enxergar a cicatriz e rapidamente desferi a “Ferida do Vento”, acertando em cheio o youkai-aranha, cortando-o em pedaços, sendo eliminado definitivamente – Te peguei maldito! - gritei irado.

    Mas quando me virei, a cena que vi fez meu sangue youkai ferver a ponto de começar a se descontrolar, Kagome estava nos braços de Kouga, o manto que a cobria estava um pouco aberto, mostrando parcialmente sua nudez, percebia que ela não tinha notado pois estava encolhida toda nervosa e me olhando preocupada.

    – Kagome, desça daí e venha até aqui já! - Minha voz saiu rouca me fazendo rosnar logo em seguida.

    Kouga estava vermelho e constrangido e ajudou Kagome a descer, foi quando ela notou o manto aberto, fechando logo em seguida com suas mãos, depois ela veio até mim, me abraçando.

    – Obrigado novamente Kouga - Ela disse ainda de costas abraçada a mim.

    – Você está bem mesmo Kagome? Não se feriu? - Perguntou o lobo se aproximando novamente.

    – Keh! Ela está bem lobo fedido! - respondi por ela - Esses insetos não voltarão nunca mais, eu vou protegê-la - Falei enquanto apertava ela pela cintura.

– Espero mesmo cara de cachorro! Porque se tiver uma próxima vez, eu a levarei comigo! Você entendeu?! - avisou.

– Isso é uma ameaça? - perguntei já me preparando para socá-lo.

– Não, seu imbecil! - disse chegando perto – É para você entender de uma vez que deve tomar mais cuidado com a vida da mulher que vive dizendo amar! 

Disse tudo aquilo encarando fundo nos meus olhos, pude ver a preocupação verdadeira com ela e isso me desarmou, não consegui responder nada e somente baixei meu olhar até ela que estava toda trêmula e nos olhando preocupada. 

– Eu irei! - voltei a encarar o príncipe dos lobos – Irei protegê-la com a minha vida! 

Kouga ficou ainda alguns segundos sustentando meu olhar, e depois balançou a cabeça concordando. 

– Até mais Kagome, quando precisar é só chamar! - fez uma reverência, que eu achei exagerada, depois mandou um beijo no ar para ela e saiu correndo e rodopiando, desaparecendo rapidamente de nossas vistas. 

– Keh! Ainda arranco a cabeça desse lobo sem vergonha! - Ralhei.

Ouvi ela dando uma risadinha e a apertei mais contra mim dando um beijo em sua testa, foi então que meus apurados ouvidos captaram gemidos perto de onde estávamos, fui seguindo o som e dei de cara com o monge amarrado em uma árvore com teias envolvendo-o todo e tampando sua boca também, com minhas garras afiadas fui soltá-lo enquanto Kagome esperava próximo de nós.

– Vocês estão bem? Aquele kumogashira me pegou desprevenido enquanto eu recitava os mantras da barreira, eu mal podia imaginar que já estava embaixo da cabana à nossa espera! - disse o mongo sem fôlego.

– Aquele maldito inseto pegou à todos nós de surpresa, mas eu já acabei com ele, só restam pedaços dele agora hehehe - terminei de falar e vi Miroku com “aquele” olhar pra direção de Kagome, esse pervertido…

– Vamos Kah, você precisa se trocar… - abracei ela e fomos até a cabana, coloquei a porta no lugar e comecei a procurar naquele emaranhado de teias as roupas delas e o restante das minhas.

– Você está bem mesmo? - perguntei depois de vê-la encolhida no canto, ela estava muito quieta.

– Estou… é que foi tudo muito constrangedor e também muito perigoso - disse, percebi que ela estava ainda tremendo e a abracei.

– Ei! - segurei em seu queixo fazendo-a olhar pra mim – Me desculpe por não conseguir protegê-la, por isso não gosto de sair para longe quando estou em minha forma humana fraca e que não pode te socorrer quando você precisar.

– Inu, não é sua culpa! - seus olhos tremulavam e lágrimas começaram a cair – Você não é fraco, é perfeito do jeito que você é! - meu coração disparou com aquelas palavras.

– E… eu não consegui te proteger, você teve que chamar o lobo… - Ela me apertou num abraço forte.

– Está tudo bem Inu… - amo quando ela me chama assim.

Ouvi batidas na porta e o monge nos chamando.

    – Ei vocês dois! Por hoje chega de emoções fortes certo! Já foi difícil a noite ficar ouvindo vocês se divertindo sem minha Sango aqui por perto! - ouvi Miroku suspirar atrás da porta e se afastar.

    – Acho que eles nos ouviu, ai que vergonha! - vi Kagome ficar vermelha e achei ela mais encantadora ainda.

    – Keh! Ele não tem moral para falar nada! Porque você acha que eu passei as noites bem longe da aldeia enquanto você não tinha voltado?! Com essas orelhas aqui - disse apontando acima da minha cabeça – Só com muita distância para não ouvir as perversões deste monge com a mulher dele, que também não é menos do que ele! Afff!!!

    – Ha ha ha! - ouvi Kagome rindo, ela apertava os olhos e colocava a mão na boca para rir, essa mulher não tinha noção do quanto era linda, ainda mais assim toda feliz, como os olhos brilhantes e covinhas nas bochechas, acho que ela percebeu que eu estava a admirando por um tempo e por isso parou de rir e vi seu rosto corar.

    – Melhor a gente se trocar e ir, antes que Miroku entre aqui e nos tire a força - disse e depois vejo ela tirando o manto e ficar totalmente nua a minha frente, tive que desviar meu rosto porque só de olhar para ela meu corpo reagia e desejava pegá-la em meus braços novamente, mas mesmo de costas pude sentir o cheiro de sua excitação chegar até meu nariz.

– Kagome… - respirei fundo – Melhor se trocar logo e sair, do contrário, não vamos sair dessa cabana tão cedo…  - disse ainda olhando para a porta.

– Ahhh… Ok… - ouço ela suspirar e terminar de vestir-se – Já estou pronta, vamos?! - vi ela saindo e seu rosto vermelho.

Então terminei de me trocar e continuamos nossa viagem rumo ao Monte Kita.

☙ ☙ ☙   KAGOME ☙ ☙ ☙

Já havia passado uma semana desde o incidente com aquela aranha-youkai nojenta, nossa… tinha sido tudo tão maravilhoso na noite anterior, nunca imaginei que fazer e receber sexo oral fosse tão bom! Nem acreditei quando Inuyasha sugeriu que fizéssemos em cada um ao mesmo tempo, e UAU foi muito bom! 

Depois só senti uma moleza tão grande que acabei caindo no sono sem perceber, mas foi horrível acordar e ver o Inu em perigo e logo após eu fui presa por uma teia da aranha gigante! Argh… odeio aranhas! O pior mesmo foi eu ter que chamar o Kouga, porque percebi que o Inuyasha e ele não se davam bem, mas a situação era muito grave então não tive outra escolha!

Depois a situação se complicou ainda mais quando teve outro ataque daquele inseto terrível que tentou nos pegar de surpresa novamente, mas graças a Inuyasha já estar na sua forma hanyou conseguiu eliminá-lo rapidamente e por esse motivo precisou me jogar nos braços do lobo, mesmo eu estando com aqueles poucos trajes, isso foi muito constrangedor, mas para o Inu foi pior, teve que admitir que não conseguiu me proteger fez meu coração doer por ele se sentir assim.

Agora estamos cada dia mais próximos do Monte Kita e também de encontrar com o Sábio Rokono, que espero possa nos dar a resposta que tanto viemos buscar, ou seja, conseguir recuperar minhas memórias, ah! e também meus poderes, como o monge tem me falado todo esse tempo que estávamos caminhando juntos, ele me explicou que sou descendente de uma sacerdotisa que guardava a jóia de 4 almas, acho que o nome era Kikyou. 

Não sei o porque, mas esse nome me deixava sempre com uma sensação estranha e com um gosto amargo na boca, cheguei a perguntar ao Miroku sobre ela, mas ele só me informou o que já tinha falado antes, que ela era a guardiã da jóia e morreu por causa dela e não quis entrar em mais detalhes. 

No decorrer do percurso percebi o quanto tudo ainda era estranho para mim, muitas árvores e vegetação e nada de asfalto, a civilização que tinha era as poucas aldeias isoladas que encontramos no nosso caminho, também existia o medo constante de um youkai ou vários em bando aparecerem e sermos atacados, e por isso estávamos constantemente em alerta. 

Miroku começou a me orientar como lidar com meus poderes, me ensinou a meditar e como concentrar minha energia, mas eu não obtive resultado nenhum até agora, o que me deixou um pouco frustrada. Também iniciei meu treino com arco e flecha, e nisso me dei bem logo de cara, como se meu corpo reconhecesse esse objeto, eu treino todos os dias, e cada vez mais minha mira fica mais precisa e rápida, estou gostando muito disso, de me sentir útil e quem sabe logo eu posso ajudá-los a combater os inimigos.

– Senhorita Kagome, quando estiver se concentrando no alvo, tente colocar toda sua força e energia, visualize que na ponta da flecha sua energia está toda lá… 

Era o monge Miroku tentando mais uma vez fazer com que eu consiga liberar minha energia purificadora, então lá vou eu, me concentro, faço tudinho do jeito que ele falou e solto a flecha que chega certeira no alvo, mas é somente isso que acontece.

– Tudo bem… - disse o monge, dando algumas batidinhas leves em meu ombro – Tenho certeza que logo você irá conseguir, continue tentando - me deu um sorriso confiante e saiu em direção ao lago próximo de nós que estávamos acampados.

– Droga… 

– Não fique assim Kah - ouço Inuyasha chegando, com vários peixes pendurados e já limpos que pegou no rio – Você está indo muito bem, se dedicando todos os dias nos treinamentos, percebo seu esforço, mas depois daquele ataque na cabana, percebi que está dormindo menos e não está se alimentando direito.

    Vi ele colocar os peixes em uma espécie de churrasqueira vertical, onde eles ficavam pendurados acima do fogo, fiquei observando como ele fazia tudo com rapidez e prática, provavelmente deve ter feito isso a vida toda, pensei. Ele deve ter tido uma infância muito difícil, sozinho… mas agora eu estou aqui com ele, e quero ajudar o máximo que puder, não quero ser um empecilho para eles sempre tendo que me proteger, eu quero combater junto com meus amigos!

    – O que tanto você franze essa testa mulher? - Inu estava me encarando e eu nem tinha percebido absorta nos meus pensamentos, vejo ele se aproximar e enlaçar minha cintura – Percebo que tem alguma coisa te preocupando, me diz o que está te deixando assim? - Notei seu olhar preocupado comigo.

    – Eu só queria ser mais útil para vocês e não uma menina de outra era que precisa  ser protegida o tempo todo - suspirei resignada – Fico pensando como consegui antes fazer tudo aquilo que me contaram, lutar contra youkais, bruxas e vários outros tipos de inimigos, fiquei sabendo que a cada dia eu melhorava mais e me tornei uma grande sacerdotisa que batalhava juntos com vocês - baixei meu olhar – Mas agora… eu não passo de um estorvo que mal sabe atirar uma flecha, sem poderes nenhum, sou um fardo para vocês, uma inútil!

    – Não! - segurou em meu queixo levantando meu rosto até meu olhar se encontrar com o dele - Nunca mais diga uma idiotice dessas! Você nunca, nunca será um fardo ou estorvo para mim ou qualquer um de nossos amigos! Somos uma família Kah… e eu te amo! - me abraçou forte.

    Me senti acolhida naquele abraço, um sentimento tão quente que preenchia meu coração, fazendo meus medos e inseguranças, por enquanto, serem varridos para longe. 

    – E… eu… 

    – Shiiii… - seus dedos foram até meus lábios – Não precisava falar nada, somente por você estar aqui ao meu lado já é o suficiente e me faz imensamente feliz, quero que você tenha certeza de seus sentimentos quando quiser falar sobre eles - eu o abracei de volta, um abraço bem forte para que ele pudesse sentir o que se passava no mais fundo do meu coração.

    – Hrumm hrumm 

    Ouvi alguém chamando nossa atenção… 

– Keh Miroku! Não perdeu o costume de espionar ein? 

Olhei atrás do Inu e o monge estava com aquele sorrisinho malicioso no rosto nos observando.

– Ahhhh qual é Inuyasha! Vocês agora vivem agarradinhos e eu me sinto sobrando o tempo todo, então não me peça para fazer algo que sabe ser impossível! - resmungou o monge.

– O que?! Então acabou de concordar que fica espionando a gente o tempo todo?! - Inuyasha desvencilhou-se de mim em direção ao pervertido já com os punhos fechados.

– Inuyasha SENTA! - vi o prateado estatelar-se de cara no chão após o colar brilhar e Miroku rapidamente fugir dando risada.

Logo após o kotodama perder o efeito, Inuyasha deu um pulo em minha direção com o olhar indignado.

– Kagome! Porque fez isso?! 

Comecei a andar em direção a fogueira, estava sentindo o cheiro gostoso dos peixes que provavelmente já estavam prontos, o que fez abrir meu apetite. 

– Esquece isso Inuyasha… vamos comer, estou com fome… - respondi e continuei andando em direção ao almoço, ouvi Inu me seguindo logo atrás resmungando, me fazendo eu dar um sorriso.

– Keh! Quem entende as humanas... 

Chegamos e Miroku já estava comendo, então nos juntamos a ele apreciando o alimento na paz e no silêncio, depois recolhemos nossos pertences, apagamos a fogueira e limpamos tudo ao redor, retornando ao percurso em direção ao monte Kita, que finalmente estava há alguns dias do nosso trajeto.

(...)

    Dias depois…

 – Chegamos uhuuu! - dei um pulinho comemorando, a nossa frente estava um lindo e grande vale, que ficava localizado bem aos pés do monte Kita, onde existia uma pequena aldeia que provavelmente era lá que morava o sábio que estávamos procurando.

– Graças à Buda! - ouvi o monge logo atrás de mim.

    Vi Inuyasha parar ao meu lado com o braços cruzados olhando o vale a nossa frente, seu rosto estava sério e parecia preocupado, mas ele não tinha noção do quanto estava lindo, seus cabelos balançavam com o vento e o raios solares encontravam com seus olhos deixandos reluzentes como pequenos sóis particulares… ele voltou seu olhar para mim me presenteando com o mais encantador sorriso, e minha ficha caiu, isso tudo era meu! Senti meu rosto esquentar, provavelmente eu devia estar um pimentão com esse pensamento.

 – Vamos Kah! - me estendeu a mão, eu peguei e a segurei firme e descemos juntos, estava com o coração acelerado na esperança de conseguir minhas memórias de volta e poder construir um novo futuro.